sábado, 12 de dezembro de 2015

Uma noite natalina


Hoje, sábado, 12 de dezembro, às 20h, a CASA DE CULTURA-ACADEMIA MARIANENSE DE LETRAS (rua Frei Durão, 84 – Centro Histórico), terá um momento especial. Realizará o recital UMA NOITE NATALINA com o Grupo Travessura, do Departamento de Teatro da Casa de Cultura, e uma apresentação dos artistas do distrito de Bento Rodrigues, Zezinho do Bento e Oswaldo Apolinário (VIOLÃO) e Irene de Deus e Zezinho (CANTORES).

Será um momento para nos unirmos para que esta NOITE NATALINA seja, de fato, um momento de ESPERANÇA celebrando a VIDA.

O Grupo Travessura é formado por idosos. Alguns estão sendo alfabetizados através do teatro e da poesia, pois, nunca é tarde para aprender e realizar sonhos, enquanto os artistas do Bento nos oferecem uma lição de superação, alegria e equilibro.
Venha participar conosco.
 
*Fonte: texto de Merania de Oliveira

sábado, 5 de dezembro de 2015

Diocese de Mariana - 270 Anos!

Celebração dos 270 anos de criação da Diocese de Mariana, a primaz de Minas Gerais

Programação

Dia 05 de dezembro – Sábado

19 horas – Celebração Eucarística na Catedral Basílica

20 horas – Sessão Solene

Lançamento do livro Sé de Mariana: Monumento de fé, devoção e arte

Conferência do Dr. Roque Camêllo

Lançamento do canal repetidor da TV Horizonte em Mariana


Dia 06 de dezembro – Domingo

10 horas – Celebração Eucarística Solene na Catedral Basílica

Ao final lançamento do selo comemorativo

12,30 horas – Concerto ao órgão aberto ao público


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O Mapa da destruição

Acompanhada de um biólogo, a revista Veja fez uma reportagem especial sobre a tragédia de Mariana. O texto da matéria é de autoria do jornalista Pieter Zalis. Como a reportagem é longa , extraí trechos que, no meu entendimento, são interessantes e importantes.
(...) Na semana passada, VEJA percorreu mais de 700 quilômetros entre Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana (MG), onde fica a barragem , e Regência, no município de Linhares (ES), para desenhar a cartografia do desastre, sobretudo ambiental, que atingiu a região. Com o objetivo de registrar, com apuro científico, os danos à natureza, a revista convidou para a expedição o biólogo André Ruschi, mestre em ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretor do Instituto Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi (ES). São dele as análises que aparecem ao longo desta reportagem. Na infância, o biólogo capixaba, de 60 anos, já acompanhava o pai, o naturalista Augusto Ruschi, um dos pioneiros do ambientalismo no Brasil, em seus estudos pela bacia do Rio Doce, dramaticamente atingida pelo acidente.
 
(...) Os 62 bilhões de litros de rejeitos despejados na região pelo acidente – o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas – levaram pouco mais de duas semanas para percorrer 879 quilômetros até Linhares. Cento e vinte nascentes foram soterradas no caminho, pelo menos doze pessoas morreram (onze ainda estão desaparecidas) outras 600 perderam suas casas e mais de 300 mil tiveram o abastecimento de água prejudicado. Alguns especialistas levantam a hipótese de que a região onde se encontrava o subdistrito de Bento Rodrigues vire um deserto. O resíduo de mineração é tóxico, ou seja, nada mais crescerá por ali. A maior preocupação dos ambientalistas, no entanto, é mesmo com a bacia do Rio Doce, que abastece meio milhão de pessoas e já sofria com o assoreamento antes do desastre. Os rejeitos e a lama vindos da barragem devem agravar o problema, dificultando o acesso de pescadores e a entrada de peixes que se reproduzem naquela área. Como a lama acaba com a transparência da água, impedindo que a luz chegue ao fundo, e obstrui a absorção de oxigênio, ela sufoca os peixes, além de bloquear a fotossíntese das plantas. Depois do rompimento da barragem, sobraram apenas 500 metros de água limpa – distancia entre a nascente e a mineradora. Não se avista pelo caminho a movimentação de peixes nem de anfíbios. Aves comuns à região, como as garças, só são vistas esporadicamente em áreas que deveriam estar servindo de celeiro para ninhos durante a época de procriação. Os crustáceos também desapareceram, e a enorme quantidade de conchas encontradas ao longo do caminho revela que os pequenos moluscos também foram mortos pela tragédia. “Antes, devido à poluição humana, o Rio Doce já precisava ser recuperado. Agora, o dever é ressuscitá-lo”, diz Ruschi.
 
(...) Apesar de a Samarco afirmar que o rejeito que se espalhou não é tóxico, pois é composto basicamente de sílica (areia) proveniente do beneficiamento de minério de ferro, laudos de prefeituras e órgãos responsáveis pelo tratamento de água em Minas Gerais e no Espírito Santo apontaram níveis elevados de arsênio, chumbo, cromo, bário, manganês e outros metais pesados. Na ultima quarta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um comunicado desmentindo a empresa. Segundo o órgão, “novas evidências” atestam que o resíduo é tóxico e contém alta concentração de metais e componentes químicos prejudiciais à saúde humana. Por meio de nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, a Samarco reiterou: “Laudos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e da empresa especializada SGS Geosol atestam que os rejeitos não oferecem riscos a saúde humana e ao meio ambiente. Análises dos sedimentos do Rio Doce e do rejeito proveniente da barragem de Fundão, operada pela Samarco, mostram que em nenhum dos materiais há aumento da presença de metais que poderiam contaminar a água”. As informações desencontradas e a desconfiança levaram um grupo de ambientalista a iniciar um movimento na internet para custear a produçao de relatório de impacto ambiental independente.
Depois do acidente, ficou claro que a Samarco, uma joint venture da brasileira Vale com a anglo-australiana BHP Billiton, estava informada dos riscos de ruptura da barragem de Fundão. Na sexta-feira, 27, o governo federal e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo anunciaram uma ação judicial de 20 bilhões de reais contra o trio de empresas.
 
Tragédia anunciada
Em 2013, a Samarco foi avisada de problemas pelo Instituto Prístino, uma organização sem fins lucrativos que realizou estudos no local a mando do Ministério Público Estadual. Alguns anos, em 2009, a empresa Rescue Training International (RTI) já tinha sido contratada pela própria Samarco para prestar consultoria na área de emergência. Na ocasião, foi sugerido realizar as medições com apoio de telemetria. Essa tecnologia permite monitorar ininterruptamente qualquer movimentação dentro da barragem, como índice de chuvas, quantidade de rejeitos químicos ou deslizamento de terra. O plano ficou engavetado porque era caro. Muito provavelmente, houve negligência combinada com as precárias regulamentações brasileiras no setor de mineração. Mesmo em países em grau similar de desenvolvimento, como Chile e Rússia, já não permitem barragens como as existentes na região de Mariana. Tecnologias mais modernas possibilitam, por exemplo, o espessamento dos rejeitos ao eliminar até 90% da água contida na lama, dispensando a necessidade de enormes barragens. “As técnicas brasileiras são antiquadas”, diz Roberto Galery, professor do Departamento de Engenharia de Minas da Escola de Engenharia da UFMG. “Temos um país extrativista com baixíssimo investimento em tecnologia”, acrescenta.
 
Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que, no ano passado, pouco mais de 30% das 735 barragens existentes em Minas Gerais foram inspecionadas. Na última década, o estado sofreu cinco rompimentos de barragens. A frouxa fiscalização da atividade de mineração parece ser um reflexo perverso da dependência. Nada menos do que 60% das exportações do Brasil são commodities. O setor mineral sozinho representa 21% do total das exportações. No município de Mariana, 80% da arrecadação é proveniente da atividade mineradora, o que levou o prefeito Duarte Júnior (PPS) a declarar que, sem ela, a cidade “fecha as portas”.

sábado, 14 de novembro de 2015

Para que não se repita a tragédia em Mariana


Entenda como técnicas mais modernas de tratamento de resíduos da mineração poderiam ter impedido que o distrito de Bento Rodrigues fosse varrido do mapa
Por Eduardo Gonçalves, Nicole Fusco e Talyta Vespa

Com 317 anos, o distrito de Bento Rodrigues, na cidade mineira de Mariana, era um dos mais importantes da região. O vilarejo de 600 habitantes fez parte da rota da Estrada Real no século XVII e abrigava igrejas e monumentos de enorme importância histórica. Em 5 de novembro, um tsunami de lama a varreu do mapa o distrito em onze minutos. Dez mortes foram confirmadas até a tarde de sexta-feira e dezoito pessoas seguiam desaparecidas. A onda devastou outros sete distritos de Mariana e contaminou os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce. Moradores de cidades em Minas e no Espírito Santo tiveram a rotina afetada por interrupções no abastecimento de água. O destino final da lama deve ser o mar do Espírito Santo, onde o Rio Doce tem sua foz. O que causou a tragédia foi o rompimento de duas barragens no complexo de Alegria, da mineradora Samarco. As barragens continham rejeito, o resíduo não tóxico resultante da mineração de ferro. Tamanha destruição poderia ter sido evitada com o uso de novas técnicas para o tratamento de resíduos de mineração.

Eram três as barragens de rejeito em Alegria: a de Germano, a de Fundão e a de Santarém. Todas operavam segundo o sistema de aterro hidráulico, tradicional e empregado em todo o mundo. Ele conta com a ação da gravidade para fazer com que os resíduos separados do ferro escoem até bacias. A parte frontal dessas bacias é feita de areia, para filtrar a água. A principal hipótese levantada pelos técnicos é que nas barragens de Mariana tenha ocorrido o processo de liquefação, que se dá quando essa camada arenosa externa, em vez de expelir, retém a água. Uma variação brusca na pressão interna do depósito de rejeito pode então transformar areia em lama, que não consegue mais conter os resíduos que estão atrás. Isso explicaria o rompimento da barragem de Fundão — o que arrasou a de Santarém e tudo o mais que havia pela frente. Dois abalos sísmicos de pequena magnitude registrados na região pouco antes da tragédia podem ter acarretado a mudança de pressão na barragem — hipótese que também precisa de comprovação.

O Ministério Público de Minas Gerais e a Polícia Civil abriram inquéritos para apurar as causas do desastre, mas uma resposta satisfatória não deve vir antes de seis meses. Um laudo técnico elaborado pelo Instituto Prístino, de Minas Gerais, a pedido do Ministério Público alertava em 2013 para os riscos na barragem do Fundão, justamente a primeira a se romper em Mariana. O estudo destacava a proximidade entre a barragem e o local de descarte de rochas sem minério da Mina de Fábrica Nova da Vale. “Esta situação é inadequada para o contexto de ambas as estruturas, devido à potencialização de processos erosivos", diz o documento. É evidente que houve negligência, ou no monitoramento ou na operação do empreendimento.
O texto não aponta irregularidades, motivo pelo qual a renovação da licença ambiental da barragem foi concedida à mineradora naquele ano. Faz, contudo, recomendações que elevariam o padrão de segurança da barragem. De acordo com o MP, a Samarco seguiu o indicado – o que não a isentará de ser responsabilizada pelo ocorrido. "É evidente que houve negligência, ou no monitoramento ou na operação do empreendimento", afirma o promotor do Meio Ambiente de Minas Gerais Carlos Eduardo Ferreira Pinto. "Um rompimento dessa magnitude não acontece do dia pra noite. Houve falha no monitoramento", completa. A Samarco afirma que todas as suas licenças estavam em dia.

A legislação ambiental brasileira estabelece que empresas que exercem atividades com riscos conhecidos, como a mineração, assumem automaticamente o ônus por eventuais acidentes. Por isso, o monitoramento das barragens é um dos pontos críticos do empreendimento. Os rejeitos se acumulam, e os engenheiros vão ampliando as estruturas”, diz o professor de geologia de engenharia da USP Edilson Pissato. Há depósitos com 200 metros de altura. O de Fundão tinha 90 metros.

Além das multas em decorrência dos danos ao meio-ambiente, a Samarco deverá arcar com os custos da reconstrução da região atingida e com a indenização às pessoas afetadas. Só em Bento Rodrigues, a prefeitura de Mariana estima que a onda de lama tenha devastado o equivalente a 100 milhões de reais em ruas, prédios e pontes. A licença da mineradora na cidade foi embargada pelo governo estadual. Na sexta-feira, a Justiça de Minas Gerais bloqueou 300 milhões de reais da conta da mineradora para garantir o pagamento das indenizações.

Há técnicas mais modernas para lidar com o rejeito, que usam filtros para garantir sua drenagem. Seus custos podem encarecer a exploração de uma jazida em até seis vezes. “Por isso, as mineradoras acabam assumindo o risco de usar os processos tradicionais”, diz Pissato.

11 de setembro da mineração
A ONG francesa International Commission on Large Dams (Icold) calcula que ocorrem em média dois rompimentos como o de Mariana por ano no mundo. A tragédia em Minas já é classificada como o “11 de setembro” do setor de mineração. Executivos do segmento esperam um endurecimento das regras para as mineradoras. “Depois de Mariana, ninguém mais vai conseguir licença para construir barragem sem filtro. A sociedade não vai aceitar mais correr esses riscos”, conclui o engenheiro e geotécnico Joaquim Pimenta de Távora. O novo Código de Mineração em tramitação na Câmara dos Deputados deve agora incluir emendas que obriguem as mineradoras a tratar os rejeitos – uma forma de evitar novas tragédias em um país em que há pelo menos outras 800 barragens como a de Mariana.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Prefeitura de Mariana: 100 milhões de prejuízo!


Prefeitura estima em R$ 100 milhões prejuízo com tragédia em Mariana
Valor consta em estudo preliminar encomendado à Secretaria de Obras e inclui perdas com destruição de pontes e casas. Seis mortes foram confirmadas até agora

A prefeitura de Mariana estima em pelo menos 100 milhões de reais o prejuízo provocado pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, que devastou a região e provocou pelo menos seis mortes até agora. O prefeito Duarte Júnior (PPS) informou que o valor consta de um estudo preliminar encomendado à Secretaria de Obras e inclui as perdas provocadas pela destruição de pontes e casas, além dos danos ambientais.
O prefeito teme ainda a queda na arrecadação municipal em decorrência do embargo da licença da Samarco - 80% da receita do município vêm da mineração, afirma. Segundo ele, a cidade é totalmente dependente da atividade e não há diversificação econômica na região. "Se parar a mineração, a cidade deixa de existir", diz. Segundo Duarte Júnior, a mineradora está prestando atendimento às vítimas e, até agora, tem cumprido todas as demandas da prefeitura.
Ele afirma que uma conta-corrente foi aberta para receber doações em dinheiro para as vítimas da tragédia e que 100.000 reais já foram depositados até agora. Segundo o prefeito, uma comissão com membros do Legislativo Municipal, da arquidiocese e de moradores da cidade será criada para administrar as doações e garantir que o dinheiro seja encaminhado aos cidadãos afetados. Mariana recebeu também diversas remessas de roupas e material de higiene. Duarte Júnior pede, inclusive, que as doações desse tipo de material diminuam, para permitir que os voluntários organizem e distribuam o que foi recebido até aqui.
 
140 casas para os desabrigados
Na tarde desta terça, o Ministério Público Estadual de Minas Gerais informou que a Samarco ofereceu 140 casas para abrigar provisoriamente os moradores do distrito de Bento Rodrigues, que tiveram as casas destruídas pela tragédia da semana passada. As moradias serão alugadas e ainda não são as habitações definitivas que os desabrigados devem receber. Todas ficam em distritos da cidade de Mariana.
 
Vítimas
O Corpo de Bombeiros resgatou nesta tarde o corpo da sexta pessoa morta na tragédia. A vítima ainda não foi identificada. Até agora, foram identificados quatro corpos, incluindo o da menina Emanuele Vitória Fernandes, de 5 anos. Além dela, tiveram as mortes confirmadas o funcionário da Samarco Claudio Fiuza, de 41 anos, e os empregados terceirizados da mineradora Aparecido Leandro, de 48 anos, e Sileno Narkevicius de Lima, 47 anos.
Restam ainda 21 pessoas desaparecidas: onze funcionários e dez informados pelos familiares. Durante a tarde, Afonso Augusto Alves, de 54 anos, morador do distrito de Camargos que estava na lista de desaparecidos, apresentou-se no posto de Comando das Operações e está alojado na casa de familiares. Há 631 pessoas hospedadas em hotéis.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Se as barragens tivessem rompido à noite, todos morreriam!


'Se a barragem tivesse rompido à noite, todos teriam morrido', diz prefeito de Mariana

Duarte Júnior afirma que a Samarco não avisou a população sobre rompimento – e que moradores de Bento Rodrigues foram salvos pela solidariedade dos vizinhos
 
O prefeito de Mariana(MG), Duarte Júnior fala sobre as medidas tomadas após o rompimento de barragem da mineradora Samarco, no distrito de Bento Rodrigues
 
"Sem mineração, Mariana acaba. Essa catástrofe é muito maior do que se imagina".
Quando duas barragens da mineradora Samarco romperam na cidade mineira de Mariana na semana passada, destruindo com uma avalanche de lama diversos distritos da região, o prefeito Duarte Júnior (PPS) estava prestes a completar seu quinto mês no cargo: ele assumiu o posto em 10 de junho, no lugar de Celso Cota (PSDB), cassado depois de ser condenado por improbidade administrativa. Agora, o prefeito de 35 anos tem de administrar uma cidade abalada por aquela que já é considerada a maior tragédia ambiental da história de Minas Gerais - e lidar diariamente com o desespero dos moradores locais.
 
Ao site de VEJA, em entrevista a Carolina Farina, Duarte Júnior falou sobre o clima de medo que impera em Mariana, sobretudo no distrito de Bento Rodrigues, o mais afetado pela tragédia. "Não vejo a possibilidade de Bento se reerguer", afirma. Confira a entrevista a seguir:
 
Como está o relacionamento com a Samarco? A mineradora está prestando apoio à cidade?
A empresa sempre foi muito bem vista na cidade. Antes da tragédia, os funcionários tinham muito orgulho de trabalhar lá. Agora, fica difícil dimensionar o sentimento da população de Mariana quanto à Samarco. Mas, enquanto Executivo, posso dizer que até agora a empresa tem atendido tudo o que solicitamos: hotéis e casas para os afetados, helicóptero para o resgate. Eles estão pagando alimentação e estadia. Mas, para mim, a empresa nada mais faz do que sua obrigação, já que é responsável por tudo o que aconteceu.

Por que acredita que a Samarco seja culpada pela tragédia?
Eles afirmaram que tinham um plano estratégico de contingência em caso de rompimento das barragens e que esse plano foi aprovado. Mas que tipo de plano não prevê uma sirene ou um botão do pânico para avisar a população de que uma catástrofe ocorreu? Não se pode achar que haverá tempo de avisar a todos por telefone, que vão ligar e dizer que as pessoas têm cinco minutos pra sair de casa. Houve uma falha e é importante que a empresa assuma isso. Ainda vamos ter estudos para entender o porquê do rompimento da barragem, mas houve uma falha de comunicação que custou vidas. Os moradores com quem conversei dizem que tinham medo da barragem romper e já haviam levado essa questão à empresa, mas a Samarco lhes disse que era seguro.
 
Esse plano não passou pela prefeitura?
Não. Esse plano foi construído e apresentado ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do governo federal. Houve uma falha na forma como as coisas aconteceram: a Samarco não telefonou para ninguém, embora diga que sim. E ainda que tenham ligado, o sistema claramente falhou.
 
O saldo de mortos em Mariana é menor do que o comum em catástrofes ambientais dessa magnitude. A que se deve esse quadro?
Aos heróis de Mariana. Houve pessoas que saíram pelas ruas de Bento resgatando pessoas e avisando os vizinhos. Todos se ajudaram. Um funcionário de uma obra passou com seu caminhão recolhendo moradores. Outra jovem circulou pelo distrito em sua moto avisando a todos e levando pessoas até acabar a gasolina. Eles correram risco de vida para ajudar os demais. A solidariedade salvou as pessoas do distrito, porque não houve aviso da Samarco. De fato, o saldo de mortos é baixo tendo em vista que se trata de um distrito de 600 moradores. A tendência era que aquele povo tivesse sido dizimado. Se a barragem tivesse rompido à noite, teria morrido todo mundo. A solidariedade das pessoas me deixa muito satisfeito. Aliás, tenho dito que são os voluntários, e não a prefeitura, que têm tocado a cidade. Eles é que ficam aqui virando noite, organizando doações.

Acredita que será possível reconstruir a cidade?
Bem, vejamos o distrito de Bento Rodrigues, que tem uma importância histórica enorme para Mariana - era uma referência, muito bonito, turístico. Como leigo, não consigo ver possibilidade de Bento se reerguer. O que tem de lama lá é impressionante. As pessoas não querem voltar para lá. Elas perderam tudo, perderam entes queridos e sabem que há outra barragem de rejeitos sobre o distrito. Acho muito difícil ser reconstruído. Essa é uma percepção minha, mas ouvi pessoas com experiência em catástrofes e a avaliação é a mesma. Nem sei se a empresa tem condições de remover toda aquela lama. Já em Paracatu, embora tenha perdido 60% de sua infraestrutura, eu vejo maior possibilidade de reconstrução. Mas Bento tem uma importância muito grande e não pode simplesmente acabar. Precisamos estudar o que vai ser feito.

Qual pode ser o efeito futuro dessa tragédia?
Fico preocupado porque agora surgem pessoas dizendo que Mariana não pode mais comportar mineração. O município minera há cinquenta anos e nunca houve diversificação da atividade econômica. Todos os que já tiveram mandato têm culpa nisso, eu inclusive. Se a mineração acabar, minha arrecadação cairá tanto que não poderei manter os serviços básicos. Direta ou indiretamente, 80% da receita da cidade vêm da mineração. Sem mineração, Mariana acaba. Essa catástrofe é muito maior do que se imagina.

Qual a principal reivindicação das famílias afetadas pela tragédia?
Querem mais informações. Todos reclamam que a informação não chega aos parentes das vítimas, por isso agora todos os dados que forem repassados à imprensa terão antes de ser informados às famílias. Os moradores questionam como vão continuar vivendo, porque têm necessidades básicas e perderam tudo. O Ministério Público solicitou à Samarco que fizesse um repasse mensal para as pessoas afetadas. A empresa disse que, assim que receber o documento, tomará as providências.

De quanto será esse repasse?
Não houve uma definição. O ideal seria que o repasse fosse feito de acordo com a renda prévia de cada morador, para que as pessoas pudessem manter seu padrão de vida.

Como garantir que haverá punição aos responsáveis?
Tenho dito que estamos trabalhando em tópicos. O primeiro é achar sobreviventes. O principal objetivo é a vida. Mas, depois, tem de haver uma indenização aos familiares. A empresa tem que reconstruir tudo o que foi destruído, todos os distritos. A empresa tem que assumir que falhou - e que essa falha foi grave. A Samarco tem de assumir que errou e que esse erro vitimou pessoas que não poderiam ter sido vitimadas. Mas ainda que se puna a Samarco, não se pode extinguir a mineração.

sábado, 10 de outubro de 2015

Palestra de Adriano Espínola


Palestra do poeta, ensaísta e professor  Adriano Espínola na Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras

A Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, dentro das comemorações dos seus 53 anos, realizará a palestra do poeta, ensaísta e professor ADRIANO ESPÍNOLA, abordando o tema "O TRIUNFO DE EROS EM CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE” e o lançamento de seu livro “ESCRITOS AO SOL”. O evento será realizado hoje, dia 10 de outubro, às 19h, na sede da Academia, Rua Frei Durão, 84, Centro Histórico de Mariana.
A Academia foi criada, em 28 de outubro de 1962, por intelectuais mineiros entre os quais Waldemar de Moura Santos, Pedro Aleixo, Alphonsus de Guimaraens Filho, Salomão de Vasconcelos, José Mesquita de Carvalho, Cristóvão Breyner, Wilson Chaves, Dom Oscar de Oliveira, Maria Teixeira, Marly Moysés e outros. Além de seu objetivo de defender e promover o idioma nacional e o patrimônio histórico e artístico de Minas Gerais, realiza intercâmbio com intelectuais de outros Estados.
 
Adriano Espínola nasceu em Fortaleza, Ceará. É poeta e ensaísta. Exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará, na Université Stendhal Grenoble III (FR) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É mestre e doutor em literatura pela UFRJ. Escreveu, entre outros livros de poesia, Beira-Sol (Topbooks,1997), Praia provisória (Topbooks, 2002) e a antologia Escritos ao Sol (Record, 2015). Como ensaísta, é autor de As artes de enganar: um estudo das máscaras de Gregório de Matos (Topbooks, 2000) e Os melhores poemas de Sousândrade (Global, 2008). Radicado no Rio, pertence ao PEN Clube do Brasil e à Academia Carioca de Letras.
 
Para o crítico, Eduardo Portella, professor, escritor e apresentador da obra “Escritos ao Sol”, “Adriano Espínola amplia o horizonte poético sem esquecer a cidade, até ‘as esquinas futuras da cidade”, o taxímetro e sua bandeirada patética”. Como diz Portella, é “a difícil parceria do asfalto e do afeto”, e continua “ele se embrenha pelos sertões reais e imaginários, presentes ou passados, próximos e distantes, quando o sertanejo já não é ‘antes de tudo um forte’”.
Adriano estará acompanhado de sua esposa Moema e de expressivas personalidades como o presidente da Academia Mineira de Letras, Olavo Romano, e do advogado Rogério de Vasconcelos Faria Tavares, Supervisor de Comunicação Corporativa da FIAT AUTOMÓVEIS.
 
Texto: Merania de Oliveira - da Assessoria de Comunicação da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Um episódio e duas versões

Li nas páginas 48 e 49 do livro “Benjamim Lemos, a história de um marianense”,  patrocinado pela Câmara Municipal de Mariana e lançado recentemente pela sua família para comemorar o centenário de seu nascimento ocorrido em 31 de agosto de 2015, o seguinte episodio.

“Fim de expediente na prefeitura, Benjamim Lemos arrumou sua mesa e saiu apressado em direção à Cúria Metropolitana. Precisava se encontrar com Monsenhor Vicente Diláscio. Ia refletindo em algo que pudesse ser feito para impedir uma ação municipal que parecia inevitável. Pensou em Monsenhor Vicente por três razões: era seu amigo, era membro da Arquidiocese de Mariana e, por fim, amigo e conterrâneo do governador mineiro Tancredo Neves. Chegou à residência do Monsenhor, anexa à Cúria, e contou o que lhe afligia.
O prefeito João Ramos Filho havia solicitado ao procurador Derly Pedro da Silva que encontrasse, dentro do município, áreas disponíveis e apropriadas para implantação de um novo bairro. Ação comum nessa época, pois a instalação das companhias mineradoras Samitre, Samarco e Vale provocou uma rápida expansão de loteamentos. Derly pesquisou e sugeriu o terreno pertencente à Mitra Arquidiocesana. João Ramos aprovou o local e, como era usual, Derly passou para Benjamim as informações necessárias para que se fizesse o decreto de desapropriação. Segundo Derly, “na hora que ele viu de que área estava tratando, roxeou, mas não falou nada”, fez o decreto como se nada estivesse acontecendo, porém em uma via a mais, que tinha endereço certo.
Por isso estava ali, diante do Monsenhor Vicente. Mostrou-lhe a cópia extra que havia feito e, imediatamente o Monsenhor ligou para o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, solicitando ao governador Tancredo Neves que intercedesse por Mariana, no sentido de impedir que um novo loteamento surgisse naquele local. A solução possível foi decretar a área como de preservação ambiental. Assim, na mesma edição do Diário Oficial em que saiu o decreto municipal de desapropriação da referida área, saiu também o decreto estadual, declarando a área como APA – Área de Preservação Ambiental.
“Naquele tempo”, esclarece Derly, “na política de Mariana as coisas estouravam no final de semana, íamos até o juiz para ele assinar um determinado documento, depois corríamos para levá-lo em Belo Horizonte para publicação no Diário Oficial e, quando estávamos voltando, o grupo de oposição já estava levando outro documento que desfazia o que havia sido levado antes” Assim foi e assim tem sido em Mariana, uma forma muito peculiar de fazer política, que começou no final do século XIX e se acentuou no início do século XX”, concluiu o texto.

Desapropriação da mata do seminário
Em postagem datada de 21.01.2009, em meu blog, escrevi a seguinte Memória Política
“Na década de 1980, o então prefeito de Mariana, João Ramos Filho, resolveu desapropriar a mata do Seminário, próxima do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), área de propriedade da Arquidiocese de Mariana, para nela construir o bairro Cabanas.
 
"Inconformada com a decisão unilateral do prefeito, a Arquidiocese de Mariana, representada pelo saudoso arcebispo Dom Oscar de Oliveira, recorreu ao então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, pedindo-lhe que a referida propriedade não fosse desapropriada. O pedido foi encaminhado ao governo de Minas por intermédio do falecido empresário Januário Carneiro, dono da emissora de rádio Itatiaia, amigo íntimo de Tancredo Neves. O governador, que também era muito amigo do arcebispo, para evitar a desapropriação municipal, decretou também a desapropriação da mata do Seminário declarando aquela área de preservação ambiental.
Irado com a decisão do governador, João Ramos resolveu perseguir o Januário Carneiro. Desapropriou a sua residência em Passagem de Mariana. O governador, para proteger o amigo da perseguição política do prefeito, resolveu desapropriar também o imóvel, declarando sua residência área de preservação cultural. Com esses dois decretos estaduais, o governador evitou que os imóveis da Arquidiocese e de Januário Carneiro fossem desapropriados.
Na ocasião, os vereadores da Direita tentaram conceder o título de cidadão honorário de Mariana a Januário Carneiro, mas a bancada majoritária da Esquerda que dava sustentação política a João Ramos não deixou. No dia 21 de abril de 1985, quando Tancredo Neves morreu, a Esquerda enfumaçou Mariana com um intenso foguetório regozijando a sua morte.
Anos mais tarde, João Ramos resolveu homenagear o falecido governador dando nome de Tancredo Neves à antiga Praça Bandeirantes. No dia da solenidade de mudança de nome da praça, a família de Tancredo Neves não compareceu: mandou representante”.

sábado, 12 de setembro de 2015

Arte de Eula Teixeira na Casa de Cultura

Arte de Eula Teixeira na Casa de Cultura de Mariana
A Casa de Cultura-Academia- Marianense de Letras e o Movimento Renovador de Mariana levam para Mariana a Exposição “Vai avesso Volta direito”, da artista plástica EULA TEIXEIRA, com a CURADORIA do especialista em Artes Plásticas e Contemporaneidade, EVANDRO CASTRO. A Exposição será aberta no dia 12 de setembro às 19h, rua Frei Durão, 84, Centro Histórico. Eula é formada em Artes Plásticas pela escola Guignard- UEMG, com habilitação em desenho e escultura. É professora de bordado. Já participou de exposições coletivas e ganhou o prêmio ESCOLA GUIGNARD / UEMG: XIII MOSTRA, de 2012.
“Vai avesso Volta direito” mostra a energia compulsiva e a inquietude constante da artista que diz: “Toda vez que sou escolhida por um determinado material, é a importância do fazer que me move. O desafio, a angustia e as dificuldades de execução se tornaram parte desse oficio. É um trabalho híbrido que busca tirar partido da cor, da textura e da flexibilidade dos materiais, seja em desenho, pintura ou bordado.” Em suas reflexões conceituais, Eula se diz concordante com o artista Leonilson Bezerra Dias, afirmando com ele: "arte não se sabe, se faz pra saber".
 
Para Roque Camêllo, “o objetivo da exposição é mostrar a arte através de desenhos e bordados com criatividade e instalação artística fazendo o público interagir com a obra. Eula leva todos a conhecerem outras formas de expressão artística além do Barroco, do Rococó e do Neobarroco tão presentes em Mariana e região, um legado deixado por nossos antepassados, marca indelével de nossa Cultura. Não se pode, porém, esquecer que o ser humano é a soma de si e suas circunstâncias, razão pela qual, não sendo estático, ele caminha com sua contemporaneidade. A vida é uma constante construção cultural que se expressa por inúmeras variáveis, uma delas a Arte.” A instalação de Eula é constituída por grandes formas orgânicas construídas em diversos tipos de tecidos de cor preta, explorando seus volumes e contornos. Seu desejo é “dar vida a essas formas, fazê-las existirem, se materializarem e virarem corpos possibilitando que ocupem o espaço.” Sua obra evidencia o procedimento construtivo simples, a articulação desta matéria interferindo no ambiente circundante. Neste trabalho, a maciez, o conforto e o aconchego se fazem necessários para a aproximação do público, fazendo com que ele se atraia pela curiosidade de experimentá-los. O público vai se divertir com a curiosa instalação.
 
Segundo o Curador Evando Castro, “a exposição Vai avesso Volta direito é resultado de manufatura desgastante e minuciosa, destacando-se pela quantidade e qualidade. Dizer que são tecidos bordados ou panos costurados é ver de relance uma produção complexa. É não se permitir entrar em contato com a sutileza dos fios que entram e saem e se juntam em tramas indecifráveis. É querer ficar livre da estranheza que somos tomados ao encarar obras muito bem feitas, mas inclassificáveis. A produção de Eula Teixeira está vinculada à história da arte a qual dá suporte teórico para que seja assimilada, apreciada e valorizada.”
 
Além da exposição, haverá uma parceria entre a professora Eula com as artistas e bordadeiras de Mariana. Ela dará oficinas de criatividade na arte e bordado. Para a presidente do Movimento Renovador de Mariana, Raimunda dos Anjos, “as artesãs aguardam com ansiedade poderem visitar e interagir com as obras que serão expostas e receberem os ensinamentos da artista.” Por sua vez, a vice-presidente Marlene Maia considera este evento “uma grande oportunidade para que nossas bordadeiras se aprimorem ainda mais e transformem seus afazeres e trabalhos manuais não só em lazer, mas também em arte e cultura”.
Diversas entidades de Mariana como o Clube de Mães da Colina participarão das atividades. Segundo Raimunda dos Anjos, “qualquer pessoa poderá participar das oficinas da profa. Eula, mesmo que não esteja vinculada a qualquer associação.”
Merania de Oliveira, Assessora de Comunicação da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Despesas com o legislativo municipal

Em entrevista concedida a uma emissora de rádio local, o presidente da Câmara Municipal de Mariana revelou que, segundo seus cálculos, o município teria que repassar 16 milhões de reais à Câmara, mas este ano o valor entregue foi de 14 milhões, dois milhões a menos do que o previsto.
Como os contribuintes marianenses, por falta contumaz de transparência das contas públicas municipais, jamais souberam o quanto custava a manutenção anual do nosso legislativo, a revelação, como não poderia ser de outra maneira, causou espanto.
Com a crise financeira que assola o nosso município, com funcionários públicos municipais perdendo o emprego ou diminuindo o seu salário para não perdê-lo, até agora nenhum vereador se dispôs a diminuir os seus altos salários.
Na verdade, só mesmo para manter 15 vereadores, talvez uma meia centena de funcionários, custeio de aluguel de gabinetes, de automóveis, ajudas de custo, diárias, passagens aéreas e terrestres, gastos milionários com matérias publicitárias em emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas, da realização daquelas pomposas e eleitoreiras festas de agraciação de títulos, comendas, medalhas, diplomas e outras mordomias, para custear enfim tudo isso seria preciso realmente ter uma dotação orçamentária de 16 milhões.
À guisa de comparação, centenas de municípios mineiros não têm uma dotação orçamentária legislativa tão generosa como essa. A dotação orçamentária para o legislativo dos municípios de Acaiaca, Diogo de Vasconcelos, Alvinópolis, Barra Longa, juntos, é bem menor do que o daqui.
Como eu sempre digo e repito: o legislativo como é praticado no Brasil é um poder inútil, pois não fiscalizar nada e, o pior, a sua manutenção custa muito caro aos cofres públicos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

9° aniversário de falecimento de Dom Luciano

Convite

Por ocasião do 9° aniversário de falecimento de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, a Faculdade Arquidiocesana de Mariana, na pessoa do seu Reitor, Dom Geraldo Lyrio Rocha, convida Vossa Senhoria para o ato solene de outorga da comenda Dom Luciano Mendes de Almeida do Mérito Educacional e Responsabilidade Social aos seguintes homenageados:

Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis
Dom José Maria Pires
Dr. Roque José de Oliveira Camêllo
Dr. José Anchieta da Silva
Professora Leci Conceição do Nascimento
Comunidade Terapêutica Bom Pastor (Ouro Branco)

Dia 27 de agosto de 2015
Às 18, 30 – Concelebração Eucarística na Catedral de Mariana
Às 20,30 – Solenidade de outorga da Comenda, no Centro Cultural “Dom Frei Manoel da Cruz”, antigo Palácio dos Bispos.
Às 20,30 – Solenidade de outorga da Comenda, no Centro Cultural “Dom Frei Manoel da Cruz”, antigo Palácio dos Bispos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O SAAE e o vazamento de água

Quando o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) ainda estava instalando os hidrômetros na Rua Dom Viçoso, 212 e 214, levei ao conhecimento dos funcionários da autarquia municipal a existência de vazamento contínuo de água corretamente detectado pelos aparelhos acima referidos. Viram pessoalmente o defeito, mas não tomaram nenhuma providência.

Como ninguém do SAAE tomou providência devida para sanar o vazamento, à guisa de colaboração com o serviço público e com o fim precípuo de evitar o desperdício de água, fui pessoalmente à Ouvidoria do município, não para reclamar, mas apenas colaborar para a solução do problema.

Gentilmente, o atual prefeito de Mariana, Duarte Junior, me enviou uma correspondência e, baseado na informação do SAAE, me informou que o hidrômetro havia sido consertado. Na verdade, o hidrômetro nunca esteve estragado, pelo contrário, estava funcionando corretamente, pois detectava o vazamento de água. O hidrômetro só parava de funcionar, também corretamente, quando o SAAE faz aquela rotineira manobra de distribuição de água para outro local. Conclusão da história: desde junho de 2015, o vazamento continua...  

sábado, 15 de agosto de 2015

Câmara vai investigar obras inacabadas*

"Durante a primeira reunião do segundo semestre do ano, realizada dia 3 de agosto, o presidente da Câmara de Mariana, Tenente Freitas designou que a Comissão de Obras da Casa apure informações referentes às obras inacabadas na cidade desde 2008.
A iniciativa atende ao pedido do vereador Geraldo Sales “Bambu” (PROS) diante da afirmação do ex-prefeito Celso Cota que teria supostamente deixado recurso público para o término das obras do abatedouro municipal, do centro administrativo, centro olímpico, centro de convenções, usina de álcool, a passarela de Passagem, laticínio, campo de futebol das cabanas. Bambu sugeriu, durante a palavra livre, que a Câmara ouça todos os ex-prefeitos que assumiram a cadeira do Executivo nesses últimos sete anos e investigue a situação do recurso público.
“Esta Casa deve fazer uma investigação para esclarecer para a população e dar oportunidade aos ex-prefeitos de justificarem porque não concluíram as obras”, afirma Bambu.
A comissão é composta pelos vereadores José Jarbas (PTB), Danyely (PR) e Tião do Sindicato (PTC). Eles vão buscar as informações junto aos ex-prefeitos Roque Camêllo, Roberto Rodrigues, Terezinha Ramos, Raimundo Horta, Bambu, Celso Cota e seus secretários em um prazo de 60 dias, prorrogável por mais 60.
Freitas destaca a relevância da apuração dessas informações para dar transparência aos trabalhos do Executivo".
 
(...)  Fonte: Câmara Municipal de Mariana.
 
*Parte do trecho acima foi extraída do jornal “O Espeto”, edição n° 312. 1ª Semana de Agosto de 2015.

Meu comentário: depois que Roque Camêllo se afastou do cargo de prefeito, a exceção de Raimundo Horta, da situação, todos os demais três políticos que também ocuparam o cargo de prefeito eram da oposição e ficaram no poder durante dois anos. Nenhum deles terminou as obras inacabadas, nem sequer questionaram a existência ou não de prévia dotação orçamentária para acabá-las. Deveriam concluir as obras ou então denunciar tempestivamente que, naquela época, não havia recursos para terminá-las.
Após 2008, quando o prefeito Celso Cota então deixou o cargo, sete anos depois, a mesma oposição, que teve uma oportunidade de ouro quando esteve no poder para investigar o caso, pediu uma averiguação sobre o assunto ao presidente da Câmara para que a Comissão de Obras da Casa apure se o ex-prefeito deixou ou não recursos públicos para concluí-las. Felizmente, até que enfim, a Câmara vai apurar o caso. Mas tudo bem: como diz um velho ditado:“antes tarde do que nunca”!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Jardim histórico do antigo Palácio dos Bispos

Participem conosco do Seminário: “O JARDIM HISTÓRICO DO ANTIGO PALÁCIO EPISCOPAL DE MARIANA-MG”.
Realizaremos, hoje, dia 5 de agosto, o SEMINÁRIO: “O JARDIM HISTÓRICO DO ANTIGO PALÁCIO EPISCOPAL DE MARIANA-MG”.
Queremos tornar público o projeto de restauração dos Jardins Históricos que compunham, desde o século 18, a chácara do “PALÁCIO VELHO DOS BISPOS”, à época popularmente chamado “Palácio da Olaria”. Eram ornamentados com árvores frutíferas e tanto encantaram, no século 19, viajantes estrangeiros como Auguste de Saint-Hilaire.
Foi neste local que os escravos, num domingo à tarde, trouxeram lenha enrolada em cipó de São João e dançaram para Dom Viçoso, o 7º Bispo de Mariana. Eles reconheciam em Dom Viçoso seu grande defensor.
Naquele ambiente bucólico, passearam o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Thereza Cristina, em 1881.
Desde 2010, estamos trabalhando para realizar este projeto importante para a arqueologia e para o paisagismo. O projeto está sendo desenvolvido a partir da documentação existente, de estudos de especialistas e das aquarelas de 1809, de autoria do padre José Joaquim Viegas retratando os jardins.
Concluída a obra, Mariana terá sua História mais enriquecida e receberá outra bela referência cultural com reflexo positivo em seu turismo. Os moradores e visitantes terão um local aprazível para momentos de lazer.
Contamos com o apoio do Conselho Estadual dos Direitos Difusos (CEDIF) que aprovou o projeto apresentado pela FUNDAÇÃO CULTURAL E EDUCACIONAL DA ARQUIDIOCESE DE MARIANA (FUNDARQ). São nossos parceiros o ICHS/UFOP e o IPHAN. Outras instituições e pessoas serão muito bem-vindas para esta nobre empreitada.
O projeto arquitetônico está a cargo da RODA CULTURAL (Arquiteto Pedro Morais), sendo sua execução pela ARTEFACTTO CONSULTORIA (Arqueóloga Alenice Baeta). Registramos nossos agradecimentos à engenheira PATRÍCIA SENNA que colaborou efetivamente dando subsídios técnicos para encaminhamento do projeto junto à SEDESE.
Todos, marianenses ou não, estão convidados para participar do SEMINÁRIO.
VEJAM A PROGRAMAÇÃO .
Roque Camêllo, Diretor Executivo da FUNDARQ

Programação
Local do Seminário: Museu da Música de Mariana - Rua Cônego Amando, 161 – centro – das 9,30 às 17,30 horas.
 
Dia 05.08.2015 – às 9,30 – Abertura do evento com breve pronunciamento dos componentes da Mesa
Componentes da Mesa: Dom Geraldo Lyrio Rocha, Arcebispo de Mariana e Presidente da Fundação Cultural da Arquidiocese (Fundarq); Dr. Caetano Levi Lopes, Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais; Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda, Coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico e Turístico de Minas Gerais; Dr. Roque Camêllo, Diretor Executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (Fundarq); Dra. Célia Maria Corsino, Superintendente do IPHAN de Minas Gerais; Profª Dr. Margareth Diniz, Diretora do ICHS/UFOP; Olga Vieira Tukoff, Presidente do Compat.
Entrega à Arquidiocese de Mariana pelo promotor Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda de um crucifixo do século XVIII recuperado em 2015 pelo Ministério Público. Homenagem à memória do Prof. Dr. Ivan Antonio Almeida, ex-diretor do ICHS/UFOP.
 
Sessão Palestras
10,30 – Tema “O patrimônio histórico de Mariana e a importância de se preservarem os jardins históricos” pelo Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda.
11,30 – Tema “A história do jardim do antigo Palácio Episcopal: o fascínio pela natureza”, pelo Prof. Dr. Moacir Rodrigo de Castro Maia, historiador-doutor em História Social /UFRJ).
Intervalo
 
Sessão – Apresentações
14 horas – “Pesquisas Arqueológicas na área 1 do jardim do antigo Palácio, Ano 2010”, resultados e previsões (ICHS-UFOP/Artefactto Consultoria) por Alenice Baêta, Henrique Piló e Moacir Maia.
14,45 – “Projeto de Pesquisa Arqueológica na área 2 do jardim do Palácio Episcopal, Ano 2015”. (Fundarq/Artefactto Consultoria), por Alenice Baêta, Henrique Piló, Moacir Maia, Álvaro José da Silva e Maria Cristina Cairo.
15,15 – Apresentação do Ante-Projeto Arquitetônico do jardim do Palácio, por Pedro Morais, Arquiteto (Fundarq/Roda Cultural).
16,00 – Vídeo – Projeto Museu da Música: Digitalização e disponibilização online do acervo. (Fundarq /Museu da Música e Prefeitura de Mariana/Compat) por José Eduardo Castro Liboreiro e Vitor Gomes.
Intervalo
 
Sessões Oficinas – Oficinas sobre “Jardins Histórico e Educação Patrimonial”
16,30 – Revitalização de Jardins Históricos e Difusão Patrimonial
17,00 – Iconografias e Paisagens – percursos, perspectivas e memórias do jardim histórico do Palácio Episcopal.
Mobilizadores: Moacir Maia, Alenice Baêta, Álvaro José da Silva, Maria do Carmo Neme, Henrique Piló e Maria Cristina Cairo.

sábado, 1 de agosto de 2015

Homenagem a Pedro Aleixo

Homenagem à memória do ex-presidente PEDRO ALEIXO e POSSE da 1ª Diretoria da Associação dos Amigos do Memorial Pedro Aleixo
A ACADEMIA MARIANENSE DE LETRAS e a FAMÍLIA ALEIXO, hoje, dia 1º de agosto, celebrarão o aniversário de nascimento do prof. PEDRO ALEIXO ocorrido, em 1901, em Bandeirantes, distrito de Mariana. O evento será no Memorial Pedro Aleixo, local de seu nascimento, com sessão da Academia, às 17h, e, logo após, 18h30, uma MISSA será oficializada pelo Padre José Carlos Brandi Aleixo, na igreja São Sebastião.
O celebrado jurista Pedro Aleixo exerceu as funções de catedrático da Faculdade de Direito /UFMG, de deputado federal, de presidente da Câmara dos Deputados e de Vice-presidente da República. Foi reconhecido como EX-PRESIDENTE DO BRASIL pela Lei nº 12.486, de 1º/8/2013, sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Tendo falecido o Presidente Costa e Silva, o prof. Pedro Aleixo foi impedido de assumir a Presidência por não ter concordado com o Ato Institucional nº 5 que, segundo o digno marianense, mergulharia o Brasil numa triste ditadura. O tempo comprovou sua advertência.
Foi um dos fundadores da Academia Marianense de Letras com Waldemar de Moura Santos, Alphonsus de Guimaraens Filho, Wilson Chaves, Mesquita de Carvalho, Dom Oscar de Oliveira, Salomão de Vasconcelos, Maria Teixeira, Marly Moysés e outros.
Representando a Academia, falará o Acadêmico DOM FRANCISCO BARROSO FILHO. Prestando homenagem à memória do Ex-presidente, participarão da solenidade os membros da Academia Infantojuvenil de Letras, sob a coordenação da professora Hebe Rola, e o Coral do RECRIAVIDA sob a regência do Maestro Cristiano Silva.
Será empossada a 1ª Diretoria da Associação dos Amigos do Memorial Pedro Aleixo. A Associação tem entre seus importantes objetivos manter viva a memória do ilustre conterrâneo. Os moradores prontamente aceitaram o convite do prof. Roque Camêllo para se reunirem e se organizarem para que a entidade fosse criada contando com o apoio do presidente da Associação de Moradores e Amigos de Bandeirantes, Paulo Henrique Pimenta, e de Albertina Fonseca da Silva.
Para Roque Camêllo, “os moradores de Bandeirantes têm total legitimidade para colaborarem com o Memorial Pedro Aleixo para que ele se consagre não só como uma referência turística, mas também como um centro de conhecimento da história de um cidadão que pautou sua vida pela honestidade e dignidade, sacrificando-se pelo bem da Pátria”.
A Família Aleixo doará à Associação um lote muito extenso ao lado do Memorial, imóvel que terá múltiplas funções além de sede da nova entidade. Segundo Padre Aleixo, “será também um espaço de convivência com árvores e flores, ou seja, um futuro bosque onde a natureza reine em paz, enquanto o Memorial guardará, com carinho, a lembrança do mestre ali nascido”.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Despacho/Decisão do Juiz Eleitoral de Mariana

Visam os autos Representação Eleitoral ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral em face de Celso Cota Neto e Duarte Eustáquio Gonçalves, eleitos Prefeitos e Vice-Prefeito de Mariana nas eleições municipais últimas, respectivamente. O feito ficou suspenso em razão de duas exceções de suspeição manejadas pelo primeiro requerido em meu desfavor. Como foram homologados por órgão monocrático do TRE-MG, os pedidos de desistência das exceções, há ambiência jurídica para o prosseguimento do feito.
Recebo a inicial, pois que a peça atende aos requisitos legais. Determino, então, a citação dos requeridos, para que, na forma da lei, caso queiram, apresentem defesa.
Determino, por igual, seja juntado aos autos o anexo expediente, oriundo do juízo de 1ª Vara Cível, Criminal e de Infância e Juventude de Mariana.
Sem embargo, deve a secretaria, desde já, transladar para os autos as cópias das decisões exaradas nas referidas exceções de suspeição.
Pois bem.
Ao que se dessume, o Ministério Público Eleitoral narra que, em ação de improbidade administrativa, Celso foi condenado, nos idos de 2009, a uma pena de suspensão de direitos políticos pelo prazo de sete anos. Como aviou, em 2010, ação rescisória contra a decisão condenatória – sede em que obteve, em cognição sumaria, antecipação de tutela no âmbito de um agravo regimental -, Celso pôde concorre no pleito de 2012 ao cargo de Prefeito de Mariana, em chapa em que teve Duarte como Vice-Prefeito.
Ocorre que, segundo, segundo o relato ministerial, recentemente, em 2 de junho de 2015, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) houve por bem em julgar improcedente a pretensão rescisória, que teria restabelecido o “status quo ante”.
Destarte, segundo o órgão ministerial, Celso encontrava-se inelegível quando de seu registro da candidatura, o que implica, em sua visão, no reconhecimento da nulidade dos votos recebidos pela chapa Celso-Duarte e, na forma da lei orgânica municipal, na necessidade de realização de novas eleições. Clama o autor, ao final, pela antecipação da tutela sem a audiência da parte contrária, presentes que, a seu exame, se encontram os requisitos exigidos pelo artigo 273 do Código de Processo Civil, de modo, inicialmente, sejam declaradas a inelegibilidade de Celso e a nulidade do registro de sua candidatura – bem assim a de Duarte -, e, ato contínuo, sejam declarados vagos os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito de Mariana seja convocado provisoriamente o Presidente da Câmara Municipal a assumir o múnus de alcaide e sejam convocadas novas eleições.
Decido
Ao compulsar os autos, entendo que razão parcial assiste ao autor quanto à pretendida antecipação da tutela.
Explico
À leitura dos documentos acatados aos autos pelo Ministério Público Eleitoral e também daqueles que, ontem, advieram da 1ª Vara de Mariana, é se observar que, na referida ação rescisória tombada sob o número 1.0000.10005848-6/000, manejada por Celso no TJMG, o comando de improcedência não mais comporta qualquer outro recurso a ser examinado pelo Tribunal de Justiça.
Assim se manifestou o Desembargador Marcelo Rodrigues, relator na rescisória, cujo despacho instruiu o ofício 1.538, de 27 de julho de 2015, dirigido ao juízo em que a ação de improbidade número 0400.02.005945-5 tramitou, a saber, o da 1ª Vara de Mariana: “conforme certidão do cartório desta 2ª Câmara Cível, decorreu o prazo legal para a interposição de novos embargos de declaração ou outro recurso a ser julgado por este Egrégio Tribunal”. Significa isso dizer que, ainda que não transitada em julgado a decisão na rescisória, virtual recurso de índole extraordinária a ser manejado pelo sucumbente – in casu, Celso – será dotado, quando muito, de efeito devolutivo.
Destarte, quer me parecer que tal fato se constitui, agora, sim – e somente agora, em prova inequívoca do alegado pelo autor, donde, em sede de antecipação de tutela, é possível declarar-se, precariamente, nulo o registro de candidatura de Celso, a despeito de observação importante, qual seja, a de que a suspensão dos direitos políticos do primeiro requerido não ter sido ainda, formalmente, declarada pelo Juízo estadual da 1ª Vara de Mariana, no bojo do cumprimento de sentença da ação de improbidade.
A decisão provisória de nulidade do registro de candidatura de Celso, com efeitos ex tunc, ao que se verifica, tem como corolário imediato, por óbvio, o comando jurisdicional – igualmente instável, pois que passível de recurso – de afastamento de Celso do cargo de Prefeito.
E a decisão que tomo, conquanto seja ela, sob o prisma prático, dotado de efeito algum, ao menos por ora, pois que, como de sabença geral, Celso foi afastado do cargo de prefeito – e assim se encontra – por ato político da Mesa da Câmara de vereadores local, documentado pelo Decreto Legislativo 001, de 10 de junho de 2015.
Prossigo.
A situação jurídica de Duarte, em nível de decisão no âmbito de tutela antecipada, é diversa. Certo é que Duarte, atual Prefeito de Mariana, ante o afastamento político de Celso, elegeu-se Vice-Prefeito na chapa encabeçada pelo primeiro requerido, fato, por si só – sem olvidar do atual patrimônio subjetivo de Celso, na forma acima alinhavada e decidida -, não é o bastante para que, em juízo perfunctório, seja exarada tão drástica medida em seu desfavor como pretendida pelo Parquet, a saber, o decreto de nulidade de seus votos e a consequente declaração de vacância do cargo que ocupa.
É que, caso atendido o pleito ministerial, estaria o juízo, sem mesmo antes ouvir a parte interessada, a transladar os efeitos das sanções impostas a Celso, exclusivamente, no bojo da ação de improbidade, a terceira pessoa – in casu, Duarte.
Não bastasse, forçoso é reconhecer que virtual provimento à pretensão ministerial, neste ato, importaria em irreversibilidade do provimento antecipado, na exata medida que o exercício do mandato eletivo encontra-se em pleno curso, dia após dia, o que iria de encontro à norma do §2 do artigo 273 do Código de Processo Civil.
Por todo o exposto, em antecipação de tutela, decido, por fato superveniente, apenas declarar nulo o registro de candidatura de Celso Cota Neto e afastá-lo, imediatamente, do cargo de Prefeito de Mariana.
Cumpra-se. Intimem-se.
Mariana, 28 de julho de 2015.
Frederico Esteves Duarte Gonçalves, Juiz Eleitoral


Meu comentário: o Ministério Público Eleitoral de Mariana fez uma Representação à Justiça Eleitoral pedindo o afastamento de Celso e Duarte dos cargos de prefeito e vice, sob o fundamento de que Celso se encontrava inelegível quando de seu registro da candidatura, o que implica, em sua visão, no reconhecimento da nulidade dos votos recebidos pela chapa Celso-Duarte e, na forma da lei orgânica municipal, na necessidade de realização de novas eleições, bem como fossem declaradas a inelegibilidade de Celso e a nulidade do registro de sua candidatura – bem assim a de Duarte e, ato contínuo, fossem declarados vagos os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito de Mariana e que fosse convocado provisoriamente o Presidente da Câmara Municipal para assumir o múnus de alcaide e fossem convocadas novas eleições. A Justiça Eleitoral negou parcialmente provimento aos pedidos feitos pelo Ministério Público, decidindo apenas declarar nulo o registro de candidatura de Celso Cota Neto e afastá-lo, imediatamente, do cargo de Prefeito. No entendimento do juiz eleitoral, a situação jurídica de Duarte é diversa e que ele, atual Prefeito de Mariana, ante o afastamento político de Celso, elegeu-se Vice-Prefeito na chapa encabeçada por Celso, fato, por si só, não é o bastante para que seja exarada tão drástica medida em desfavor de Duarte como pretendida pelo Ministério Público Eleitoral.

Olha que coisa curiosa: no plano político, o Ministério Público Eleitoral de Mariana sugeriu que a Mesa da Câmara Municipal de Mariana afastasse politicamente Celso Cota do cargo de prefeito, colocando Duarte no lugar dele, o que foi feito através do Decreto Legislativo 001, de 10.06.2015.
Já no plano judicial, a Justiça Eleitoral tomou a mesma decisão, afastando Celso e mantendo Duarte no cargo.  Segundo informações de bastidores políticos, o Ministério Público já teria recorrido da decisão do juiz eleitoral. Fica agora uma pergunta: recorrer de qual decisão?  Aquela decisão sugerida pelo Ministério Público à Câmara Municipal de Mariana ou a decisão da Justiça Eleitoral já que o desfecho de ambos os casos foi rigorosamente igual? Uma boa pergunta!      

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Políticos cassados

Desde que acompanho a política marianense, a partir do final da década de 1950, os anais históricos da nossa edilidade registram que a Câmara Municipal de Mariana já cassou politicamente o mandato eletivo de quatro políticos: três prefeitos e um vereador. No passado, um prefeito e um vereador foram injustamente cassados pelo plenário da Câmara.
 
Agora, sem que fosse ouvido o plenário, a Mesa da Câmara, - constituída apenas pelo presidente, o vice e o secretário, acatando uma mera sugestão do Ministério Público, sem que houvesse até hoje qualquer decisão da Justiça Eleitoral a quem cabe a prerrogativa constitucional de fato decidir a permanência ou não do prefeito e vice no cargo, - afastou Celso Cota do cargo de prefeito e colocando no lugar dele o vice Duarte Junior que governa o município há quase dois meses.
 
Dos doze vereadores que não decidiram o afastamento de Celso e nem sequer a posse de Duarte Junior no cargo de prefeito, somente um protestou: Pedro Eldorado. Os demais calaram e quem cala consente.
 
Por sua vez, o Ministério Público, que não pode dar sugestão ao juiz como deu à Câmara para afastar ou dar posse a alguém, corretamente, do ponto de vista legal, pediu à Justiça Eleitoral duas providências: que o prefeito e vice, eleitos, sejam afastados e haja novas eleições para o preenchimento do cargo. Ou seja, o Ministério Público, ao mesmo tempo em que sugere à Câmara que afaste o prefeito e dê posse ao vice, pede à Justiça Eleitoral o contrário: o afastamento dos dois do cargo. Haja incoerência!

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Como surgiu o Dia de Minas Gerais

Ad Memoriam rei perpetuam

Cronologia do Dia do Estado de Minas Gerais
 
16.07.1977 – o atual presidente da Casa de Cultura de Mariana, Prof. Roque Camêllo, durante sessão solene comemorativa do 281º aniversário de Mariana na Academia Marianense de Letras lança a ideia de se instituir o 16 de Julho como data cívica estadual. O projete recebe o apoio dos acadêmicos, das autoridades municipais e da comunidade marianense. Roque Camêllo encaminha o projeto ao governo do Estado e à Assembleia Legislativa.
 
07.08.1977 – o saudoso então presidente da Casa de Cultura de Mariana, historiador Waldemar de Moura Santos, publica no jornal “Estado de Minas” o seu primeiro artigo sobre o assunto intitulado “Dia de Minas”. A partir daí, Moura Santos e Roque Camêllo fazem inúmeras conferências e artigos sobre o tema.
 
16.07.1979 – Como orador oficial da solenidade comemorativa do 283° aniversário de Mariana, o prof. Roque Camêllo reivindica o apoio do governador Francelino Pereira dos Santos, presente àquele ato, ao Projeto 180/79 de autoria dos deputados Jésus Trindade, Domingos Lanna, Agostinho Patrus e outros, declarando o dia 16 de Julho como Dia do Estado de Minas Gerais.
 
19.10.1979 – O governador de Minas Francelino Pereira dos Santos sanciona a Lei nº 7561, instituindo o 16 de Julho como o Dia do Estado de Minas Gerais
 
10.06.1980 – O então prefeito Jadir Macedo sanciona a Lei Municipal 561/80, instituindo a Medalha do Dia do Estado de Minas Gerais a ser conferida a personalidades que tenham contribuído para o desenvolvimento de Mariana e do Estado de Minas Gerais.
 
1º.02.1989 - Em nome da Casa de Cultura de Mariana e da municipalidade de Mariana, Roque Camêllo comparece ao plenário da Constituinte Mineira e apresenta uma proposição no sentido de que fosse o 16 de Julho – Dia do Estado de Minas Gerais – declarado data cívica constitucional, requerendo ainda que, nesse dia, a capital do Estado fosse transferida simbolicamente para Mariana.
 
16.07.1989 – A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) lança em Mariana, na Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, o Carimbo Postal comemorativo do 10° aniversário da Lei n° 7561 que instituiu o Dia do Estado de Minas Gerais.
 
21.09.1989 - É promulgada a nova Constituição do Estado de Minas Gerais, editando em seu Título V, das Disposições Gerais, o Art. 256 que reproduz a proposta apresentada em 1º.02.1989.
 
16.07.1990 – Cumprindo o artigo 256 da Constituição do Estado, a capital é transferida simbolicamente para Mariana. O Decreto n° 31.531, determinando a transferência, é assinado pelo Governador Newton Cardoso, em frente a Catedral-Basílica, na Praça Cláudio Manoel, estando presentes ao Ato o Presidente da Assembleia Legislativa, Deputado Kemil Kumaira, e o presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Argemiro Otaviano Andrade.
 
16.07.2015 – Ao completar 319 anos de fundação, a comemoração do Dia de Minas Gerais faz este ano 36 anos de existência.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Crucifixo de foice e martelo


Papa ganha um 'presentão' de Evo Morales: crucifixo de foice e martelo
Em sua passagem pela Bolívia, o papa Francisco ganhou do presidente Evo Morales um presente inusitado: um horroroso crucifixo em forma de foice e martelo - o símbolo do comunismo. O presente de grego, ou melhor, de bolivariano, foi recebido com alguma surpresa pelo sumo pontífice, que mesmo com alguns sorrisos amarelos não conseguiu se livrar de seu ar de estupefação. Educado, Francisco agradeceu e com uma pitada de ironia ofereceu a Morales algo "mais simples": uma reprodução em mosaico da obra Salus Populi Romani (Protetora do Povo Romano), que se encontra na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
O gesto do presidente boliviano não foi uma provocação gratuita, mas tinha um significado. Morales explicou ao papa que o presente é uma reprodução de uma "obra de arte" (sic) realizada por Luis Lucho Espinal, um jesuíta espanhol torturado e assassinado pelos paramilitares bolivianos em 1980. Em sua agenda na Bolívia, o papa Francisco visitou o lugar onde foi encontrado o cadáver de Luis Espinal, padre que está em processo de beatificação no Vaticano. Apesar da figura de Jesus Cristo sob a foice e o martelo, o artefato de extremo mau gosto não absolve o comunismo das milhões de mortes cometidas em nome da ideologia. Não há perdão para tais crimes

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Mariana, Monumento Nacional - 70 Anos!*

Três vezes memorável e festivo para esta cidade o ano da graça de 1945. Celebrou Mariana nesse transcurso o bicentenário aniversário de sua elevação à cidade, a 22 de abril, o bi-centésimo aniversário da criação da sua diocese, a 6 de dezembro e acabou de receber com a exultação jubilosa de seus filhos o decreto-lei de 6 de julho promovido pelo Instituto Histórico, que a eleva a Cidade Monumento. Nem foi desmerecido ou inoportuno o gesto do Sr. Presidente da República. Irmã gêmea de Ouro Preto, igual nas glórias e no destino, não era mesmo possível que permanecesse Mariana olvidada dos poderes públicos para uma homenagem que se impunha e que de há muito conquistara pelo seu passado e por sua constante e diuturna atuação no calendário histórico e cívico da terra mineira.
Primeira cidade e primeira capital das Minas Gerais, sede do poder civil da nossa terra, berço da civilização cristã da comunhão mineira e participante efetiva em todos os movimentos patrióticos do nosso povo, Cidade Monumento era bem a condecoração que merecia a velha urbe mineira neste final da segunda centúria de sua gloriosa existência.
Promovida, em boa hora, essa homenagem pelo colendo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais – e ufanamos-nos de ter sido um dos seus promotores – expediu e promulgou o Sr. Presidente Getúlio Vargas o seguinte ato:
Decreto-Lei de 6 de julho de 1945
O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil: Considerando que as expressões características do desenvolvimento da civilização brasileira, pelo esforço dos antepassados, devem constituir objeto de culto cívico nacional. Considerando que os habitantes de Minas Gerais têm na cidade de Mariana a fonte de sua vida civil e o marco inicial de seu trabalho pelo engrandecimento da Pátria. Considerando que em Mariana os testemunhos dessa tradição formam precioso acervo de monumentos de arte e de história, posto sob a guarda e proteção do Serviço Histórico e Artístico Nacional. Considerando que transcorre no presente ano o segundo centenário da elevação de Mariana a cidade, e bem assim do seu Bispado: Resolve
Artigo único. O conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade de Mariana, no Estado de Minas Gerais, tomado para os fins do decreto-lei n° 25, de 30 de novembro de 1937, é erigido em Monumento Nacional.
Rio de Janeiro, 6 de julho de 1945.
Getulio Dorneles Vargas
Gustavo Capanema
Pena é que os considerandos do decreto não acentuassem mais claramente, como seria de justiça e o desejaria o exm° Sr Arcebispo de Mariana, d. Helvécio Gomes de Oliveira, a obra meritória do Bispado nestes dois séculos de ininterrupta e benemérita atuação nos fastos da civilização cristã de Minas Gerais.
A referencia, entretanto, está implícita não só na exposição dos motivos, como principalmente na indicação aprovada pelo Instituto Histórico e na promoção em seguida enviada ao Sr. Presidente da República.
Dizia a Indicação:
“Nós, infra-assinados:
Considerando que no próximo ano de 1945 será comemorado o bi-centenário da fundação do Bispado de Mariana. Considerando que foi Mariana a primeira Vila criada nesta Capitania, a única cidade do período colonial, a primeira metrópole dos Governadores e Sé Primaz das Minas Gerais. Considerando que a velha e tradicional cidade mineira não é apenas “um museu de Igrejas e um Panteão de Mitras”, mas ainda a Roma de Minas e relicário inestimável de obras artísticas. Considerando que a antiga Vila do Carmo, por seu passado de glórias, tem dado ao Brasil varões ilustres em todos os setores da atividade religiosa, intelectual, política e industrial. Considerando ainda que é necessário ir-se a Mariana para bem sentir e compreender a história do nosso Estado, em razão dos seus preciosíssimos arquivos coloniais, civis e eclesiásticos. Indicamos que o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais apresente ao Exm° Sr. Presidente da República, no sentido de extender a Mariana os foros de Cidade Monumento.
Sala de Sessões, 24 de junho de 1944.
a) Padre Pedro Maciel Vidigal – Salomão de Vasconcelos – Geraldo Dutra de Morais.
Aprovada unanimemente essa indicação, não só demos dela conhecimento, no dia seguinte ao Sr. Presidente da República, por intermédio do Ministro da Educação, como encaminhamos a S Ex., em 17 de abril do corrente ano novo memorial, de que resultou o decreto acima.
*Fonte: o texto acima foi extraído do livro “Breviário Histórico e Turístico da cidade de Mariana”, de autoria do grande historiador marianense Salomão de Vasconcelos.

sábado, 4 de julho de 2015

"A Mesa de Mariana (1750-1850)"

“A MESA DE MARIANA (1750-1850)” *
226º aniversário de morte de CLÁUDIO MANOEL DA COSTA são temas na Academia Marianense de Letras, hoje,dia 04 de julho, sábado, às 20 horas
 
A Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras realiza, hoje, dia 4 de julho, às 20 horas, em sua sede (Rua Frei Durão, 84, Centro Histórico), dois importantes eventos.
Receberá a historiadora e professora SONIA MARIA DE MAGALHÃES que falará sobre suas pesquisas dos hábitos alimentares de Mariana registrados no livro de sua autoria “A mesa de Mariana: produção e consumo de alimentos em Minas Gerais (1750-1850)”, tema de sua tese de mestrado.
Será prestada também homenagem à memória do Inconfidente CLÁUDIO MANOEL DA COSTA, marianense nascido no distrito da Vargem, em 6 de junho de 1729, e morto, em 4 de julho de 1789, na Casa dos Contos em Ouro Preto. Neste ano, se comemora o 226° aniversário de seu falecimento. Na Academia, ele é o patrono da Cadeira nº 14 ocupada, hoje, pelo Desembargador Caetano Levi Lopes.
 
Considerações sobre o livro a ser lançado, de autoria da palestrante Sônia Magalhães
Na obra “A mesa de Mariana: produção e consumo de alimentos em Minas Gerais (1750-1850)”, a professora Sônia investiga o que os mineiros comiam, atentando para as mudanças e permanências nos seus hábitos alimentares ao longo do tempo. O período proposto, 1750 a 1850, apreende as características econômicas, sociais e culturais de Mariana em época considerada pela historiografia tradicional como de “decadência” e “estagnação” para a economia mineira.
Ela verifica se, nesses cem anos, houve ou não uma mudança nos padrões alimentares da sociedade marianense. Esses hábitos eram somente conhecidos por intermédio da literatura dos viajantes estrangeiros que percorriam o território mineiro no século XIX. Richard Burton, Auguste de Saint-Hilaire, John Mawe e outros fomentaram a criação de um modelo personificado no mineiro: apreço pela mesa farta, doces, gosto pela carne de porco, a acolhida generosa entre outros elementos notáveis da hospitalidade. Tal literatura não foi descartada, mas, analisada e cruzada de maneira crítica com outros documentos como inventários post-mortem, guardados na Casa Setecentista de Mariana, e os Livros de Contas do Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte de Mariana pertencentes ao Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese. Os livros de açougues da cidade e do Termo de Mariana preservados no Arquivo Histórico da Câmara foram também consultados.
A Mesa de Mariana evidencia que a projeção da imagem do mineiro a partir da sua cozinha e das práticas alimentares, faz parte da “invenção das tradições”. A confraternização e a hospitalidade – esta caracterizada pela abundância de alimentos tantas vezes registrada pelos viajantes – aconteciam regularmente com um determinado segmento e em contextos sociais específicos. Até mesmo no cumprimento das normas religiosas impostas pela Igreja, a realidade econômica e as variações sazonais mostraram-se contundentes. Em épocas de abundância, o calendário litúrgico – jejuns e abstinência de carne – poderia ser seguido. Em períodos de escassez, a norma religiosa não era cumprida. No meio rural com as grandes fazendas produtivas, tornavam-se viáveis as acolhidas generosas. Nessas ocasiões, a função simbólica e social dos alimentos era considerada superior à nutritiva. Construía a imagem de prestígio, externando riqueza que, verdadeira ou falsa, muitas vezes, se exibia no aparato da chamada “mesa mineira”.
 
Trajetória acadêmica e profissional da professora Sônia
Sônia é graduada pelo ICHS/UFOP, mestre pela UNESP e doutora em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Realizou estágio pós-doutoral como bolsista PRODOC na Universidade Federal de Goiás, de 2006 a 2007. Iniciou pós-doutorado no Programa de História das Ciências e da Saúde da Casa Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro em 2014. É autora dos livros Males do sertão: alimentação, saúde e doenças em Goiás no século XIX (2014); A Mesa de Mariana: produção e consumo de alimentos em Minas Gerais (1750-1850) (2004). Participou da organização dos livros Casa de Vereança de Mariana: 300 anos de História da Câmara Municipal; Histórias de Goiás: memória e poder; Cristianismos em Goiás; O ensino de história: aprendizagens, políticas públicas e materiais didáticos (2012); Coordenou o projeto PIBID Interculturalidades e Ensino de História da Faculdade de História da UFG. Coordena o Laboratório de Ensino (LEIHS) e o GT História da Saúde e das Doenças ANPUH - seção regional Goiás e participa da Rede Internacional Saúde e Doenças. É docente Adjunto na Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás.
 
Cláudio Manoel da Costa
A homenagem ao poeta marianense, Inconfidente Cláudio Manuel da Costa, será realizada pelos jovens do Departamento de Teatro Infantojuvenil da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras declamando poemas de sua autoria. Será também apresentado um texto sobre sua vida antes e depois de seu retorno da Universidade de Coimbra.
Para o presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, prof. Roque Camêllo, que vem pesquisando a vida deste ícone da literatura brasileira, “o Inconfidente Cláudio Manoel da Costa foi o primeiro advogado assassinado em Minas.”
*Este evento tem o apoio cultural do Movimento Renovador de Mariana
*Texto de Merania Oliveira

sábado, 27 de junho de 2015

Rua Direita - Risco de incêndio

Ontem, dia 26.06.2015, sexta-feira, à tarde, houve um principio de incêndio no lampião de iluminação pública afixado na fachada da loja localizada na Rua Direita n° 85 que, felizmente, foi debelado pelo proprietário do referido estabelecimento comercial atingido. A Rua Direita, com seu belo casario ligado uns aos outros, é o mais bonito conjunto arquitetônico existente na cidade. Desde que minha família foi morar nela, em 1949, portanto há 66 anos, a Rua Direita passou por duas fases distintas: Na primeira fase, os seus proprietários usavam as suas casas para residência no segundo andar e, no térreo, para exercer as suas atividades comerciais. Posteriormente, com a morte dos antigos proprietários, seus descendentes, com raras e honrosas exceções, transformaram as propriedades totalmente comerciais, alugando-as para terceiros que, por sinal, não têm nenhum compromisso com segurança do imóvel alugado.
Algumas casas na Rua Direita nunca fizeram a revisão de suas instalações elétricas. Há, inclusive, instalações elétricas anteriores a entrada da Cemig em Mariana em 1966 e nunca foram revisadas e atualizadas. Qualquer curto circuito é capaz de destruir, num irresistível efeito dominó, todas as casas ali geminadas, causando uma tragédia que poderia ser evitada e não é apenas por negligencia dos proprietários ou locatários relapsos, como também por omissão dos poderes públicos municipais, estaduais e federais.
Aqui em Mariana não temos Corpo de Bombeiro, as ruas não têm hidrantes. O perigo de incêndio no centro histórico de Mariana é tão grande que nenhuma das seguradoras de incêndio de bancos comerciais instalada aqui se arrisca a proteger o nosso casario colonial. O município, o IPHAN, o Ministério Publico não tomam nenhuma providência para obrigar os proprietários de imóveis proceder a uma vistoria geral compulsória nas instalações elétricas de imóveis da Rua Direita em particular e do Centro histórico em geral. Lamentável!

Na comarca de Mariana

Desembargador Lincoln Rocha*

Permaneci por seis anos na pequena Comarca de Mariana como Juiz de Direito. Tive a felicidade de morar na mesma casa onde viveu Alphonsus de Guimaraens. Lá nasceu a minha filha Mônica, hoje magistrada, carreira difícil que me envaidece, a única filha a seguir a carreira do pai.
Em Mariana, infelizmente, tive muitos problemas com o advogado-deputado Celso Arinos Motta, o único do PSP, partido do Ademar de Barros. Ele me deu muita dor de cabeça e criou-me enormes dificuldades. A arrogância de quem se dizia “quase dono da cidade”, chegava às brincadeiras, dizendo que a cidade não precisava de juiz de direito, precisava apenas de um delegado “bate-pau”. Cometia muitos erros. Os processos que não lhe interessavam, eram levados por um oficial de justiça, sobre o qual tinha ascendência, para o seu escritório e os acumulava, sem levar para o juiz despachar. Entendi que precisava tomar medidas sérias. Ocorreu que, na época, infelizmente, a promoção do juiz para qualquer comarca dependia de apoio político. Eu dependia de apoio político para ascensão na carreira. E, como o conheci em Alvinópolis, quando era promotor, havia lhe pedido para me apoiar, e ele de fato o fez, o que resultou na minha promoção para a comarca de Mariana. A situação era muito delicada.
O maquiavelismo daquele deputado de grande capacidade de trabalho fazia de tudo para envolver o juiz em coisas erradas. No inicio, nos relacionávamos bem. Eu havia até almoçado em sua casa a convite dele, com o então governador Bias Fortes. Entretanto, eu percebi que nosso relacionamento não estava bom, e que havia certa irregularidade no trato com os processos. Com certo cuidado, acerquei-me dele e disse-lhe: “Dr. Celso, sou-lhe muito grato por ter me trazido para a Comarca, mas tenho recebido várias reclamações na sua forma de atuar, denúncias de que existem processos sem andamento, engavetados em seu escritório. Vou ser franco com o senhor: vou marcá-lo como Pedro Paulo do Cruzeiro marca os seus adversários”. Naquela época, o Cruzeiro, meu time do coração, tinha um jogador, de quase dois metros, chamado Pedro Paulo, que era duro na marcação.
De fato, daquela data em diante, comecei a encaminhar à Ordem dos Advogados todas as denúncias que vinham contra o advogado-deputado. Certa vez, ele se aproveitou da minha ausência e requereu habeas corpus para o preso político João Ramos Filho, que estava com prisão preventiva decretada. Como o Tribunal de Justiça pede informação ao juiz sobre a situação do processo, ele adiantou-se e respondeu, em nome do juiz, favorecendo o seu cliente. Foi a coisa mais estranha que já me aconteceu. Fui ao Tribunal e constatei que a informação não era minha, disse-lhes que não havia fornecido aquelas informações. O Tribunal, então, negou o habeas corpus e manteve preso o réu, João Ramos Filho. Possivelmente não há, no judiciário mineiro, fato mais inusitado: um advogado antecipar o pedido de informações e ele mesmo responder em nome do juiz, favorecendo o réu. Diante disso, tomei as minhas cautelas, tentando organizar a comarca e acabar com aquela situação vexatória. Já sabíamos que ele tinha em seu escritório, segundo os oficiais de justiça, mais de quinhentos processos parados. Preparei um mandado de busca e apreensão no escritório dele, para recolher aqueles processos. Cerquei-me de todas as cautelas, arrolei testemunhas ligadas ao advogado-deputado, e fizemos uma diligência através dos oficiais de justiça. Resultado: recolhemos mais de quinhentos processos na casa do advogado. Existiam processos até de Belo Horizonte e de Santa Bárbara. Conseguimos instaurar um processo criminal contra Celso Arinos Motta. Na época, eu já havia sido promovido, por merecimento, para Belo Horizonte.
São vários eventos relacionados à situação do advogado-deputado. Os excessos foram muitos – desde marcar com uma cruz a casa em que eu morava com a minha família até a sugestão de que acontecesse em Mariana o ocorrido na Comarca de Guararapes, próxima a Juiz de Fora, onde o juiz local havia sido assassinado. Confesso que fiquei alarmado, passei por uma crise nervosa tão grande que meus cabelos caíram e tive que ir a Belo Horizonte, onde me aconselharam a tirar todos os meus dentes porque, fatalmente, eles cairiam.
Felizmente, em Mariana, eu tive todo o apoio do arcebispo metropolitano Dom Oscar de Oliveira e do Delegado de Polícia, Clodomiro Silva, conhecido por Dr. Miro. Ambos me deram muita força, e o Dr. Miro até me presenteou com um revólver “Schmich Scot 32”, dizendo-me “Você precisa se defender”.
Continuei o meu trabalho com determinação e tomei algumas medidas drásticas. Nas eleições anteriores, Mariana havia sido alvo de deboche e crítica, porque nos lugares mais distantes, como fazendas, havia postos de eleição. O jornal Estado de Minas denunciava que, num daqueles postos de realização de eleição, um certo fiscal passara os votos para os eleitores, a mando do deputado Celso Arinos Motta. Resolvi, depois de consultar o Tribunal Regional Eleitoral, acabar com os postos localizados em fazendas e nos lugares mais distantes, que não dispusessem da devida segurança. Nomeei, como presidentes e secretários de mesas daqueles lugares, seminaristas de Mariana, dando a eles instruções de que só acatassem ordens emanadas do Tribunal Regional Eleitoral e que, por segurança, eles deveriam exigir o titulo eleitoral ou documento de identidade durante a votação.
O deputado Celso Arinos Motta, que, na eleição anterior, obtivera mais de seis mil votos em Mariana, caiu para quase zero; não se reelegeu e perdeu a força e o prestígio.
Passado tudo aquilo, pude exercer minha judicatura na comarca de Mariana com tranquilidade, mas arranjei um inimigo implacável. Ele me fez várias denúncias na Corregedoria de Justiça, dizendo que era ligado à UDN e que eu tinha levado vantagem naquela suposta ligação. Chegou até a citar que o Banco da Lavoura havia me passado dinheiro.
Felizmente, na magistratura mineira, eu sempre gozei de ótimo conceito, sem nada que me desabonasse. Minha ficha funcional era limpa e, por isso, não tive problemas. Na época, ele escreveu em uma petição que a paciência dele estava se esgotando e que não responderia por seus atos, caso ocorresse outro crime como o de Guararapes. Apresentei a petição ao Desembargador Agílio Ribeiro, presidente do Tribunal de Justiça. O Tribunal não tomou nenhuma medida e ficou alheio, supondo que não aconteceria nada. Voltei para a Comarca abatido. Entretanto, recebi o apoio das autoridades, e, como estava prestes a deixar Mariana, fui homenageado pelas pessoas mais representativas da cidade numa solenidade no ginásio onde eu lecionei durante certo período.
 
*O texto acima foi extraído do livro intitulado “Um Cidadão do Mundo”, às páginas 49 a 53, de autoria do falecido e saudoso Desembargador Lincoln Rocha, que foi Juiz de Direito da comarca de Mariana no período de 1959 a 1965, quando então foi transferido e promovido por merecimento para a comarca de Belo Horizonte. Ele era muito amigo de meu pai e de minha família e foi meu professor de direito comercial no curso de contabilidade no antigo e já inexistente ginásio Dom Frei Manoel da Cruz. A contumaz perseguição de caciques e coronéis políticos de Mariana, entre 1930 a 2008, contra juízes, promotores, delegados de policia e diretoras de escolas estaduais, no passado, me inspirou a fazer dois artigos neste blog: “Causos Políticos”, em 07.08.2008, e “Caciquismo e Coronelismo”, em 25.10.2012. Vale a pena lê-los de novo!

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Que país é este?

Merval Pereira é jornalista

Para se ter uma ideia do que representa a prisão de Marcelo Odebrecht, basta saber que ele mandava ir para sua casa todo diretor da empreiteira que fosse alvo de boatos de prisão. Queria com isso dar garantias ao funcionário de que ninguém o molestaria. Ver policiais em sua casa ontem pela manhã em São Paulo deve ter irritado muito o dirigente da maior empresa brasileira.
Momentos como esse marcam a reviravolta de um país. “Quando vão pegar a Odebrecht?” era a pergunta que não calava, como se dependesse da resposta a credibilidade de toda a Operação Lava-Jato.
O fato de ter demorado tanto demonstra bem os perigos que corriam os Procuradores do Ministério Público, a Polícia Federal e o próprio juiz Sérgio Moro para dar este passo decisivo. Não foi à toa que investigaram por quase um ano as duas maiores empreiteiras do país, Odebrecht e Andrade Gutierrez, antes de prender seus principais dirigentes.
A prisão dos dois prova que o país está mudando. É sintomático de um novo momento que o Brasil vive, tentando controlar a corrupção, completamente disseminada. A prisão icônica de Marcelo Odebrecht, com base numa investigação extensa, é um indício de provas da atuação dele nos desvios da Petrobras e em outras estatais também.
Se tivesse havido a delação premiada na ação penal do mensalão, o resultado teria sido bem mais aprofundado. O publicitário Marcos Valério só está preso, condenado a mais de 40 anos, por que até o último momento acreditava que seus cúmplices no PT, especialmente Lula, tivessem força política para evitar o julgamento.
Bem que o ex-presidente tentou, mas já ali não tinha mais a capacidade de interferir, embora tenha sido poupado da denúncia pelo receio do Procurador-Geral da República à época de que, incluindo-o entre os denunciados, o processo não andasse. Sobrou para o seu chefe do Gabinete Civil e notório homem forte José Dirceu a carga de ser o comandante da trama.
Assim como o juiz Sérgio Moro diz hoje que “é inviável” que os presidentes das empreiteiras não soubessem do que acontecia, devido ao tamanho da operação criminosa, já não é um bicho de sete cabeças dizer que as relações de Lula com as empreiteiras eram tão próximas que é “inviável” que o ex-presidente nada soubesse do que andavam tramando os políticos e empreiteiros na Petrobras e em outras estatais pelo país afora.
Além do mais, o PT é um dos partidos mais beneficiados pelos desvios das estatais. É uma questão de tempo as investigações chegarem ao Instituto Lula e a sua empresa de palestras, juntando dois mais dois. A relação do ex-presidente com as empreiteiras, notadamente a Odebrecht, é do conhecimento público, e o que há de menos grave nelas é o conflito de interesses.
Lula não é um ex-presidente qualquer que passou a fazer parte do circuito internacional de palestras, o que é muito natural. Ele continua sendo a eminência parda dos governos petistas, influindo decisivamente nos rumos do país, para o bem e para o mal.
Por isso, não poderia ter esse relacionamento comercial com empresas que prestam serviços ao governo que comanda dos bastidores. Se nos áureos tempos do mensalão Dirceu já disse que “um telefonema meu é um telefonema”, imaginem um telefonema de Lula.
Se o ex-presidente Lula tiver algum tipo de participação nos desvios, certamente a informação vai aparecer. É preciso investigar a ligação entre as palestras e as viagens internacionais do ex-presidente, financiadas pela Odebrecht, e a interferência dele para beneficiar a empresa.
Para chegar até aqui, tivemos que passar pelo mensalão. O que está sendo desvendado nesses dez anos é simplesmente uma maneira de fazer negócios (e política) que predomina no país não é de agora, mas que o PT exacerbou ao máximo, provavelmente escudado na popularidade de Lula.
“Que país é este?”, perguntou, genuinamente surpreso, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT, ao ser preso em sua casa. É o que veremos ao fim da Operação Lava-Jato.
 
Opinião: o titulo deste artigo acima “Que país é este” me fez lembrar uma opinião do jornalista Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol “El País” que escreveu o seguinte: “Que país é este que junta milhões de pessoas numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas não se mobiliza contra a corrupção?” Infelizmente, digo eu, uma frase triste, porém verdadeira!
 
Meu comentário: é impressionante e até mesmo revoltante constatar que o povo brasileiro é incapaz de se indignar com a corrupção que assola o país qual uma pandemia. Protesta contra tudo e contra todos, menos contra a corrupção. Lamentável!