terça-feira, 29 de maio de 2012

Mineração*

Novela da partilha de mina em Mariana está perto do fim
TJMG reconhece direito de irmãs em parte dos ativos da cobiçada Companhia Minas da Passagem
 Marta Vieira
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais avança na perspectiva de dar fim a uma das mais antigas disputas familiares no estado, envolvendo ativos de mineração da Companhia Minas da Passagem em Mariana, na Região Central do estado. A 9ª Câmara Cível do TJMG, presidida pelo desembargador e relator Pedro Bernardes, reconheceu o direito das irmãs Suzana e Izabela Rodrigues à participação acionária nas empresas do grupo herdadas do pai, Walter Rodrigues, numa longa desavença com os irmãos Walter Rodrigues Filho e Roberto Rodrigues, este último atual prefeito do município histórico. Ao julgar oito agravos de instrumento relacionados à briga judicial que já dura mais de 23 anos, o voto do relator foi acompanhado pelos desembargadores Luiz Arthur Hilário e Jair Varão.
Os acórdãos publicados na semana passada confirmam as condições de um Termo de Acordo e Transação (TAT) firmado em abril de 1992 pelos irmãos relacionando o direito de participação acionária de 24,9% para Izabela Rodrigues e pouco mais de 25% para Suzana, na Minas da Passagem e em outras empresas do grupo relacionadas. Elas alegavam na Justiça que o teor do documento, prevendo idênticas participações de Suzana para os irmãos, não foi cumprido. A desavença levou a Justiça a intervir na venda de direitos minerários da CMP Ferro, outra empresa da família, à mineradora Vale em 2010, por R$ 160 milhões. O dinheiro, desde então, foi depositado em juízo.
A proposta de aquisição da Passagem Mineração, avaliada em US$ 5 bilhões, feita pela chinesa Wuhan Iron and Steel Corporation (Wisco) em 2009, também ficou prejudicada em razão da disputa judicial. Os advogados das irmãs Suzana e Izabela, do escritório Vilela & Vilela Advocacia e Consultoria, de Belo Horizonte, entendem que o Judiciário deu um passo que vai além da briga familiar, dando segurança a eventuais negócios que forem realizados tendo os ativos minerários como alvo. “Isso é saudável para o mercado. O conceito de justiça é um processo que não só estabelece o direito a ser cumprido, mas o efetiva no tempo em que as partes possam usufruir da decisão, afirma o advogado Arthur Gasperoni.
  Extração de ouro no local foi desativada há anos. Disputa prejudicou negociações de venda da jazida
Walter Rodrigues Filho disse que houve um avanço para o cumprimento do rito do Termo de Acordo e Transação. “Será feita agora a apuração das dívidas e dos ativos nos termos do TAT.” Representante de Suzana e Izabela na direção da Companhia Minas da Passagem, Mark Antony de Mello, marido de Suzana, afirmou que o resultado do julgamento dos agravos de instrumento representou uma etapa importante que foi superada. “A nossa expectativa agora é de conseguir terminar o processo de separação do patrimônio”, afirma.
Novos passos no processo dependem, agora, da Justiça de Mariana, onde estão vagas as cadeiras titular das duas varas da comarca local. Os processos abertos no município estão sendo conduzidos em sistema de cooperação pelas juízas Adriana de Vasconcelos Pereira e Janete Gomes Moreira, da comarca da vizinha Ouro Preto. O TJMG informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que todos os preenchimentos de comarcas só poderão ser feitos depois das eleições de outubro, seguindo determinação da Justiça eleitoral.
Entre os direitos minerários da família, está o já cobiçado manifesto de mina 0635, que abrange a reserva de minério de ferro batizada de Morro do Santana, distante 12 quilômetros do Centro histórico de Mariana. O objetivo das irmãs Rodrigues, de acordo com Mark Mello, é resguardar o direito delas à parcela do patrimônio herdado do pai e não impedir a negociação de qualquer ativo.
*Fonte: jornal “Estado de Minas” – caderno Economia – de 29.05.2012.

domingo, 27 de maio de 2012

Patrimônio destruído*

Depredação: Dois alunos da UFOP derrubam pelourinho de Mariana. Um deles diz que foi ajudar o amigo, que estava pendurado na peça.
Gustavo Werneck – Enviado especial
Mariana – Um golpe cruel e certeiro no patrimônio cultural da primeira vila, cidade, diocese e capital de Minas. Na madrugada de ontem, dois estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) depredaram o pelourinho de pedra sabão do século 19, com luminárias e 3,5 metros de altura que fica Praça Cláudio Manoel, em frente à tricentenária Catedral da Sé, na praça de mesmo nome, no Centro Histórico.
Segundo a comandante da Guarda Municipal, Letícia Maria Delgado, o ato de vandalismo ocorreu à 0h40 e foi denunciado à policia por pessoas que estavam no espaço público mais importante de Mariana. Quebrado na base, o monumento foi recolhido na tarde de ontem e levado para o Centro de Atendimento ao Turista (CAT), onde ficará até ser restaurado.
De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, os acusados são Rolder Wangler Santana Martins, de 21 anos, e Gabriel Campbel, morador do Bairro Galego, em Mariana. Rolder foi ouvido na delegacia ainda de madrugada e depois liberado, mas os policiais não conseguiram localizar Gabriel, que correu em direção à Praça Gomes Freire. De acordo com o documento da PM, os dois teriam se pendurado na luminária, quando ela se quebrou e caiu no chão da praça, também conhecida como “da Sé”. Rolder machucou o pé e foi levado para um hospital, indo depois para a delegacia prestar depoimento. O Ministério Público Estadual vai instaurar inquérito para apurar as responsabilidades. Gabriel foi reconhecido por um homem de 30 anos, que estava na praça.
Na tarde de ontem, a secretária municipal de Cultura e Turismo, Walkiria Carvalho, mostrou a situação do monumento, que fica em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) há sete décadas. Ele apresenta rachaduras e tem os vidros das luminárias quebrados. “É um absurdo ocorrer um fato desse tipo. Trata-se de uma perda muito grande para Mariana e para o estado”, afirmou a secretária, que já chamou o mestre em pedra de cantaria Edniz José Reis para os consertos. Os gastos com o serviço, segundo a comandante da Guarda Municipal, ficarão a cargo dos estudantes, que, pelo Código Penal, também  podem pegar de seis meses a três anos de detenção, além de pagar multa.
Indignação   
O pelourinho, que compõe um dos cartões-postais mais conhecidos de Mariana, está agora com apenas a base aparente. Na tarde de ontem, um festival de música para crianças montou um tenda de circo sobre o monumento, mas muita gente foi à praça a fim de ver o estrago. E o clima era de revolta e indignação.
“Dois universitários fazendo isso contra o patrimônio da cidade. É o fim”, lamentou o músico Aloísio Fonseca, de 31. A professora de  biologia da Escola Estadual Dom Silvério, Cedyr Prado Maia, também foi conferir a situação e ficou impressionada:  “Fiquei sabendo de manhã e pensei que fosse um raio o causador desse absurdo. Uma cidade com mais de 300 anos de história e sujeita ao vandalismo”.
O Estado de Minas conversou por telefone com Rolder e ele disse que estava passando pelo local, vindo de um show da cantora Preta Gil, na Praça dos Ferroviários, quando viu Gabriel, que tem em torno de 20 anos, pendurado na luminária. Ele disse que tentou evitar “o pior” e subiu para impedir que o rapaz se machucasse ou depredasse o monumento. “Fiquei com o pé  machucado”, disse Rolder, explicando que estava indo ao hospital quando o9s policiais passaram e o levaram de viatura para que recebesse atendimento médico. 
Fonte: jornal "Estado de Minas", de 27.05.2012.
  

sábado, 26 de maio de 2012

Inelegibilidade

Nas eleições municipais de 2008, o então prefeito de Mariana, Celso Cota, fez uma publicidade institucional do município no jornal Território Noticias. Julgando-se prejudicada pelo uso dos meios de comunicação pelo município em plena campanha eleitoral, a Coligação Honestidade em Primeiro Lugar, que lançou Terezinha Ramos e Roberto Rodrigues como candidatos a prefeito e vice, respectivamente, entrou com uma ação na Justiça Eleitoral contra Celso Cota, Roque Camêllo e Zezinho Salete.
O Juiz eleitoral de Mariana julgou improcedente a ação. Inconformada, a Coligação interpôs recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que, no mérito, por maioria, deu provimento ao recurso, declarando a inelegibilidade de Celso, Roque e Zezinho a partir de 2008 por três anos consecutivos pela prática de abuso do poder econômico. Os três já cumpriram a penalidade de inelegibilidade que perdurou até 2011.
Acontece que o Celso Cota tinha a pretensão de ser candidato a deputado estadual em 2010, quando ainda estaria inelegível. Recorreu, então, ao Tribunal Superior Eleitoral em Brasília contra a decisão do TRE de Minas Gerais.  Esse recurso já está incluído na pauta de julgamento e será julgado imediatamente.
Porém, com a rapidez de uma tartaruga manca e paraplégica, o Tribunal Superior Eleitoral irá julgar um caso já decidido por falta de objeto: nesse caso específico, todos já cumpriram a penalidade imposta pelo TRE e já estão elegíveis novamente!
Por outro lado, independentemente de ser elegível ou não, a infração eleitoral cometida foi anterior à promulgação da Lei da Ficha Limpa, cujos efeitos jurídicos não poderão retroceder para prejudicá-los como bem determinou o Supremo Tribunal Federal de que a lei só teria vigência a partir das eleições de 2012.                 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Pesquisa de opinião

Em nota distribuída para divulgação na imprensa, o grupo político formado pelos partidos PT, PDT, PTB, PV, PC do B, PSC, PPL, PSDC, PTN, PMN, PHS e DEM, denominados Todos por Mariana, definirá seu candidato a prefeito de acordo com a opinião dos marianenses.
De acordo com as lideranças partidárias do bloco, pela primeira vez na história de Mariana, um grupo político não vai impor uma candidatura. Será realizada uma pesquisa de opinião constando os nomes dos pré-candidatos de vários partidos e aquele que obtiver a preferência da população será o escolhido para disputar as eleições deste ano.
Os nomes que serão colocados para apreciação da comunidade, segundo  a nota, serão o do presidente da Câmara e ex-prefeito interino Geraldo Sales de Souza, Bambu (PDT); o do empresário Chico da Farmácia (PMN); o do médico Dr. Jonas Machado (PT); o do empresário e atual prefeito Roberto Rodrigues (PTB); o do médico Dr. Rodrigo Miranda (DEM e da Sra. Sônia Azzi (PV).
Meu comentário: curiosamente, a maioria dos membros do grupo Todos por Mariana ficará no poder público municipal  quase dois anos. Os dois principais partidos do grupo, o PTB e PDT, por exemplo, governaram o município por intermédio de Terezinha Ramos, depois de Bambu e agora de Roberto Rodrigues, companheiro de chapa de Terezinha Ramos e que ficará no poder até 31.12.2012. Incrivel: a maior parte desse novo grupo político governará Mariana mais tempo do que os que ganharam as eleições nas urnas em 2008. É só conferir!            

Nada como um dia atrás do outro

Dr. José Celso – Advogado
A Câmara de Mariana deu um exemplo de responsabilidade e de comprometimento com os interesses da população. Vetou o projeto de lei do executivo que previa a criação de 28 (vinte e oito cargos comissionados) na Prefeitura de Mariana. E a Câmara fez muito bem. A criação de cargos no serviço público obedece a critérios políticos e não técnicos.
Comparemos a administração pública local com empresas de porte da nossa região. Quando se ouviu dizer que a Vale, a Samarco, a cada posse de novo dirigente, cria, sem qualquer justificativa, 28 novos cargos de gerenciamento como se isso não impactasse as finanças da empresa. É claro que isso não acontece no serviço privado.
E por que acontece então no serviço público?
Porque o dinheiro a ser gasto com a contratação não sai do bolso do prefeito. Não é dele o dinheiro que paga os funcionários públicos contratados ou nomeados. O dinheiro das contratações e nomeações são os dos impostos que nós pagamos. Então, para o prefeito, não faz a menor diferença de que forma o dinheiro do povo será gasto, se com economia e necessidade ou se atendendo a interesse pessoal de quem tem a chave do cofre, no caso, o Sr. Prefeito.
Em Mariana temos um parâmetro claro. Procurem se lembrar, especialmente os mais antigos, se o Senhor Prefeito, quando empresário, com empreendimentos em Mariana, controlando recursos oriundos do seu próprio bolso, foi condescendente com o povo de Mariana, na criação de tantos cargos para beneficiar os seus empregados?
Com o dinheiro próprio a visão de gerência é uma coisa, com o dinheiro do povo a visão é outra.
Assim, se percebe que a natureza do político brasileiro é endêmica. Com o dinheiro dos outros: festa e proteção dos próprios interesses; e com o dinheiro próprio: economia e gerenciamento de mercado.
A propósito foi promulgada, terça-feira última, a Lei 12527/2011, a chamada Lei de Acesso à Informação, que obriga órgãos públicos federais, estaduais e municipais (ministérios, estatais, governos estaduais, prefeituras, empresas públicas, autarquias etc.) a oferecer informações relacionadas às suas atividades a qualquer pessoa que solicitar os dados.
Breve falaremos sobre ela, contudo, através dela, poderemos atestar a real intenção dos governantes oportunistas e que criam projetos de lei com generosa distribuição de cargos de livre nomeação com objetivos puramente eleitoreiros.
Pela postura e independência da Câmara, a população se sentiu, creio eu, bem representada. Essa deve ser a postura da Câmara: independente e protetora dos interesses da população e, consequentemente, da coisa pública.       

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Eleições proporcionais

Compulsando os resultados oficiais das eleições proporcionais municipais de 2008, constatou-se que nenhum vereador da atual legislatura, a exemplo das eleições anteriores, conseguiu se eleger com seus próprios votos. Os vereadores eleitos precisaram da ajuda dos votos de legenda dos partidos coligados.  Daí a importância de formar uma coligação forte de partidos para se formar uma bancada expressiva para dar sustentação política ao futuro prefeito eleito ou então fazer oposição a ele.
Por ser uma eleição parlamentar proporcional, vários candidatos a vereador que disputaram as eleições de 2008 não foram eleitos, mas tiveram mais votos que quatro que foram eleitos. Por exemplo: Sônia Azzi (PV) teve mais votos que Ailda (PT), Reginaldo (PR), Nêgo (PTB) e Fernando Sampaio (PRB); Roberto Cota (PSB) teve mais votos que Reginaldo, Nêgo e Fernando; Fabinho Ramos (PTB) teve mais votos que Fernando Sampaio; Bené do Caminhão teve mais votos que Reginaldo, Nêgo e Fernando Sampaio; Adimar (PP) teve mais votos que Reginaldo, Nego e Fernando Sampaio.
Quem se dedica a pesquisar a história política de Mariana vai constatar que ela teve comportamento político diferente ao longo dos anos. Durante o século XX predominou o fanatismo político, a fidelidade partidária e a disputa tradicional entre Direita e Esquerda. Posteriormente, com a decadência da Direita que não teve candidato próprio em duas eleições e se aliou a candidatos oriundos da Esquerda como Marco Mol e depois Celso Cota, a disputa passou a ser entre ramistas e antiramistas. Agora, o perfil político deste ano mudou novamente: parece, salvo engano, que vamos ter uma disputa eleitoral entre celsistas e anticelsistas.
Por causa disso, essas eleições proporcionais estão tirando o sono de muitos políticos e candidatos ao cargo de vereador. Alguns, inclusive, prefeririam ser candidatos ao cargo de vice-prefeito de um candidato bom de voto. Se eleito, além de não fazer absolutamente nada, ainda ganharia um ótimo salário. Uma ociosidade bem remunerada.
Os candidatos a vereadores e seus respectivos partidos no momento estão num dilema terrível: não sabem se aliam à coligação partidária celsista ou anticelsista. Ninguém quer dar um passo em falso embarcando numa canoa furada.
Os oportunistas de plantão como as empreiteiras de obras públicas, prestadores e fornecedores de serviços, empresários da comunicação, cabos eleitorais, profissionais liberais, como médicos, advogados, engenheiros, estão em cima do muro esperando a hora certa para sair do muro e dar o  bote certeiro, pois quem está fora quer entrar e quem está dentro não quer sair.  Essa gente não sabe viver sem o amparo das generosas verbas públicas da prefeitura, a viúva rica, nem da Câmara, a prima rica!  Sem elas, esse pessoal morre de fome...       

Lei de Acesso à Informação

A Lei de Acesso à Informação Pública entra em vigor hoje sem que o cidadão saiba a quem recorrer quando tiver seus pedidos negados por órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário.  No Executivo, as principais regras já foram estipuladas pela própria lei, e o decreto de regulamentação está para ser assinado pela presidente Dilma Rousseff. Desde a promulgação, em 18 de novembro do ano passado, todos os órgãos tiveram seis meses para se adequar à nova lei.
A partir de agora, qualquer cidadão tem o direito de solicitar, sem precisar explicar sua motivação, todo e qualquer documento público, como arquivos, planos de governo, auditorias, prestações de contas e informação de entidade privada que recebem recursos do poder público. A exceção é para aqueles documentos que digam respeito à intimidade de outras pessoas ou estiverem protegidos pela Constituição, como sigilos bancário e fiscal. O poder público pode negar, quando o material estiver classificado como reservado, secreto ou ultrassecreto, documentos que ficarão guardados por cinco, 15 ou 25 anos, respectivamente.
 Dez dias para recorrer se pedido for negado
Se a repartição responder não à demanda, terá que dizer o porquê. E é obrigada a explicar o caminho que deve ser trilhado para que o cidadão recorra de sua decisão. Em todos os Poderes, quem pede informação terá dez dias para recorrer, caso seu pedido seja negado. A primeira etapa é recorrer no próprio órgão, à autoridade imediatamente superior àquela que não forneceu informação ou justificativa para negá-la, que terá cinco dias para responder.
Aqui em Mariana obter uma informação administrativa da Prefeitura e da Câmara Municipal é muito difícil. Prefeitos e vereadores fazem de tudo para dificultar o acesso à informação que o contribuinte tem direito de saber. A lei veio em boa hora.
Apesar de terem tido seis meses para se adequar à lei, será que a Prefeitura de Mariana e a Câmara Municipal já estão preparadas para cumprir a lei de acesso à informação?   
Perguntar não ofende!   

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Decisão nova sobre recurso velho

O jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de hoje, sexta-feira, dia 11.05.2012, divulgou a seguinte notícia.
Justiça devolve cargo para Terezinha Ramos
Da Redação
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou o retorno da prefeita de Mariana, na região Central do Estado, Terezinha Severino Ramos (PTB) e seu vice, Roberto Rodrigues, ao cargo.
A decisão é do ministro Arnaldo Versiani que negou recurso apresentado pelo PMDB e PR contra decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas (TRE-MG), que reconduziu os dois políticos à prefeitura. Os partidos pediam a anulação da decisão do TRE-MG afirmando que Terezinha e Rodrigues cometeram gastos irregulares e abuso de poder econômico na campanha de 2008.
No entendimento de Versiani, a decisão da Justiça mineira de anular cassação proferida em primeira instancia, pelo juiz de Mariana, foi procedente, uma vez que as irregularidades mencionadas não eram graves o bastante para levar a cassação.
Terezinha estava afastada do Executivo desde março, após ser cassada pela Câmara”.   
Meu comentário: Com a tradicional velocidade de cágado paraplégico, a Justiça Eleitoral, através do Tribunal Superior Eleitoral, finalmente decidiu um recurso impetrado pelo PMDB e PR em meados do ano passado. Enquanto o caso dormia nas gavetas do TSE que nada decidia, Terezinha não só tomou posse no cargo, exercendo o mandato por alguns meses, como também já foi cassada pela Câmara Municipal de Mariana há dois meses.
Como se vê uma decisão nova do TSE, fresquinha, decidindo um recurso velho e ultrapassado que não pode mudar em nada o quadro político de Mariana. Sem dúvida, uma autêntica piada eleitoral do TSE!   

domingo, 6 de maio de 2012

A Voz dos Bronzes*

                                   Moura Santos
A majestosa música sacra hoje, infelizmente, está banida dos templos, substituída por novos rituais, não se ouvindo mais o sublime cantochão, que empolgava o ambiente de comoção e religiosidade, até então conhecido. Cedeu-lhe o lugar para introdução de cânticos corriqueiros e vulgares, tanto na letra como nas melodias. São arranjos medíocres, sem nenhuma expressão de arte e de espiritualidade. Só os sinos das velhas cidades mineiras resistiram à modernidade da Igreja. Devemos conhecer a linguagem dos nossos bronzes vetustos, que do alto das torres cantam, há séculos, a epopeia de um passado dentro das maravilhas da fé e do culto divino. Chamam os fiéis à prece. Choram os mortos, anunciam festividades o ano inteiro. Marcam passagens e triunfos sociais, religiosos e históricos. Acompanhando o ritmo da música e dos cânticos litúrgicos, os sinos são instrumentos sonoros que exprimem alegria, tristeza, paixão, amor e uma série de sentimentos, condizendo com a altura onde são colocados para perpetuidade de uma Fé, que se alteia acima de tudo. Por isso, têm eles a sua poesia e a sua história e profunda significação espiritual. As ondas sonoras que projetam representam a prece, com a diferença apenas que a prece dos sinos faz-se de dentro para fora, enquanto que a do homem se dirige misticamente de dentro para o alto: Sursum corde.   Arautos de Deus
A linguagem sentimental dos bronzes fala ao coração de todos, desde o berço à sepultura, segue-lhes os passos desde o batismo até a última morada. Todos os lances da vida humana cristianizada estão na evocação de uma badalada de sino e foi por esse princípio e por razão natural que os arrojados construtores do barroco emprestavam o maior cuidado e especial atenção no delinear esses monumentos de arte, colocando em remate torres altaneiras e atrevidas para sustentar pesados bronzes, arautos sinfônicos da palavra de Deus.
Mariana, capital de um mundo antigo em Minas Gerais, teve os seus construtores e entalhadores, artistas consumados, que delinearam suas bicentenárias igrejas. Sé Catedral, São Francisco de Assis, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Rosário, Arquiconfraria, Mercês, além de outras capelas, ressaltam à primeira vista, na competição artística de seus idealizadores. Irmandades com patrimônio respeitável, constituídas de leigos, regendo-os uma vontade hercúlea de construir maravilhas, o primeiro lance que as preocupava era a estrutura da Torre para sustentar os bronzes de toneladas impressionantes. E nelas colocavam sinos fundidos em bronze com mistura de ouro em alto teor e grande quantidade de prata, segundo consta de documentos ora consultados, para efeito da sonoridade em escala musical. Os campanários entravam logo no regime de toques especiais: festivos, fúnebres, repiques dobrados, santos em glória e entradas convencionais para missas, procissões, enterros e depósitos à noite.
Os Artistas do Badalo
Os sineiros eram abalizados na arte do badalo e o acionavam com maestria e gosto bem apurado. Pedro Tortela, na Sé Catedral, conseguiu tocar a Sinhá do balão lá vai pau, samba carnavalesco do folclore marianense, façanha que o Arcediago não gostou, azucrinando-o pelo irreverente abuso. Na igreja de São Francisco de Assis, outro sineiro famoso imaginou com originalidade um toque que quer dizer: Dá no pai, dá na mãe, dá no filho também ou então na repetição métrica idealizada por João Gato: Zé Venero, Zé Venero, Sô Cônego Tobias. E nos dobres fúnebres, os sinos menores diziam: Niquinho pau d’água, Niquinho pau d’água, alusão aos ziguezagues de um inveterado e educado boêmio pelas ruas da cidade, o conhecido filosofo e poeta repentista, o afável Nico do Beco, sempre acompanhado dos parceiros João Julio, Zé dos Óculos, Zé Pinto, Mestre Luiz, Zé Sacy, Tondy, todos com ares de artistas, literatos, oradores, músicos, cada um com sua mania de importantes, que os tornavam ídolos da população e, particularmente, das crianças. O Comissário da Ordem Terceira, aplainando as polêmicas, censuras e críticas, aprovou a genial criação que se tornou inspiração para dobrados de bandas de Músicas, quando a União XV de Novembro, com sucesso, tocou Os Sinos de Mariana, do consagrado maestro Aníbal Pedro Walter.
O exemplo fez escola e teve autênticos sucessores nas figuras de Zé Xiringa, Fancy Caiau, Diogo da Conceição, Chico Cidade, Mané Rita, Zé Supimpa, Mané Donzela, Chico Cabeça, Zé Quitute e Ceci Bandeira, exímios tocadores de sinos de Mariana. Era uma profissão humilde, sem remuneração, mas honrosa para os artistas do badalo. O mais celebre, Chico Cidade, morreu tragicamente nos dias de carnaval, por ocasião das quarenta horas, quando dobrava o sino do Santíssimo da Catedral. Ao impulsionar o pesado bronze para os três bam baús convencionais, o sineiro que estava completamente bêbado deixou-se prender às cordas que o envolveram e o sino, depois de muitas reviravoltas, o atirou estraçalhado nas lajes da rua. E toda população lamentou profundamente: morreu o Chico Cidade!
Ritual
Nas igrejas de Irmandades e Ordens Terceiras, os sinos obedecem ao ritual de cada comunidade. Tem o seu toque convencional. Quando morre um Irmão, os dobres fúnebres são três sinais; quando mulher, dois sinais. Para crianças até sete anos repicam-se os quatro sinos. Para os que morrem fora da cidade, os sinais são dados às 14 horas. Para funerais de bispos, nove badaladas e cinco sinais de três em três horas. Para padres até monsenhor, cinco sinais ao dia. Para anunciar a morte do papa: doze badaladas, seguidas de nove sinais, de duas em duas horas, até o sétimo dia.
Assim, quem reside em Mariana ou nas cidades históricas, que ainda conservam tradição de 200 anos, conhece e distingue a voz dos bronzes e pode decifrar logo pelo toque dos sinos, se morreu um homem, uma mulher, um anjinho, uma criança, um bispo, um papa, ou melhor, se há missa, procissão, enterro e festas religiosas ou profanas. Os sermões principais do ano eram anunciados de vésperas com o dobre do sino grande da Catedral.
Para os toques solenes da Semana Santa, o sineiro obedecia ao seguinte programa do mestre de cerimônias.
Quarta-feira santa, às 12 horas, um repique com os quatro sinos, Santos em Glória, nove vezes e, logo a seguir, três repiques longos e festivos. Às 14 horas, três repiques com os quatro sinos. Às 18,30 horas, um repique com quatro sinos e o do Relógio marcando o grave; dobra o sino das Almas, conservando-o invertido. Às 19 horas, desce o sino das Almas, um repique, em seguida apruma o bronze com repique dobrado e muitos bambaus, até colocá-lo de pé, isto é, com a boca para cima.
Quinta-feira santa, às 9 horas, dois repiques – levanta o bronze e o abaixa com repiques dobrados; depois, mais dois toques ritmados e entrada para o Pontifical Solene. Às 9,30, outra entrada. Às 10 horas, chegada do bispo oficiante ao som do Ecce Sacerdos Magnus. No Glória, repique vibrante e compassado, repetindo-se na elevação. Às 12 horas, novos repiques. Às 17 horas, um repique para aprumar o bronze e o abaixa com vibrantes repiques. Depois do repique no Glória, na cerimônia de Lava-pés, silenciam os sinos até zero hora de Domingo da Ressurreição, substituindo-os a velha Matraca, que acompanha a procissão da Paixão ao lado da Verônica.
A voz dos bronzes tem sua historia e tradição. O Chantre do Cabido, de sua cadeira canônica, a cada instante, nas cerimônias brada: Tá na hora, velho Irmão, apruma o bronze
*Artigo publicado no jornal “Estado de Minas”, de 17.03.1978, do qual Waldemar de Moura Santos foi colaborador assíduo.

sábado, 5 de maio de 2012

Concertos na Sé-Catedral

Concertos em Mariana
Com patrocínio  da Petrobras, FUNDARQ continua a Série de Concertos em Mariana e outras cidades*
Tiveram início, no mês de março, em Mariana e em outras onze cidades mineiras, os CONCERTOS do Projeto Aperfeiçoamento de Maestros e Regentes de Coros e Capacitação de Cantores - Aquisição e execução de repertório e difusão do acervo do Museu da Música de Mariana, promovido pela Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese FUNDARQ, através do Museu da Música.
O Projeto conta com o patrocínio exclusivo da PETROBRAS, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal e com o apoio das Prefeituras Municipais das 12 cidades participantes, Mariana, Ouro Preto, Santa Bárbara, Conselheiro Lafaiete, Carandaí, Barão de Cocais, Ponte Nova, Itabirito, Barbacena, Catas Altas, Piranga e Viçosa.
Hoje, 05 de maio, às 18h, na Catedral de Mariana se apresentará o Coral Sant’Ana de Ouro Preto com a organista Josinéia Godinho executando o Órgão Arp Schnitger.
Na primeira etapa, concluída em setembro de 2011, o projeto ofereceu curso de aperfeiçoamento para maestros e regentes de 13 (treze) Coros, com ênfase em análise da estética musical colonial, princípios de regência, técnica vocal específica, práticas pedagógicas, utilização dos materiais editados pelo Museu da Música para preparação dos coros, produção cultural, organização dos concertos, entre outras. Por ser a sede do projeto, Mariana pôde inscrever dois Coros.
Na segunda etapa, foram desenvolvidas atividades com os Coros, sob a direção de professores e dos respectivos regentes, nas cidades de origem, nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2011. Neste período, houve a preparação dos Coros para a execução do repertório selecionado junto ao acervo do Museu da Música de Mariana, inscrito, desde dezembro de 2011, no Programa Memória do Mundo da UNESCO, o que corresponde ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade. 
Durante o primeiro semestre de 2012, estão sendo realizados 52 concertos assim distribuídos: 13 concertos de coro na Catedral de Mariana, com execução do Órgão Arp Schnitger, e 39 nas 12 cidades-sede dos Coros, com acompanhamento de conjuntos de câmara.
O Órgão Arp Schnitger é o mais importante instrumento musical brasileiro, construído em 1701 em Hamburgo, norte da Alemanha. Foi um presente do Rei de Portugal Dom João Vi quando, a seu pedido, o Papa Bento XV criou a diocese de Mariana. Faz parte dos poucos existentes no mundo, sendo o único Arp Schnitger em funcionamento fora da Europa.
Segundo o prof. Roque Camêllo, diretor executivo da FUNDARQ, “este projeto, além de sua importância para a formação e qualificação de regentes e maestros e de incentivar a criação de coros nas nossas diversas cidades, desenvolve significativa integração dos muitos municípios que compõe a Arquidiocese de Mariana. É um projeto para ser ampliado. Por isso, é necessário continuar com o apoio da PETROBRAS e das prefeituras municipais porque a Cultura é um bem de todos”.
“É missão de a Igreja zelar pela Cultura de nosso povo e incentivar as manifestações culturais especialmente aquelas cujo objetivo é o louvor a Deus e o fortalecimento da fé cristã”, afirmou Dom Geraldo Lyrio Rocha. “Assim, cumpre bem sua parte a Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana - FUNDARQ preparando e qualificando maestros e regentes responsáveis pelos Coros de cidades da nossa Arquidiocese”, concluiu o Arcebispo.
*Fonte: jornalista Merania Oliveira

terça-feira, 1 de maio de 2012

Panorama político

Enquanto os seus adversários políticos apostam na impugnação de sua candidatura ao cargo de prefeito pela eventual aplicação da ficha limpa contra ele, Celso Cota não só já decidiu ser candidato como também escolheu o seu vice Duarte Júnior, apoiado por uma coligação ainda não oficialmente formalizada e constituída de vários partidos.
A maioria dos vereadores que deram um cheque em branco de 28 milhões de reais ao prefeito sem saber até hoje onde serão aplicados é filiada a partidos que compõem a coligação e dão sustentação às candidaturas de Celso e Du ao cargo de prefeito e vice. Devido a isso, no momento, travestidos de espertos, estão fazendo jogo duplo, um verdadeiro contorcionismo político: apoiam o atual prefeito que, a troco do cheque em branco dado, deverá atender algumas das reivindicações eleitorais desses vereadores: o famoso toma lá dá cá. Mas, por outro lado, irão disputar as eleições municipais pela coligação adversária do prefeito que também deseja concorrer à reeleição. Afinal de contas, sem infringir a fidelidade partidária, com quem esses vereadores irão apoiar nestas eleições? O prefeito ou o ex-prefeito? Uma boa pergunta!  
Três partidos até o momento revelaram pela imprensa a pretensão de disputar as eleições municipais com candidatos próprios: o PMDB, o PDT e o PT. Comenta-se nos bastidores políticos que o provável candidato do PMDB seria o vereador Mundinho Horta. No PDT, o único nome cogitado é o do vereador Bambu, uma vez que o presidente do PDT, Walter Rodrigues, não poderia ser candidato por ser irmão do atual prefeito Roberto Rodrigues. No PT, seria o Dr. Jonas.  O DEM do Alypio Faria está tentando emplacar o nome de Rodrigo Miranda, filho do ex-vereador Nonô Miranda. O PTB está rachado entre os ramistas fiéis a Terezinha e o prefeito Roberto Rodrigues, pois ambos, parecem, querem disputar o mesmo cargo.
Ao contrário das eleições municipais de 2008 que tiveram seis candidatos e cinco disputaram com a desistência de Chico da Farmácia, a tendência este ano, parece, é a aglutinação de alguns desses partidos, não todos evidentemente, visando encontrar um candidato de consenso ao cargo de prefeito para disputar as eleições municipais contra Celso Cota e Du.    
Todos esses partidos acima, porém, parecem estar com algumas dificuldades para formar a tal coligação destinada a fortalecer o grupo, pois suas respectivas lideranças políticas, egoístas, querem ser candidatas a prefeito e nenhuma delas fala a mesma língua.