sábado, 31 de maio de 2008

Entre o rei e o papa

João Paulo

O romancista Luís Giffoni escreve relato histórico sobre a vida de Frei Manoel da Cruz, primeiro bispo de Minas Gerais, português de nascimento que serviu ao poder de dom João V e às ordens da Igreja

O romancista Luís Giffoni tinha um personagem e tanto nas mãos. Ao pesquisar a vida de Dom Frei Manoel da Cruz, primeiro bispo de Minas, se deparou com um homem típico de seu tempo, mas capaz de levar às últimas conseqüências a dicotomia entre céu e inferno que marcou o século 18 brasileiro. No lugar da ficção, talvez por ser tão incrível a ponto de tornar a verdade ainda mais assombrosa, Giffoni escolheu escrever um relato histórico. Bom para o leitor. Com estilo distante do sotaque acadêmico, o escritor vai desvelando um homem com quem a história brasileira ainda precisa acertar suas contas.

O bispo que inaugura a diocese de Mariana, estabelecida em 1745, foi um homem de contradições poderosas. Se o barroco é considerado pelos filósofos como um estilo que funde lados díspares do homem e do mundo, Manoel da Cruz foi barroco até a raiz de seu temperamento e caráter. Português, chegou ao Brasil em 1739 por designação do rei de Portugal, dom João V, para ser o bispo do Maranhão, na cidade de São Luís. Não foi indicado ao acaso para Sé vacante. Era homem culto, diplomado em Coimbra, de origem nobre. E afeito aos negócios religiosos e palacianos.

Depois de oito anos no Maranhão, o bispo se dirige ao novo posto, a Sé de Mariana, criada pelo rei e referendada pelo papa Bento XIV. E vem com atraso, a ponto de receber um puxão de orelhas do rei, que decreta, curto e grosso, que “passasse logo à nova diocese a que fora promovido”. Além de demorar a cumprir a ordem, o bispo resolve percorrer os 4 mil quilômetros que separam o Maranhão de Minas a pé, atravessando sertão, caatinga e até ataques de índios. Adoeceu, sofreu naufrágio na travessia do São Francisco, passou por sangrias e outros tormentos. Tinha 60 anos – idade considerável para a época – e chega esgotado ao destino, precisando de semanas para se recuperar e tomar posse da função. Foram um ano e dois meses de “dilatada via” e “perigosa jornada”, como registraram as crônicas da época.

Não foi uma posse qualquer. Giffoni conta que, em matéria de pompa, só perdeu para o Triunfo Eucarístico, de 1733, que marcou a transferência do divino sacramento da igreja do Rosário para a do Pilar, em Ouro Preto. A solenidade de posse de dom frei Manoel da Cruz, em 1748, ficou registrada no livro Aureo Throno Episcopal, um perfil laudatório do bispo, escrito em tom de adulação por autor que depois se tornaria seu desafeto e com quem pelejaria na Justiça. Amigos, amigos, negócios à parte. Os dois festejos marcam momentos decisivos da história mineira. O Triunfo Eucarístico de 1733 é o auge; e a festa de 1748 o declínio do ciclo do ouro.

E nosso primeiro bispo gostava de ouro. E amealhou bastante em sua longa vida de 74 anos. Entre as formas de juntar fortuna estavam seus honorários na celebração de missas e outros ofícios religiosos, que eram cotados em valores bem acima do já inflacionado “mercado” da fé e da salvação da alma. Os ricos davam tudo pelo paraíso ou por uma simples indulgência. O bispo sabia disso e sabia que os novos ricos da colônia podiam pagar ainda mais que a tabela (Giffoni chega a fazer atualização do valor da celebração de uma missa solene na diocese de Mariana: R$ 1,4 mil). Além disso, Manoel da Cruz foi mestre em acender velas para o rei e o papa. Utilizava o púlpito para acusar os sonegadores do quinto do ouro, ameaçava os traidores, perseguia os sediciosos. Em contrapartida, tinha seus interesses respondidos pelo rei e pelo papa, no afastamento e prisão de inimigos, que não foram poucos.

Mineiros viciosos

Homem forte e centralizador, o bispo não gostava dos mineiros, razão talvez dos poucos estudos sobre sua vida, que exigiram de Luís Giffoni desdobrar sua pesquisa pelo Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais e Portugal (onde Manoel é reconhecido em sua cidade natal como um importante religioso que foi ser bispo no Brasil). Por aqui, nem mesmo nome de Rua em Mariana ele chegou a conquistar. Como registra o autor, no relatório decenal encaminhado ao papa Bento XIV em 1757, escreve Manoel da Cruz: “O território desta região aurífera sobrepuja, no entanto, as maiores cidades da orbe na torpeza diversificada dos vícios”. E chega a comparar o relevo das montanhas de Minas com a baixa moral de seus habitantes.

E ele devia saber do que estava falando, já que acusava nos mineiros o “atrativo para o mal, a saber, a extração do ouro”. Falar mal do povo para relevar os sentimentos dos poderosos foi uma das atitudes sempre presentes na vida do bispo. Era capaz de condenar suas “ovelhas” pelo pecado da carne, ao mesmo tempo em que louvava o rei de Portugal, conhecido como Freirático, por sua predileção pelas religiosas, com quem chegou a ter três filhos reconhecidos e que fizeram carreira na Igreja.

O livro registra as obras de Manoel da Cruz como criador de paróquias, igrejas, conventos, seminário e até mesmo da instalação do órgão Arp Schintger da Sé, ainda hoje um dos orgulhos da cidade. A importante música colonial mineira está em grande parte ligada a Mariana, que realizava concertos e ofícios que de alguma forma escapavam da censura episcopal. Como o atual Bento, agora XVI, temiam-se mudanças nos ritos, que podiam figurar “insólitos e desnecessários”.

Manoel da Cruz foi homem de seu tempo, mas muito de seu comportamento serve ainda hoje de guia para a psicopatologia do poder que ainda vige em terras brasileiras. Subserviente com os poderosos, arrogante com os fracos; vingativo na esfera privada e magnânimo nos sermões públicos; duro no combate à usura sem se sentir culpado com a riqueza pessoal; afável com os aduladores, mas capaz de despejar contra eles cargas de ódio em razão de negócios e interesses. Colecionou inimigos, fez uma rede de seguidores de sua pedagogia do medo.

O livro de Giffoni se divide em quatro capítulos, cada um marcado por um período da vida de Manoel da Cruz. No primeiro, recupera a vida do religioso em São Luís, de 1739 a 1747. O segundo trata da viagem pelos sertões do Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais, entre 1747 e 1748. No capítulo seguinte, a festa cheia de pompa e circunstância que marca a posse na Sé de Mariana é apresentada em seu fausto e excessos, bem como na análise da crônica laudatória de sua chegada ao Estado. O último capítulo trata dos anos de bispado em Mariana, de 1748 até a morte de dom frei Manoel da Cruz, em 1764.

O autor pontua o tempo todo sua condição de pesquisador iniciante, que quer ver seu estudo como ponto de partida para a recuperação da grande figura histórica do bispo. Nomeia suas fontes, discute com outros autores, sempre com cordialidade, como quem dialoga com o leitor. Diverge de algumas interpretações e apresenta com serenidade seus argumentos. É um método polido e honesto. Algumas vezes, no entanto, parece ter pudor em excesso para defender suas interpretações, que corta momentos deliciosos de quase cumplicidade com o leitor. Certamente, é cuidado de escritor que não se arroga a historiador e que tem o cuidado em não cometer julgamentos extemporâneos, como é comum em quem mergulha em documentos do passado sem o cuidado do método, da crítica das fontes e da teoria.

Giffoni tinha seu romance histórico na mão e generosamente entrega a tarefa ao leitor. Que cada um construa sua própria narrativa sobre o meritíssimo, reverendíssimo e excelentíssimo Dom Frei Manoel da Cruz.

(Extraído do caderno Pensar do jornal “Estado de Minas”, de 31.05.2008).

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Vereadores a Granel

A Câmara aprovou, na noite desta terça-feira (27), em primeiro turno, uma proposta que recria parte das cadeiras de vereadores que o TSE extinguira em 2004.
Estima-se que, em todo país, o número de vereadores crescerá dos atuais 51.748 para 59.791. Um acréscimo de 8.043 vagas nas câmaras municipais dos 5.562 municípios.

É quase o mesmo número de cadeiras que o Tribunal Superior Eleitoral declarara extintas: 8.528. Os menores municípios terão nove vereadores. Os maiores, 55.

A votação foi nominal. Votaram a favor 419 deputados. Oito posicionaram-se contra. Três preferiram a abstenção.

Como se trata de uma emenda constitucional, a proposta terá de ser votada novamente, em segundo turno. O placar acachapante deve se repetir.

Depois, a proposta segue para o Senado. Ali, precisa ser votada, de novo, em dois turnos. Para que seja aprovada, basta a adesão de 49 dos 81 senadores.

A emenda que tonifica o número de vereadores vinha tramitando na Câmara há quatro anos e meio. Nasceu como resposta dos deputados à decisão do TSE.

O tribunal eleitoral fora compelido a baixar resolução podando as cadeiras de vereadores, em abril de 2004, depois de uma decisão do STF.

Em julgamento realizado também em 2004, o Supremo constatara que a composição da Câmara Municipal da cidade paulista de Mira Estrela desrespeitava os limites impostos pela Constituição.

Guiando-se pela sentença do STF, o TSE recalculou o número de vereadores de todos os municípios brasileiros. E constatou que a Constituição era respeitada em muitos outros municípios. Daí a redução.

Desde então, armara-se um lobby municipalista no Congresso. Movimento que sensibilizou os congressistas, que vêem os vereadores como cabos eleitorais.

Numa tentativa de atenuar a má repercussão da manobra, os deputados levam os lábios ao trombone para anunciar que haverá redução de despesas.

Parece um contra-senso. Mais vereadores, menos gastos. Mas é o que a Câmara jura que irá acontecer. Por quê?

Injetou-se na proposta aprovada nesta segunda uma emenda que engancha os gastos das câmaras de vereadores na receita tributária do município.

Fixaram-se percentuais. Variam conforme o tamanho dos municípios. Criaram-se quatro faixas: 2,5%, 3,5%, 3,75% e 4,5% da arrecadação.

Autor da fórmula, o deputado Vitor Penido (DEM-MG), diz que a despesa total dos municípios brasileiros com o custeio de seus legislativos cairá de R$ 6 bilhões para R$ 4,8 bilhões. A ver.


Se a matéria não for aprovada pela Câmara de Deputados em segundo turno e pelo Senado em primeiro e segundo turnos até o dia 30 de junho, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral determinar a quantidade de cadeiras que estarão em jogo no dia 5 de outubro.

Meu comentário: No meu entendimento, o Legislativo, como é exercido pelas Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas, Câmara de Deputados e Senado Federal, é um Poder não só inútil, pois não fiscaliza nada do Executivo, como também custa muito caro aos cofres públicos. Será que o contribuinte marianense vai ter que bancar mais despesas com o aumento do número de vereadores? Mariana não merece este castigo!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Mensagens Recebidas

A Familia Moura Santos acusa e agradece, sensibilizada, o recebimento de mensagens gratulatórias pela solenidade de lançamento do selo postal personalizado em homenagem ao transcurso do 102º aniversário de nascimento do Professor Waldemar de Moura Santos, numa promoção conjunta da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) com a Casa de Cultura de Mariana.

Impossibilitados comparecimento, enviamos parabéns, merecida homenagem ao ilustríssimo Waldemar de Moura Santos. (Maria Vera Barreto e filhos, viúva do ex-deputado Jésus Trindade Barreto)

Queridos amigos, irmãos Moura Santos. O orgulho latente no seio desta família é o mesmo que sentimos. Orgulho este em mais esta tão merecida homenagem ao Sr. Waldemar. Abraços amigos dos amigos. (Márcio E. Souza e Maria Clara).

Impossibilitados comparecer à solenidade do centenário do grande historiador de Minas e do Brasil, Waldemar de Moura Santos, cumprimentamos a todos familiares pelo ensejo. (Jornalista Dídimo de Paiva, Cidinha e filhos).

Congratulamo-nos com a Família Moura Santos pela justa homenagem prestada a seu progenitor, com o lançamento do selo comemorativo do centenário de nascimento do ilustre amigo Waldemar de Moura Santos. Quem, na vida, foi honesto e ilustre, sempre há de sê-lo para a posteridade. Abraços. (Miguel Jorge Marques da Silva e família)

A Fundação Educacional Dona Albertina se congratula com todos os familiares do saudoso Waldemar de Moura Santos pelo lançamento do selo postal comemorativo do centenário do seu nascimento. É gratificante verificar esta justa homenagem. Ele fez jus a ela. A todos, o nosso abraço. (Maria da Conceição e todos os membros da Fundação).

Com o Professor Waldemar de Moura Santos, querido paciente, dileto amigo, exemplo de educação e sabedoria, aprendi a falar baixo e a saber ouvir. À aldeia “gerais” transmitiu cultura e divulgou Mariana através da Academia Marianense de Letras (casa de letras e cultura), sua filha adotiva. Parabéns à Familia Moura Santos, que virtuosamente vem honrando. Afetuosamente, abraços. (Dr. José Fornaciari).

Aos prezados saúdo os caros e velhos amigos da Familia Moura Santos, honrado com a distinção do convite para participar da cerimônia de lançamento do selo postal comemorativo do centenário do meu admirável, saudoso amigo e confidente Waldemar de Moura Santos. Impossibilitado comparecer devido a compromissos inadiáveis, cumprimento-os pela magna data, dizendo-lhes que estarei presente de alma e coração. Que a comemoração seja grandiosa, como grandiosa foi sua pessoa, e que seja guardada para sempre. Sinceramente. (Windsor Barbosa de Carvalho)

Congratulamo-nos com os membros da Casa de Cultura de Mariana e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos por tão grata e merecida homenagem ao querido Waldemar de Moura Santos. Abraços extensivos aos familiares. (Leonel Oliveira e Leda Lavale).



Agradeço convite e parabenizo Familia Moura Santos pela justa homenagem ao inesquecível Professor Waldemar no seu centenário de nascimento. (Monsenhor Pedro Terra Filho)

Impossibilitado comparecer cerimônia de lançamento do selo postal comemorativo de nascimento do saudoso amigo Waldemar de Moura Santos, associo-me de todo coração à justa homenagem ao escritor, grande jornalista e fundador de nossa Academia Marianense de Letras, que se credenciou à estima e à admiração de todos nós marianenses, pela brilhante inteligência e excepcionais qualidades humanas e profissionais. Cordialmente.
(Dr. Emilio Ibrahim da Silva)

Honra ao mérito à ilustre Família Moura Santos pelo lançamento de selo postal comemorativo do centenário de nascimento do saudoso e sábio marianense Waldemar de Moura Santos, ocorrido em 16 de maio de 2006, justa homenagem concretizada em 16 de maio de 2008 com solene lançamento deste selo na Casa de Cultura de Mariana. Waldemar de Moura Santos não apenas honrou o cargo de Postalista na ECT, mas foi um denodado intelectual que, durante toda sua vida, muito realizou pela história de Mariana, para cujo progresso sempre batalhou, projetando a Primeira Cidade de Minas Gerais no cenário cultural deste Estado e do Brasil.
Ita in fide sacerdotis et magistri.
Viçosa, 16 de maio de 2008.
(Professor Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, Cidadão Honorário de Mariana e Membro da Academia Marianense de Letras).

Quero cumprimentar os queridos filhos do Professor Waldemar de Moura Santos pelo lançamento do selo postal comemorativo do centenário de nascimento, ocorrido em 16.05.2006. Homenagem merecida para quem se dedicou à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos durante tantos anos. Nossos cumprimentos aos caros filhos que têm o exemplo de virtuosos pais. Felicitamos a Casa de Cultura de Mariana e a ECT. Meu cordial abraço.
(Cônego Paulo Dilascio)


Meus efusivos e cordiais cumprimentos, Ozanan Santos. Cumprimento-o pelo conteúdo e visual de seu blog cultural. Gostaria também de deixar os cumprimentos pela solenidade promovida pela Casa de Cultura de Mariana - Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes em parceria com a empresa de Correios e Telégrafos. O lançamento do selo postal personalizado, comemorativo do centenário do Imortal Waldemar de Moura Santos é motivo de orgulho para Minas e para a cidade de Mariana. A contribuição cultural e educacional que o saudoso professor deixou está selada e marcada para a eternidade. Receba os cumprimentos da Governadoria do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais em Minas Gerais. Atenciosamente, Andréia Donadon Leal - Déia Leal, Governadora do In BrasCI-MG, Membro da Academia de Letras do Rio de Janeiro - CM.
Parabéns pelo lançamento do selo comemorativo do centenário de nascimento do amigo Waldemar de Moura Santos (Padre Efraim Solano Rocha)

Ilustre Família Moura Santos. Impossibilitado de comparecer, hoje, à cerimônia de lançamento do selo postal comemorativo de nascimento do nosso saudoso Waldemar de Moura Santos, valho-me da oportunidade para felicitar a digna Familia Moura Santos pela justa homenagem prestada àquele que sempre conjugou a beleza de atitudes ao generoso de seus intuitos e o glorioso de sua cultura. Com admiração e afeto.
(Dr. Salvador Ferrari, ex-prefeito de Mariana)



Querida Família Moura Santos. Agradecemos pelo honroso convite para a cerimônia de lançamento do selo postal comemorativo do centenário de nascimento do nosso inestimável e nobre Waldemar de Moura Santos. Não obstante ao nosso desejo em apreciarmos essa justa homenagem, cumprimos nessa ocasião com compromissos previamente assumidos. Recebam o nosso afetuoso abraço em demonstração de nosso grande apreço. Cordialmente.
(Celso Cota Neto, Prefeito de Mariana).


Meus efusivos cumprimentos à ilustre Familia Moura Santos pelo lançamento pela ECT do selo postal comemorativo do centenário de nascimento do Professor Waldemar de Moura Santos, ilustre fundador da primeira Casa de Cultura de Minas Gerais, onde o saudoso Presidente Tancredo Neves tomou posse como Acadêmico Efetivo da Academia Marianense de Letras.
(Aécio Neves, Governador do Estado de Minas Gerais).



Imprensa: A Familia Moura Santos agradece, também, os órgãos de imprensa da região dos Inconfidentes pela ampla e generosa divulgação do evento. Agradecemos aos jornais A Semana, Ponto Final, O Liberal, Diário de Ouro Preto, Rádio Itatiaia, TV-UNI-BH.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Selo Postal Comemorativo

Realizou-se, no dia 16 de maio do corrente ano, uma comovente solenidade promovida pela Casa de Cultura de Mariana – Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes em parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Na ocasião, sob a presidência do Prof. Roque Camêllo, foi lançado oficialmente o selo postal personalizado, comemorativo do centenário de nascimento do Prof. Waldemar de Moura, ocorrido em 16.05.2006.
Após a execução do Hino Nacional e de Mariana, a mestre de cerimônia, Lourdes Aparecida Lopes, anunciou a homenagem da Academia Infanto Juvenil de Letras, Ciências e Artes de Mariana. A instituição criada pela acadêmica Hebe Maria Rola Santos entregou oficialmente à Casa de Cultura o Brasão da Academia Marianense de Letras, bem como a Bandeira do sodalício, confeccionada pelo artista plástico Milton França e Silva.
Em seguida, o Gerente Regional dos Correios de Minas Gerais, Francisco Antonio de Carvalho, representando neste ato o Diretor Regional de Minas Gerais, Fernando Miranda, convida o Prof. Roque Camêllo para efetuar a primeira obliteração que oficializou o lançamento deste selo personalizado em homenagem ao Prof. Waldemar de Moura Santos. As demais obliterações foram para Ozanan Santos, representando a Família Moura Santos, para o Prefeito de Mariana, representando o Município, para a acadêmica Hebe Rola, para Marcilio Vieira Queiróz, secretário municipal de Cultura e Turismo.
Após as obliterações dos selos, discursou o Gerente Regional dos Correios, Francisco Antonio de Carvalho. Agradecendo em nome da Familia Moura Santos, discursou o filho do homenageado, Frederico Ozanan Teixeira Santos.
Encerrando a solenidade, discursou o Presidente da Casa de Cultura de Mariana. Prof. Roque José de Oliveira Camêllo.

Após a solenidade, todos os convidados presentes receberam da Familia Moura Santos uma cartela com o selo comemorativo que foram obliterados pelo gerente da agência de Mariana, Júlio César de Castro Magalhaes.


Discurso de Agradecimento
Ozanan Santos
“Moura Santos viveu 80 anos nesta terra de Mariana que ele tanto amou. E plantou nela belas e duradouras sementes e que hoje são árvores viçosas que dão bons frutos. Apesar de ter falecido há 22 anos, a comunidade marianense, espontaneamente, ainda demonstra muito carinho com a sua memória e isso nos enche de muito orgulho. Tanto isso é verdade que, por ocasião de seu centenário, ocorrido em 16.05.2006, durante todo o ano ele recebeu belas homenagens dos Poderes Executivo e Legislativo Municipais, de Bandas de Música, de Escolas Estaduais, dos ilustres membros do Movimento Aldravista, da Orquestra e Coro Mestre Vicente, da Academia Infanto Juvenil de Letras, da Casa de Cultura de Mariana e do Movimento Renovador de Mariana. Hoje, quando comemoramos o 102º aniversário de seu nascimento, eis que a grande Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, onde ele trabalhou por quase 40 anos, resolve lançar um selo comemorativo do seu centenário. O Moura Santos gostava tanto do outrora DCT (Departamento de Correios e Telégrafos), que fez uma pesquisa sobre a origem do primeiro correio no Estado de Minas de Gerais instalado na cidade de Mariana e fez um artigo publicado no jornal “Estado de Minas”.
Neste momento de mais uma comemoração solene em homenagem à sua memória, é dever da Familia Moura Santos externar também sua gratidão a todos aqueles frutos que surgiram das sementes plantadas por ele em 28 de outubro de 1962, quando foi fundada a Academia Marianense de Letras.


Devemos render nossas homenagens ao Prof. Roque Camêllo que, desde o começo desta instituição cultural, sempre esteve ao seu lado não só nas horas alegres e, mas, sobretudo, nas dificuldades. Junto com o Moura Santos, Roque Camêllo defendeu a instituição contra várias perseguições políticas gratuitas, como aquelas em que quiseram acabar com a Casa de Cultura de Mariana para aqui se instalar uma delegacia de polícia, depois o fórum e, finalmente, uma entidade fantasma que nunca existiu.

Devemos render nossas homenagens a Dona Ninita Assis que, durante muitos anos, à frente da Legião Brasileira de Assistência, sediada na Casa de Cultura, cuidou carinhosamente do prédio da Academia, ficando sempre a cargo dela a ornamentação deste salão de festas por ocasião das grandes solenidades realizadas pela instituição.

Devemos render nossas homenagens à Familia da Professora Hebe Maria Rola Santos: a seu filho Luciano José Rola Santos, quando vereador, apresentou o projeto de lei dando nome do Professor Waldemar de Moura Santos a uma das ruas no centro histórico de Mariana, aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal de Mariana; a outro seu filho, Cristiano Cassimiro, devemos a beleza de sua arte e criatividade no design do selo postal que ficou muito bonito; à Professora Hebe Rola devemos a criação da primeira Academia Infanto Juvenil de Letras, Ciências e Artes de Mariana, garantindo novos talentos culturais para o futuro de nossa já tradicional Academia Marianense de Letras. Graças ao trabalho dessa Academia de jovens, a Cassa de Cultura de Mariana já tem formatado o Brasão oficial da instituição que fora apenas esboçada no papel pendente de definição de cores e não concluída pelo Moura Santos. Agora, para surpresa agradável nossa, estamos recebendo a inédita bandeira oficial da Casa de Cultura de Mariana.
Devemos render nossas homenagens a este público maravilhoso, que costumo chamar carinhosamente de Amigos e Amigas da Cultura. Desde o começo desta instituição cultural em 1962 até hoje, eles e elas estão sempre prestigiando com sua presença os eventos desta Casa.
Sem os senhores e senhoras a Casa não poderia existir e sobreviver 46 anos de existência.
Devemos render nossas homenagens ao Madrigal Mariana fundado pelos meus irmãos Aparecida, Rafael, Francisco e Antonio. São 37 anos de existência, abrilhantando as festividades litúrgicas da Semana Santa. Nossas homenagens também ao mais novo conjunto da Casa “Uns & Outros” e, em especial, ao Rafael que mantém uma Escola de Violão Moura Santos, ensinando graciosamente dezenas de alunos. Nossas homenagens também ao Movimento Renovador de Mariana, sob a presidência de Efigênia Maria da Silva, promotor e organizador da movimentada agenda cultural e artística da Casa de Cultura de Mariana.
Devemos render nossas homenagens aos ilustres acadêmicos e autoridades aqui presentes. A eles o penhorado agradecimento da Familia Moura Santos.
Devemos render nossas sinceras homenagens, finalmente, à benemérita instituição federal que é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Foi trabalhando nela que o Moura Santos conseguiu criar, sustentar e formar uma família constituída por sete filhos, todos formados e independentes.
Em 1988, quase dois anos após a sua morte, a Familia Moura Santos recebeu uma correspondência oficial da ECT, datada de 05.04.88, com a seguinte informação.
“A ECT, através da Assessoria Filatélica da Administração Central, pretende criar no Museu Postal, um cadastro de antigos servidores dos Correios e Telégrafos que se destacaram em alguma área importante da vida nacional. Exemplos: Presidente Juscelino Kubitscheck e o acadêmico Waldemar de Moura Santos.
Este cadastro, que será composto de dados biográficos e realizações dessas personalidades terá, entre outros, o objetivo de resgatar a memória de nossos servidores ilustres, além de se prestar a futuras pesquisas sobre o assunto.
Assim sendo, solicitamos a todos que tenham conhecimento de personalidades ilustres que pertenceram ou pertencem aos quadros dos Correios e Telégrafos, que enviem dados, cópias de documentos, nome de pessoas, familiares ou entidades que possam fornecer informações mais detalhadas sobre os mesmos”.
Concluindo, senhoras e senhores, quero externar em meu nome e no de minha família, o nosso profundo e sincero agradecimento ao nosso querido amigo gerente da agencia de Mariana Júlio César de Castro Magalhães, aos ilustres representantes da ECT, senhores Francisco Antonio de Carvalho e Magno Morais, que foram tão amáveis gentis em promover esta comemoração tão generosa à minha família e ao saudoso e inesquecível Waldemar de Moura Santos. O nosso comovido muito obrigado!”

Memória Política

João Ramos Filho iniciou a sua vitoriosa carreira política como vereador eleito pelo distrito de Cachoeira do Brumado, sua terra natal. No final da década de 1960, João Ramos revolucionou os costumes políticos de Mariana. Antigamente, as atividades políticas locais eram apenas exercidas durante o ano eleitoral. Quem ganhava eleições exercia o poder, quem perdia fazia oposição. Eram três anos, sem nenhuma atividade político-eleitoral. João Ramos mudou esse costume. Ele profissionalizou a política em Mariana. Era a política eleitoral antes, durante e depois das eleições. Política eleitoral em tempo integral.
Antes das eleições municipais de 1970, João Ramos se preparou com bastante antecedência para se tornar candidato a prefeito. A sua intenção, porém, foi impedida pelo então chefe político da Esquerda, Dr. Celso Arinos Motta, que tinha preferência por outro candidato. Devido a esse fato, rompeu politicamente com Celso Motta e apoiou o candidato do MDB, Hélio Petrus Viana, que ganhou eleição contra o João Chaves Sampaio, candidato da Direita. Com a vitoria de Hélio Petrus, o João Ramos assumiu a liderança e o comando da Esquerda e se tornou candidato a prefeito nas eleições de 1972. Ganhou as eleições, disputando o cargo com o Dr. Domingos Nunes Horta, exercendo o mandato no período de 1973 a 1976. Fez seu sucessor elegendo o Jadir Macedo, que ficou no poder durante seis anos, de 1977 a 1982. Voltou ao poder, novamente, aos ganhar as eleições municipais de 1982, disputando o cargo com o Professor Roque Camêllo, exercendo o cargo, também por seis anos, entre 1983 a 1988. Nas eleições de 1988, o candidato de João Ramos, Afonso Mol Santos, perdeu para Cássio Brigoline Neme, que ficou no cargo durante quatro anos, no período 1989 a 1992. Nas eleições de 1992, João Ramos ganha novamente, disputando o cargo com quatro candidatos: Francisco de Oliveira Miranda (Nonô Miranda), candidato da Direita, Derly Pedro da Silva, Luiz Torres Breyner e João da Cruz Pimenta (Nonô Pimenta), ficando no cargo durante quatro anos, de 1993 a 1996).
No meu entendimento, foi a vitoria mais consagradora de sua carreira política: conseguiu ter mais de dois mil votos de frente do que a soma dos outros quatro candidatos juntos. Em 1996, o seu candidato, Newton Godoy, perdeu a eleição, por apenas 26 votos, para Cássio Brigoline Neme, que ficou no cargo de 1997 até 1999, quando foi afastado do cargo pela Câmara Municipal de Mariana. Sucedeu-o, o seu vice José Hugo Marton, que ficou no cargo até o ano 2000. Naquele ano, João Ramos disputa e ganha as eleições como vice de Celso Cota Neto, permanecendo no cargo no período de 2001 a 2004. Em 2004, já rompido politicamente com o atual prefeito, João Ramos perde as eleições para Celso Cota que se reelege para o período de 2005 a 2008.
Segundo consta, seria candidato outra vez em 2008.
Alguns dos atuais pré-candidatos a prefeito em Mariana, afoitos e oportunistas de plantão, já estão querendo herdar o prestigio eleitoral de João Ramos. Mas, notícia publicada no jornal “Estado de Minas”, informa que o filho do ex-prefeito, Fábio Ramos (PTB), - que é assessor parlamentar do deputado federal Paulo Abi-Ackel e de seu pai Ibrahim Abi-Ackel, em Belo Horizonte - vai assumir a pré-candidatura de seu pai João Ramos Filho.
Como o João Ramos Filho não deixou herdeiro político popular, capaz de empolgar o eleitorado, a solução natural, doméstica e correta seria mesmo o lançamento da candidatura de seu filho adotivo.
Por outro lado, como não há pessoas líderes e competentes para chefiar o grupo político da Esquerda tradicional, o ex-deputado Ibrahim Abi-Ackel e seu filho deputado federal Paulo Abi-Ackel não perderam tempo: antes que outros candidatos concorrentes a prefeito e deputado tomem conta do cobiçado patrimônio eleitoral de João Ramos, presumo que eles irão gerenciar provisoriamente a Esquerda com vistas a garantir votos a Paulo Abi-Ackel, candidato a reeleição em 2010.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Moura Santos - 102 Anos de Nascimento

Hoje, às 20 horas, na Casa de Cultura de Mariana-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, (ECT), lançará o selo postal comemorativo do centenário de nascimento, ocorrido em 16.05.2006, de Waldemar de Moura Santos que, durante muitos anos, exerceu o cargo de Postalista no antigo Departamento de Correios e Telégrafos (DCT).
Waldemar de Moura Santos, professor, jornalista, escritor e historiador, nasceu em 16.05.1906, em Guaranésia (MG). Ingressou na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) por proposta do então presidente Herbert Moses. Com o sobrenome de Moura Santos, escreveu em dezenas de jornais do país, entre eles, o "Estado de Minas", "O Globo", o "Correio da Manhã". Em Mariana, editou vários jornais, entre os mais recentes, o "Folha de Mariana" e o "Jornal de Mariana". Escreveu vários livros sendo destaques o "Lendas Marianenses", "In Memoriam", "Sessenta Tempos", "Discursos e Conferências". Recebeu o titulo de Cidadão Honorário de Mariana, em 28.10.78. Trabalhou na E.C.T, no cargo de Postalista e foi chefe da agência em Mariana. Membro da Associação Mineira de Imprensa e correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Membro da Associação Mineira de Folclore. Fundou a Academia Marianense de Letras em 1962 e criou a primeira Casa de Cultura de Minas Gerais. Faleceu em 30.12.1986, aos 80 anos de idade.
Museu Postal- Personalidades Ilustres
Em abril de 1988, a Familia Moura Santos recebeu uma correspondencia oficial da E.C.T., DR-Minas Gerais, contendo a seguinte informação e solicitação.
"Personalidades Ilutres. A ECT, através da Assessoria Filatélica da Administração Central, pretende criar no Museu Postal, um cadastro de antigos servidores dos Correios e Telégrafos que se destacaram em alguma área importante da vida nacional. Exemplos: presidente Juscelino Kubitscheck e o acadêmico Waldemar de Moura Santos.
Este cadastro que será composto de dados biográficos e realizações dessas personalidades, terá, entre outros, o objetivo de resgatar a memória de nossos servidores ilustres, além de se prestar a futuras pesquisas sobre o assunto.
Assim sendo, solicitamos a todos que tenham conhecimento de personalidades ilustres que pertenceram ou pertencem aos quadros dos Correios e Telégrafos, que enviem dados, cópias de documentos, em nome de pessoas, familiares ou entidades que possam fornecer informações mais detalhadas sobre os mesmos".

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Lampiões voltam a Mariana*

De olho no título de Patrimônio Cultural da Humanidade, prefeitura substitui os fios e postes por luminárias antigas, com o objetivo de reduzir a poluição visual.

Gustavo Werneck


Conhecida como Rua dos Artistas, a Rua Dom Silvério será toda revitalizada, com melhorias nos passeios, troca do calçamento e instalação de rede subterrânea, hidrantes e câmeras de vigilância.
Mariana, primeira capital de Minas, dá um passo decisivo para se tornar patrimônio da humanidade, título já concedido pela Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO) a Ouro Preto, Diamantina e à Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Para garantir mais fidelidade à paisagem original e valorizar os monumentos, começam, hoje, as obras de revitalização da Rua Dom Silvério, conhecida como “dos Artistas”, uma das principais do Centro Histórico. No trecho de quase mil metros, a prefeitura local vai gastar R$ 2 milhões na substituição da iluminação aérea pela subterrânea, iniciativa que vai garantir mais leveza, beleza e segurança para os moradores.
As obras integram o plano diretor e o projeto de requalificação urbanística e arquitetônica, do arquiteto Gustavo Penna, e vão durar dois meses, ficando prontas para as comemorações do aniversário da cidade, em 16 de julho. Considerada uma das vias públicas tradicionais da cidade, com seus casarões e igrejas do século 18, ateliês de artistas plásticos e residências das famílias mais antigas, a Dom Silvério vai passar por completa modificação. As intervenções, de acordo com informações da prefeitura, incluem retirada de cabos de eletrificação e de telefonia e dos postes, troca de partes do calçamento e dos passeios, além de instalação de oito hidrantes e câmeras de segurança. Um dos charmes será a instalação de lampiões na fachada das casas coloniais.
"A nossa intenção é fazer com que a rua, que abriga tão importante conjunto arquitetônico barroco, se torne mais atrativa para os turistas e melhore a qualidade de vida dos seus moradores", afirma o prefeito Celso Cota. Para não causar problemas à circulação de veículos, nem comprometer o acesso ao Hospital Monsenhor Horta, a uma escola e hotéis, a guarda municipal e funcionários do departamento municipal de trânsito vão atuar no local durante todo o período. Em reunião com a comunidade, o prefeito disse que o objetivo é despoluir visualmente a região e melhorar o trânsito, sem comprometer a estrutura das casas.
Moradora da Rua Dom Silvério há 30 anos, a historiadora Maria do Carmo Neme de Queiroz diz que o trabalho é “muito salutar”, pois valoriza a parte de maior relevância de Mariana, que fica a 115 quilômetros de Belo Horizonte. “Estamos muito satisfeitos e a nossa única preocupação é de que tudo saia dentro do prazo”, disse Maria do Carmo, que participou da reunião na prefeitura sobre a condução do projeto.
O escultor e entalhador Hélio Petrus Viana, que mantém o seu ateliê no local há 40 anos, aplaude a medida que vai livrar a rua da poluição visual em todos os aspectos, desde a Praça Minas Gerais, com as igrejas do Carmo e São Francisco e a sede da Câmara, passando pelo Colégio Providência e pela igreja da arquiconfraria de Nossa Senhora dos Anjos até chegar à de São Pedro dos Clérigos (1752).
As obras contemplam ainda os passeios, que serão recuperados, alinhados e padronizados com quartzito e a substituição do calçamento em paralelepípedo por seixo. "Toda intervenção em cidade histórica é delicada. E esta obra vai trazer desconforto aos moradores porque as
garagens não poderão ser usadas e nem os carros vão trafegar pela rua. Mas todos os departamentos da prefeitura estão envolvidos para amenizar os transtornos", afirmou o secretário municipal de Obras, Targino Guido.
A igreja de São Pedro dos Clérigos, uma das portas de entrada do Centro Histórico, terá o asfalto de seu entorno retirado e substituído por paralalepípedos. “As pedras antigas dos passeios, que forem retiradas, serão guardadas pelas famílias que moram em frente do trecho em serviço”, adianta a engenheira civil Fátima Guido, que é coordenadora do programa Monumenta/Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)/Mariana Histórica e integra a equipe da prefeitura que conduz o projeto de requalificação da cidade.
*Matéria extraida do jornal "Estado de Minas", de 05.05.2008.
Meu Comentário: Sinceramente, não entendi a razão de retirar pedras antigas dos passeios da Rua Dom Silvério e doá-las aos moradores. E nem entendi também por que trocar as pedras antigas dos passeios por pedras novas. Seria para "prestigiar" donos de pedreiras? Por que na Rua Direita, o mais importante casario colonial barroco de Mariana, não foram instalados também câmaras de segurança e hidrantes e nem restaurados os passeios?
Perguntar não ofende!

Renovação Política

Durante trinta anos, o eleitorado marianense elegeu os mesmos três candidatos: dois ficaram 16 anos no poder e o terceiro permaneceu nele durante 14 anos. Essa preferência eleitoral concentrada em apenas três candidatos é a prova inconteste de que o quadro político de Mariana, além de pequeno, é muito pobre de novas lideranças com cacife para mudar o panorama. E o pior: dentro dessas três décadas de poder, em 22 anos eles foram reconduzidos quando ainda não existia o instituto da reeleição.
Em Mariana, há muitas pessoas honestas e competentes que poderiam participar de atividade política, mas temem entrar nela por dois motivos relevantes: primeiro, por não ter cacife nem apoio eleitoral suficiente para se eleger; segundo, o pavor que essas pessoas honestas têm em lidar com procedimentos políticos nada republicanos, como o contumaz relacionamento incestuoso entre o poder público e as empreiteiras inidôneas que superfaturam obras. A convivência com a corrupção que grassa como uma epidemia em qualquer administração publica deste país afugenta os bons e atrai os maus políticos, impedindo, assim, a renovação dos quadros políticos e a saudável alternância democrática de poder.
Este ano, a maioria dos pré-candidatos já divulgados pela imprensa nunca foi eleita para o cargo de prefeito. Será uma ótima oportunidade para que o eleitorado marianense escolha um candidato honrado, honesto, ético, que nunca foi condenado pela Justiça, que nunca ocupou o cargo, colaborando assim para a saudável renovação dos nossos quadros políticos, hoje, com raras e honrosas exceções, ocupados e liderados por políticos profissionais e corruptos, alguns deles já condenados pela Justiça e que deveriam já estar aposentados, há muito tempo, na cadeia ou no Parque dos Dinossauros!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cruzeiro Luminoso

Da janela da minha casa consigo avistar o morro do Cruzeiro onde está erguida uma tradicional cruz construída naquele local em 1950, em comemoração ao Ano Santo decretado pelo Papa Pio XII. Com a idade de 9 anos, tive o privilégio de acompanhar a construção daquela cruz. Meu pai, Waldemar de Moura Santos, fazia parte da comissão municipal encarregada de promover as comemorações religiosas presididas pelo então Arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira. A cruz, em cimento armado, foi construída pelos ferroviários da Central do Brasil.
Durante muitos anos, o meu pai ficou encarregado de providenciar junto à comunidade marianense a doação de lâmpadas para a cruz ficar iluminada durante a noite. A energia elétrica era fornecida pela então Companhia Força e Luz Marianense que, durante muitos anos foi responsável pela iluminação pública e particular do município. A Cemig só chegou aqui na década de 60.
Naquela época, o meu pai ficava observando aqui embaixo, lá da Rua Direita, onde morava, se havia algumas lâmpadas queimadas. Quando o número de lâmpadas já era grande e desfigurava os traços da cruz durante a noite, o meu pai ia atrás dos amigos do cruzeiro luminoso buscar as lâmpadas doadas. Ele mesmo, junto comigo, subíamos o morro, e tirávamos as lâmpadas queimadas e as trocávamos pelas novas. Para facilitar a subida na cruz, havia atrás dela garras de ferro de segurança onde a gente colocava as mãos e os pés para não cair.

Naquele tempo, Mariana era tão pequena e familiar, que ninguém ousava furtar lâmpadas. Era o berço da civilização mineira. Atualmente, para conservar o cruzeiro luminoso só mantendo ali guardas municipais por 24 horas. Se não for assim, as lâmpadas não ficam ali um dia sequer. Apesar de abandonada há muitos anos, só agora recebeu uma caiação, para mim é uma surpresa agradável a cruz estar ali há 58 anos, a salvo dos contumazes iconoclastas de plantão, incólume, sem depredações. Um verdadeiro milagre!