No
século XX, Mariana passou por dois ciclos econômico-sociais diferentes. O
primeiro, partir da década 1930 até 1960, quando o município tinha cerca de 10
a 20 mil habitantes, a atividade econômica de Mariana era sustentada pela
Fábrica de Tecidos São José, a Cia. Mina da Passagem, Mina Del-Rei, Central do
Brasil e o comércio varejista. A maioria da população tinha emprego e casa própria
ou alugada. Não havia déficit habitacional.
O
segundo ciclo econômico começou quando as empresas acima foram embora, fecharam
ou diminuíram suas atividades econômicas, causando desemprego no município. Por
falta de emprego, milhares de pessoas saíram de Mariana para outras cidades,
principalmente para Belo Horizonte ou São Paulo. Dezenas de casas ficaram vazias
e fechadas por falta de locatários: ninguém comprava, vendia ou alugava, pois
elas não valiam nada. Quem teve a coragem de não vender suas casas, hoje valorizadas,
está ganhando muito dinheiro com o aluguel delas.
Entretanto,
a partir da década de 1970, o advento das empresas mineradoras Samitri, Samarco
e Vale atraiu milhares de pessoas para Mariana em busca de empregos. Essa imigração
repentina causou um inchaço populacional precoce, provocando, além de um caos
social, um crônico e sempre insolúvel déficit habitacional. Inclusive, milhares de pessoas que moravam nos
distritos vieram também para Mariana em busca de empregos e educação. Antes, os
distritos tinham mais habitantes e eleitores do que a sede, pois eram eles que
decidiam a eleição municipal.
As
empresas mineradoras atraem muitas pessoas para Mariana, mas quase nada fazem
para construir casas para abrigá-las, deixando o abacaxi por conta de o
município resolver o problema social sozinho. Todos os prefeitos de Mariana,
sem exceção, desde 1973, tentaram em vão solucionar o problema da casa própria.
Não conseguiram e nem conseguirão. Durante
40 anos, construíram milhares de casas populares e os bairros mais populosos da
cidade surgiram em função dessa política de doação de casa que não resolve nada
e, o pior, agrava o problema social. É uma bola de neve!
Os
políticos de Mariana precisam deixar de lado essa vocação eleitoreira de resolver
o problema construindo casas para todo mundo. Nesse ritmo, Mariana brevemente
terá cem mil habitantes. Para evitar
esse precoce inchaço populacional, os nossos políticos precisam ser patriotas,
estadistas e conscientizar que, ao invés de construir novas moradias, é preciso
melhorar a péssima qualidade de vida dos que já moram aqui há muitos anos, fazendo
o indispensável e científico tratamento da água, dos esgotos, dos rios, melhorando
a precária qualidade da saúde, da educação e da segurança pública de nossa
comunidade.