quinta-feira, 23 de abril de 2015

Mariana: 270 anos de emancipação!

Mariana comemora hoje 270 anos de emancipação*
Mariana comemora hoje 270 anos de sua elevação à categoria de cidade, única em Minas no período colonial. Segundo o historiador marianense Rafael Arcanjo Santos, outras duas datas significativas também são comemoradas este ano: sua elevação à condição de Bispado, em 6 de dezembro de 1745 pelo pontífice Bento XIV, e o 70º aniversário do titulo de Monumento Nacional, através do Decreto-Lei n° 7.713, de 6 de julho de 1945, pelo presidente Getúlio Vargas.
“Assim, transformada em Monumento Nacional – denuncia o historiador – a cidade não pode continuar sendo desfigurada, deturpada e destruída como tantos testemunhos do passado o foram. Mas merece e exige uma conservação atenta e constante por parte dos governos federal, estadual e municipal, e também da Igreja, a quem pertencem os monumentos mais importantes”.
Realidade
Mariana conserva, até hoje, belas igrejas, ricos museus e um harmonioso conjunto de monumentos civis e religioso, construídos nos tempos de Colônia, quando o ouro era abundante. Guarda, ainda, em sua arquitetura, toda a riqueza e religiosidade de uma época colonial, marcada pela cobiça do ouro e pela arte barroca, sendo fonte de inspiração de poetas e lugar onde viveram alguns dos inconfidentes mineiros.
Mariana marca nitidamente o período colonial em Minas Gerais, tanto o desenvolvimento da cidade durante o ciclo do ouro, como também o que há de mais representativo daquela época na arte, nas ciências e na cultura. De forte estrutura cultural no passado, Mariana é ainda hoje uma das cidades coloniais mineiras que tenta preservar suas manifestações artísticas e culturais.
Rafael Arcanjo Santos ressalta que “Mariana é uma cidade que quer guardar as suas tradições e preservar o seu passado, mas anseia por um progresso racional, sem deteriorar a sua fisionomia artístico-cultural e sua identidade histórica. A magnitude cultural e o esplendor de sua história, caracterizada pela obra-prima de seus templos e monumentos e pela arte de seus vultos ilustres, fazem de Mariana ponto de referência da civilização mineira, pelos seus valores intelectuais, pela grandiosidade arquitetônica de seus edifícios históricos e pelo conjunto de suas obras artísticas”.
Importância da cidade é destacada
O historiado marianense Rafael Arcanjo Santos explica que “há 270 anos, necessitando de espaço livre para instaurar a sede do bispado, o rei de Portugal, dom João V, na qualidade de grão-mestre da Ordem de Cristo, a cujo senhorio pertenciam as terras do Brasil, elevou a então Vila Real do Ribeirão do Carmo, pela Carta Régia de 23 de abril de 1745, à categoria de Cidade, trocando-lhe o nome em homenagem à sua consorte, Dona Maria Ana d’Áustria, condição que ostentou, com exclusividade, durante todo período colonial”.
“Oito meses depois – prossegue o historiador – pontífice Bento XIV expedia o Motu Proprio “Candor Lucis Eternae” , de 6 de dezembro de 1745, criando a diocese, sob os auspícios de Nossa Senhor da Assunção, de sua particular devoção, nomeando, em seguida, para ocupar o sólio episcopal, dom Frei Manoel da Cruz, bispo do Maranhão. A posse do primeiro bispo se deu no dia 28 de novembro de 1748, com festejos extraordinários, descritos, ao lado de peças oratórias e poéticas, na famosa obra “Áureo Trono Episcopal”, publicada em Lisboa em 1749, de autor desconhecido”.
Continuando a descrever a história de Mariana, Rafael explica que, “ a fim de corresponder ao grau de importância de que esta forma se investia a Vila do Carmo, cogitaram as autoridades civis de aparelhar a cidade de Mariana dos requisitos necessários. Por determinação do El Rei, o major de engenheiros, José Fernandes Pinto Alpoim, ficou encarregado de elaborar a planta da Cidade de Mariana, a primeira do país com um traçado urbano rigorosamente planejado. Obedecendo ao critério de resguardá-la contra o flagelo das enchentes, o arquiteto militar português riscou o perímetro urbano fora da antiga povoação, chamada zona do campo, distante das margens do rio, a salva de seus transbordamentos. E durante toda a metade do século XVIII ergueram-se majestosos edifícios, tanto de caráter religioso como profano, que vieram constituir-se em lídimos padrões da arte colonial mineira”.
“Centro de atividade política e econômica – ressalta Rafael – Mariana tornou-se um notável ponto de atração de desenvolvimento cultural. Em Mariana, fundou-se o Seminário Menor, onde estudaram gerações de jovens e de onde saíram muitas personalidades não só na religião, mas nas letras, na magistratura, na política. Por outro lado, a cidade primeiro enriqueceu-se com seus templos magníficos, residências nobres e outras importantes obras públicas”.
Concluindo, ele conta que, “há 70 anos, por Decreto-Lei n° 7.713, de 6 de julho de 1945 e em homenagem à data bicentenária de sua elevação à categoria de Cidade, o presidente Getúlio Vargas erigiu em Monumento Nacional todo o acervo arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Mariana, fonte de vida civil de Minas Gerais e marco inicial do trabalho dos mineiros pelo engrandecimento da Pátria”.
*Fonte: jornal “Estado de Minas”, de 23.04.1995.
 
Observação do blog: a entrevista acima concedida pelo meu irmão Rafael Arcanjo Santos gerou uma matéria jornalística publicada no jornal o “Estado de Minas”, de 23.04.1995. Hoje, 20 anos depois, publico neste blog a mesma matéria, porém atualizando as datas contidas no texto original.

Lançamento do livro de Jailda de Freitas*

 A CASA DE CULTURA-ACADEMIA MARIANENSE DE LETRAS lança o livro de poesias “A VIDA EM MISTÉRIOS - Uma roda gigante de aventuras, alegrias e perigos, dando voltas...”, de autoria de JAILDA DE FREITAS SILVA, membro da 1ª turma da Academia Infantojuvenil de Letras. Será no próximo 25 de abril, às 19h30, Rua Frei Durão, 84 – Centro Histórico, Mariana.
Idealizada pela professora Hebe Rôla, a Academia Infantojuvenil de Letras foi fundada em 14 de agosto de 2004 como um departamento da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras. Seu público alvo é formado por crianças, adolescentes e jovens entre 9 a 21 anos. Para ser fundada, contou com o apoio e o incentivo do presidente da Academia Roque Camêllo.
Para a profa. Hebe “a nossa preocupação é com as crianças, adolescentes e jovens que estão se afastando da leitura e têm dificuldades na expressão oral e escrita e desconhecem boa parte da norma culta da língua portuguesa. Queremos despertar neles o gosto pela leitura como fonte de cultura pelo lazer”.
Semanalmente esses “Acadêmicos” se encontram com membros da Academia para estudos em torno da análise de obras, leitura, produção de textos e iniciação ao teatro.
Jailda faz parte daqueles adolescentes que, em 2004, sob a coordenação da profª. Hebe, formaram a turma inicial da Infantojuvenil de Letras. Hoje, é universitária cursando Artes Cênicas na UFOP e leciona teatro no Recreavida, um departamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. É dinâmica e está envolvida em outros trabalhos sociais da cidade.
Na apresentação do livro, Roque Camêllo escreveu: “A baianinha-marianense chegou a Mariana vinda de Nordestina, aos 10 anos de idade. Sua mãe, Justina Freitas, veio de São Paulo onde encontrou e se encantou com um mineiro de Diogo de Vasconcelos. Decidiram morar em Mariana. Justina buscou, na Bahia, as duas filhas, Lourdinha e Jailda.
Menina tímida que se alfabetizou na Escola Estadual Dom Benevides, com seu sotaque bem baiano chamou a atenção de todos, inclusive pela vontade de ler e escrever. Mostrava gosto pelo estudo. Jailda tornou-se poeta registrando suas experiências vividas em Nordestina. Traz para as páginas do seu livro as pessoas e os lugares de sua infância. Nela, retrata suas angústias, canta o amor e dá asas à esperança.
Segundo o acadêmico Gustavo Nolasco, “foi na leitura que Jailda se encontrou. Aprendeu a amar as letras, ler, escrever e interpretar, já que desponta também como uma atriz.”
Em eventos da Academia, os infantojuvenis se apresentam e alguns escrevem seus poemas. Quando de uma homenagem ao marianense, Acadêmico Fernando Morais, Jailda escreveu o poema: “Fernando não nasceu, estrelou”. O celebrado escritor se emocionou ao ver-se nos pueris momentos pelas ruas de Mariana. Ela também homenageou, com seus textos, Dom Francisco Barroso, o jornalista J.D. Vital, o poeta Lucas Guimaraens, o saudoso marianense Vicente Cândido da Silva e outros
*Fonte: texto de Merania Oliveira