quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os Gaveteiros*

Ao ensejo das comemorações dos 300 anos da Vila de Nossa Senhora do Carmo, hoje cidade de Mariana, transcrevemos abaixo a síntese da lenda “Os gaveteiros”, escrita pelo professor, historiador, jornalista e escritor Waldemar de Moura Santos, autor do livro “Lendas Marianenses” e fundador da Casa de Cultura de Mariana - Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes.
(...)
- Conhece você a origem dos “gaveteiros”?
- Não. Jamais a ouvimos.
- Pois então ouça.
“Mariana, Ouro Preto e Sabará, Vilas do Ouro de Minas Gerais, disputavam ardorosamente a primazia de Cidade. Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho, em nome do monarca Dom João VI, para serenar os ânimos exaltados, prestes a estourar em guerra civil, propôs, inteligentemente, que cada Vila em prazo de seis meses que oferecesse maior quantidade de ouro às arcas do Reino de Portugal receberia as graças de cidadania e também as honras do episcopado. A original proposta foi aceita por unanimidade
Durante seis meses os mentores das Vilas disputantes se mobilizaram na faina de ajuntar maior quantidade do precioso metal. O tempo corria célere e a campanha se movimentava disputadíssima. Os dirigentes do movimento em Ouro Preto e Sabará usaram de todos os meios de propaganda. Arautos, regiamente remunerados, trombeteavam por todos os recantos os resultados obtidos para impressionar a opinião pública, enquanto Mariana conservava-se em silêncio. Discreta e vigilante.
Esgotado o prazo estipulado, em dia e hora, previamente marcados, em reunião ansiosamente aguardada, com a presença do alto mundo oficial, as três Vilas por seus delegados credenciados se apresentaram na Casa de Fundição, em Ouro Preto, para a entrega oficial do ouro recolhido. Foi uma reunião popular, onde predominou intensa expectativa em torno de algo extraordinário a explodir.
Apurou-se, primeiro, a contribuição de Ouro Preto que rendeu oito arrobas de ouro. Em seguida, verificou-se o recolhimento de Sabará que atingiu cinco arrobas. E, finalmente, apresentou-se Mariana só intensa expectativa da assistência, que aguardava com nervosismo o final da contenda. Um frenesi de comoção punha em suspense a curiosidade pública.
Conferido o saldo, a contribuição da primeira Vila somou a importância de doze arrobas de ouro em pó, que a malicia do marianense soube apresentar, depois de longo silêncio, deixando o desfecho para a derradeira hora. A decepção foi geral e as duas concorrentes não podendo controlar o desapontamento em torno do fracasso ruidoso e humilhante, sem outro recurso de defesa, recorreram ao sarcasmo, bradando com todas as forças dos pulmões.
- Gaveteiros, matreiros, maliciosos, sabichões, guardavam a língua dentro da gaveta e ajuntaram, sem ninguém saber, ouro a granel.
Derrota humilhante, sem precedentes na história.
O Governador imediatamente assinou o Decreto constituindo Mariana como primeira Cidade de Minas e, ao mesmo tempo, dando-lhe o “Áureo Trono Episcopal” para sede do primeiro Bispado de Minas Gerais.
Daí a origem de um epíteto, deturpado maldosamente, conferido a um povo que criou há mais de duzentos e cinquenta anos, legenda até hoje repetida por todos os povos do universo: “A palavra é de prata e o silêncio é de Ouro”.
Esta é a única e verdadeira origem do “Gaveteiro”, que os dicionários deveriam anotar para corrigir tantas aberrações inverossímeis, hipotéticas, fantasiosas, criadas pela imaginação dos eternos palhaços para desmerecer a integridade de um povo que conquistou a glória com muita inteligência, sabedoria e grande dose de malicia. Não houve, jamais, gavetões nas casas e igrejas para esconder comidas aos visitantes que chegavam. (...) ".
*Extraído do livro “Lendas Marianenses”, editado em 1966 pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Esclarecimentos do advogado de Roque Camêllo

Nota de esclarecimento da defesa de Roque Camêllo
Mariana: A questão de Roque Camêllo envolve apenas prazo
"Solicito às senhoras Juliana Cipriani e Patrícia Rocha o direito de resposta quanto às publicações veiculadas pelo jornal “Estado de Minas” em 18 e 20.07.11, respectivamente, sobre o prefeito eleito de Mariana, prof. Roque Camêllo. No Supremo Tribunal Federal (STF), a alta Corte do país, onde o processo de afastamento do prefeito eleito de Mariana se encontra, consta corretamente "recurso-tempestividade", ou seja, a questão de prazo de recurso.
Entendo que a forma de cadastramento do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) induz a imprensa a erro, uma vez que no TSE, quando do cadastramento do RESPE 35.092, constam as expressões “representação eleitoral - captação ilícita de sufrágio”. Já peticionei aos órgãos técnicos do TSE para alterar a forma de cadastro para “representação eleitoral – prazo de recurso”, nada tendo a ver com compra de votos ou corrupção eleitoral, conforme pode ser conferido no Site do STF, na consulta processual do Agravo de Instrumento n. 821960, relatoria do Ministro Gilmar Mendes.
Diante de recentes publicações nos jornais da capital que se reportavam ao afastamento do Prefeito eleito de Mariana, professor Roque Camêllo, como supostamente ligado à questão de compra de votos ou corrupção eleitoral, sendo eu advogado militante nos tribunais eleitorais há mais de 20 anos, esclareço que Roque Camêllo foi absolvido de todas as acusações pela própria Justiça Eleitoral e apenas se encontra afastado do mandato em relação à interpretação do prazo de seu recurso eleitoral.
Roque Camêllo foi absolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que entendeu ser absolutamente legítimo e legal realizar uma reunião com professores no período eleitoral, ainda mais sendo ele um educador. No entanto, o TSE entendeu que o recurso foi interposto fora do prazo, embora tanto o juiz eleitoral de Mariana quanto o TRE tivessem recebido o recurso como válido e regular.
Roque Camêllo é um homem íntegro, honrado, acadêmico respeitado em Minas e no país como professor, intelectual. É de se lamentar ter sido afastado apenas por uma discutível filigrana jurídica de prazo de recurso, ao passo que já transitou em julgado o mérito da ação, julgada no TRE a seu favor.
Espera-se que o prefeito, eleito de forma legítima nas urnas, possa retornar ao comando da Prefeitura de Mariana, para alívio da Cidade Primaz de Minas e que Roque, como notável expoente da cultura mineira e nacional, continue conduzindo o projeto de transformá-la em Patrimônio Cultural da Humanidade.
Apelo à imprensa, sempre correta na análise dos fatos, no sentido de fazer justiça a um homem íntegro como o professor Roque Camêllo, que jamais se envolveu em questões de corrupção eleitoral e compra de votos. A cidade e povo de Mariana têm sofrido amargamente por essa errônea interpretação quanto ao prazo do recurso.
Mariana está sendo castigada como o Egito foi castigado antigamente nas Sagradas Escrituras, com pragas de gafanhotos e outros flagelos, mergulhando o Município em um caos institucional.
É urgente que isto tenha um basta. Apesar de o professor Roque Camêllo ser um homem desapegado da ambição pelo poder, sua volta como governante escolhido nas urnas pela população é o bálsamo de que Mariana precisa atualmente."
*Mauro Bomfim - Advogado especialista em Direito Eleitoral

Prefeito entre socos e abraços*

O Prefeito Geraldo Sales de Souza, acima, nega a agressão e afirma que foi vítima.

Patrícia Rocha
Dois dias depois de o prefeito de Mariana, na Região Central do Estado, perder e retomar o cargo em menos de 24 horas, por meio de duas decisões da Justiça Eleitoral, a cidade viveu mais um episódio curioso envolvendo a autoridade máxima da administração municipal. Na tarde de ontem, o prefeito interino Geraldo Sales de Souza (PDT), o “Bambu”, se irritou com os comentários negativos a seu respeito feitos pelo guarda municipal Allisson dos Santos depois de um jogo de futebol no campo do Guarani e, segundo o boletim de ocorrência, teria dado um soco no rosto do guarda, conhecido como “Liu Marmita”.
De acordo com moradores que teriam visto a cena, a possível vítima estava conversando sobre a política local com um casal de conhecidos na porta do estádio, quando foi surpreendida com um “abraço” e um murro do prefeito. O guarda municipal afirmou que Geraldo Sales fez ameaças, dizendo que Liu “teria que provar tudo o que falava contra a atual gestão da prefeitura na internet”. Ainda segundo a vítima, o irmão do prefeito, que o acompanhava durante o evento esportivo, teria dito que ele e Bambu haviam bebido muito.
O prefeito não quis comentar detalhes da briga, mas se defendeu dizendo que ele é que foi alvo de agressão verbal por parte de Allisson Cota. “Em Mariana tem meia dúzia de aloprados. Ele me chamou de 'ladrão', como vem fazendo há muito tempo”, destacou. Bambu adiantou que vai tomar as providências judiciais cabíveis para provar, por meio de entrevistas gravadas e cópias de sites da internet, que o guarda municipal tem feito “perseguição política”.
Bambu é o presidente da Câmara Municipal e substitui os prefeitos afastados Roque Camêllo que ganhou as eleições e Terezinha Ramos que ocupou sua vaga. Ambos entraram com recurso na Justiça para reassumir o cargo.
*Fonte: jornal “Estado de Minas”, de 20.07.2011. Foto: Beto Magalhães

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma prefeitura e muita confusão*

Situação política em Mariana ficou mais embaralhada depois de duas decisões judiciais nos últimos dias. Uma determinando a saída do prefeito e outra mandando ele permanecer.
Juliana Cipriani

No dia em que se tornou a capital do Estado em razão das comemorações do Dia de Minas, a cidade de Mariana, na Região Central, viveu uma situação inusitada. Não era difícil encontrar pelas ruas moradores que não sabiam dizer quem estava à frente da prefeitura do município. Isso porque duas decisões da Justiça Eleitoral na véspera determinaram a troca e, em seguida, a permanência do prefeito Geraldo Sales de Souza (PDT), presidente da Câmara Municipal, que responde interinamente pelo cargo.
Quem entraria em seu lugar seria Terezinha Severino Ramos (PTB), afastada em maio de 2010 por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Na sexta-feira, a desembargadora Luciana Nepomuceno, do Tribunal Regional Eleitoral, concedeu liminar determinando a recondução imediata da prefeita. A magistrada reconsiderou decisão anterior pela suspensão do diploma da prefeita e de seu vice, Roberto Rodrigues, e entendeu que ela deveria continuar no cargo até o julgamento do caso pela Corte. Horas depois, no entanto, mais um revés.
Decisão assinada pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral mineiro, desembargador Kildare Carvalho, em um mandado de segurança impetrado pelos diretórios municipais de Mariana do PR e do PMDB, suspendeu os efeitos da liminar. No documento, o magistrado alega ser “inconveniente” para a cidade “sucessivas alterações na chefia do Poder Executivo”. Ainda segundo a decisão, o caso de Mariana está pautado para definição da Corte em 2 de agosto.
Trocas
As referidas trocas de comando em Mariana não vêm de agora. Segunda colocada nas eleições, Terezinha Ramos assumiu a prefeitura com o afastamento do eleito para o cargo, Roque Camêllo (PSDB). Já em abril de 2009, o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a perda do mandato e a prefeita entrou em seu lugar. Mas o juiz eleitoral de Mariana também cassou Terezinha e seu vice por causa de supostas irregularidades na prestação de contas de campanha e a chave da cidade foi para o então presidente da Câmara Municipal, Raimundo Horta (PMDB), que ficou até dezembro. Com a troca no comando do Legislativo, Geraldo Sales de Souza, o Bambu, assumiu a vaga ao passar a presidir a Casa dos vereadores.
O advogado de Terezinha, Rodrigo de Almeida, estranhou a decisão de revogar a liminar e disse esperar que a prefeita retome suas funções hoje. “Circula na cidade um documento que, ao que nos parece, é falso. Entramos em contato com o plantão do TRE, mas não souberam informar se existe ou não a decisão”, alega. Caso seja falsificado, o advogado diz que o tribunal terá de tomar medidas drásticas.
Ao contrário da defesa de Terezinha, o prefeito Bambu disse ter estranhado a liminar determinando a troca de prefeito, tendo em vista que o julgamento do processo será em agosto. Mas caso seja dada decisão em favor da prefeita, não se furtará em cumpri-la. “Nosso grupo tem consciência de que a qualquer momento pode voltar um dos dois (Terezinha ou Roque), pois existem recursos tramitando. Enquanto isso não ocorre, a gente vai tocando as obras e projetos que considera importante para cidade”, afirmou.
Com tantos prefeitos, a confusão dos moradores sobre quem seria o prefeito não vem de hoje. Bambu considera a troca constante prejudicial à cidade. “A cada mudança a cidade perde muito porque muda-se toda a equipe de governo e, às vezes, entra alguém que não tem experiência suficiente. Torço para, quando houver uma decisão, a pessoa continue no cargo, e não haja mais trocas”, disse.
Os quatro prefeitos
Roque Camêllo (PSDB)
Eleito em 2008, foi afastado em abril de 2009 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Recorreu para tentar reaver o cargo.
Terezinha Ramos (PTB)
Segunda colocada nas eleições, ela assumiu a prefeitura em março de 2010, mas deixou o cargo já em abril. Foi afastada por supostas irregularidades na prestação de contas de sua campanha.
Raimundo Horta (PMDB)
Como presidente da Câmara Municipal de Mariana, foi prefeito interino da cidade de maio a dezembro do ano passado.
Geraldo Sales, o Bambu (PDT)
Novo presidente eleito da Câmara Municipal entrou no lugar de Raimundo e atua como prefeito interino desde janeiro deste ano.
*Fonte: jornal “Estado de Minas”, de 18.07.2011.

sábado, 16 de julho de 2011

Dia de Minas Gerais - Mariana 315 anos!

Programação do Dia do Estado de Minas Gerais
16 de Julho – sábado
9 horas
- Missa solene na igreja Nossa Senhora do Carmo. Celebrante: Dom Geraldo Lyrio Rocha, Arcebispo de Mariana.
10,30 horas – Sineirata – Os sinos de Mariana irão tocar por dez minutos.
11,00 horas – Solenidade oficial do Dia do Estado de Minas Gerais – Transferência simbólica da Capital do Estado para a cidade de Mariana. Entrega de Medalhas aos agraciados.
Local: Praça Minas Gerais
21,00 horas – Show de Milton Nascimento – Local: Praça dos Ferroviários
17 de Julho – domingo
21 horas – Show da Orquestra Tabajara- Local: Praça dos Ferroviários
20 de Julho – quarta-feira
21 horas – Show de Renato Teixeira
– Local: Praça dos Ferroviários
22 de Julho – sexta-feira
21 horas – Show Paralamas do Sucesso
– Local: Praça dos Ferroviários
24 de Julho – domingo
21 horas – Show do Otto
– Local: Praça dos Ferroviários
Meu comentário: O Dia de Minas foi instituído pelo governador Francelino Pereira através da Lei 7.561, de 19.10.1979, portanto há 32 anos. No principio, o regulamento do Dia de Minas estabelecia que fossem agraciadas com a Medalha apenas 16 pessoas, em homenagem à data de 16 de Julho. Este ano a comenda será entregue a 50 pessoas. Cada ano aumentam mais os agraciados. Essa quantidade, em detrimento da qualidade, desmerece a importância da homenagem. Temos que valorizar as nossas comendas para não ficarem desmoralizadas como as 400 medalhas que foram outorgadas em 2010, ano eleitoral, em Ouro Preto, durante as comemorações do Dia de Tiradentes e da Inconfidência Mineira!


NOTA DA ARQUIDIOCESE SOBRE A EVENTUAL REABERTURA DE ATIVIDADE MINERADORA EM ÁREA URBANA DE MARIANA
Diante do debate sobre a possível retomada da mineração na área urbana de Mariana, MG, à luz da Campanha da Fraternidade deste ano, que abordou o tema FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA e das exigências cristãs em relação à vida digna do ser humano, como Pastor desta Arquidiocese, sinto-me no dever de apresentar as seguintes ponderações:
1. A concessão do direito de lavra ou mineração deve levar em conta o princípio da destinação universal dos bens, que visa a garantir a dignidade do ser humano e a promoção do bem comum.
2. A abertura de atividade mineradora em área urbana certamente afetará a população, atingirá sua saúde, comprometerá sua qualidade de vida, causará poluição atmosférica, ameaçará as nascentes de água e provocará outras repercussões negativas ao meio-ambiente.
3. O rico acervo histórico, artístico e cultural de Mariana, patrimônio não só da Igreja, mas também de nossa Cidade, de nosso Estado e de nosso País, não pode ser ameaçado, mas deve ser cuidadosamente preservado.
4. É preciso estudo criterioso do impacto social, econômico, ambiental e cultural da atividade mineradora, envolvendo as instâncias competentes e representativas de toda a comunidade marianense, bem como as autoridades no âmbito municipal, estadual e federal, em debate aberto, transparente e democrático.
5. Mariana, primeira vila, primeira cidade e primeira diocese de Minas Gerais, reconhecida como Monumento Nacional, poderá ver prejudicada a indústria do turismo, que é hoje uma importante fonte de sustentação e renda para muitos de seus habitantes.
A posição da Igreja a respeito desse tema se fundamenta na correta compreensão da pessoa humana, vocacionada a ser mais, na comunhão com Deus e com os semelhantes. A Doutrina Social da Igreja ensina que o desenvolvimento só será verdadeiro se for integral, isto é, se contemplar todas as pessoas e todas as dimensões da vida humana. Por isso, não basta apenas o progresso material. Para seu adequado funcionamento, a economia precisa ser regulada também por princípios éticos.
Como a fé cristã implica compromisso social, a Igreja quer contribuir na construção de uma sociedade fraterna e solidária, fundada no amor, na verdade e na justiça, à luz do projeto de Deus para a humanidade, expresso na afirmação de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Imploro a Nossa Senhora do Carmo, Padroeira de Mariana, que interceda junto a seu Divino Filho pelo bem de nossa Cidade e pelo desenvolvimento integral deste Município.
Mariana, 16 de julho de 2011
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo Metropolitano

Pimenta nos olhos dos outros é refresco!

Usando uma figura de metáfora, eu diria hoje que Mariana se assemelha a um imaginário hotel com suas suítes, apartamentos, quartos e estacionamentos completamente lotados não cabendo mais ninguém nem sequer veículos, mas cercado por todos os lados por um latifúndio improdutivo que serve apenas à especulação imobiliária e à exploração mineral predatória do meio ambiente.
Essa limitação geográfica que impediu a expansão territorial da cidade por falta de espaço físico aconteceu no começo da década de 1940, quando um prefeito municipal, não eleito, mas nomeado pela ditadura Vargas, resolveu doar imperdoavelmente terras do município de Mariana para uma empresa mineradora, cujo proprietário era sogro do então prefeito nomeado. Na época da ditadura era um vale tudo!

Nunca fui contra a exploração mineral da Vale e Samarco, há quase 40 anos no município e ambas localizadas a mais de 30 Km de distância de Mariana. Sou frontalmente contrário à reativação da Mina Del-Rei por estar localizada no centro urbano de vários bairros populosos e residenciais de Mariana. No meu entendimento, o Ser Humano merece consideração e respeito. Direitos também garantidos pela Constituição Federal.
A partir de 1980, para expandir os limites da cidade, vários prefeitos eleitos pelo povo tiveram então que adquirir dos latifundiários minerários as terras originalmente pertencentes ao município através de desapropriações. Foi assim que surgiram os bairros Santa Rita de Cássia, Cabanas, Santo Antonio, Gogô, Rosário Novo.
Mas a maioria desse latifúndio ainda pertence aos empresários da mineração que consideram que a atividade minerária é de interesse coletivo e prevalece sobre os interesses particulares da comunidade marianense. Segundo eles, os prejudicados receberão indenização devida e a mineração ocorrerá.
Para preservar os marianenses dessa poluição mineral e evitar que a ganância das empresas de mineração tomasse conta de toda a cidade, o poder público municipal houve por bem decretar áreas de preservação ambiental.
Pois no entendimento maquiavélico e maniqueísta dos empresários da mineração, o minério não escolhe onde dá, mas nós podemos escolher onde moramos. Traduzindo a acepção deles, os marianenses tiveram o azar de morar em cima da mina de ouro e minério. Os incomodados que se retirem, desde que indenizados. Aliás, os empresários da mineração não perdem nada com a ativação da Mina Del-Rei, pelo contrário, só ganham. E ainda, orgulhosos, contam vantagem. Recentemente, eles mesmos ainda escrevem: venderam para a Vale um direito minerário por 100 milhões de dólares, ou seja, 160 milhões de reais, um valor superior ao orçamento anual do município de Mariana.

Como se vê, para os latifundiários empresários da mineração, pimenta nos olhos dos marianenses é refresco!

Por incrível que pareça, entre as pessoas que serão agraciadas com a Medalha do Dia de Minas Gerais está o Sr. Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, presidente da Vale, a empresa que está reativando a Mina Del-Rei no centro urbano de Mariana. Esperto, não compareceu para recebê-la. Vai recebê-la, escondido, no Centro Administrativo do governo mineiro, em Belo Horizonte. Prejudica Mariana e ainda recebe homenagem dela. Um absurdo!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Políticos mal-informados

Vários políticos marianenses fizeram matéria paga em jornal que circula na cidade saudando os 315 anos de fundação da cidade de Mariana que nasceu em 16 de julho de 1696. Mas cada político, distraído ou mal-informado, talvez usando o mesmo material de anos anteriores, saudou Mariana dando-lhe uma idade diferente.
Para o vereador Fernando Sampaio, presidente da Câmara Municipal de Mariana e para o vereador Reginaldo, Mariana ficou bem mais nova: fez 311 anos!
Para o vereador Nêgo, o ex-vereador Pedro Eldorado e para Celso Cota, ex-prefeito duas vezes, Mariana também ficou mais nova: fez 312 anos!
Para o Cássio Brigolini Neme, também ex-prefeito por duas vezes, Mariana também rejuvenesceu: fez 313 anos!
No próximo ano eleitoral de 2012, eles precisam ficar atentos e entrar num entendimento suprapartidário quanto à mesma idade, 316 anos, sob pena de cair no ridiculo novamente...

domingo, 10 de julho de 2011

Ganância pelo poder

A candidatura de Terezinha Ramos ao governo municipal em 2008 surgiu não só com o apoio da Esquerda tradicional, constituída por ramistas históricos e fiéis a João Ramos até a sua morte, ocorrida em 15 de maio de 2008, como também de empresários da mineração. Portanto, havia dois grupos distintos na campanha: um político que detinha os votos e o outro econômico que bancou a campanha eleitoral e agora sustenta os recursos nos tribunais eleitorais. Uma união pragmática de votos com verba para conquistar o poder municipal. Uma parceria que não deu certo nas urnas, pois perdeu a eleição, mas, quem sabe, ainda dará certo no tapetão eleitoral. No próximo dia 12 de julho, terça-feira, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) fará mais uma sessão de julgamento desse caso.
Os dois grupos nunca foram simpáticos entre si. Sempre tiveram profundas divergências políticas, principalmente na disputa pela ocupação dos principais cargos da administração municipal. Nas eleições gerais de 2010, os dois grupos se dispersaram apoiando candidatos diferentes um do outro.
Agora, no dia 6 de julho, segundo fontes bem informadas, o novo Juiz Eleitoral de Mariana, Dr. Luiz Tadeu Dias, teria revogado a liminar do Juiz Antonio Carlos Braga que impedia que Terezinha e Roberto voltassem à Prefeitura de Mariana. Na ocasião, como já é tradição em Mariana, houve no Morro do Cruzeiro um pequeno foguetório na cidade anunciando a novidade eleitoral. A partir da decisão do juiz, circulou a noticia de que Terezinha já teria escolhido o seu secretariado municipal, sem consultar os empresários da mineração que ficaram indignados e deram um sinal amarelo de que, se isso acontecer, irá repensar ou até mesmo retirar o apoio político à eventual prefeita. O grupo ramista foi duramente criticado por um dos empresários da mineração com pesadas acusações pessoais, inclusive questionando a falta de traquejo e experiência administrativa da Terezinha em gerir os negócios da prefeitura de Mariana.
Caso ela venha realmente tomar posse no cargo, coitada, já estará envolvida numa saia justa, entre a cruz e a caldeirinha. Portanto, a briga de foice entre os dois grupos dissidentes ainda promete novos e emocionantes capítulos.