domingo, 29 de dezembro de 2013

Ideologia: Direita ou Esquerda?

Virou mania nacional políticos fundarem partidos com a denominação ideológica de “partidos de esquerda” ou “partidos de centro-esquerda”.
Ninguém quer fundar ou participar de “partido de direita”, um palavrão indigesto no jargão político. A propósito deste assunto, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo fez um interessante ensaio. Ele disse que se a esquerda não tem nenhum problema em assumir-se como tal, por que a direita tem? Isso não faz bem à política brasileira, admite. Contribui para disfarçar tendências e embaralhar o quadro partidário.
Na França, explica, onde se inventaram os conceitos de “esquerda” e “direita”, não existe esse pudor. “Sou de direita”, confessa-se, com a mesma naturalidade com que o outro lado se declara de “esquerda”. Os direitistas são defensores da ordem e do status quo e se orgulham disso. Há também a extrema-direita, liderada por Jean Marie Le Pen e defensora de bandeiras racistas, e estas sim tem adeptos envergonhados, que jamais dirão em quem votam. Mas o eleitor de Jacques Chirac não tem problemas em se assumir como de “direita”, nem, antes dele, tinha o eleitor do general De Gaulle.
No Brasil, “direita” é praga. “Esquerda” é uma qualidade não só aceita como desejada, “centro-esquerda” também tem potencial para acolher multidões e “centro” não fica atrás. Já “direita”... Mais fácil encontrar quem se diga a serviço de Satanás.
No entendimento de Pompeu de Toledo, os conceitos de direita e esquerda, por mais que se procure desvalorizá-los, nestes últimos tempos, ainda são úteis para marcar posições e clarear o jogo político.
Aqui em Mariana, Direita e Esquerda são apenas um jargão político sem conotação ideológica. No passado, só serviu para identificar o fanatismo político de membros de duas facções tradicionais que se revezaram no poder durante todo o século XX. Hoje, a partir do século XXI, estão todos juntos ou misturados...

sábado, 7 de dezembro de 2013

Expansão urbana X Mobilidade urbana

Desde quando as empresas mineradoras vieram para Mariana há 40 anos, quase todos os prefeitos construíram milhares de casas populares tentando em vão solucionar o problema da falta de moradia para todos. Não conseguiram e jamais conseguirão. É uma bola de neve. Mariana já se transformou numa mini Serra Pelada aonde todos vêm buscar emprego na mineração e casa própria para morar, provocando este precoce e temível inchaço populacional e o caos social.
Os políticos marianenses, prefeitos e vereadores, receosos de perder votos e eleição, ao invés de dificultar estimulam a vinda de muita gente para cá prometendo sempre a construção de novas moradias.
À exceção do imenso latifúndio improdutivo localizado em áreas de risco sujeitas a inundações de rios e a desmoronamentos de encostas, impróprias para a construção de conjuntos habitacionais, Mariana não tem mais espaço físico seguro para construção de novas moradias. Os políticos populistas acham que a solução ideal seria construir novas moradias nos nossos distritos. A esses políticos devemos lembrar que a maioria da população saiu dos distritos para morar em Mariana justamente por causa da falta de condições sociais, econômicas e educacionais para neles viver independentemente da cidade.
Por ser uma cidade histórica, ao contrário de cidades modernas, Mariana, para se adequar à expansão urbana, teria que sofrer transformações radicais no seu tecido urbano como o alargamento de ruas e avenidas, construção de edifícios, viadutos e metrôs subterrâneos. Hoje temos em torno de 60 mil habitantes, milhares de veículos circulando por nossas estreitas vias. Não há solução mágica capaz de conciliar expansão urbana com mobilidade humana e veicular, numa cidade histórica e tombada pelo IPHAN.
Dirigir hoje em Mariana é um suplício, principalmente para a grande maioria da população que mora longe do centro histórico da cidade onde não há estacionamento para todos e onde estão localizadas as principais repartições públicas e privadas, bancos e o comércio em geral. Conclusão: quanto maior for a expansão urbana, pior ficará a mobilidade urbana, constituída de veículos e pedestres.
Já escrevi neste blog e repito: os políticos de Mariana precisam deixar de lado essa demagogia eleitoreira de que resolve o problema social da cidade apenas construindo mais casas para todo mundo. Nesse ritmo, Mariana terá em breve mais de 100 mil habitantes. A cidade não tem espaço físico suficiente para caber tanta gente e tantos veículos trafegando ao mesmo tempo por nossas vias estreitas.
Nossos políticos precisam ser patriotas, estadistas e conscientizar que, ao invés de construir novas moradias, é obrigação deles não só melhorar a qualidade de vida dos que já moram aqui e pagam impostos há muitos anos, mas também fazer o fundamental em favor da saúde pública, pois é uma vergonha que a cidade mais antiga de Minas ainda não tenha o indispensável tratamento cientifico da água, dos esgotos, dos rios, nem a existência de um abatedouro municipal decente, ou seja, providências urgentes para melhorar a qualidade da saúde, da educação e da segurança pública de nossa comunidade.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Casa Conde de Assumar

Ministério Público recomenda obra imediata em Mariana*

Gustavo Werneck

Proteção para um dos prédios mais importantes de Mariana a primeira vila, cidade e diocese de Minas. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à prefeitura local que, no prazo de 15 dias, elabore um projeto para obras emergenciais no imóvel denominado Casa Conde de Assumar, em especial o escoramento de toda a edificação, bem como a proteção com lona nos locais que sofreram desmoronamento. Assim que aprovado o projeto pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), as obra deverão ser realizadas em até 20 dias. (...)
Localizada na Rua João Pinheiro, nos fundos da igreja de São Francisco, no Centro Histórico de Mariana, a 115 quilômetros de Belo Horizonte, a casa Conde de Assumar se encontra em avançado estado de degradação – o Estado de Minas mostrou o problema em reportagem publicada em junho do ano passado. Na época, o IPHAN chegou a notificar a Ordem Terceira de São Francisco, proprietária do casarão, e a prefeitura, que recebeu o imóvel em regime de comodato, sobre a necessidade urgente de obras de reparação. A municipalidade, então, se comprometeu a realizar um projeto de restauro para a realização das obras emergenciais.
Um ano depois, de acordo com o MPF, nenhuma providência foi tomada. “Novamente, o IPHAN exortou a prefeitura a tomar as medidas de salvaguardas do imóvel até que seja possível a restauração de fato, mas os pedidos continuaram ignorados. Ainda que esteja prevista a destinação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas para a reforma, o processo de arruinamento é tão grave que não será possível esperar o inicio das obras incluídas no programa federal.
A proximidade do período de chuvas só tende a agravar ainda mais a situação”, disse ontem o procurador da república Bruno José Silva Nunes. Ele explicou que vistorias no imóvel indicaram que ações simples, como o escoramento com lona, podem deter a desintegração do que restou da fachada.
“Se não se adotar medidas imediatas para evitar a desintegração da estrutura, de nada adiantarão os recursos federais para a restauração do imóvel. Quando o processo for concluído poderá ser tarde demais”, destacou Bruno. O MPF recomendou também que a prefeitura tome outras medidas que se fizerem necessárias para preservar a integridade da casa Conde de Assumar, como o isolamento provisório da edificação, afixação de sinalização educativa e instalação de vigilância permanente, para evitar invasão ou depredação por terceiros. Caso a prefeitura não tome medidas, o IPHAN deverá asssumir a responsabilidade pela execução.
Em nota, o prefeito Celso Cota informou que ainda não recebeu a notificação e que, desde que assumiu o governo, vem demonstrando preocupação com a preservação do patrimônio histórico “tanto que se empenhou para incluir o município no PAC 2 das Cidades Históricas e conseguiu assegurar o maior volume de recurso federal em Minas Gerais: R$ 67 milhões”.
Sobre a recuperação da Casa Conde de Assumar, interditada desde 2011, ele disse que vai “determinar a elaboração do projeto de escoramento do imóvel, mas, o mais importante é que já estamos preparando o edital para a licitação das obras de recuperação”.
*Fonte: jornal “Estado de Minas”, de 03.12.2013.