segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Turismo marianense

Empresários ligados às atividades turísticas, - como os proprietários de hotéis, pousadas, restaurantes, comerciantes, associações de guias e prestadores de serviços turísticos, - são useiros e vezeiros em reclamar publicamente nos jornais da Região dos Inconfidentes que a Prefeitura Municipal de Mariana não incentiva a realização de eventos turísticos na cidade.
Discordo dessa avaliação. Todos os eventos turísticos, culturais e artísticos de origem cívica, religiosa e empresarial realizados no município, com raras e honrosas exceções, sempre tiveram o generoso e exclusivo patrocínio de verbas públicas municipais. As empresas mineradoras não ajudam o turismo. Elas deixam no municipio por ano alguns milhões de reais, não por filantropia, mas porque são obrigadas por lei a pagar impostos. Mas, em compensação, levam bilhões de reais de nossa riqueza mineral para o exterior. O empresariado marianense também é incapaz de promover um evento qualquer sem a participação financeira do município. Ao contrário de outras cidades mais prósperas, aqui os empresários só entram com a ideia, enquanto o município entra com a verba. É uma velha e maldita herança cultural do paternalismo marianense.
A partir de 2001 até 2008, o município de Mariana gastou anualmente milhões de reais, uma fortuna milionária para patrocinar festas de Carnaval, Natal, o Festival da Vida, o EREM, as Feiras comerciais e industriais, Festa do Trabalhador e do Funcionário Público, as suntuosas Festas da Câmara Municipal quando os vereadores outorgam títulos de cidadania honorária, medalhas de mérito legislativo, diplomas a marianenses ausentes, tudo com direito a requintados rega-bofes.
Enquanto o município pagava a conta salgada sozinho, às custas do contribuinte marianense, os empresários do ramo turístico sempre ganhavam dinheiro fácil, quem sabe até superfaturado, enriquecendo, repentinamente, políticos populistas inescrupulosos e empresários espertalhões.
Os nossos preguiçosos empresários acham que é responsabilidade única e exclusiva do município injetar dinheiro sozinho na economia marianense para que possam faturar sem fazer nenhum esforço financeiro. Mas não é. Para gerar empregos e melhorar o seu faturamento, eles têm a obrigação de aplicar recursos próprios não só na promoção e patrocínio de eventos turísticos na cidade, como também investir verbas publicitárias nos grandes jornais e revistas especializadas em turismo do país, mas aí sim, tudo em parceria com município.
É assim que funciona o turismo no Brasil e no mundo!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Propaganda enganosa

A Ferrovia Centro-Atlântica lançou um Folder ou Banner fazendo a divulgação do Trem da Vale, trecho ferroviário que liga as cidades de Mariana a Ouro Preto e vice-versa.
O teor da propaganda divulgada feito pelos marqueteiros contratados pela Vale é o seguinte:
"Deixe a paisagem contar toda a história para você. A Ferrovia Centro-Atlântica leva você para uma viagem inesquecível de história, cultura e paisagens de tirar o fôlego. Trem da Vale – Ouro Preto /Mariana. O trecho ferroviário que liga Ouro Preto a Mariana encanta visitantes do Brasil e do mundo com seus 18 km de história, cultura e belezas naturais. Todo o complexo arquitetônico, do qual o Trem faz parte, foi revitalizado em 2006 e, hoje, abrange duas estações, além de uma completa estrutura de entretenimento".
Em seguida, há informações sobre o horário de funcionamento do trem, tarifa em baixa estação, vagão panorâmico - tarifa promocional – o horário de abertura das estações de 9 às 17 horas, com entrada franca, informações na bilheteria de Ouro Preto de quarta a domingo, das 9 às 12 horas e das 13 às 17 horas.
Preconceito contra Mariana
Na propaganda institucional do trem da Vale, o trecho escrito mantém uma certa equivalência em relação à importância das duas cidades históricas. No entanto, na parte ilustrativa, a propaganda tem um viés totalmente favorável a Ouro Preto: as fotos da estação ferroviária e da igreja são de Ouro Preto, apesar da estação ferroviária de Mariana ser muito mais bonita arquitetonicamente do que a de Ouro Preto. Temos igrejas tão bonitas quanto as de Ouro Preto.
Aliás, jornais, revistas, televisão e a imprensa mineira e nacional são useiros e vezeiros em usar imagens de Mariana como se fossem de Ouro Preto. A revista Veja, por exemplo, já publicou a imagem da nossa belíssima Praça Minas Gerais como situada em Ouro Preto. A cidade de Ouro Preto pode ser mais famosa, entretanto não é mais importante histórica e politicamente do que Mariana. Os principais meios de comunicação de Minas e do país, as agências de publicidade do Brasil precisam aprender história para ficar sabendo que Mariana é o berço da civilização mineira: primeira vila, primeira e única cidade politicamente organizada no período colonial, primeira capital, primeiro bispado e arcebispado, única a possuir o famoso órgão Arp Schnitger de origem europeia e onde se realizou a primeira eleição direta no Estado de Minas.
Propaganda enganosa
Como se não bastasse esse preconceito camuflado contra Mariana, o cartaz de propaganda do Trem da Vale exibe uma reluzente e vistosa foto histórica de uma locomotiva a vapor, mais conhecida como Maria Fumaça. Há muito tempo que o Trem da Vale não usa a tal Maria Fumaça, que sumiu, desapareceu do mapa sem dar satisfação a ninguém, principalmente aos turistas, mas sim, uma máquina mais moderna tocada a Diesel. No lugar da Maria Fumaça surgiu a Maria Diesel.
Haja propaganda enganosa!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lançamento de livro e Exposição de Caricaturas

Escritor Carlos Herculano em Mariana e a Exposição de Caricaturas de Camaleão
A Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, mais uma vez, receberá o consagrado escritor e jornalista Carlos Herculano Lopes para lançar o seu mais novo livro A Mulher dos Sapatos Vermelhos, no próximo dia 29 de janeiro, às 20h na sede da Academia, Rua Frei Durão nº 84, Centro Histórico de Mariana.
No mesmo evento, será aberta a exposição As Caricaturas de Camaleão do premiado artista Emerson Carvalho de Souza, conhecido como Camaleão. Os dois grandes acontecimentos abrem os preparativos para o cinquentenário da Academia Marianense de Letras, fundada em 1962, por Waldemar de Moura Santos, Alphonsus de Guimaraens Filho, Pedro Aleixo, Salomão de Vasconcelos, Dom Oscar de Oliveira, Mesquita de Carvalho, Wilson Chaves, Marly Moyses, e outros intelectuais mineiros.
Carlos Herculano tem dois romances adaptados para o cinema “Sombras de Julho” e “O Vestido”. Além de centenas de artigos semanais publicados, já lançou 13 livros entre contos, romances e crônicas, sendo os últimos “A Mulher dos Sapatos Vermelhos” e “Poltrona 27” a serem lançados ainda este mês. Começou a escrever aos 11 anos, em Coluna, sua terra natal, incentivado pela mãe, a professora Iracema Aguiar de Oliveira. Aos 12 anos, mudou-se para Belo Horizonte onde encontrou um campo fértil para se tornar um dos mais importantes escritores brasileiros. Formou-se em Comunicação Social, trabalhou em vários jornais e, hoje, é repórter do EM Cultural, caderno do jornal O Estado de Minas.
O escritor é detentor dos mais importantes prêmios literários mineiros e nacionais como Cidade de Belo Horizonte/MG, em 1982; Guimarães Rosa, da Secretaria de Cultura de Minas Gerais; Lei Sarney, como autor-revelação; Quinta Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, em 1990. Com o livro “O Vestido”, romance baseado no poema “Caso do vestido”, de Carlos Drummond de Andrade, foi finalista do Prêmio Jabuti, em 2005.
Para o presidente da Academia Marianense de Letras, prof. Roque Camêllo que o conhece desde os anos 80, “o fato corriqueiro aparentemente sem importância, Carlos Herculano o transforma em algo interessante, atraente, instigante, mostrando também aqueles ocorridos em sua bucólica Coluna. Assim, ele consegue que o leitor conheça um pouco da história da sua terra natal, enfatizando a alegria, o jeito de ser e a versatilidade dos seus conterrâneos. Lendo seus romances, contos e crônicas, os futuros escritores se estimulam à prática literária, o que é significativo para a cultura nacional porque um país não se forma sem livros”.
Por iniciativa do autor, a renda do lançamento de “A Mulher dos Sapatos Vermelhos” será revertida para o Lar Santa Maria mantido pelas Obras Sociais Monsenhor Horta.
As caricaturas de Camaleão
A exposição “As caricaturas de Camaleão” é um conjunto de trabalhos em tela que se baseiam em duas técnicas: acrílico sobre tela e acrílico sobre papel canson. O artista já participou de vários salões de humor, mundo a fora. Ganhou prêmios e menções honrosas como primeiro lugar no Salão de Caratinga em 2006, 2008, 2010, primeiro lugar Salão de Humor de Volta Redonda 2009, terceiro lugar no Goiânia Humor 2010, terceiro lugar no Salão de Humor da Índia 2006. No centenário da imigração japonesa no Brasil, foi convidado pelo então embaixador do Japão, Shigeru Otake, a produzir um óleo sobre tela comemorativo do evento. A intitulada “KASATO MARU” retrata a epopeia da primeira leva de imigrantes japoneses e mostra a influência da cultura nipônica na sociedade brasileira, além de destacar ilustres personalidades de origem e descendência japonesa. Foi colaborador do jornal O Pasquim21. Atualmente é o novo capista da revista de humor americana MAD, edição brasileira.
Camaleão é apelido herdado do nome-fantasia de sua empresa de silk-screen que lhe dava oportunidade de brincar com as diversas cores. Produzindo charges para jornal passou a usar este pseudônimo. Além de o termo Camaleão ser mais apropriado para a divulgação da sua empresa, acolheu o conselho de outro artista Elias Layon, passando a assinar assim suas telas. Camaleão se define como um autodidata encantado pela arte da caricatura e pelo humor que a rodeia. “Tornei-me caricaturista e gosto de fazer minhas caricaturas em telas, como obras de arte que são. Busco sempre retratar o melhor das pessoas, procuro colocar um pouco da essência do retratado na tela”.
Camaleão, ressalta Roque Camêllo, “é um marianense admirável, embora tenha nascido em Volta Redonda por forças das circunstâncias. Sua família é do nosso distrito de Furquim. Os pais, em certo momento, se mudaram para o Estado do Rio em razão de trabalho. Mas, retornaram a Mariana. Aqui, Camaleão mostra a sua alegria, marca registrada do seu trabalho. Trata-se de um espírito privilegiado porque sabe realçar em suas caricaturas o lado bom das pessoas. Dele se pode dizer um excelente pesquisador da alma e do sentimento do outro, fazendo preponderar as qualidades do retratado. Não é, portanto, um simples distorcedor de imagens, mas, um criador de metáforas humanas. Seu traço é inventivo e jocoso. Mariana o tem como um filho querido que a projeta com seu nome e sua produção artística”. A exposição “As Caricaturas de Camaleão” ficará aberta ao público até o dia 28 de fevereiro de 2011.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Todos juntos e misturados

No meu entendimento, baseado na atuação dos partidos políticos de Mariana nas eleições municipais de 2008 e nas eleições gerais de 2010, surgiram, oriundas das duas tradicionais facções políticas, Direita e Esquerda, três dissidências. Duas originadas da Esquerda e lideradas por Celso Cota e Duarte Júnior e uma originada da Direita liderada por Cássio B. Neme, formando cinco facções políticas independentes que disputaram coligadas ou não, as últimas eleições com candidatos próprios.
Nas eleições municipais de 2008, o grupo político constituído pela Direita tradicional coligado com a Esquerda dissidente de Celso Cota e com o PT elegeu sete vereadores (Bruno Mol, Reginaldo Castro, Marcelo Macêdo, Leitão, Mundinho Horta, Bambu e Aílda). A Esquerda tradicional elegeu um vereador (Nêgo), enquanto a Esquerda dissidente de Duarte Junior em coligação com a Direita Dissidente elegeu dois vereadores (Fernando Sampaio e Juliano Gonçalves). Essas três dissidências políticas tiveram candidatos próprios ao cargo de prefeito: Roque Camêllo e Duarte Júnior.
Apesar de ampla maioria na Câmara, a situação quase perdeu a eleição para presidência da Casa para a oposição que tinha apenas dois vereadores, graças às defecções de Bambu e Reginaldo, fato que ocasionaria um empate técnico de 5 a 5 e garantiria a eleição de Nêgo por ser o vereador mais idoso.
Numa estratégia política ousada e inteligente, ao invés de a situação e oposição ficar brigando pelo poder, causando desgastes na imagem deles, os vereadores se uniram em torno de um acordo que propiciava a cada vereador o direito à indicação de nomes para compor o secretariado e a nomeação de funcionários comissionados e de confiança para o primeiro e segundo escalões da administração pública municipal. Todos os partidos políticos de Mariana, antes antagônicos, estão agora representados na administração pública municipal. Fato inédito na política marianense. Entre os vereadores não houve perdedores nem vencedores: todos ganharam. Se a estratégia política vai dar certo ou não para o bem de Mariana só o tempo dirá.
Por causa desse acordo “franciscano” do é dando que se recebe, não houve foguetórios, não houve caça às bruxas, denúncias ao MP, nem ameaças de retaliações, de devassas, diagnósticos e CPIs, pois todos estavam solidários, juntos e misturados!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Coalizão provoca colisão

Uma das minhas diversões mais prediletas nestes 20 anos de aposentadoria é ler diariamente todos os jornais e revistas do país. Fica mais divertido ainda quando leio os jornais editados semanalmente na Região dos Inconfidentes. Além de meramente ler o noticiário das matérias jornalísticas divulgadas, gosto de analisar e prestar muita atenção ao conteúdo da matéria principalmente sob o ponto de vista gramatical.
Editorialistas, articulistas e colunistas de nossos jornais cometem cada erro de português. Há erros de sintaxe, de concordância nominal e verbal, regência, ortografia, pontuação, acentuação, crase, etc. Como os jornais da nossa região espancam a língua portuguesa. Que coisa horrorosa!
Na edição desta semana de um jornal que circula em Mariana, o jornalista que edita o semanário fez uma manchete com o objetivo de elogiar a união dos políticos marianenses. Entretanto, cometeu uma gafe, um erro de português primário: trocou a palavra certa coalizão por colisão. Inverteu completamente o sentido original da manchete: ao invés de união, desunião.
Segundo o novo dicionário Aurélio, coalizão significa acordo de partidos políticos para um fim comum, enquanto colisão significa choque, discórdia, divergência, conflito.
Portanto, a manchete do jornal conseguiu a proeza de entrar em rota de colisão com a coalizão que realmente existiu nos últimos dias entre os políticos marianenses!...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sincretismo político

Finalmente, no dia 18 de janeiro, terça feira, no Centro de Convenções, o prefeito interino de Mariana, Geraldo Sales de Souza (Bambu), anunciou o nome e a nomeação dos novos secretários para ocupar o primeiro escalão da administração pública municipal.
Os nomes escolhidos pelo prefeito Bambu foram os seguintes:
Duarte Eustáquio Gonçalves, secretário de Desenvolvimento Econômico
José Jarbas Ramos Filho, secretário de Educação
Edernon Marcos Pereira, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano
Márcio Antonio Moreira Galvão, secretário de Saúde
Adenilson Antonio Moreira, secretário de Obras e Serviços Públicos
José Carlos Sampaio de Castro, secretário de Fazenda
Flávio Brigoline Neme, secretário de Desportos
Rosinéia da Consolação de Castro Santos, secretária de Ação Social
Luana Cláudia Pereira, secretária de Meio Ambiente
Carlos Alberto Ferreira, secretário de Administração
Cristiano Cassimiro dos Santos, secretário de Cultura
Antonio Maria de Freitas (Toninho Raios-X), Procurador Geral
Luciano José Rola Santos, secretário de Transportes
Como assessores do governo municipal foram nomeados Israel Quirino, Newton Godoy, Glauco Rosa de Freitas e Ivo Antonio Alves Lima.
Meu comentário: Deste o século passado e inicio deste, Direita e Esquerda jamais fizeram acordo político. Democraticamente quem vencia o pleito eleitoral era situação, quem perdia era oposição. Além disso, ao lado do fanatismo político existente, havia também a fidelidade partidária. A troca partidária era um escândalo municipal. Quem era eleito por um partido e depois passava para outro lado não conseguia se reeleger mais. Muitos ex-vereadores, ainda vivos, não me deixam mentir. Na época, quando a prefeitura era ainda uma viúva muito pobre, os dois tradicionais partidos políticos tinham muitas dificuldades para arranjar um candidato aos cargos de prefeito e de vereadores. O prefeito era muito mal remunerado, enquanto os vereadores exerciam o cargo sem receber vencimentos.
Depois que viúva pobre se tornou viúva rica a partir da década de 1980, a ganância dos nossos políticos pelo poder municipal ficou exacerbada. A maioria de nossos políticos não tem competência profissional para exercer cargos bem remunerados na iniciativa privada. A única solução para melhorar de vida é concorrer a um cargo eletivo ou então ser cabo eleitoral para garantir o seu emprego. Tornaram-se profissionais da política. Se perderem a mamata pública muitos passam por sérias dificuldades financeiras.
Hoje, os nossos políticos não têm fidelidade partidária, não têm ideologia nem são fanáticos pelos seus partidos, são interesseiros e aproveitadores. Para que brigar politicamente uns com os outros se todos nós podemos nos locupletar conjuntamente das sinecuras propiciadas pela viúva rica? Para que fazer oposição se todos nós podemos desfrutar das benesses da situação?
Cada um dos vereadores indicou nomes para o secretariado. O parlamentarismo provisório em Mariana foi instalado tendo como primeiro ministro o prefeito interino. Por causa de tantos interesses políticos consensuais, o milagre do sincretismo político se materializou fácil, sem malabarismos.
Enquanto isso, nos bastidores políticos, os ramistas espalham a noticia na cidade de que a Terezinha vai voltar ainda este mês, no mais tardar no mês de fevereiro. Haja confusão política!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Exibicionismo veicular

Quando foi lançado pela primeira vez no país, o telefone celular era vendido no mercado na faixa de cinco mil reais. Era um aparelho muito caro que só a classe média de renda alta podia adquirir. Os novos ”ricos” emergentes começaram a exibi-lo nas ruas da cidade. Desfrutaram, por muito tempo, os seus gloriosos 15 minutos de fama. À medida que o celular foi popularizando, foi a vez da classe média de renda média e baixa desfrutar de seus momentos de glória.
Para diferenciar então das pessoas de renda baixa, que ainda desfrutam de seus 15 minutos de fama, atualmente as pessoas de renda média e alta, envergonhadas, raramente usam o celular nas ruas, usando-o apenas quando estão em serviço. Como todo mundo hoje possui telefone celular, o exibicionismo não tem mais graça, perdeu o seu glamour.
A exemplo do que aconteceu no passado com o telefone celular, para os que nunca tiveram automóvel na vida, o chique, agora na moda, é exibir o seu carro novo, zero KM pelo centro histórico de Mariana. Todo fim de semana, aos sábados e domingos, o centro da cidade fica lotado de automóveis. Por volta das 19 horas, o desfile exibicionista começa ali na Rua Frei Durão, passando pela Praça Gomes Freire, a passarela mais concorrida, seguindo pela Rua Dom Viçoso até a Praça Dom Benevides quando retorna de novo. Esse desfile vai até 11 horas da noite.
O trânsito nesse trecho fica caótico, congestionado, pois esses logradouros públicos têm mão e contramão e estacionamento permitido em ambos os lados. Alguns, mais exibicionistas, botam um som bem alto para chamar mais atenção, sempre sob os olhares omissos e complacentes do Demutran que não toma nenhuma providência para coibir o abuso sonoro.
Escrevo essas memórias sociais marianenses não com o propósito de censura ou deboche, mas para que a gente possa comparar os costumes vigentes com os futuros. Por exemplo, sou ainda do tempo em que Mariana, nas décadas de 1950/60, tinha apenas dois taxistas e de dois carros particulares. Ninguém acredita, mas é verdade. Todos acharão graça de que um dia no passado recente muita gente ficou deslumbrada em possuir telefone celular e automóvel, dois objetos de desejo que hoje quase todo mundo tem!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Material escolar

Em todo começo de ano novo, confesso que fico deveras escandalizado com a quantidade de material escolar que as escolas particulares exigem dos pais para a educação de seus filhos.
Quando eu fiz o curso primário, secundário e contábil nas décadas de 1950 a 1960, o material exigido aos alunos, na época, além do uniforme, era obrigatório levar apenas lápis, cadernos e borracha. Na ocasião, nem a caneta era exigida, pois havia apenas dois tipos de caneta disponíveis: a caneta-tinteiro, muito cara, a famosa caneta Parker, por exemplo, ou a caneta popular cuja pena tinha que ser abastecida toda hora num tinteiro, além de exigir um mata-borrão. As crianças poderiam se sujar toda de tinta, caso usassem este tipo de caneta. Ainda não existiam as práticas canetas esferográficas.
Os livros eram fornecidos pela EE. Dom Benevides onde estudei o curso primário. No curso secundário, estudei numa escola particular gratuita, o antigo Dom Frei Manoel da Cruz, que ainda funcionava no Dom Benevides, onde era obrigatória, além do uniforme, a compra de cadernos e livros das matérias básicas como Português, Matemática, História, Geografia, Inglês, Francês e Latim. O custo do material escolar naquela época era infinitamente menor do que hoje, quando agora os pais são obrigados a gastar uma fortuna para comprar a excessiva quantidade de material didático exigido pelas escolas particulares. Para custear a educação de seus filhos, além das altas mensalidades das escolas particulares, os coitados dos pais ainda são obrigados a pagar suas dividas em várias prestações mensais aos estabelecimentos fornecedores de material escolar.
Atualmente, os que ganham muito com a educação no país são os fornecedores de material escolar e os empresários proprietários de escolas particulares. As faculdades, universidades e escolas particulares viraram hoje uma verdadeira fábrica de diplomas, despejando no mercado de trabalho milhares de jovens sem nenhuma qualificação ou competência profissional. Paradoxalmente, a impressão que a gente tem é que, quanto mais se exige material escolar dos alunos, pior fica a qualidade de ensino ministrado no país.
Que a qualidade do ensino no Brasil é péssima já não se discute mais. É fato comprovado. Mas é injusta a pecha de jogar a culpa disso tudo somente na incompetência reconhecida de governos municipal, estadual e federal, na péssima qualidade de professores e de escolas particulares. O principal culpado disso tudo, e ninguém tem coragem de dizer isso, são os próprios alunos que não querem estudar e apenas desejam tirar um diploma que não vale nada. Felizes são os alunos conscientes de que a educação é fundamental para o seu futuro sucesso na vida. O que adianta ter boas escolas se a grande maioria dos alunos não quer mais estudar? Contra isso não há solução!
Só a escola da vida dá jeito nisso: os que forem competentes terão sucesso na carreira profissional, os que não forem passarão por sérias dificuldades sociais, econômicas e financeiras o resto da vida. Quando eles acordarem para a realidade da importância da boa instrução e educação já é tarde demais!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

IPHAN versus Município

Conforme estabelecem as Constituições federal e estadual, são competências do Município, do IEPHA, do IPHAN e do Ministério Público zelar pela guarda, conservação, preservação e fiscalização do patrimônio histórico do país.
Aqui em Mariana, nem sempre essas quatro instituições se entendem, pois, parece, falam línguas diferentes. O entendimento entre as quatro partes é tão demorado em concretizar que, quando se entendem, o imóvel tombado já caiu ou está prestes a cair. Aliás, o IPHAN além de não restaurar nada ainda tem o péssimo hábito de impedir que imóveis históricos particulares tombados pelo patrimônio sejam restaurados pelos próprios proprietários.
Parte da lateral da igreja da Sé, ao lado do escritório do IPHAN, está desabando, caindo aos pedaços. Fiquei sabendo que o pároco da igreja está disposto a consertar não só o estrago, como também quer trocar a velha fiação elétrica do templo para evitar o perigo iminente de incêndio, mas o IPHAN não permite a intervenção do sacerdote para resolver o problema de imediato. O IPHAN vai estudar o caso. Pela tradição burocrática do órgão federal, esse eventual estudo deve demorar uma década, quando o templo já estará correndo sério risco de desaparecer, o que seria uma lástima, um crime imperdoável contra a preservação do patrimônio histórico nacional.
Esta semana, a Prefeitura estava concluindo parte de uma obra já aprovada pelos órgãos competentes e que ficou paralisada durante dois anos por falta da matéria prima: pedras. Tratava-se da restauração do passeio ali na Rua Waldemar de Moura Santos que dá acesso à Praça Minas Gerais. Logo que a Prefeitura recomeçou o serviço, o IPHAN embargou. De duas, uma: ou o município não conversa com o IPHAN ou, se conversam, não se entendem. Será que é tão difícil assim entrar num acordo para preservar o patrimônio de Mariana?
No próximo dia 20 de janeiro faz 12 anos que a igreja do Carmo foi incendiada. O IPHAN, o IEPHA, o Município e o Ministério Público precisam tomar providências urgentes para a reforma imediata da igreja da Sé para que a tragédia da igreja do Carmo jamais se repita!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mariana precisa avançar com o Brasil

Daniele Corrêa Dantas Avelar*
(...) A cidade de Mariana, onde Dilma venceu as eleições, contraditoriamente não tem acompanhado este show de democracia ocorrido no cenário nacional e atualmente vem vivendo um de seus piores momentos políticos.
As elites marianenses, representadas por seus políticos conservadores, na impossibilidade de apresentar um projeto convincente para a sociedade, resolveram se unir em busca de seus próprios interesses lançando mão de uma aliança feroz para controlar e lotear todos os espaços públicos da cidade.
Seguindo o exemplo dos períodos ditatoriais resolveram dividir a prefeitura como se fosse um bolo, dando um pedaço para cada grupo político. Repartiram os cargos, os salários e as secretarias garantindo um pedacinho para cada político com o apoio e participação de nove dos atuais vereadores.
A prefeitura virou um grande balcão de negócios e os políticos marianenses continuam representantes do velho clientelismo político, pautado na troca de apoio político por cargos.
Estes políticos, entretanto, esqueceram ao repartir o bolo que deveriam deixar o maior pedaço para o povo marianense, que assiste indignado ao espetáculo proporcionado por nossos governantes neste fim de ano. Não é de estranhar na hora das nomeações aparecerem os sobrenomes das “renomadas famílias” marianenses, coincidentemente o mesmo sobrenome de vereadores e ex-prefeitos, que resolveram mais uma vez colocar na prefeitura seus parentes e amigos, (só que agora estão todos juntos).
Enquanto no Brasil temos a grata surpresa de vermos avançar a democracia, em Mariana ocorre o retrocesso, pois uma meia dúzia de famílias, representantes da elite conservadora, mente para seus eleitores fingindo serem Grupos Políticos diferentes, enganando o povo e se revezando no poder.
Não há no município discussão de nada, o povo tem medo de falar, não existe o respeito à liberdade de expressão, os intelectuais se calam diante de tanta decepção e não há uma proposta clara de desenvolvimento municipal. Os políticos não têm lado e compõem um só grupo, todos se aliando para gastarem unidos de forma não planejada e irresponsável os recursos dos cofres públicos.
Os prováveis candidatos a governantes nas próximas eleições também permanecem calados e distantes do povo, ninguém tem proposta ou planos de governos sólidos, os vereadores fazem leis vergonhosas, a maior parte das leis marianenses aprovadas são para tornar entidades de utilidade publica, mudar nomes de ruas e praças públicas, conceder menção honrosa aos cidadãos e constantemente para remanejar recursos públicos previstos no orçamento, abrindo créditos suplementares para as diversas secretarias e setores.
(...)
*Trechos principais do excelente artigo escrito por Daniele Corrêa Dantas Avelar, graduanda em História pela UFOP e em Direito pela FDCL. Ex-Presidente do Conselho Tutelar de Mariana e Presidente do PCdoB de Mariana.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Parlamentarismo municipal

Memória política
Durante todo o século XX, o sistema eleitoral adotado pelos políticos marianenses foi o do bipartidarismo entre Direita e Esquerda, sustentado ao longo dos tempos por intenso fanatismo político entre os dois grupos partidários rivais. Tudo começou no inicio do século quando dois políticos importantes da influente Família Gomes Freire, um médico e outro advogado, politicamente divergentes entre si, criaram as duas tradicionais agremiações partidárias, na época, denominadas Piolho (Esquerda) e Percevejo (Direita).
Durante e após a ditadura de Getulio Vargas, com a saída voluntária de Mariana para Belo Horizonte da Familia Gomes Freire, chefiaram a política em Mariana dois advogados: Dr. Celso Arinos Mota que comandou a Esquerda até 1970 e o Dr. Octávio Josefino do Espírito Santo que liderou a Direita até o final da década de 1960. Sucederam os dois, respectivamente, João Ramos Filho e a Família Salim Mansur (João, Bady e Dr. Elias). Com o rompimento da Familia Salim Mansur com a Direita que passou a apoiar João Ramos Filho, a Direita foi chefiada por várias lideranças como a de Vicente Cândido da Silva, ainda vivo aos 96 anos de idade, Dr. Fausto, Silvio Ribeiro, Alypio Faria entre outros mais.
Excepcionalmente, sem que houvesse ainda a quebra do bipartidarismo então ainda vigente em Mariana, em 1992 tivemos uma eleição inusitada com a participação de cinco candidatos: João Ramos, PMDB que ganhou a eleição, Francisco de Oliveira Miranda (Nonô Miranda), PFL pela Direita, Advogado Derly Pedro da Silva, (PSC), Engenheiro João da Cruz Pimenta (Nonô Pimenta), PTR e José Cláudio Adão (Cacá), PT. Nessa eleição, João Ramos teve mais votos do que a soma dos outros quatro candidatos e ainda impôs uma frente de mais dois mil votos. No meu entendimento, foi a vitoria mais consagradora dele em sua vitoriosa trajetória política.
O tradicional bipartidarismo em Mariana só começou a desmoronar definitivamente quando Celso Cota, ao ganhar as eleições para prefeito no período de 2001 a 2004, rompeu politicamente com João Ramos Filho. Desse rompimento surgiu então a Esquerda tradicional e a Esquerda dissidente. Nas eleições municipais de 2008, disputaram o pleito não só a Esquerda tradicional por intermédio de Terezinha Ramos que substituiu João Ramos por causa de seu assassinato, como a Esquerda dissidente que apoiou o candidato da Direita, Roque Camêllo, que saiu vitorioso nas urnas. Quebrando a tradição histórica da disputa eleitoral bipartidária, surgiu então um terceiro candidato oriundo da Esquerda, Duarte Junior, apoiado por Cássio Brigolini Neme oriundo da Direita, além da participação de mais dois candidatos de partidos nanicos.
Parlamentarismo municipal
Desde o afastamento do prefeito eleito nas urnas ocorrido em março de 2010, seguida do afastamento também da segunda colocada no pleito, a Câmara Municipal de Mariana, em apenas dois anos, deu posse cinco vezes a quatro políticos no cargo de prefeito. Tomaram posse nesse período Roque, Terezinha, Raimundo Horta, duas vezes, e Bambu. Essa longa crise política, que causa enormes prejuízos ao município e prejudica a administração pública marianense, é provocada pela omissão, incompetência e lentidão irresponsável da Justiça Eleitoral que não resolve o caso.
Porém, paradoxalmente, esta crise política provocou uma curiosa reviravolta na política marianense. Pela primeira vez na história política de Mariana surgiu um fato inusitado, inédito: a Câmara Municipal, com o apoio de todos os vereadores que teoricamente são representantes de todas as correntes políticas do município, outrora antagônicas, elegeu Bambu prefeito interino de Mariana.
Caso na prática essa união política parlamentar der certo e seja duradoura, o que eu, pessoalmente, duvido muito, pois a ambição pelo poder e a ganância pelos cargos são muito grandes, Mariana será o primeiro município no Brasil a ser governado temporariamente por um regime parlamentarista tendo Bambu como primeiro ministro!...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

1ª entrevista coletiva do prefeito Bambu*

Prefeito Geraldo Sales (Bambu) concede primeira coletiva para a Imprensa.
Nesta terça-feira, 04, o novo prefeito de Mariana, Geraldo Sales de Souza (Bambu), recebeu, no Centro de Convenções, a imprensa local para falar sobre os projetos de seu governo. Acompanhado de grande parte dos vereadores do Município e contando com a presença de representantes das Associações de Bairro da cidade, Bambu realizou sua primeira entrevista coletiva.
Veja o que de mais importante foi dito pelo prefeito:
Governo de Coalizão
"Vivemos um momento histórico. Todos os partidos vão participar do governo. Queremos união e trabalho. Essa divisão política que havia em Mariana prejudicou muito a cidade. Queremos o melhor para quem vive aqui. Mas vamos agir com tranquilidade, porque o que é feito com pressa dá errado".
Equipe de Governo
"Quando há uma eleição normal, ela acontece em outubro para que haja um prazo de transição, o que não tivemos. Não sou louco de nomear alguém hoje para ter que exonerar daqui a 15 dias. Devemos anunciar a semana que vem os nomes, não só dos secretários, mas da equipe de governo".
Reforma Administrativa
"A ideia principal hoje é o que debatemos anos na Câmara. É inadmissível que uma cidade como Mariana não tenha uma Secretaria de Planejamento, por exemplo. Que a Secretaria de Obras tenha atribuições como a Garagem e a Regularização Fundiária. Ainda esta semana a Câmara deve votar a reforma".
Auditoria
'Não posso ficar na Prefeitura ocupando meu tempo fazendo caixa das coisas erradas que aconteceram lá. Isso é função de outros órgãos como o Ministério Público e a Câmara".
Prioridades
"Mariana se desenvolveu muito, mas no número de habitantes. Por isso, nossa preocupação é o desenvolvimento humano. A expansão urbana, por exemplo, é a prioridade das prioridades. Outra é a educação. O aluno vai para escola obrigado, mas ele precisa ter prazer de fazer isso. As escolas pararam no tempo. Hoje, em casa, os alunos têm computador, internet e na escola não. Por isso, precisamos modernizá-las".
Obras
"Temos obras que foram iniciadas em governos anteriores e que precisam ser terminadas, mesmo não sendo consideradas prioritárias, mas por muito dinheiro já ter sido investido nelas".
Contratos
"Nossa primeira determinação à Secretaria de Obras foi fazer um levantamento de todas as obras em andamento. Todas elas serão analisadas e, caso necessário, discutidas com as empresas".
Serviços Públicos Essenciais
"Algumas providências foram tomadas antes mesmo da posse. A Coleta de Lixo, por exemplo, está sendo feita normalmente. No domingo, juntamente com a provável equipe da Secretaria de Obras, visitamos alguns locais. Quero agradecer a alguns servidores que atenderam prontamente o chamado da gente".
Aterro Sanitário
"O Aterro é uma obra até muito boa, mas que teve falha na sua construção. Hoje ele está virando um lixão. Um Aterro que foi programado para durar 30 anos, atualmente não comporta mais lixo. Temos uma equipe técnica da Prefeitura trabalhando nisso. Já determinei que não fosse colocado mais lixo lá e sim no Aterro antigo controlado".
Igreja do Gogô
"Já existe um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC assinado. Todos os acordos feitos pelo governo anterior que forem de interesse público nós vamos fazer de tudo para cumpri-los".
Coan
"O contrato com a Coan foi encerrado. Chegamos à conclusão de que vamos economizar cerca de 2 milhões e meio de reais, por ano, fornecendo a merenda escolar por conta própria e mantendo a qualidade da alimentação".
*Fonte: Isabella Almeida - Prefeitura Municipal de Mariana - Departamento de Comunicação.
*Matéria enviada ao Blog pelo jornal “Território Notícias”, do jornalista Roberto Verona.

Mariana, primeira cidade de Minas, não merecia!

Programa de Eduardo Costa de 30 de Dezembro de 2010, na Rádio Itatiaia BH.
Graças ao bom Deus e a muito trabalho, 2010 foi ótimo para mim e minha família. Aliás, esse sentimento carrego há meio século – cada ano é sempre melhor que o outro. O que me chateia, em meio aos fogos do réveillon, é que queria sentir o mesmo em relação ao universo que me rodeia. Mas, quando vejo as diferenças entre discursos e ações, quando analiso algumas decisões da Justiça, me dá uma preguiça…
Vejamos, para não ir muito longe, as formações do primeiro escalão para o governo federal e o das nossas Minas Gerais. Lá, Dilma terá que suportar Edson Lobão, José Sarney, Renan Calheiros e outras figuras inacreditáveis em nome da governabilidade. Aqui, Anastasia teve que nomear uma turma da pesada e ainda possibilitar a volta de Edmar – o homem do Castelo – Romeu Queiroz – o do mensalão, e outras peças. A família Andrada, que está no poder desde que o Estado existe, agora tem desembargador, Conselheiro do Tribunal de Contas, Procurador do Estado, presidente da Turminas e emplacou secretário de Defesa Social… Isso que estou lembrando…
Ah, política…um velho amigo Roque Camelo, professor, intelectual, homem de posses, depois de uma vida bem sucedida decidiu dedicar-se à sua paixão maior – Mariana. Ganhou a eleição para prefeito, começou a fazer um monte de planos, mas um promotor o acusou de reunir-se com professores durante a campanha, um juiz cassou o mandato, ele ganhou de balaiada no Tribunal Regional Eleitoral, recorreram para Brasília e lá, no TSE, o mesmo ministro que deu ganho de causa a Roque dias depois mudou o voto e mandou cassá-lo.
Ah, a decisão não foi baseada no mérito, ou seja, se ele agiu errado ou não fazendo a reunião (ele que é educador e reuniu-se com educadores para falar do plano de governo), mas o derrotou sob alegação de que o recurso não entrou no prazo certo. E Roque, que tinha tantos planos, tantos sonhos, que tem horror a corrupção, que é amigo de gente do porte do jornalista Dídimo Paiva, o advogado José Anchieta, o especialista em direito eleitoral Anis Leão, Roque, que era o maior amigo de dom Luciano Mendes de Almeida, está longe de sua Mariana, ouvindo as mesmas notícias que temos de lá: sua sucessora já foi cassada, o atual presidente da Câmara a governa até amanhã e, a partir de sábado, outro, eleito pelos pares, assume…
Mariana, primeira cidade de Minas, não merecia…
É decisão da Justiça, a gente tem que respeitar…

domingo, 2 de janeiro de 2011

Dos males o menor

Desde o rompimento político entre Celso Cota e João Ramos ocorrido no primeiro mandato (2001 a 2004), a vitória direta nas eleições de 2004 do primeiro sobre o segundo (2005 a 2008) e a vitória de Roque Camêllo nas eleições municipais de 2008, o quadro político de Mariana mudou muito, com o surgimento de cinco grandes forças políticas distintas.
O grupo político da Esquerda se dividiu em três partes: a Esquerda tradicional comandada por João Ramos e sucedida por sua esposa Terezinha Ramos; a Esquerda dissidente 1, liderada por Celso Cota e a Esquerda dissidente 2, liderada por Duarte Júnior.
O grupo político da Direita se dividiu em duas partes: a Direita tradicional liderada por Roque Camêllo e a Direita dissidente liderada por Cássio Brigolini Neme.
Nas eleições de 2008, a Esquerda dissidente 1 se uniu à Direita tradicional e venceu as eleições municipais elegendo Roque Camêllo prefeito de Mariana. A Esquerda tradicional lançou Terezinha Ramos que ficou em segundo lugar, enquanto Duarte Júnior da Esquerda dissidente 2 se lançou candidato e ficou em terceiro lugar.
A coligação política que venceu as eleições municipais de 2008 elegeu sete vereadores: Ailda Ribeiro Anacleto, Bruno Mol Crivelari, Reginaldo Antonio de Castro Santos, Marcelo Monteiro Macêdo, Edson Agostinho de Castro Carneiro (Leitão), Raimundo Elias Novais Horta e Geraldo Sales de Souza (Bambu). A Esquerda tradicional elegeu José Jarbas Ramos (Nêgo); e a Direita 1 dissidente elegeu Fernando Sampaio de Castro e a Esquerda dissidente 2 elegeu Juliano Vasconcelos Gonçalves.
Caso Bambu e Reginaldo não houvessem bandeado para o lado da oposição, a eleição para a nova Mesa Diretora da Câmara seria tranquila. Não haveria o lançamento de duas chapas concorrentes (Nêgo versus Leitão), não haveria a tentativa de mudar a Lei Orgânica do Município nem do Regimento Interno da Câmara para Mundinho Horta continuar no poder, nem haveria tumulto no plenário entre vereadores e nem fora dele entre manifestantes, precisando de força policial para garantir a segurança dos envolvidos na disputa pelo poder municipal.
Com o reforço dos dois vereadores dissidentes, a oposição não só garantiria o empate técnico, como também a eleição do vereador Nêgo por ser o mais idoso para futuro prefeito interino de Mariana.
Para não perder os dedos, somente os anéis, o grupo que está no poder, mesmo não confiando nele, preferiu dar apoio a Bambu para evitar que a oposição tomasse o poder. Na visão pragmática dos situacionistas, dos males o menor.
As futuras nomeações do novo prefeito de centenas de cargos de confiança e de comissionados sem concurso na prefeitura dirão se a estratégia política dará certa ou não. O novo prefeito terá que ter muita habilidade política para escolher os novos secretários, o primeiro e segundo escalões da administração sem desagradar a situação e a oposição que foram, afinal de contas, as responsáveis pela sua eleição não só para presidente da Câmara, como também para futuro prefeito interino. Terá que agradar a gregos e troianos. Se for infeliz politicamente na escolha de seus auxiliares, o impasse político poderá se agravar causando sérios prejuízos à já precária estabilidade político-administrativa de Mariana.
Exonerações em massa:
No jornal “A Semana”, edição nº 352, de 30.12.2010, que encarta “O Monumento”, órgão oficial e informativo do município de Mariana, saiu publicado o Decreto nº 778, de 28.12.2010, com a relação de centenas de funcionários públicos municipais exonerados dos cargos de confiança e de comissionados não concursados pelo então prefeito interino hoje vereador Raimundo Elias Novais Horta. Essa exoneração em massa acontece toda vez que há mudança de prefeitos. É a quarta exoneração em massa ocorrida em 2010. A partir de 03.01.2011, o novo prefeito irá nomear também em massa os novos secretários e funcionários não concursados nos cargos de confiança e comissionados.