domingo, 12 de maio de 2013

Expansão urbana


No século XX, Mariana passou por dois ciclos econômico-sociais diferentes. O primeiro, partir da década 1930 até 1960, quando o município tinha cerca de 10 a 20 mil habitantes, a atividade econômica de Mariana era sustentada pela Fábrica de Tecidos São José, a Cia. Mina da Passagem, Mina Del-Rei, Central do Brasil e o comércio varejista. A maioria da população tinha emprego e casa própria ou alugada. Não havia déficit habitacional.
O segundo ciclo econômico começou quando as empresas acima foram embora, fecharam ou diminuíram suas atividades econômicas, causando desemprego no município. Por falta de emprego, milhares de pessoas saíram de Mariana para outras cidades, principalmente para Belo Horizonte ou São Paulo. Dezenas de casas ficaram vazias e fechadas por falta de locatários: ninguém comprava, vendia ou alugava, pois elas não valiam nada. Quem teve a coragem de não vender suas casas, hoje valorizadas, está ganhando muito dinheiro com o aluguel delas.    
Entretanto, a partir da década de 1970, o advento das empresas mineradoras Samitri, Samarco e Vale atraiu milhares de pessoas para Mariana em busca de empregos. Essa imigração repentina causou um inchaço populacional precoce, provocando, além de um caos social, um crônico e sempre insolúvel déficit habitacional.  Inclusive, milhares de pessoas que moravam nos distritos vieram também para Mariana em busca de empregos e educação. Antes, os distritos tinham mais habitantes e eleitores do que a sede, pois eram eles que decidiam a eleição municipal.  
As empresas mineradoras atraem muitas pessoas para Mariana, mas quase nada fazem para construir casas para abrigá-las, deixando o abacaxi por conta de o município resolver o problema social sozinho. Todos os prefeitos de Mariana, sem exceção, desde 1973, tentaram em vão solucionar o problema da casa própria.  Não conseguiram e nem conseguirão. Durante 40 anos, construíram milhares de casas populares e os bairros mais populosos da cidade surgiram em função dessa política de doação de casa que não resolve nada e, o pior, agrava o problema social. É uma bola de neve!
Os políticos de Mariana precisam deixar de lado essa vocação eleitoreira de resolver o problema construindo casas para todo mundo. Nesse ritmo, Mariana brevemente terá cem mil habitantes.  Para evitar esse precoce inchaço populacional, os nossos políticos precisam ser patriotas, estadistas e conscientizar que, ao invés de construir novas moradias, é preciso melhorar a péssima qualidade de vida dos que já moram aqui há muitos anos, fazendo o indispensável e científico tratamento da água, dos esgotos, dos rios, melhorando a precária qualidade da saúde, da educação e da segurança pública de nossa comunidade.