sábado, 21 de junho de 2014

Copa do mundo

Memória esportiva

Acompanho a Copa do Mundo desde 1950 quando há 64 anos ela foi realizada pela primeira vez aqui no Brasil e eu tinha apenas 9 anos de idade. Naquela época, o Brasil era ainda um país muito atrasado, existiam nele somente duas emissoras de rádio que transmitiam jogos de futebol: a Rádio Nacional e a Rádio Continental, ambas sediadas no Rio de Janeiro e aqui sintonizadas. Havia também duas incipientes emissoras de televisão: a TV Tupi no Rio e a TV Record em São Paulo, ambas transmitiam imagens apenas para as duas cidades e que ainda não tinham condições tecnológicas para transmitir uma Copa.

Os brasileiros só tinham duas opções: ou irem aos estádios, atualmente chamados de arenas, ou então escutar as transmissões através do rádio. Os jornais do Rio e de São Paulo só chegavam aqui em Mariana com dois dias de atraso, enquanto os de Belo Horizonte só chegavam no dia seguinte. A qualidade de som das emissoras de rádio não era boa, havia muitos ruídos produzidos por receptores de sinais de rádio devido à interferência da eletricidade da atmosfera.

A derrota do Brasil para Uruguai no final da Copa, quando então a perdemos de forma melancólica, teve péssima repercussão para nós marianenses, pois o dia fatídico ocorreu justamente no dia 16 de julho, quando Mariana comemorava os seus 254 anos de existência. Naquela época, as comemorações eram apenas religiosas como a procissão da padroeira Nossa Senhora do Carmo e esportivas como jogos de futebol do Marianense e do Guarany contra adversários visitantes e também do tradicional baile na sede do Marianense e a famosa retreta da Banda União XV de Novembro no Coreto do jardim.

Com a derrota, as solenidades civis foram canceladas, a cidade, ainda muito pequena com menos de dez mil habitantes, triste e vazia, virou um velório. Foi, sem dúvida, uma triste memória de minha infância que jamais esquecerei!

sábado, 7 de junho de 2014

Uma breve história de Pedro Aleixo*

“Parto para a Liberdade – Uma breve história de Pedro Aleixo" é um documentário de longa-metragem realizado pela equipe liderada pelo cineasta Jesus Chediak com patrocínio do Ministério da Cultura e de FURNAS.

O filme é destinado ao circuito comercial e será lançado - para convidados - em Belo Horizonte hoje, sábado, 07 de junho, às 21h30 (Sala Humberto Mauro - Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1537) e, em Mariana, amanhã, dia 08 de junho, domingo, às 15 horas, na sede da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras.
Em 2011, a Presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.486 que, em apenas dois artigos, corrigiu, simbolicamente, um grave episódio da História recente ao reconhecer a pessoa de Pedro Aleixo como Presidente do Brasil.
Constitucionalmente, deveria aquele marianense ter sucedido ao Presidente Costa e Silva após seu falecimento e do qual era o vice. Por ter-se oposto e se negado a assinar o lamentável e tristemente famoso Ato Institucional nº 5, Pedro Aleixo foi impedido de ocupar a Presidência da República. Segundo o desembargador Caetano Levi Lopes, membro da Academia Marianense de Letras, “Esta injustiça histórica, ecoou ao longo das décadas, mas agora, o povo brasileiro, por seus legítimos representantes, exercendo o poder a que se refere o parágrafo único do art. 1º da Constituição, aprovou um projeto que, sancionado pela Presidente da República, tornou-se a Lei 12.486, de 12 de setembro de 2011.”
O art.1º da Lei corrige a infeliz decisão dos militares e mostra a verdade nos seguintes termos: “O cidadão Pedro Aleixo, Vice-Presidente da República, impedido de exercer a Presidência, em 1969, em desrespeito à Constituição Federal então em vigor, figurará na galeria dos que foram ungidos pela Nação Brasileira para a Suprema Magistratura para todos os efeitos legais.”
As filmagens foram realizadas em Mariana, Ouro Preto, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. O documentário inclui filmes e peças iconográficas do acervo do Arquivo Nacional e do Arquivo Público de Minas, da Cinemateca Brasileira, do Jornal do Brasil, O Globo, Estado de São Paulo, Estado de Minas e Folha de São Paulo.
Foram colhidos os depoimentos de Rondon Pacheco, ex-chefe da Casa Civil de Costa e Silva e governador de Minas; dos senadores Pedro Simon e Bernardo Cabral; do coronel Affonso Heliodoro, colaborador e amigo próximo de Juscelino Kubitschek; do ex-ministro da Justiça e ministro do Supremo Tribunal Federal, Célio Borja; de Maristela Kubitschek, falando sobre a grande amizade de Pedro Aleixo devotada a Juscelino e vice-versa; do jornalista Carlos Chagas, ex-assessor de Comunicação Social de Costa e Silva; dos jornalistas Ziraldo, Tarcísio Hollanda, Sérgio Cabral e Rubem Azevedo Lima; do ex-presidente da Academia Mineira de Letras, Murilo Badaró, do presidente da Academia Marianense de Letras e ex-prefeito de Mariana Roque Camêllo, do ex-prefeito de Ouro Preto Ângelo Oswaldo, do Desembargador Caetano Levi Lopes, do então presidente da AMAGIS juiz Bruno Terra. Diversos populares das mesmas cidades, os filhos de Pedro Aleixo, Heloísa, padre José Carlos, Maurício e Sérgio Aleixo e universitários.
Ante o exposto, não há dúvida quanto a importância não só mineira, mas nacional, da pessoa de Pedro Aleixo como político (vereador em Belo Horizonte, Secretário de Estado, Presidente do Instituto dos Advogados, deputado Federal, ex-presidente da Câmara Federal, Ministro, vice e presidente da República), jornalista (fundador do Estado de Minas), professor catedrático, jurista e literato. Era um devotado democrata que teve a coragem de se posicionar contra a decisão militar que mergulhou o país numa dolorosa ditadura.
Para Roque Camêllo, “a memória de Pedro Aleixo precisa ser reverenciada sempre e sua trajetória de vida há de ser levada ao conhecimento das crianças e dos jovens brasileiros para que vejam nele um exemplo de honradez, dignidade e amor à pátria. Não só os marianenses, seus conterrâneos de nascimento, mas os mineiros e todos os brasileiros devem tê-lo como um grande defensor da democracia. Exatamente por isso, sofreu a injustiça de não poder exercer a Presidência da República, o que agora é simbolicamente reparado pela Lei Federal 12.486.”
*Texto de Merania de Oliveira, assessora de Comunicação da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras