quinta-feira, 21 de maio de 2015

Cantando Alphonsus chega à 31ª edição


Hoje, a partir das 19h, crianças, jovens, acadêmicos, estudantes, professores e amantes da poesia recitam e cantam em homenagem ao poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens. Será a 31ª edição do projeto Cantando Alphonsus - sarau lítero-musical, tendo como palco a sacada da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Rua Frei Durão, 84, Centro Histórico.
O “Cantando Alphonsus”, um sarau lítero-musical, todos os anos tem o apoio fundamental do Museu Casa de Alphonsus de Guimaraens sob a direção de Ana Cláudia Rola Santos. Este museu é uma entidade estadual instalada na casa da Rua Direita onde morou e faleceu o poeta. Hoje abriga seus pertences pessoais, lembranças de sua família e originais de seus livros. Têm participação especial no projeto “Cantando Alphonsus” os membros do Departamento Infantojuvenil da Academia, alunos de escolas municipais, estaduais de Mariana, Ouro Preto e Santa Bárbara e do Colégio Providência.
Tudo se realiza com ativa participação do público que é sempre motivado a se interagir com os declamadores, cantores e músicos.
Segundo o presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, prof. Roque Camêllo, “cantar, recitar e declamar a obra de Alphonsus Guimaraens é a melhor forma para que seu trabalho seja mais conhecido e divulgado. Ele foi, sem dúvida, um marianense de corpo e alma que cantou e encantou Mariana nas primeiras décadas do século 20. Este ícone da literatura brasileira soube se fazer marianense cantando a alma e o sentimento desta cidade”.
Cantando Alphonsus tem como objetivo aprofundar os estudos sobre a obra do simbolista Alphonsus de Guimaraens, aproximando o público de qualquer idade desse ambiente histórico e inspirador no qual viveu o poeta nas primeiras décadas do século passado.
O projeto é realizado desde 1984 sob a coordenação da profa. Hebe Rola e é desenvolvido em parceria com o Museu Casa Alphonsus de Guimaraens.
Para sua idealizadora a vice-presidente da Academia Marianense de Letras e professora emérita da UFOP, Hebe Rola, “o importante é a participação popular intensificando o conhecimento da obra de Alphonsus Guimaraens a cada ano não só na região de Mariana e Ouro Preto, mas, se possível, no território mineiro. Principalmente as escolas de Minas precisam motivar seus alunos para o estudo da Literatura a começar por grandes nomes como do poeta Alphonsus de Guimaraens.”

sábado, 16 de maio de 2015

Confraria das Gaveteiras*

Marly Moysés, educadora e Presidente da Confraria das Gaveteiras

Tento, em vão, transportar-me em pensamento até a longínqua e de nome poético Vila de Santa Bárbara das Canoas, de mais de cem anos atrás. Procura desenhar mentalmente a paisagem, o casario, as pessoas que testemunharam o nascimento e os primeiros meses de vida daquele garoto nascido em 16 de maio de 1906 no pequenino burgo localizado ao sul do Estado, que mais tarde se chamaria Guaranésia.
Como mulher e como mãe, busco imaginar como se sentiu a musicista Carlota Odorica de Moura Santos, durante a aventura da longa viagem do sul até o coração de Minas, Mariana, empreendida em companhia de seu marido, o professor José Pedro Claudino dos Santos e de dois filhos pequenos, um dele Waldemar, de apenas nove meses.
Aquela viagem, parte a cavalo, parte de trem. Cortando a vastidão dos campos gerais e a ondulação das silenciosas montanhas onde, ainda hoje, se escondem segredos das minas marcou, para sempre, o itinerário do pequeno santabarbarense do sul.
Foi a partir daí que a atormentada e fascinante consciência dos mistérios das montanhas entre as quais se aninha a terra-mãe, que o acolheria para sempre, como um dileto filho, começou a povoar seus sonhos e alimentar seu ânimo, que prevaleceu sobre quaisquer desafios, durante os quase oitenta anos de seu convívio com sua amada Mariana.
Não foi por acaso, mas por inspiração desta terra que amou tanto, que o menino irrequieto e talentoso, já aos oito anos de idade fundou seu primeiro jornal. Manuscrito, caprichosamente editado e distribuído entre seus colegas de turma durante dois anos, aquele jornal foi o marco definitivo de sua trajetória de vencedor.
Nem foi por acaso, também, que o Ginásio Arquidiocesano, então funcionando em Mariana lhe conferiu, em um concurso de Oratória, o 1° lugar, quando ainda adolescente e estudante de Retórica e Literatura. Revelava-se, ali, além de seu gosto pelas letras, sua indiscutível vocação para o jornalismo, sua grande paixão.
Vencedor que foi desde cedo, na arte de escrever, aplicou-se em aprimorá-la ao fundar, em 1923, no “Externato Marianense” dirigido por Cônego Braga – um dos maiores benfeitores de Mariana no campo da educação e da cultura – o jornal “O Porvir”, que em suas páginas, durante quatro anos veiculou, com aguda sensibilidade jornalística, temas de interesse da juventude de seu tempo.
Jornalista, professor, literato e historiador, seus incontáveis feitos têm, na “Casa de Cultura/Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes”, - a primeira instituição no gênero em Minas Gerais, inspiradora de outras iniciativas semelhantes, - a síntese perfeita de suas inúmeras e vitoriosas realizações.
Foi pelas suas mãos que, ainda estudante no Colégio Providencia, ingressei nessa que é das instituições culturais mais respeitadas em Minas e no país.
Naquele penúltimo dia do ano de 1986. 30 de dezembro, em que ele nos deixou para sempre, saí da Casa de Cultura, nicho de saberes que ele concebeu e cuidou com tanto zelo, para registrar, com urgência emocionada, meu sentimento de então que, ainda hoje, persiste.
“(...) Contemplo, silenciosa, o esquife que abriga, na rigidez corpórea, o perfil, por fim apaziguado, de um guerreiro que jamais se concedeu uma trégua. A luz dos círios que presidem, hirtos, o aparato fúnebre, lança intermitentes reflexos sobre suas mãos cruzadas, produzindo-lhes um ilusório movimento... (...) Em seu dialeto irrecorrivelmente familiar a cada marianense, os sinos da Sé, do Carmo e do São Francisco falam de morte, de morte de homem, de homem importante. No confronto com o desconhecido, busco alento na lembrança de outros tempos. Vejo-me pouco mais que adolescente. O fascínio pelas “Lendas Marianenses” me impele para perto de seu autor. Troco até o caminho de volta do Colégio. Passar pela Rua Direita, parar na antiga sede do Correio, encostar-me no umbral da primeira porta para ouvir, deliciada, casos onde a fantasia e o real se confundem, é rotina sagrada. (...) Da leveza da lenda de ontem, do mistério do sonho de hoje, vai ele recompondo, para o futuro, a apaixonante história de Mariana. Transito pelo espaço dessa história pisando, passo a passo, sobre suas pegadas. E me descubro amando cada vez mais, traço por traço, signo por signo, esta terra-embrião das Minas, ressuscitada em sua verdade histórica pelo talento e pela sensibilidade deste cidadão que veio de Guaranésia. (...) Para aceitar tornar-me secretária da recém-nascida Academia – distinção inusitada para uma inexperiente jovem estudante – exorcizo minha insegurança com a benzedura de seu estímulo. Alego meu despreparo. Ele responde com sua fé inabalável na juventude. A voz ciciante, os gestos comedidos e discretos escondendo uma vontade férrea, uma coragem que desconhece fronteiras, um desmesurado amor por Mariana, quebram minha resistência (...) A sede própria veio muito tempo depois, fruto de sua perseverança, de sua obstinação, que nenhum quebranto conseguiu jamais aniquilar.
Foi bom, desafiante e belo exercer o ofício de secretária da Academia. Ao menino que veio de Santa Bárbara das Canoas e se tornou marianense por legítimo direito devo, com certeza, muito mais do que lhe pude retribuir.
Passadas décadas de sua partida, mais que nunca persiste, em mim, a consciência de que ele foi um vencedor. Sua presença na história cultural de Mariana é definitiva.
Sua obra prevalece. Para sempre.
Marly Moysés Silva Araujo, Educadora marianense.
*Fonte: artigo publicado no Jornal Panfletu’s, de 7 a 21.05.2015.

Meu comentário: Waldemar de Moura Santos, meu pai, foi um dos fundadores da Academia Marianense de Letras, instituição com quase 53 anos de existência e falecido há 28 anos, em 30.12.1986. Hoje, dia 16 de maio de 2015, ele está completando 109 anos de nascimento. Quero, através deste blog, em meu nome e no de meus irmãos, externar a nossa profunda gratidão à ilustre acadêmica Marly Moysés, primeira secretária que redigiu a ata histórica de fundação desta instituição artístico-cultural, pelo generoso e carinhoso artigo publicado no jornal Panfletu’s, datado de 7 a 21.05.2015. À nossa querida amiga e acadêmica Marly Moysés, o mais sincero agradecimento da Família Moura Santos!

terça-feira, 12 de maio de 2015

Carta do prefeito aos contribuintes marianenses

A exemplo de milhares de cartas que talvez tenham sido endereçadas aos contribuintes marianenses, eu também recebi uma carta personalizada do prefeito de Mariana, cujo teor transcrevo abaixo:
 
Frederico Ozanan Teixeira Santos
Prezado Frederico
Sei muito bem que você está acompanhando as notícias da crise que o Brasil está enfrentando desde o final do ano passado. A cidade de Mariana também está sofrendo os efeitos desta crise. Algumas empresas estão demitindo e outras suspendendo os contratos de trabalho de seus colaboradores e funcionários.
A Prefeitura de Mariana também é vitima desta crise. Estamos perdendo mais de R$ 6 milhões de arrecadação por mês. Ou seja, apenas neste ano já perdemos mais de 18 milhões e devemos perder cerca de R$ 70 milhões até o final do ano.
Frederico, esta situação requer algumas medidas de proteção. Precisamos ter a responsabilidade de tomar decisões que possam preparar melhor a Prefeitura para o enfrentamento desta situação. Como primeira medida, cortamos 30% do salário do Prefeito e do Vice-Prefeito. Reduzimos em 7% os salários dos secretários municipais e suspendemos todas as contratações pelos próximos 90 dias. Além disso, cada secretaria deve realizar uma redução de, no mínimo 30%, dos custos decorrentes de telefonia, energia elétrica, combustível, material de consumo, diárias, locação de veículos, dentre outros.
Suspendemos as gratificações de servidores nomeados. Suspendemos os pagamentos de horas extras. As horas realizadas serão compensadas em banco de horas, pois o trabalhador não terá nenhum prejuízo com estas medidas.
Frederico, você pode ficar tranquilo, pois os serviços públicos serão mantidos. Os médicos continuarão atendendo, os remédios serão oferecidos, a UTI será implementada, a UPA será entregue dentro do prazo. A educação continuará sendo nossa prioridade. Enfim, as obras iniciadas serão concluídas e entregues à comunidade.
Contudo, temos que encarar este momento de crise como um momento de oportunidades. Oportunidade de fazermos mais com menos, oportunidade de usarmos cada vez mais a criatividade para implementar soluções, oportunidade de utilizarmos melhor nossos recursos.
Frederico, estas medidas preservam os empregos e a remuneração dos servidores públicos e protegem os principais investimentos nas áreas de saúde, educação, segurança e desenvolvimento econômico e social.
Obrigado por sua atenção. Vamos, juntos, vencer mais esse desafio.
Um grande abraço,
Celso Cota, Prefeito Municipal de Mariana

sábado, 9 de maio de 2015

Dom Barroso na Academia Marianense de Letras

Dom Barroso toma posse na Academia Marianense de Letras e lança mais um livro

A Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras empossa como seu membro efetivo o ouropretano-marianense, DOM FRANCISCO BARROSO FILHO na Cadeira Nº 37 cujo Patrono é ALCEU DE AMOROSO LIMA, conhecido como Tristão de Ataíde, hoje, dia 09 de maio, às 20h, em sua sede.
A saudação ao recipiendário será proferida pelo acadêmico, jornalista e escritor, J.D. VITAL ocupante da Cadeira nº 04 cujo patrono é Dom Antônio Ferreira Viçoso.
Dom Barroso passou parte de sua infância e adolescência em Mariana, nos Seminários Menor e Maior, fazendo os Cursos de Humanidades, de Filosofia e Teologia. Sua cultura abrange também curso de violoncelo e regência, museologia e de desenvolvimento integral. É o fundador do Museu do Aleijadinho de Ouro Preto. Nomeado bispo de Oliveira, realizou um importante trabalho de evangelização criando a Pastoral Vocacional juntamente com o Movimento Serra, Pastoral da Juventude, Familiar, Carcerária e da Criança.
Para o presidente Roque Camêllo “Dom Barroso tinha de ser o que é: cidadão culto e de coração alegremente generoso sem medir esforços e sacrifícios para se dedicar a todos”.
Sendo um homem da cultura, foi regente e fundador do Coral e Orquestra São Pio X, o Museu do Aleijadinho e a Escola de Música de Ouro Preto. É membro de Academias além de autor de vários livros: “Museu do Aleijadinho”, “Santa Teresinha e as Pastorais”, “A Espiritualidade na Arte”, “Ateísmo Contemporâneo”, “Reminiscências Históricas” e “Tricentenário de Ouro Preto”, “A Grandeza de um Pequeno Projeto”.
Após a cerimônia de posse, será lançado seu mais recente livro “Igreja de São Francisco de Assis”, abrindo-se, também a Exposição “São Francisco de Assis de Ouro Preto pelo olhar direcionado de Dom Barroso”, fotografias de VITÓRIA SILVA que ilustram o livro.
Sendo conhecedor da obra de Aleijadinho, principalmente da Igreja de São Francisco de Assis, escreveu o livro com linguagem acessível a todo público, turistas, estudantes e fiéis, mostrando o significado de cada detalhe desta magnífica edificação como os significados religiosos, artísticos, históricos e patrimoniais, com caráter educativo e preservacionista. A exposição fotográfica é um trabalho da ouropretana Vitória Silva que seguiu as orientações do autor do livro. Essas fotografias poderão ser vistas através do site: www.vitoriafotos.com.br .
Os integrantes da Academia Infantojuvenil de Letras, sob a coordenação da Acadêmica professora Hebe Rola, prestarão homenagem a Dom Barroso e à memória do Aleijadinho, patrono das Artes Brasileiras.

domingo, 3 de maio de 2015

Excesso de falta do que fazer

O jornalista Luiz Tito, colunista do jornal “O Tempo”, escreveu sobre diversos fatos acontecidos no período de 21 a 27.04.2015, cujo titulo foi: “Excesso de falta do que fazer” O trecho mais interessante do artigo, no meu entendimento, foi o seguinte.
(...) “Além desses fatos, restou o alarde feito em Minas, na imprensa e nas redes sociais, sobre a outorga da Medalha da Inconfidência ao presidente do Movimento dos Sem Terra, João Pedro Stédile. Não sou contra a pessoa, que felizmente sequer conheço. Sou ferozmente contra qualquer tipo de invasão, de esbulho, sejam os orientados por esse bando de marginais inservíveis que tomam posse de propriedades rurais como também os que invadem terrenos e prédios públicos ou privados, contra os que obstruem estradas, portos e aeroportos ou promovem qualquer tipo de ocupação, com o intuito de tumultuar a vida para fazerem valer direitos que acham que têm. Sou contra o tipo, sou contra a postura dessas figuras, que são incentivadas por um Estado que se exime de suas obrigações e transfere para quadrilhas organizadas a busca de soluções que o próprio Estado não teve vontade política e criatividade para oferecer.
Minas, à parte das tradições que sustenta e amplia, tem também a prática de conferir medalhas, diplomas, honrarias, selos e reconhecimentos afins. Em nenhum outro Estado brasileiro essa tradição é tão presente. Medalhas da Inconfidência, de Santos Dumont, de Juscelino Kubitscheck, do Judiciário, do Legislativo, de câmaras municipais, do jogo de bicho, ordens de tudo, comendas as mais variadas, até do puteiro, diplomas às centenas, nomes de ruas, um universo de prêmios outorgados por quem quase sempre não tem autoridade para fazê-lo, destinados a pessoas sem o menor sentido ou compromisso com o que recebem. Mais econômico, mais sincero e decente seria termos a coragem de abolir radicalmente essas pseudo honrarias, acabar com essa farra de feriados e nos concentrarmos nas nossas obrigações, nas nossas demandas, nas nossas urgências. Ao trabalho minha gente. Consideramos-nos condecorados, as panelas batidas, os foguetes queimados. Estamos vivos e de pé. Para a grande maioria, já é muito”.
 
Meu comentário: oxalá que o governador petista Fernando Pimentel não tenha a infeliz ideia de condecorar com a Medalha do Dia de Minas Gerais, no próximo dia 16 de Julho, o pessoal petista do petrolão como Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró, João Vaccari Neto ou o pessoal do mensalão. Desmoralizaria para sempre a comemoração  cívica realizada há 36 anos em Mariana! Aliás, o mensaleiro petista José Dirceu já recebeu a Medalha do Dia de Minas a convite do então governador Aécio Neves, quando ainda não tinha sido condenado pelo STF.