terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de Novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1594). Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos.
Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc. O dia é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos; até então, o movimento negro precisava se contentar com o dia 13 de Maio, Abolição da Escravatura. A semana dentro da qual está o dia 20 de novembro também recebe o nome de Semana da Consciência Negra.
Essas manifestações atuais contra a discriminação racial em todo país me fez lembrar alguns episódios socioculturais ocorridos em Mariana até a segunda metade do século XX. Aqui em Mariana entre 1950 a 1980, ainda no meu tempo de criança, juventude e já bem adulto, a Praça Gomes Freire, o nosso conhecido jardim, era dividido em duas partes: à noite, durante o footing, passeio a pé para espairecer, uma parte do jardim era destinada a pessoas brancas e a outra parte destinada a pessoas negras. Atualmente no jardim só há um saudável preconceito contra o comportamento animalesco de marginais que não respeitam e nem convivem civilizadamente com a ordeira e pacata comunidade marianense.
Alguns clubes sociorecreativos e esportivos não permitiam a entrada de negros em sua sede social, a não ser alguns sócios negros proprietários de cotas ou jogadores que, embora negros, faziam parte da equipe de futebol do clube. Para compensar essa odiosa discriminação racial, foi criado naquela época em Mariana o clube Maracatu destinado exclusivamente a pessoas negras. Outro fato que escandalizava Mariana naquele tempo era o casamento entre pessoas negras e brancas.
Em passado mais remoto, no século XVIII, foram criadas várias irmandades religiosas com viés racista. A irmandade do Santíssimo da igreja da Sé, a Irmandade Carmelita, da igreja do Carmo e a Irmandade Franciscana, da igreja de São Francisco eram destinadas a pessoas de cor branca, enquanto as Irmandades das igrejas do Rosário, das Mercês e da Confraria eram destinadas a pessoas de cor negra.
E o fato mais auspicioso, demonstrando civilidade, é que este tipo de racismo social e religioso em Mariana acabou por livre e espontânea vontade de seus habitantes, sem precisar da atuação de grupos antirracistas politicamente organizados.
Hoje a miscigenação no Brasil é tão espontânea que os negros e negras de tão bonitos são convidados a participar de concurso de beleza e de desfiles de moda.
Discordando em parte, não totalmente, da ideia geral de que só há discriminação racial no país, no meu entendimento, salvo melhor juízo, o que acontece realmente de pior no Brasil de hoje é a discriminação socioeconômica. Explico: hoje o negro e o branco, pobres, são discriminados, enquanto o negro e branco, ricos, são privilegiados. Os pobres, sejam brancos ou negros, não conseguem entrar nas melhores escolas, cursos, faculdades e universidades do país, enquanto os ricos, brancos e negros, conseguem. Essa odiosa discriminação socioeconômica também precisa acabar concedendo indistintamente a educação de qualidade para todos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

E a novela eleitoral continua...

A novela eleitoral das sete “Trapalhadas Eleitorais”, exibida pela TV Justiça às terças e quintas feiras de cada semana, está ficando chata e repetitiva, mas também muito emocionante.
Desde 15.08.2008, quando o Juiz Eleitoral de Mariana cassou o registro da candidatura do prefeito de Mariana, acatando denúncia do Sindicato dos Servidores e Funcionários Públicos de Mariana, até hoje, o enredo é sempre o mesmo: o prefeito entrou ou não com recurso dentro ou fora do prazo.
No primeiro capítulo, por unanimidade, acatando recursos especiais do Ministério Público e de Terezinha Severino Ramos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proveu os recursos impetrados, pelas duas partes confirmando que o prefeito de Mariana entrou fora do prazo legal. Inconformado com essa decisão, o prefeito entrou com Embargos de Declaração com efeitos modificativos e conseguiu reverter a decisão do ministro relator que proveu os embargos considerando que o prefeito entrou com o recurso dentro prazo, mas o ministro Marcelo Ribeiro antecipou o pedido de vista do processo.
Ontem, dia 17.11.2009, para surpresa dos telespectadores da novela eleitoral, o TSE, por unanimidade, converteu o julgamento em diligência a fim de que sejam ouvidos os embargantes, o prefeito e o vice-prefeito, acerca de documento juntado pelos embargados, Terezinha Ramos e Roberto Rodrigues. O enredo é o mesmo de sempre: os embargados juntaram mais um documento insistindo em provar que o prefeito entrou com o recurso fora do prazo. Depois de ouvidos os embargantes, os autos irão retornar ao ministro-relator Arnaldo Versiani.
A novela promete novos e emocionantes capítulos!

Órgão Arp Schnitger - 25 anos de restauração

Órgão Arp Schnitger da Catedral de Mariana – 25 anos de restauração
No próximo dia 21 de novembro, sábado, às 20h30, na Catedral de Mariana-MG, serão abertas as comemorações dos 25 anos de restauração do Órgão Arp Schnitger com o concerto do organista suíço Guy Bovet, um profissional de destaque no cenário musical internacional.
O Órgão Arp Schnitger foi um presente do Rei de Portugal, D. João V, à Arquidiocese de Mariana, quando de sua criação e instalação no século XVIII. Sua Majestade o adquirira para presentear Mariana, a primeira cidade colonial mineira. O próprio Rei determinou que a antiga Vila do Ribeirão do Carmo recebesse o nome de sua esposa, Maria Ana D’Áustria. Era sua homenagem à Rainha nascida na Corte Austríaca.
Este Órgão integra um pequeno número Arp Schnitger existente no mundo, sendo o único em funcionamento fora da Europa. Em 1984, após um silêncio de cinqüenta anos, voltou a acompanhar os ofícios litúrgicos da Catedral e a ser executado nos concertos que ali acontecem semanalmente, fazendo recair não só para Mariana, mas também para Minas e o Brasil as atenções internacionais. Graças ao excepcional trabalho de articulação promovido pelo ex-presidente da CEMIG, Francisco Afonso Noronha, e do então arcebispo de Mariana, D. Oscar de Oliveira, foi obtido o patrocínio de importantes empresas brasileiras e estrangeiras para a recuperação do instrumento que não funcionava desde 1934.
Entre 2000 e 2002, a Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana- FUNDARQ, por iniciativa do seu Diretor Executivo, Prof. Roque Camêllo, e a ação decisiva de D. Luciano Mendes de Almeida, a restauração do Órgão Arp Schnitger, iniciada em 1977, foi complementada em uma segunda fase com o objetivo de alcançar sua originalidade de 1701, data de sua fabricação.
Para o Diretor Executivo da FUNDARQ, Prof. Roque Camêllo, “o valor inestimável do instrumento musical que ora comemora os 25 anos do seu primeiro restauro, está em ser uma peça histórica, artística e cultural que se avoluma em importância na medida de sua raridade. Tombado, integra o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e já se encontra em processo de inscrição na UNESCO para ser declarado como Patrimônio Cultural da Humanidade, integrando o acervo dos outros Arp Schnitger da Europa”.
Por estas e outras razões, a partir do dia 21 de novembro abre-se uma série de eventos para comemorar uma longa trajetória que se inicia na cidade de Hamburgo, norte da Alemanha, em 1701, pelo organeiro Arp Schnitger, o mesmo que construía os instrumentos utilizados por Sebastian Bach.
Além de concertos, está previsto o lançamento pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de um selo comemorativo para marcar a data e divulgar para todo o país a alta significação deste Patrimônio Cultural.
21/11 – Abertura das festividades dos 25 anos
20h30 – Concerto Guy Bovet (Suíça)
No programa obras de Scarlatti, Bach, Beethoven e Ponchielli entre outros.
6/12 - 12h15 – Concerto de música de Câmara
Maurício Freire – flauta; Elisa Freixo – órgão.
No programa obras de Boismotier, Telemann e Mozart
20/12 - 12h15 – Concerto de coro e órgão
Coral Tom Maior de Mariana, sob a regência de Adeuzi Batista Filho e Josinéia Godinho – órgão. No programa, obras de Lobo de Mesquita, Beethoven, Saint-Saens e Bach, entre outros.
Dia 20 de dezembro, na última apresentação antes do Natal o concerto terá a participação do Coral Tom Maior, composto de jovens da cidade. Este grupo, fundado, há pouco mais de dois anos, pelo marianense Efraim Rocha, tem alcançado reconhecimento expressivo também fora da cidade, com premiações em concursos e encontros de corais.
*O evento tem o apoio da SAMARCO MINERAÇÃO S.A e da Prefeitura Municipal de Mariana.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Restauração do órgão da Sé - 25 anos

No próximo dia 8 de dezembro, Mariana deveria comemorar com muita solenidade os 25 anos de restauração da Catedral Basílica da Sé e de restauração do famoso órgão Arp Schnitger. Nos dias 8 e 9 de dezembro de 1984, numa cerimônia pomposa e magnífica, realizaram-se dois concertos pela Orquestra Brasileira de Câmara e Coro, constituída de tenores, sopranos, contraltos, baixos de renome nacional e internacional. O organista convidado foi o francês Francis Chapalet e o maestro suíço Michel Corboz.
A orquestra e coro executaram e cantaram a Missa em Fá Maior de autoria do compositor mineiro de Serro José Joaquim Lobo de Mesquita (1746-1805); o Concerto nº 4, em Fá Maior, Opus 4, para órgão e orquestra, de autoria Georg Friedrich Haendel (1685-1759); Beatus Vir (salmo 111), de autoria de Antonio Vivaldi (1678-1741); o Concerto Duplo em Ré Menor para violino e oboé, de autoria do Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Estiveram presentes às solenidades, além das autoridades civis e religiosas da cidade e do Estado, grandes executivos de empresas nacionais e internacionais benfeitoras e patrocinadoras da restauração do órgão.
Posteriormente, tive a honra de receber das mãos do saudoso e benemérito arcebispo de Mariana, dom Oscar de Oliveira, três brindes históricos, todos autografados por ele: um opúsculo fazendo a apresentação das entidades e empresas benfeitoras e patrocinadoras, o histórico da restauração da igreja e do órgão, dados sobre a orquestra e coro e de seus principais componentes e programação completa da solenidade. Ganhei um luxuoso livro “Mariana, Arte para o Céu”, e dois discos de vinil contendo a gravação completa do “Concerto de Mariana” pela Orquestra Brasileira de Câmara e Coro. Para conservar os dois Long plays, os famosos bolachões, fiz cópia deles em CD.
Aliás, por falar nestes dois discos históricos, quero fazer uma sugestão à Arquidiocese de Mariana, através de sua Fundação Cultural (Fundarq). Em comemoração às Bodas de Prata de restauração da Catedral da Sé e do Órgão, seria muito importante que esses dois discos fossem gravados em CDs e distribuídos para todas as entidades culturais do país. Seria uma espetacular divulgação turística para Mariana, divulgando a existência do único Arp Schnitger fora da Europa. Fica aí a minha sugestão!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Rua Dom Viçoso

A tradicional e histórica Rua da Olaria, hoje denominada Rua Dom Viçoso, localizada em pleno centro histórico de Mariana, é uma via muito importante de acesso e saída da cidade, bem como tem um movimento muito grande de veículos e pedestres. Durante muitos anos, essa rua foi abandonada pelas últimas administrações municipais a ponto de se tornar a rua mais escura de Mariana.
A escuridão era tanta que, durante a noite, quem transitava por ela não tinha condições de identificar a outra pessoa que passava ao seu lado no passeio. Certa vez, em 2003, fui vítima de uma tentativa de assalto por pivetes. Não consegui identificá-los tamanha a escuridão. O assalto só não se consumou graças ao fato de algumas pessoas ter passado na hora afugentando os assaltantes.
Na semana passada tivemos uma surpresa muito agradável. A Cemig trocou toda iluminação pública substituindo a luz branca pela amarela tornando a rua mais clara e transparente. Afinal de contas, somos nós que pagamos a conta de luz pública. É um direito nosso ter uma iluminação decente.
Apesar de proibido por lei municipal, agora só falta o Demutran impedir o tráfego de veículos pesados pela rua e que abala a estrutura do nosso frágil casario colonial barroco. O que adianta proibir no papel se não há fiscalização para impedir o trafego?
Mas, felizmente, a Cemig e a Prefeitura fizeram o que deveriam ter sido feito há muito tempo. Mas antes tarde do que nunca, deram aos moradores da Rua Dom Viçoso um Papai-Noel luminoso!

domingo, 8 de novembro de 2009

Liberdade de imprensa

Desde a derrubada da lei de imprensa pelo Supremo Tribunal Federal editada ao tempo da vigência do regime militar e que vigorou até o meio deste ano, nunca a liberdade de imprensa no país esteve tão livre e forte como agora. Todas as bandalheiras dos poderes executivo, legislativo, judiciário, de políticos, empresários, empreiteiros e banqueiros são amplamente divulgadas pela imprensa.
Se ninguém é punido, não é culpa da imprensa, mas dos órgãos policiais de governos que não apuram os fatos com provas concretas e o Judiciário que, além de não punir ninguém importante nesse país, também não se preocupa em obrigar a esses órgãos de sindicância a fazer um inquérito consistente capaz de convencer o judiciário a punir os infratores.
Mas, com todo respeito, tem momento que parte da imprensa exagera no seu direito de informar a seus leitores, ouvintes e telespectadores. Existem empresários de comunicação, fingindo desconhecer a lei, achar que têm direito de exigir que determinada pessoa pública ou privada seja obrigada a dar entrevistas. Não há lei alguma no país que obrigue alguém dar entrevistas. A pessoa dá entrevistas, se quiser.
Prefeitos, governadores, presidentes da República só têm obrigação constitucional de dar satisfações e explicações ao Congresso Nacional, Assembléias Legislativas, Câmaras Municipais e os Tribunais de Conta da União e dos Estados.
Há empresários da comunicação, megalomaníacos, que acham que podem cassar o mandato ou denegrir impunemente a imagem de políticos que não dão entrevistas. Na opinião idiota deles é um desrespeito com a opinião pública não dar entrevistas. Na verdade, deixando o cinismo de lado, o que os empresários querem, na verdade, e não têm coragem de assumir sua real pretensão, são verbas públicas para fazer publicidade em seus órgãos de imprensa. Como fariseus, querem dar a falsa impressão de que estão lutando pelos interesses da comunidade. Quando recebem verbas públicas, os empresários da comunicação ficam em lua de mel com os políticos. Mas, se não recebem verbas, metem o pau neles. É a filosofia indecente do sopra e morde. Usam e abusam da liberdade de imprensa para chantagear os políticos.
Só mesmo leitores e radiouvintes idiotas, otários ou inocentes úteis são capazes de acreditar na sinceridade desses sacripantas proprietários da gananciosa e inescrupulosa imprensa marrom!