terça-feira, 25 de junho de 2013

Brasil Nervoso

 Fica cada dia mais difícil, sinceramente, confiar na palavra “popularidade”. O dicionário não ajuda: o que está escrito lá dentro não combina com o que se vê aqui fora. Os institutos de pesquisa ajudam ainda menos – seus números informam o contrário do que mostram os fatos. As teses do PT, enfim, não servem para nada. Garantem, por exemplo, que a ladroagem, as mentiras e a incompetência sem limites do governo só afetam uma pequena minoria que lê a imprensa livre – a “direita”, os “inconformados” etc. Quando a rua fica brava, como agora, fingem ignorar o que está na cara de todos: que a ira popular vem da acumulação dos desastres noticiados por essa mesmíssima imprensa. É simples. A presidente da República, que continua sendo apresentada como a governante mais popular que o Brasil jamais teve, não pode colocar os pés num campo de futebol em Brasília. Ia fazer isso, como previa o programa oficial, no jogo de abertura da Copa das Confederações, no dia 15 de junho. Desistiu ao ouvir a robusta vaia que o público lhe socou em cima logo ao aparecer no estádio – teve de ficar trancada no cercadinho das autoridades, seu habitat protegido de sempre. Para não receber uma vaia ainda pior, também desistiu de fazer o discurso solene escrito para a ocasião. Pergunta: se a presidente Dilma Rousseff não pode aparecer nem falar em público, onde foi parar aquela popularidade toda?
   O problema, no caso, é que se tratava de público de verdade – e não desses blocos que o PT monta para fazer o papel de povo, transporta em ônibus fretados com dinheiro público e premia com lanche grátis, em troca de palmas para a presidente. Dilma tentou chegar perto do povo brasileiro que existe na vida real; foi um fiasco, e ela terá de lidar agora com o pânico dos magos da “comunicação” e “imagem” que fabricam diariamente a sua popularidade. Há alguma coisa muito errada nisso tudo. Para que servem todas as pesquisas de aprovação popular e a fortuna que o governo gasta em propaganda se a rua demonstra que não está aprovando nada, nem acreditando no que a publicidade oficial sobre o Brasil Carinhoso lhe conta? A primeira explicação do Palácio foi uma piada: as vaias foram dadas pela “classe média alta” que estava no estádio no dia do jogo inicial. Mas exatamente naquela mesma hora, do lado de fora, a polícia estava baixando o sarrafo numa multidão irada que protestava contra os gastos cada vez mais absurdos, a inépcia e a roubalheira frenética nas obras da Copa de 2014 – que o ex-presidente Lula, Dilma e o PT consideram a suprema criação de seus dez anos de governo. A essa altura, no mundo real, a casa já tinha caído.
   O Brasil Carinhoso que existe nas fantasias do governo havia cedido lugar, desde a semana anterior, ao Brasil Nervoso que existe na realidade – nervoso, enraivecido, violento, destrutivo, irracional e exasperado contra tudo o que acontece de ruim no seu cotidiano. Sua revolta começou contra um aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus de São Paulo, decidido pela estrela ascendente do PT, o prefeito Fernando Haddad. Abriu espaço, como sempre, para marginais – gente que quebra tudo, incendeia e rouba TVs de tela plana de lojas saqueadas. Vazou rapidamente para outras trinta grandes cidades e continuou durante toda a semana passada, já envolvendo um universo de 250 000 pessoas, ou mais, e colocando à luz do sol uma revolta que ia muito além de protestos contra tarifas de transporte e atos criminais. Seu recado foi claro: o rei está nu. O povo está dizendo que este rei – o governo de farsa montado por Lula há mais de dez anos – rouba, mente, desperdiça, não trabalha, trapaceia, vai para cama com empreiteiras de obras, entrega-se a escroques, cobra cada vez mais imposto e fornece serviços públicos que são um insulto ao país. Acha que pode comprar o povo com fornos de micro-ondas e outros badulaques de marquetagem. É covarde e hipócrita: depois de provar por A + B que o aumento das passagens era indispensável, a prefeitura paulistana, apavorada, provou por A + B que não era, e cedeu a quem chamava de “baderneiros”. Dilma, por sua vez, elogiou a todos, dos manifestantes à polícia, e correu para pedir instruções a Lula – mas não admitiu que seu governo tenha a mais remota culpa por qualquer das desgraças que levaram o povo às ruas. Espera-se que a revolta se desfaça sozinha, como em geral acontece com movimentos que não têm objetivos claros, liderança e disciplina – e volte à sua sagrada popularidade. Pode ser mais difícil, desta vez.       

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Hinos banalizados e desrespeitados

Quando estudei o curso primário na EE. Dom Benevides, na década de 1950, os alunos daquele tradicional estabelecimento de ensino tinham aulas de música ministradas pela vice-diretora e professora pianista Carmita Motta Gomes que tocava o piano que pertencia à Escola, valioso instrumento de cordas que misteriosamente desapareceu dali, sumiu... Nessas aulas, os alunos aprendiam a cantar a letra e música dos hinos Nacional, da Bandeira, da Independência e o de Mariana. Ao contrário de outros estados brasileiros, Minas Gerais, até hoje, não tem o seu hino oficial.
Esses hinos eram tocados ou cantados somente em datas históricas importantes e em solenidades militares, cívicas, religiosas, educacionais e culturais, diante de hastear de bandeiras. Hoje, em qualquer pelada de futebol nos campeonatos estaduais e brasileiro, em meio a vaias e desrespeito, os hinos estaduais e nacional são tocados ou cantados diante de torcedores e jogadores que nunca aprenderam na escola a letra e a música de nossos hinos mais importantes.  
Nessas ocasiões, o ideal seria tocar apenas o hino dos dois clubes disputantes, sejam em partidas entre clubes brasileiros ou com estrangeiros, pois qualquer torcedor fanático sabe cantá-lo corretamente.  Quando houver partidas de futebol entre seleções que representam países, o hino nacional deve ser cantado por todos. Nesse momento, o fervor cívico e patriótico dos brasileiros extravasa de fato. Detesto, nesses momentos, quando os organizadores de eventos cívicos ou esportivos convidam uma personagem conhecida para cantar solo o hino nacional mudando o compasso da música e fazendo arranjos musicais estapafúrdios, descaracterizando-o e, pior, impedindo o direito cívico de todos cantarem o nosso hino nacional.  
O hino nacional brasileiro, como todos sabem, é longo e tem duas partes musicais iguais, porém com letras diferentes. Para não demorar muito tempo, nos eventos esportivos é praxe só cantar a primeira parte do hino. Este ano, os organizadores da Copa das Confederações tiveram a cara de pau de diminuir pela metade a primeira parte do hino. Em represália a essa falta de respeito da FIFA para com o nosso hino nacional, a torcida brasileira cantou a capela o resto da primeira parte, um momento sublime de emoção cívica que emocionou a todos nós brasileiros. Esse fato desrespeitoso aconteceu nas três vezes que o Brasil jogou. O governo brasileiro e a CBF devem protestar contra essa vergonhosa afronta ao nosso hino praticada impunemente dentro do nosso país. Um absurdo!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Lançamento do livro "Para sempre Bagdá"

Márcio Valadares Vasconcelos conta suas experiências no Iraque em guerra
A Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras recebe MÁRCIO VALADARES VASCONCELOS, hoje, 14 de junho, às 19h30, na sede da instituição (rua Frei Durão, 84-Centro Histórico) para palestrar sobre “Momentos marcantes da sua história no Iraque” e lançar o livro de sua autoria Para Sempre Bagdá.
Márcio Nogueira Valadares Vasconcelos, advogado, poeta e escritor, nasceu em Belo Horizonte. Em 1979, aceitou o desafio de trabalhar na consultoria jurídica da construtora Mendes Junior no Iraque. Logo depois, eclodiu a guerra Iraque-Irã que Márcio vivenciou, por oito anos.  Em seguida, deu-se a crise do Golfo de 1990, culminando em conflito com os Estados Unidos e aliados. Enfrentou desafios profissionais e viagens a diversos países, pela empresa.  Tudo isto dentro de um contexto quando o autor residiu no Iraque trabalhando com outros brasileiros que fizeram história nas terras mesopotâmicas. Dois dos seus filhos são nascidos às margens do Rio Eufrates. 
  Para Sempre Bagdá revela momentos marcantes da história contemporânea do Iraque, com mensagens e reflexões de alcance universal, sem ser mero livro de história. Descortina tradições islâmicas e aspectos culturais, políticos e ideológicos em guerras de Saddam Hussein. São estórias dentro da história, dela inseparáveis.  Ficção e não ficção se mesclam, em perfeita harmonia. O autor se projeta como narrador e protagonista de fatos vividos, não raro ao lado de personagens que parecem reais, sem desprezar o tempero da fantasia e do humor, na dose certa, para tornar gostosa a leitura da obra.
 O diplomata Carlos Alberto Reis, com quem conviveu no Iraque e prefaciador do livro, diz “Se escrever é sempre recordar, deixando indeléveis suas memórias, Márcio conseguiu o que queria: tornou-se livro para o mundo”. A historiadora marianense Margareth Marton vislumbra, com muita razão, a forma poética de que se reveste “Para sempre Bagdá” ao afirmar “estas memórias, tão poeticamente escritas”.
Para o presidente da Academia Marianense de Letras, prof. Roque Camêllo, “Para Sempre Bagdá – Memórias vivas de um Tempo de Guerra é um livro rico de informações sobre um dos países mais importantes da história da humanidade. A narrativa é bem elaborada, criativa, com uma linguagem escorreita e recheada de informações importantes sobre outra civilização. Prende-nos e nos faz refletir sobre a importância da liberdade e o direito de ir e vir. Valadares Vasconcelos é um escritor talentoso que conquista e enriquece o leitor com suas experiências de vida junto a sua família, sozinho ou liderando milhares de trabalhadores em terras tão distantes. Vale a pena conversar com o escritor e saborear seu livro porque foi ele testemunha viva de um tempo.”