segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Verdade ou mentira?

Nos meios empresariais, é muito comum proprietários de empresas divulgarem em jornais e revistas, por intermédio de informes publicitários, que elas estão valorizadas porque há interesses concretos de concorrentes em comprá-las por um bom preço.
Os latifundiários empresários da mineração, por exemplo, são mestres em fazer esse tradicional balão de ensaio. Nos meus arquivos, tenho jornais desde 30 anos atrás e até mais recentemente que comprovam este esperto estilo comercial de valorizar suas empresas.
Periodicamente, em jornais locais ou de fora, já houve uma série de noticias bombásticas anunciando que os chineses iriam comprar suas empresas e que seriam investidos no município bilhões de dólares, gerando milhares de empregos para os marianenses.
Para a felicidade geral dos marianenses e do seu meio ambiente, as promessas até agora não saíram do papel. Olha que meus arquivos jornalísticos não me deixam mentir!
Há um ano e dois meses, saiu no jornal “Ponto Final”, edição nº 769, de 19 a 25.11.2010, uma noticia bombástica que mereceu duas manchetes; uma, na primeira página: “Rádio Mariana FM é vendida por 2 milhões de reais”; outra, na pagina 3: “Rádio Mariana FM é vendida ao grupo do Bispo Edir Macêdo”.
O curioso da noticia:
quem deu a informação e a entrevista bombástica ao jornal não foi o proprietário da emissora de rádio, Francisco Esquarcio, mas sim, seu então subordinado, o radialista Gilson Júnior, hoje secretário de Comunicação do município.
Na entrevista, indagado pelo jornal se a emissora de rádio tinha sido vendida para o grupo Edir Macedo, Gilson Júnior respondeu que sim e que a venda dela estaria estimada em 1 milhão e meio a dois milhões de reais.
Afinal de contas, Gilson Junior, a notícia é verdadeira ou mentirosa?
Perguntar não ofende!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ramistas versus ex-ramistas

Durante todo o século XX, a briga política em Mariana se resumia à contumaz rivalidade entre a Direita e a Esquerda, duas forças políticas tradicionais que se revezaram no poder público municipal durante muitos anos.
A partir do rompimento político de João Ramos Filho com Celso Cota, ocorrido no período de 2001 a 2004, o quadro político marianense mudou completamente.
Com o rompimento, a Esquerda se dividiu em dois grupos: a Esquerda tradicional liderada por João Ramos e a Esquerda dissidente liderada por Celso Cota. Nas eleições municipais de 2008, além dos candidatos nanicos sem nenhum cacife eleitoral, surgiram três candidatos ao cargo de prefeito: João Ramos pela Esquerda tradicional, candidato substituído pela viúva Terezinha Ramos após sua morte; Roque Camêllo pela Direita tradicional com o apoio de Celso Cota da Esquerda dissidente 1; e Duarte Júnior que surgiu de forma independente no cenário político com a Esquerda dissidente 2, com apoio explicito de Cássio Brigoline Neme da Direita dissidente.
Devido a esses múltiplos rompimentos políticos, há um fato histórico muito curioso: a última eleição municipal realmente disputada entre a Direita e Esquerda tradicionais se deu em 1996, quando, nos 300 anos de Mariana, Cássio disputou e ganhou a eleição contra Newton Godoy por apenas 26 votos de diferença.
A partir daí, nunca houve mais uma disputa genuinamente direta, mas sempre em coligações com forças políticas outrora antagônicas. Nas eleições de 2000, por exemplo, a Direita disputou o cargo de prefeito com um candidato que nunca foi do partido e oriundo da Esquerda, Marco Mol, ex-ramista, que perdeu a eleição para Celso Cota. Em 2004, a cena se repetiu: a Direita apoiou a reeleição de Celso Cota, ex-ramista que venceu João Ramos. Em 2008, a Direita com o candidato Roque Camêllo, apoiada pela Esquerda dissidente 1, venceu Terezinha Ramos nas urnas.
Quem diria que, após a morte de João Ramos, a política de Mariana seria monopolizada por ramistas e ex-ramistas, todos formados, diplomados, mestrados e doutorados na sua escola política? Hoje, quem comanda o poder público municipal é uma ramista. A maioria absoluta dos vereadores da Câmara Municipal de Mariana é de origem ramista. O PSDB que era nos últimos dez anos conhecido como o partido da Direita hoje é dirigido e dominado por ex-ramistas. Pois, por incrível que pareça, o provável candidato da "Direita" poderá ou deverá ser um ex-ramista e hoje filiado ao PSDB.
Portanto, queira ou não o seu grande e fiel eleitorado, a Direita continuará a ser a noiva mais cobiçada das eleições municipais deste ano, de novo a reboque de candidatos de origem ramista.
No meu entendimento, a clássica disputa eleitoral direta entre Direita e Esquerda, pelo menos provisoriamente, acabou. Deu lugar à briga de foice político-eleitoral doméstica entre ramistas e ex-ramistas. Quanto tempo isso vai durar? Só Deus sabe!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Executivo versus Legislativo

Quando entrou com uma Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa contra a prefeita municipal, o Ministério Público em Mariana teve muitas dificuldades para marcar uma audiência com objetivo não só de a prefeita prestar depoimento, como também de colocar informações e documentações da prefeitura à disposição da promotora denunciante.
Em função disso, a promotora pediu também, em caráter liminar, o afastamento da prefeita do cargo. Com a recusa do Juiz de Direito de Mariana de julgar o processo, por questões de foro intimo, a Ação Civil Pública foi distribuída para a Juíza de Itabirito que acatou a denúncia, mas recusou o pedido liminar de afastamento da prefeita do cargo.
Na mesma ocasião, Marcius da Costa Machado entrou com um pedido de abertura de uma Comissão Processante na Câmara Municipal de Mariana. A edilidade marianense, por maioria de votos, rejeitou a proposta e arquivou o pedido. Nos bastidores políticos comentava-se que, no entendimento da maioria dos vereadores, se a prefeitura está ruim nas mãos da prefeita, pior seria para eles se estivesse nas mãos dos latifundiários empresários da mineração.
Mas a decisão dos vereadores de arquivar o pedido repercutiu muito mal na opinião pública marianense.
Entretanto, novo pedido de abertura de comissão processante foi solicitado pelo mesmo cidadão. Devido à anterior má repercussão na opinião pública, desta vez os vereadores, por maioria de votos, mudaram repentinamente de ideia e aprovaram a instalação da Comissão Processante.
A exemplo do que aconteceu com o Ministério Público, os vereadores que compõem a comissão processante, Bruno Mol, Raimundo Horta e Ailda Anacleto, estão tendo também dificuldades para ouvir o depoimento da prefeita que se recusa a recebê-los para prestar esclarecimentos sobre os fatos denunciados.
Quando a primeira tentativa de abertura de uma comissão processante foi arquivada, o clima político entre o Executivo e o Legislativo era muito tranquilo, mas azedou quando a Câmara aceitou a segunda tentativa. A partir daí, secretários municipais usaram emissoras de rádio e jornais insultuosos para fazer criticas e denúncias contundentes contra os vereadores da oposição, enquanto, em contrapartida, a edilidade se recusava a aprovar projetos de lei enviados pela prefeita.
Nesse clima político exacerbado, de briga recíproca do Executivo contra Legislativo, tudo para conquistar o poder municipal a qualquer preço, comenta-se nos bastidores políticos que, - em razão do suposto desvio de 98 mil reais da prefeitura para pagar advogados que atuaram na campanha eleitoral teria beneficiado não só a prefeita como também o vice-prefeito, - os membros da Comissão Processante da Câmara estariam propensos a propor ao plenário da Casa a eventual cassação de mandato de ambos.
Ao contrário da denúncia do Ministério Público que já foi aceita pela justiça comum, mas cuja decisão só Deus sabe quando sairá, a Câmara tem apenas 90 dias para descascar esse indigesto abacaxi político, ou seja, em meados de fevereiro de 2012.
Até lá, haja emoções políticas!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Centenário de Dom Oscar de Oliveira

Memória eclesiástica
Dom Oscar de Oliveira, 11º Bispo e 3º Arcebispo de Mariana, filho de José Esteves de Oliveira e Judith Augusta Pereira, nasceu em Entre Rios de Minas em 09.01.2012. Estudou no Seminário de Mariana. Em outubro de 1933, seguiu para Roma aonde estudou e foi o primeiro doutor em Direito Canônico do Colégio Pio Brasileiro defendendo a tese de doutorado na Universidade Gregoriana em 1938. Lecionou em seguida Direito Canônico no Seminário de Mariana. Durante 11 anos exerceu o cargo de Cura da Sé, quando, em 1954, foi eleito Bispo titular de Irenópolis e auxiliar de Pouso Alegre, exercendo cargo ali durante cinco anos. Recebeu a Ordenação Episcopal das mãos de Dom Helvécio Gomes de Oliveira na Catedral de Mariana no dia 23.08.1954. Em 1959, Dom Oscar foi nomeado pelo Vaticano para ser o novo Arcebispo Coadjutor de Mariana, tomando posse canônica do cargo em 03.05.1959.
Com a morte de Dom Helvécio em 25.04.1960, Dom Oscar de Oliveira tomou posse no comando da Arquidiocese nela permanecendo como titular durante 28 anos.
Realizações de Dom Oscar de Oliveira
Cripta: Panteão das Mitras
Em 18.06.1962, Dom Oscar construiu no subsolo da sacristia da Sé uma Cripta com 32 gavetas funerárias para onde foram transferidos os restos mortais dos bispos sepultados na igreja da Sé. A inauguração oficial da Cripta se deu, porém, em 27.06.1963. Na ocasião, a Cruz de Dom Viçoso foi retirada do caixão e hoje algumas vezes é usada como amuleto por pessoas fiéis enfermas em estágio terminal.
Museu Arquidiocesano de Arte Sacra
Na área cultural, Dom Oscar criou o Museu Arquidiocesano de Artes Sacras um dos mais ricos e mais importantes museus do Brasil, inaugurado em 22.09.1962.
Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese
Ainda na área cultural, Dom Oscar também foi o fundador do Arquivo, instalando-o no pavimento térreo da Cúria Metropolitana, onde estão preciosos e históricos documentos da Arquidiocese recolhidos das paróquias por Dom Helvécio e Dom Oscar.
Museu da Música
Outra obra maravilhosa de Dom Oscar foi a criação do Museu da Música instalado no dia 04.08.1972, na Cúria Metropolitana de Mariana. Mas a solenidade de inauguração oficial do Museu se deu 06.07.1973, com a presença do então Ministro da Educação, Jarbas Passarinho. Hoje, após sua morte, foi transferido para o antigo Palácio dos Bispos, agora com a denominação de Museu da Música Dom Frei Manoel da Cruz, primeiro bispo de Mariana. Toda a preservação do acervo musical dos séculos XVIII e XIX do Museu se deve ao zelo de Dom Oscar, o autêntico mecenas da cultura marianense.
Restauração do Órgão da Sé
Depois de ficar mudo desde 08.12.1937, durante quase meio século, coube a Dom Oscar a benemérita iniciativa de restaurar o único órgão Arp Schnitger europeu na America do Sul, vindo de Portugal e doado pelo rei português Dom João V. em 1753. Na ocasião, Dom Oscar contou com a decisiva e benemérita atuação do Dr. Francisco Afonso Noronha, então presidente da Cemig que tomou todas as providências para o restauro do órgão na Alemanha e sua reinauguração solene ocorrida no dia 08.12.1984.
A reinauguração do órgão foi uma das solenidades mais bonitas e pomposas jamais vista em Mariana. O “Concerto de Mariana”, gravado em dois discos de vinil, teve como solista do órgão o francês Francis Chapalet e a Orquestra Brasileira de Câmara e Coro, constituída naquela ocasião por famosos violinistas, violoncelistas, tenores, sopranos brasileiros, europeus e americanos.
Foi um dos fundadores da Academia Marianense de Letras e tomou posse nela em 08.06.1970, tornando-se Presidente de Honra daquela instituição cultural. A Casa de Cultura de Mariana irá promover uma solenidade especial em homenagem a seu centenário de nascimento.
Na área educacional, Dom Oscar, ao lado do Grêmio Marianense e do saudoso Professor Wilson Chaves, criou o Ginásio Dom Frei Manoel da Cruz e foi seu primeiro diretor. Com sua nomeação a bispo de Pouso Alegre, ele ficou apenas alguns meses na direção do estabelecimento e teve a felicidade de escolher o Padre José Dias Avelar como seu sucessor e que permaneceu na sua direção por mais de 40 anos. Para que fosse possível a instalação do Ginásio Estadual Dom Silvério, Dom Oscar cedeu o prédio do Palácio Velho dos Bispos até a construção do prédio próprio. Dom Oscar criou a Fundação Marianense de Educação em 1964, Dom Oscar e, através dela, assinou um convênio com a Universidade Católica de Belo Horizonte trazendo para Mariana diversos cursos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Maria que funcionou no Colégio Providência. Posteriormente, em 1970, Dom Oscar, através de comodato, cedeu o prédio do Seminário Menor para a instalação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da UFOP.
Na área social, Dom Oscar - ao lado de dois notáveis beneméritos de Mariana, os também já saudosos Monsenhor Vicente Dilascio e Cônego Paulo Dilascio - criou as Obras Sociais Monsenhor Horta culminando com a construção do Hospital Monsenhor Horta cuja inauguração se deu em 08.11.1970. Doou áreas da Arquidiocese no Bairro São José para construção das primeiras casas populares em Mariana, no período de 1968 a 1971.
Concluindo, como marianense eu diria com muito orgulho e sem medo de errar: Dom Oscar de Oliveira foi a personalidade eclesiástica mais importante no século XX para o desenvolvimento social, educacional e cultural da cidade de Mariana!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Curso de História da Arte Sacra em Mariana*

A Faculdade Arquidiocesana Dom Luciano Mendes de Almeida de Mariana, mais uma vez, mostra a sua importância e a preocupação com a História e a preservação da Arte como instrumento de desenvolvimento humano. Abre no próximo dia 09 de janeiro, às 8h30, na Igreja de São Pedro dos Clérigos, em Mariana, com a Aula Inaugural “O ALEIJADINHO E OS PASSOS DE CONGONHAS”, a ser ministrada pela professora Myriam Ribeiro de Oliveira, o curso de pós-graduação lato-sensu em “História da Arte Sacra”. A solenidade será presidida pelo Reitor da Faculdade Arquidiocesana Dom Geraldo Lyrio Rocha e terá a presença do Diretor Geral Padre José Carlos dos Santos e demais professores.
Além dos participantes inscritos, a aula inaugural será aberta a convidados e interessados no assunto. Todas as aulas serão ministradas na sede da Faculdade na Colina de São Pedro.
Organizado em Módulos, o curso idealizado por Myriam Ribeiro será desenvolvido em períodos de férias - janeiro e julho. Faz parte da proposta de expansão das atividades da Faculdade que, além de herdeira e sucessora da primeira instituição de ensino superior de Minas Gerais - o Seminário de Mariana, hoje com 262 anos de existência, segundo publicação recente das Revistas EXAME e VEJA, foi classificada em 1º lugar entre as 100 melhores do país, considerando o desempenho de seus alunos.
O Módulo I reunirá, em Mariana, participantes de várias regiões do país, durante este mês. Ainda em 2012, dentro da referida proposta de expansão, iniciam-se os cursos de formação tecnológica, objeto do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Faculdade e o Instituto de Tecnologia e Treinamento - ITT/ACTT, no ano passado.
Estão incluídas na programação do Módulo I aulas presenciais teóricas, visitas guiadas às Cidades Históricas e ainda palestras sobre temas relacionados ao assunto. Foram convidados como palestrantes o Prefeito de Ouro Preto e Conselheiro da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (FUNDARQ), jornalista Ângelo Oswaldo Santos, professor Ivo Porto de Menezes, especialista em legislação eclesiástica, e o Diretor Executivo da FUNDARQ, professor Roque Camêllo. Estas palestras acontecerão na Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Rua Frei Durão, 84, Centro Histórico, nos dias 11,18 e 27.
As matrículas podem ser efetivadas até hoje, 08/01/2012. Informações pelo telefone: (31)3558 - 1439 com a professora Marly Moysés - Assessora da Diretoria da Faculdade Arquidiocesana “Dom Luciano” e Conselheira da FUNDARQ.
*Fonte: jornalista Merania Oliveira.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Inchaço funcional

A prefeitura municipal de Mariana é disparada a instituição que mais emprega pessoas direta ou indiretamente no município. Ela tem muito mais funcionários que as duas multinacionais Vale e Samarco juntas aqui em Mariana. O novo prédio da prefeitura que ainda está sendo construído no bairro São Cristóvão com o objetivo de agrupar todos os departamentos num prédio só, quando estiver pronto já estará irremediavelmente condenado a não poder abrigar tantos funcionários.
Além do inchaço funcional, a partir de 2001, a então administração municipal criou centenas de cargos comissionados, bem remunerados, com a finalidade exclusiva de dar empregos na prefeitura, sem precisar fazer concurso, a cabos eleitorais, a maioria sem nenhuma competência profissional. Uma forma criativa à custa do dinheiro público de manter fiéis seus correligionários para as próximas campanhas eleitorais. A fórmula mágica de nomear centenas de funcionários sem concurso para cargos comissionados foi tão conveniente para os interesses eleitoreiros dos políticos que os prefeitos posteriores, até hoje, usaram e abusaram dela, alguns até aumentaram ainda mais a quantidade de funcionários privilegiados, os tão famosos come-quietos.
Com a entrada agora dos sindicalistas na administração pública municipal, o funcionalismo da prefeitura que, aliás, sempre ganhou melhor do que os que trabalham na iniciativa privada está tendo agora aumentos salariais generosos acima da inflação. O município hoje gasta quase a metade de seu orçamento de 200 milhões por ano para pagamento de despesas com pessoal. Apenas a outra metade do orçamento é destinada a resolver os crônicos problemas administrativos e sociais do município como saúde, educação e segurança pública.
Inchaço funcional irracional, aumentos salariais generosos e excesso eleitoreiro de cargos comissionados, cometidos irresponsavelmente por administrações anteriores e atual, é uma bomba-relógio de efeito retardado que poderá explodir o orçamento do município a qualquer momento! Que Deus proteja Mariana dessa tragédia orçamentária anunciada!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Solução política ou jurídica?

A permanência da prefeita no cargo está na dependência de duas decisões: a da Câmara Municipal que aceitou a instalação de uma Comissão Processante e terá 90 dias contados a partir da notificação da acusada para concluir o processo. É a solução política. Por outro lado, a prefeita foi denunciada pelo Ministério Público, causa que ficou a cargo da juíza de Itabirito decidir. É a solução jurídica.
Como se sabe, a solução política não obedece a princípios jurídicos, mas sim, a conveniências político-partidárias, algumas nada republicanas. A principio, rumores circulavam nos bastidores políticos de que os vereadores estavam propensos à seguinte alternativa: ruim com ela, pior sem ela. O receio dos vereadores, na ocasião, era colocar no lugar dela um alto representante dos latifundiários empresários da mineração que estão doidos para vender suas bilionárias cartas minerárias marianenses para os empresários chineses da mineração.
Mas, sob a desculpa de que a atual administração municipal está sendo muito generosa e prodiga com o aumento do salário e abono para o funcionalismo, bem acima da inflação e desrespeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal, a alternativa hoje seria a seguinte: ruim com ela, melhor sem ela. Nesta hipótese, como então lidar com o perigo dos latifundiários empresários da mineração ocupar o poder municipal? Dos bastidores políticos vem a incrível resposta: a maioria dos vereadores não vai deixá-los governar. Como? Só Deus sabe!
Mas, a bem da verdade, a atual preocupação dos políticos marianenses não é com a saúde financeira do município coisa nenhuma, mas sim, com a sua própria sobrevivência política. Afinal de contas, haverá eleições municipais este ano e a atual administração, parece, não tem atendido as emendas de interesse eleitoral dos vereadores. Quem sabe o vice-prefeito no poder seria mais generoso com eles?
Teoricamente a solução política cassando ou não o mandato da prefeita é rápida e sumária e não cabe recurso, a não ser que as formalidades legais do Decreto-Lei 201 não tenham sido cumpridas. Mas, na prática, com base no artigo 5º, alínea VII deste Decreto, os vereadores poderão adiar a solução do problema indefinidamente, pois não julgando o processo dentro do prazo legal ele será arquivado, sem prejuízo de nova denúncia ainda que sobre os mesmos fatos. Como se observa, tudo será decidido conforme a conveniência político-eleitoral dos vereadores.
A solução jurídica, como de praxe, é lenta e demorada. Da decisão da juíza de Itabirito, em primeira instância, caberão recursos ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e, posteriormente, para Tribunal Superior de Justiça (STJ), em Brasília. Até lá, o mandato da prefeita já se esgotou há muito tempo!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Réveillon em Mariana

Memória social
Nas décadas de 1960 a 1980, a nossa geração, ainda jovem, teve o privilégio de desfrutar os melhores réveillons realizados em Mariana. Os dois tradicionais clubes sociais da cidade, Marianense F.C, que este ano comemora o seu centenário, e o Guarany F.C, que comemora seus 87 anos de fundação, realizavam tradicionais e memoráveis comemorações de fim de ano com muito requinte e bom gosto.
A sociedade marianense elegante comparecia e prestigiava as festas. Na época, a cidade possuía três grandes e excelentes conjuntos musicais, que imitavam à perfeição os Beatles e Rolling Stones, os dois mais famosos conjuntos do século XX. Eram os The Rebelds, os Incas e os Abutres que animavam o réveillon e os grandes bailes dos dois clubes naquela época de ouro da sociedade marianense. Posteriormente, no final dos anos 60 e começo de 70, surgiu o restaurante Senzala do carioca Pedro Mandarino, hoje proprietário do Kings Burger ali na Praça da Sé, que também promovia réveillon que ficou tão famoso em Mariana a ponto de ameaçar a liderança dos dois clubes tradicionais.
Posteriormente, por razões ainda não esclarecidas, os dois clubes deixaram de promover o réveillon e o restaurante Senzala fechou. Durante longos anos, a sociedade marianense ficou sem espaço particular ou público para as comemorações. No começo deste século XXI, o município durante alguns anos patrocinou as comemorações de fim de ano com a contratação de bandas para shows nas praças e queima de fogos na passagem de um ano para o outro. Porém, essas comemorações populares provocaram alguma violência e arrastões no centro histórico da cidade o que provocou a sua paralisação.
Ultimamente, as comemorações de fim de ano estão sendo realizadas por algumas empresas privadas ligadas ao ramo de restaurantes. Este ano, no centro histórico, o Marianense foi alugado para um grupo de empresários da noite para a realização do réveillon.
Estive lá e observei o seguinte: o salão de festa foi dividido em três partes: numa extremidade, uma área foi reservada ao conjunto musical que tinha em sua frente uma parafernália de luzes psicodélicas. No lado oposto, foi reservado para os que adquiriram mesas, com direito a bebidas e salgados, área denominada VIP (Very Important People) No meio, uma área de pista dançante bem pequena, foi reservada para a galera, sem mesas, nem mordomias. Mas em compensação, nesse pequeno espaço apareceu para agitação muita gente jovem e bonita.
O conjunto musical tocava tão alto que ninguém conseguia conversar a não ser gritando um no ouvido do outro. Na piscina, apesar da proteção do toldo contra a chuva, estava pouco frequentado, pois faltavam mesas e cadeiras. Parece que a ideia original dos organizadores da festa era o de localizar o pessoal VIP na área da piscina com a proteção dos toldos. Por causa da intensidade da chuva, resolveram, na última hora, transferir o pessoal para o salão de festa o que ocasionou o congestionamento da já pequena pista de dança. Seria uma boa ideia para os próximos anos que os dois clubes tradicionais de Mariana realizassem ou então alugassem suas dependências para que terceiros possam realizar o réveillon ou o carnaval. Fica aí a minha sugestão.
Um fato interessante: a maioria dos restaurantes, de pizzarias, pastelarias e de casas noturnas estava fechada e pouca gente circulando nas ruas no centro histórico de Mariana. O fenômeno da ausência de público nas ruas deve-se, em minha opinião, à falta de alguma motivação, pois não existe comemoração individual e pessoal espontânea em público. Por exemplo, Natal é uma festa tipicamente familiar e sua comemoração é caseira. Já o réveillon e o carnaval são festas populares, mas só atrai o público para as ruas se houver shows específicos e, sobretudo, muito barulhentos principalmente para os jovens que adoram uma zoeira infernal, o tal lixo musical.