terça-feira, 31 de maio de 2011

Em defesa da gramática

Em entrevista concedida à jornalista Roberta de Abreu Lima e publicada nas páginas amarelas da revista Veja, Evanildo Bechara, um dos mais respeitados especialistas da língua portuguesa, condena os colegas que se insurgem contra a norma culta.
“O pernambucano Evanildo Bechara é um dos mais respeitados gramáticos da língua portuguesa. Doutor em letras e autor de duas dezenas de livros, entre os quais a consagrada Moderna Gramática Portuguesa, Bechara, 83 anos, passou décadas lecionando português, linguística e filologia românica em universidades do Rio de Janeiro, da Alemanha e de Portugal. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ele é, por profissão, um propagador do bom uso do português. A fala mansa de Bechara contrasta com o tom incisivo de suas criticas a certa corrente de professores entusiastas da tese de que é preconceito linguístico corrigir os alunos. Diz Bechara: “Alguns de meus colegas subvertem a lógica em nome de uma doutrina que só serve para tirar de crianças e jovens a chance de ascenderem socialmente.
A defesa que o livro Por uma Vida Melhor distribuído a 500 000 estudantes ao custo de milhões reais para o bolso dos brasileiros, faz do uso errado da língua deveria ter provocado uma revolta maior, não?
A defesa que foi feita desse livro decorre de um equívoco. Estão confundindo um problema de ordem pedagógica, que diz respeito às escolas, com uma velha discussão teórica da sociolinguistica, que reconhece e valoriza o linguajar popular. Esse é terreno pantanoso. Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver ideias de maior complexidade – tão caras a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la.
Quais as raízes do ranço ideológico brasileiro?
Vemos resquícios de um movimento que surgiu no meio acadêmico na década de 60, pregando a abolição da gramática nas escolas. Eram tempos de ditadura militar, período em que, por principio, se contestava qualquer tipo de norma ou autoridade. Para se ter uma ideia, agitava-se nas universidades a bandeira é proibido proibir. Isso ecoava nos colégios – um verdadeiro desastre. Foi nesse contexto que começaram a estudar no Brasil a sociolinguística.Em diferentes tempos e sociedades, os estudiosos sempre estiveram atentos aos diferentes usos da língua.O próprio Mattoso Câmara (1904-1970), a quem se atribui a introdução da linguística no país, já alertava para os perigos na confusão de papéis entre teóricos e professores.
Esse tipo de debate é levado a sério em algum outro país?
Nenhum país desenvolvido prega a desvalorização da norma culta na sala de aula ou inclui esse tipo de ideia nos livros didáticos. Esse desserviço aos alunos e à sociedade como um todo só encontra eco mesmo no Brasil.
Por que tantos brasileiros falam e escrevem tão mal?
O domínio do idioma é resultado da educação de qualidade. Isso nos falta de maneira clamorosa. O ensino de português nas escolas é deficiente. Uma das razoes recai sobre o evidente despreparo dos professores. É espantoso, mas, muitas vezes, antes de lecionarem a língua, eles não aprenderam o suficiente sobre a gramática. Além disso, não detêm uma cultura geral muito ampla nem tampouco costumam ler os grandes autores, como faziam os antigos mestres. A verdade é que a maioria não tem vocação para o magistério. Só escolhe essa carreira porque, quando chega o momento de ingressar na universidade, ela é uma das menos concorridas no vestibular. A situação do mercado de trabalho também conspira contra a permanência dos melhores professores nas salas de aula. Por falta de incentivos, muitos abandonam o magistério para se empregar na iniciativa privada como revisores, tradutores e editores”. (...)


Meu comentário: a exemplo do que acontece no Brasil, em Mariana já há também um movimento literário cujo nome, sugestivo e autoexplicativo, segundo os dicionários, significa “individuo que faz ou fala mal as coisas de maneira atabalhoada e confusa, uma espécie esdrúxula de literatura que veio para confundir e não para esclarecer. Em nome de duvidosa “criatividade”, professores e acadêmicos incentivam alunos a ofender a norma culta. Para esses intelectuais de araque, que tentam reinventar a roda da literatura, tudo que é tradicional e que deu certo em todas as áreas de conhecimento humano durante séculos hoje não vale nada. Quando eu estudei, durante o período de 1950/1970, causava muito constrangimento nos meios sociais e intelectuais pessoas que tinham o péssimo costume de falar o português errado. Hoje é chique falar e escrever errado. O MEC está torrando dinheiro público para convencer o povo brasileiro de que o bonito é falar errado o português no Brasil. É a famigerada praga petista infiltrada nas faculdades e universidades públicas e privadas matando o já precário ensino primário, secundário e superior do país. Um absurdo!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Uma vírgula muda tudo

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis...
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.
Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

UMA VÍRGULA MUDA TUDO.
Associação Brasileira de Imprensa (ABI): 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ensinar errado o Português é certo?

Os adversários do bom Português*
Doutrinar crianças com a tese absurda de que não existe certo ou errado no uso da língua é afastá-las do que elas mais precisam para ascender na vida.
Renata Betti e Roberta de Abreu Lima
Em um mundo em que o sucesso na vida profissional depende cada vez mais do rigor intelectual e do conhecimento, causa perplexidade a bandeira que vem sendo empunhada em escolas públicas e particulares brasileiras por uma corrente de professores de linguística. Eles defendem a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, mas que a norma culta, ancorada na gramática, é só mais uma entre várias maneiras de expressar-se. Para esse grupo, chamar a atenção do aluno que infringe tais regras – papel fundamental de um bom professor – é preconceito linguístico.
Adotado nas aulas de português de meio milhão de estudantes do ensino fundamental, o livro Por uma Vida Melhor é uma amostra do que propaga esse circulo de falsos intelectuais. Escreve Heloisa Ramos, uma das autoras: “Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar os livro? Claro que pode”. O erro crasso de concordância seria apenas uma “variação popular”, segundo a autora. Certamente um desserviço aos jovens de uma nação de iletrados sedenta de conhecimentos. Mas as autoridades já estão cientes desse desastre e cuidam de reverter seus efeitos, certo? Errado. A ignorância prospera sob a chancela oficial. O Ministério da Educação (MEC), que pagou pelos livros e os distribuiu, decidiu não retirá-los das escolas. Diz a educadora Maria Inez Fini: “A escola que não enfatiza a norma culta da língua está excluindo seus alunos da cultura dominante, que todos devem almejar e à qual devem ter acesso”.
O motor ideológico dos obscurantistas se move em torno da visão de que a língua culta é um instrumento de dominação das elites. Essa tolice é disseminada nas faculdades brasileiras de pedagogia. Resume o historiador Marco Antonio Villa: “O discurso dominante nessas instituições valoriza a ignorância”. Essa visão mesquinha deturpa a sociolinguistica, ramo de estudo focado nas variações do uso de um idioma – o que é bem diferente de menosprezar a norma culta e ensinar às crianças que elas podem falar nós vai ou nós pegou o peixe e que, se alguém as admoestar, é por preconceito linguístico. Esses desvarios são o retrato da situação política brasileira, comandada por uma ortodoxia cada vez mais ousada em sua destruição impune de todo bem cultural que não se encaixa na sua estreita visão de mundo. “A ideia de que a língua culta é um instrumento de dominação da elite é um absurdo que não se vê em nenhuma outra nação desenvolvida”, diz o linguista Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de dezenas de livros. Um dos expoentes dos talibãs da linguística no Brasil é um certo Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília (UnB), hoje o grande madraçal da ortodoxia dessa estupidez. Bagno criou o termo preconceito linguístico em um livro de mesmo nome lançado na década de 1990.
Já é um escândalo planetário que o suado dinheirinho dos brasileiros honestos e trabalhadores esteja sendo usado para sustentar desvarios dos talibãs acadêmicos. A preguiça mental desses doutores do atraso é sustentada por brasileiros de quem o Fisco arranca a maior carga de impostos do mundo entre os países emergentes, por pais e mães que gastam metade dos ganham para pagar uma boa escola privada aos filhos, suprindo com seu suor o que deveria ser obrigação do estado. Para a procuradora da República Janice Ascari, está-se diante de um crime “contra nossos jovens... um desserviço à educação já deficientíssima no país”.
É espantoso que as crianças brasileiras estejam sendo expostas a esse tipo de lixo acadêmico travestido de vanguarda cultural, quando deveriam estar aprendendo as disciplinas obrigatórias e acumulando o conhecimento e as habilidades que as tornarão capazes de enfrentar com sucesso os desafios do mundo real. O crime apontado pela procuradora Janice Ascari ocorre em um país em que, ao final do ciclo escolar, 62% dos estudantes são incapazes de interpretar textos, onde 1 milhão de vagas abertas pelas empresas brasileiras não podem ser preenchidas por falta de gente qualificada. Enquanto isso, nas salas de aula das escolas públicas, as crianças brasileiras carentes de aprender a pescar, no sentido do provérbio, são ensinadas que é certo falar nós pega o peixe.
*Fonte: revista Veja – Edição 2218, de 25.05.2011.


Meu comentário: a pedagogia petista instalada no Brasil desde 2003 é uma epidemia que se alastra pelas academias, faculdades e universidades do país inteiro matando o atual e já péssimo ensino brasileiro, um dos piores do mundo. Todo o ensino tradicional que está dando certo a séculos até hoje e que gerou grandes gênios na literatura, na ciência, na música, nas artes e em todo o conhecimento humano está sendo contestado por intelectuais modernos. Assanhados e vigaristas, pois usam dinheiro público para ficar rico e bancar suas ideias malucas, os intelectuais - como escritores, poetas, jornalistas, pintores, escultores e falsos mecenas - estão querendo reinventar a roda literária, escrevendo textos e poemas sem pé nem cabeça, alguns até de cabeça para baixo, que ninguém entende, só eles. O pior é que essa mania estúpida de nossos megalomaníacos intelectuais já chegou a Mariana em alto estilo. São até muito premiados por instituições de araque pseudo culturais nacionais e estrangeiras, que ninguém conhece, em homenagem às suas maluquices intelectuais que fazem contra o ensino e a literatura tradicionais que sempre deram certo, profissionalmente para todos, inclusive para eles mesmos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ciúmes e inveja

Li o excelente artigo do meu amigo e jornalista Douglas Couto, publicado no jornal “O Tempo” de Belo Horizonte, na edição de 16.05.2011, a respeito do Dia de Minas Gerais, sob o título “Polêmica à vista – Mariana ou Matias Cardoso?”
Sobre esse artigo faço o seguinte comentário.
Enquanto não havia oficialmente o Dia do Estado de Minas Gerais, nenhuma das 853 cidades do Estado reivindicou a data. Bastou o Prof. Roque Camêllo ter tido a feliz e criativa ideia de instituir o Dia de Minas para que outras cidades se sentissem enciumadas e invejosas. A ciumeira começou com a cidade de Santa Luzia que não reivindicou o Dia de Minas, mas sim, que era o município mais antigo de Minas Gerais. Essa ideia maluca teve ampla campanha publicitária patrocinada pela família Teixeira da Costa, proprietária do jornal “Estado de Minas” cujos membros são pessoas nascidas em Santa Luzia.
Em seguida foi a vez das cidades históricas vizinhas a trabalhar nos bastidores contra o Dia de Minas em Mariana. Usaram a Câmara dos Diretores Lojistas de Belo Horizonte que tentou e não conseguiu transferir o Dia de Minas para Ouro Preto. Agora é a cidade de Matias Cardoso, através de um contumaz expediente eleitoreiro da deputada Ana Maria Rezende que, em todo ano eleitoral, mexe e remexe o assunto. Atualmente, mais modesta, para não cair no ridículo, a deputada não quer mais dividir o Dia de Minas com Mariana. Quer fazer a sua particular festa cívico-eleitoreira no dia 8 de dezembro.
Já pensou se as mais de 850 cidades mineiras reivindicassem a mesma coisa? O artigo 256 da Constituição iria obrigar o governador a transferir simbolicamente a capital todo o dia e precisaria de quase três anos para fazê-lo. Essa estúpida tentativa preconceituosa contra Mariana patrocinada pelas cidades históricas vizinhas, Santa Luzia e agora Matias Cardoso é simplesmente falta de criatividade e muito ciúme e inveja!
Todo esse contumaz preconceito contra Mariana já o denunciei não só em artigo publicado no jornal Estado de Minas, como também neste Blog em Memória Cultural datada de 05.06.2010. Vale a pena ler de novo!

Cremação de corpos

O jornalista Ricardo Westin fez uma curiosa e interessante reportagem sobre cremação de corpos na revista Veja – Edição nº 2.217, de 18.05.2011. Abaixo, os principais trechos da matéria.
Novo Jeito de partir
Multiplicam-se os crematórios no país e muitos deles transformam os rituais fúnebres em verdadeiros espetáculos.
(...) A cremação é feita em fornos a gás sob temperatura que excedem os 1000 graus. O corpo e o caixão são queimados juntos. Passadas duas horas, o que resta do corpo é uma pilha de ossos calcinados. As roupas e o caixão viram um pó muito fino. Esse material é descartado. Os ossos, por sua vez, são colocados num triturador e convertidos nas cinzas que serão entregues à família – 1,5 quilo de material, em média. O destino das cinzas varia conforme o desejo de cada um. Muitas pessoas as lançam no mar ou as depositam num jardim. Podem ser guardadas em urnas ou embutidas em anéis e medalhas.
(...) O crescimento do número de cremações é um sinal de mudança ocorrida nos rituais fúnebres no Brasil nas últimas décadas. Os velórios deixaram de ser realizados em casa, transferidos para hospitais ou para o cemitério. Não raro, são simplesmente evitados. As sepulturas ficaram mais discretas, sem capelas nem estátuas sacras. O costume do luto fechado e do meio luto caiu em desuso.
(...) Para ter o corpo cremado, é preciso deixar uma declaração de vontade registrada em cartório. Sem esse documento, só os parentes de primeiro grau podem autorizar o procedimento. Há também razões de ordem prática na escolha do destino final. O custo é a principal delas. Uma cremação, incluindo a cerimônia de despedida, sai em média por 2500 reais.
(...) No início dos anos 60, o Concílio Vaticano II esclareceu que o catolicismo não condena a cremação. Até então, os católicos levavam ao pé da letra a oração que diz “creio na ressurreição da carne”. Das grandes religiões, o judaísmo e o islamismo proíbem a cremação. O espiritismo recomenda de 48 a 72 horas de espera entre a morte e a cremação, para que haja tempo de o espírito desencarnar. É uma precaução – de acordo com os seguidores dessa religião, alguns espíritos demoram mais que os outros para deixar o corpo. O hinduísmo e o budismo, por sua vez, consideram a cremação essencial para que a alma do falecido ascenda a um estagio superior. As evidências arqueológicas mais antigas de cremação datam de 20000 anos atrás, na Austrália. O ritual de queimar os corpos era possivelmente motivado pelo medo de os espíritos dos mortos voltarem para atormentar os vivos. Os romanos e os gregos praticavam tanto o sepultamento quanto a cremação. Com a ascensão do Cristianismo na Europa, a queima dos corpos entrou em desuso, por estar relacionada a rituais pagãos e ao medo de que impedisse a ressurreição. A cremação só voltou a ser utilizada no Ocidente no fim do século XIX, com os primeiros crematórios instalados na Europa e nos Estados Unidos. Agora, ela se agrega aos costumes brasileiros”.
Meu comentário: ainda adolescente e jovem adulto, entre as décadas de 1940 a 1960, fui testemunha ocular e protagonista de medieval costume de algumas tradicionais famílias católicas de Mariana, quando perdiam seus parentes, de usar luto fechado durante um ano. Os homens e mulheres viúvos usavam roupas pretas o dia inteiro e véu negro na igreja, enquanto os demais familiares usavam uma braçadeira negra durante certo tempo no braço esquerdo. Quando os meus avôs morreram usei uma braçadeira. O velório acontecia sempre dentro da própria casa do falecido. Quem tinha comércio fechava as portas durante sete dias.
Naquela época, como ainda hoje, havia o tradicional toque fúnebre de finado dado pelos sinos das igrejas. Um toque significava a morte de uma criança; dois toques, a de mulher; três toques, a de homem. Nas cerimônias litúrgicas, como a missa de corpo presente e a encomendação das almas, o sacerdote usava paramentos negros. No dia de finados ou na morte de um papa ou de um arcebispo da Arquidiocese, havia o toque de finados o dia inteiro, de hora em hora. Depois do Concilio Vaticano II, a Igreja melhorou muito essa imagem horrível da morte transformando inclusive a triste missa de defuntos em Missa da Ressurreição.
A morte sempre foi um acontecimento inevitável e muito triste na vida de todos nós, mas na minha infância e juventude a morte era tratada com requintes de terror psicológico.


Sugestão: depois que as igrejas, as associações esportivas, recreativas e culturais proibiram o velório em suas dependências, as familia enlutadas em Mariana agora só têm uma opção: o velório municipal localizado no Cemitério de Santana.
Por estar localizado em local ermo e um pouco distante do centro de Mariana, últimamente, a Câmara Municipal de Mariana tem cedido suas dependências para a realização de velórios. Aliás, à quisa de sugestão, a Ordem Terceira de São Francisco e o Guarany F.C. têm áreas estratégicas no centro histórico de Mariana, excelentes locais para uma instalação e exploração comercial de velórios. Fica aí a minha sugestão!

domingo, 15 de maio de 2011

O polêmico túnel bala

Ao contrário de Mundinho Horta que assumiu, por duas vezes, o cargo interino de prefeito, quando já era presidente da Câmara, pela primeira vez na história política de Mariana Bambu foi escolhido como prefeito interino no puro estilo parlamentarista. Por maioria absoluta, os vereadores escolheram Bambu para ser presidente da Câmara e futuro prefeito interino de Mariana. Todos os vereadores que representam as diversas facções políticas existentes em Mariana tiveram o direito de indicar secretários municipais e grupos de pessoas para ocupar os principais cargos de confiança e comissionados no primeiro e segundo escalões da administração pública municipal, formando então um autêntico governo parlamentarista de coalizão.
Nos primeiros oito anos do século XXI, muitas obras públicas foram construídas no município. Apesar de devidamente licitadas, as obras foram tão malfeitas que já estão sendo refeitas, causando um precoce e irresponsável prejuízo ao município. Uma vergonha!
Uma das obras malfeitas e sem planejamento algum realizada no final do século XX foi a construção da Avenida Nossa Senhora do Carmo no Bairro do Catete. Uma bomba de efeito retardado que veio explodir no colo dos últimos prefeitos.
Para refazer essa obra o mais rapidamente possível, antes da chegada das chuvas de fim de ano, o prefeito decretou no município o estado de emergência com o intuito de normalizar rapidamente os processos de governo, a ordem jurídica e recorrer aos cofres do Estado ou da União para realizar obras sem licitação. A Situação de Emergência e o Estado de Calamidade Pública são duas possibilidades legais de exceção regulamentadas pelo Conselho Nacional de Defesa Civil desde 1999 e que são utilizadas para combater os efeitos de acidentes e desastres nos municípios. Essa decisão excepcional do prefeito está causando muita polêmica. Alguns vereadores não concordam que as obras, que poderão custar quase 30 milhões de reais, sejam construídas sem licitação. Com licitação já há fraudes e corrupção, imagina sem licitação. Que Deus proteja a prefeitura, a explorada viúva rica, dos corruptos de plantão que adoram receber a cobiçada propina de 10 a 15% sobre o valor da obra...
Curiosamente, a imprensa de Mariana, que é regiamente bancada por verbas públicas municipais oriundas tanto do poder legislativo quanto do executivo, tomou três posições diferentes em relação ao polêmico episódio: alguns órgãos de imprensa são radicalmente contra a obra sem licitação, outros incondicionalmente favoráveis a execução da obra sem licitação. Como a briga de foice é entre o executivo e legislativo, os demais, prudentes, pois recebem também publicidade dos dois lados, não são a favor e nem contra, muito pelo contrário, preferem mesmo ficar em cima do muro...

Até Editorial, espaço nobre destinado a opinião independente de jornal, transformou-se em porta-voz do governo municipal. O lobby a favor ou contra a obra já está rendendo muito dinheiro para alguns jornalistas oportunistas e espertalhões. Conclusão da história: alguns cospem no prato que comem, outros não e os terceiros ficam neutros. É o tradicional morde e assopra da imprensa marianense.

Como a opinião pública marianense já não confia nos políticos nem nas empreiteiras de obras, acaba também desconfiando da imprensa.
Afinal de contas, quem tem razão? O prefeito ou os vereadores?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mariana sob nova ameaça de dividir "Dia de Minas"

Douglas Couto
O projeto que ameaça dividir as comemorações do “Dia de Minas” volta a ser discutido na Assembleia Legislativa. A nova comissão que vai analisar a Proposta de Emenda a Constituição (PEC 15/11), que cria o “Dia das Gerais”, foi nomeada e passa a ser integrada pelos deputados Almir Paraca (PT) e Rômulo Viegas (PSDB) para função de presidente e vice, respectivamente. Uma vez eleito, Paraca já designou o deputado Tadeuzinho Leite (PMDB) relator da PEC.
Criado há 30 anos, através de lei estadual, o Dia de Minas é comemorado a cada 16 de julho - aniversário de Mariana. Neste dia a capital do estado é simbolicamente transferida para a cidade, que se rende a uma solenidade política marcada pela entrega de comendas. Três décadas após a criação da data cívica, o parlamento mineiro discute a divisão da festa.
A pedido da deputada Ana Maria Resende (PSDB), a PEC dá nova redação ao artigo 256 da Constituição do Estado, criando o Dia dos Gerais (comemorado em 8 de dezembro), no qual a capital do estado deverá ser transferida simbolicamente para Matias Cardoso, na região Norte do estado. A polêmica é antiga e o tema foi debatido na campanha eleitoral no ano passado. A divisão do “Dia de Minas” foi motivo da troca de farpas entre os candidatos ao governo.
A deputada tucana que propõe a mudança na lei até reconhece que a sociedade aurífera do Estado começou com a fundação do Ribeirão Nossa Senhora do Carmo, em 1696, que deu origem a Mariana. No entanto, ela defende que antes disso, a partir de 1660, o bandeirante Mathias Cardoso de Almeida já se fixava nas margens do Rio Verde Grande e, posteriormente, do Rio São Francisco, em Morrinho, atual cidade de Matias Cardoso.
Numa definição mais clara, a deputada justifica que o Estado foi formado pelas Minas, a partir de Mariana, e pelos Gerais, a partir de Matias Cardoso. Dessa forma, o documento conclui que a PEC busca confirmar a verdade histórica de Minas Gerais.
Entenda
Instituída em 19 de outubro de 1979, a Lei nº 7561 foi sancionada pelo então governador Francelino Pereira. A ideia de se instituir o “16 de julho” como data cívica estadual foi lançada pelo acadêmico e professor Roque Camêllo ainda em 1977, durante a sessão alusiva ao 281º aniversário de Mariana na Casa de Cultura - Academia Marianense de Letras.
Com o apoio do então presidente da Casa, o historiador Waldemar de Moura Santos, dos acadêmicos, das autoridades municipais e da comunidade marianense, o professor Roque Camêllo entregou a proposta ao governo do Estado e à Assembleia Legislativa.
Com base em razões históricas identificadas pelas diversas competências de Mariana, especialmente por ter sido o primeiro núcleo urbano organizado, instituiu-se o dia 16 de julho como o “Dia do Estado de Minas Gerais”. A data coincide com o aniversário de fundação da antiga Vila do Ribeirão do Carmo, atual Mariana, com 314 anos.
Conforme determina o artigo 256, em seu título V, da Constituição do Estado, neste dia, a capital de Minas Gerais é, simbolicamente, transferida de Belo Horizonte para Mariana.

Meu comentário: a propósito do artigo acima do jornalista Douglas Couto, eu fiz em 05.06.2010, neste blog, um artigo abordando a tal polêmica proposta de emenda constitucional (PEC) sob o título “Preconceito contra Mariana”. Vale a pena ler de novo!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Quanto vale sua vida?*

Se você está entre os 10 a 12 mil marianenses que vão morrer de câncer e de outras doenças pulmonares causadas pela operação da Mina Del Rey a resposta é NADA!
No entanto R$ 39.780.000.000,00, isso mesmo, trinta e nove bilhões setecentos e oitenta milhões de reais, é o que a Vale vai lucrar com a exploração daquela mina! Uma bagatela, por 20% da população da cidade que vai morrer por isso.
Para produzir as 170 milhões de toneladas de minério de ferro previsto para 10 anos, a Vale vai gerar uma montanha de 1.500.000 (hum milhão e quinhentas mil) toneladas de rejeito (lama e poeira) e vai lançar nos ares de Mariana nada mais nada menos de mil quilos de arsênico por dia de exploração.
O arsênico é uma substância que aparece junto com o minério de ferro e ouro, abundante na região do Gogô, onde se localiza a Mina Del Rey. É uma poeirinha leve, que pode ser tocada pelo vento e levada a quilômetros e que se deposita na superfície das folhas (hortas), nas frutas (pomares), na água, na pele das pessoas, e é facilmente respirada, indo parar nos pulmões e na corrente sanguínea.
O produto é altamente tóxico. Utilizado como matéria prima de formicida! Ingerido (através das folhas das verduras, da água e das frutas), pode causar câncer de estômago, esôfago e intestinos. O músico alemão AMADEUS MOZART foi envenenado com arsênico! Inalado, pelo ar que respiramos, pode causar câncer de pulmão e doenças na vias aéreas, principalmente em idosos e crianças. No contato com a pela pode causar dermatites, coceiras, queda de cabelo, manchas e câncer de pele.
A Vale não vai explorar a tal mina. Vai “arrendar” para uma empresa menor, para que quando chegarem as indenizações milionárias (as ações deste tipo demoram cerca de 10 anos para serem julgadas na justiça), a pequena mineradora vai quebrar e não vai pagar a ninguém! Ou seja, aquele que morreu, deu a vida pela Vale! O que ficou doente sobre a terra não vai ter de quem cobrar o prejuízo.
Que a prefeitura de Mariana aproveite os 25 milhões de reais que vai receber de royalties pela mineração Del Rey, para construir um centro de oncologia (hospital de câncer) na região, ou quem sabe ampliar o cemitério. É a Vale. Vale tudo!
*Fonte: DM Notícias: http://www.bmnoticias.com/

domingo, 8 de maio de 2011

Beatificação de Dom Luciano

Douglas Couto
Processo de Beatificação de Dom Luciano será aberto.
O processo de beatificação de Dom Luciano Mendes de Almeida, morto em 2006, deverá ser oficialmente aberto a partir de agosto pela Arquidiocese de Mariana. A confirmação foi feita pelo arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB, na quinta-feira, dia 05, na abertura da 49ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que aconteceu em Aparecida (SP).
A pedido de Dom Geraldo, os bispos, reunidos no congresso, assinaram a petição da beatificação a ser encaminhada à Santa Sé. Os mais de 300 religiosos responderam com uma sonora salva de palmas, pondo-se prontos para atender ao pedido. Além de Dom Luciano, existe na Arquidiocese de Mariana outro processo em andamento, aberto em 2007, pela beatificação de Dom Antonio Ferreira Viçoso.
De acordo com Dom Geraldo, somente após a aprovação do pedido pelo Vaticano é que poderá instalar o tribunal que conduzirá a beatificação de Dom Luciano. O tempo determinado para entrar com o pedido de instauração do processo de uma pessoa é de cinco anos após sua morte.
Dom Luciano foi arcebispo de Mariana durante 18 anos, morreu em 27 de agosto de 2006. Estimado por todo o episcopado brasileiro, ficou conhecido especialmente pelo seu amor aos pobres e excluídos e pela defesa dos direitos humanos. Foi secretário e presidente da CNBB por dois mandatos consecutivos em cada uma das funções.
Para os fiéis, Dom Luciano já era um bispo santo, mas até ser reconhecido pela Igreja é um processo longo. Pelas regras do Código de Direito Canônico, para ser beatificado, é preciso um milagre atribuído ao arcebispo. A partir daí, ele vai vencendo etapas: sendo considerado servo de Deus, venerável (quando são reconhecidas virtudes heróicas), beato (quando o papa reconhece um milagre) e, por fim, santo (quando um novo milagre é reconhecido).
Cada processo possui um postulador, uma espécie de advogado, que busca testemunhas e demonstrar os milagres. Para levar à beatificação, a Igreja exige a cura por meio de milagre e tem de ser instantânea, perfeita, duradoura e não explicável cientificamente. A partir do momento em que a pessoa se transforma em beato, passa a ser objeto de culto público nos países em que viveu. Já o santo está autorizado pelo Vaticano a ser cultuado em todo o mundo.

Meu comentário: A Arquidiocese de Mariana já tem dois pedidos de beatificação formulados à Santa Sé. O primeiro, solicitado há muitos anos, pede a beatificação de Dom Viçoso. O segundo, mais recente, pede a beatificação de Monsenhor Horta e agora, o terceiro, a de Dom Luciano. Antigamente, alguns processos de canonização levavam séculos. Já o Papa João Paulo II, durante os seus 26 anos de pontificado confirmou mais beatificações (1338) e canonizações (482) do que todos os outros 263 papas juntos. Antes de João Paulo II, o processo de canonização era caro e complexo, o que restringia as investigações. Em 1983, o papa diminuiu de dois para um o número de milagres necessários para a beatificação e permitiu que, além das pessoas que conviveram com o investigado, outras que ouviram falar de seus feitos fossem consideradas testemunhas. Além disso, incentivou bispos a procurar por santos em seus países. Dom Geraldo, atual arcebispo de Mariana, seguindo orientação papal, procurou e achou Dom Luciano como o novo candidato da Arquidiocese a ser beatificado. Agora são três! Até o momento, a Arquidiocese de Mariana ainda não conseguiu beatificar Dom Viçoso nem Monsenhor Horta.