Hoje, dia 12 de julho, sexta-feira,
às 20h30, no salão nobre da Casa de Cultura - Academia Marianense de Letras, rua
Frei Durão, 84, Centro Histórico de Mariana, será aberta a exposição “O
NEOBARROCO DE HÉLIO PETRUS”. Embora tardia a vocação de Hélio Petrus para a
arte do entalhe, ele se consagrou como grande ícone na arte sacra. Seu trabalho
é reconhecido como neobarroco, além de ser professor e descobridor de talentos.
Homem culto, amável e de
muita fé, assim é conhecido o mestre do entalhe de Mariana, Hélio Petrus Viana,
70 anos. Nasceu em Felipe dos Santos,
povoado distante 50 Km de Mariana, para onde foi ainda criança residir, fazer o
curso primário e depois o seminário. Ele se inspira em obras dos mestres
Aleijadinho, Vieira Servas e Manoel da Costa Ataíde para produzir seus
trabalhos, cujo tema preferido é a Arte Sacra.
Petrus já esculpiu obras
famosas como a Madona de Cedro, que a Rede Globo de Televisão usou para filmar
a minissérie de mesmo nome em 1994. Tem realizado obras para a ornamentação de
capelas e igrejas e para acervo de colecionadores particulares como a capela do
padre cantor, Fábio de Melo.
Sua mais nova alegria é
saber que o Papa Francisco que virá ao Brasil neste mês, receberá como
presente, um São Francisco esculpido por ele, Petrus. É mais um coroamento do
seu grande êxito. Para o presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de
Letras, Roque Camêllo, “Hélio imprime em suas obras o caráter espiritual de sua
própria vida plasmada em suas raízes familiares e entre as paredes do
tradicional Seminário de Mariana, ícone da sabedoria e da religiosidade. É
fruto também deste cenário vivo da cultura que são nossas cidades Históricas.
Agora, Hélio vai para o Vaticano com seu São Francisco como já foi para o mundo
com suas mãos abençoadas”.
Quando se deu, em 1999, o
incêndio do Santuário do Carmo de Mariana, foi contratado para produzir
réplicas de imagens consumidas pelo fogo. Seus trabalhos se encontram em vários
estados brasileiros e em outros países como Portugal, França, Bélgica, Itália, Suíça,
Japão e Estados Unidos.
A vocação artística se
despertou somente aos 25 anos, quando cursava Letras. A partir deste momento,
passou a estudar e conhecer o barroco com mais profundidade, principalmente a
obra de Aleijadinho, Vieira Servas e Atayde, os grandes artistas mineiros do
século XVIII.
A descoberta da obra desses mestres
inigualáveis, ali tão perto, fê-lo se encantar com a beleza barroca e se
apaixonar pela arte. Sentiu-se motivado e começou a executar os primeiros
trabalhos, os querubins, e a produzir certos detalhes que via nas igrejas
marianenses. Anos mais tarde, aprofundou seu estudo sobre o barroco europeu,
principalmente o italiano. Com isto, passou a utilizar tons mais claros
denominados pátina. Petrus afirma que “procura tirar aquela densidade dramática
e sofrida dos santos do barroco do século XVIII para torná-los mais alegres e
joviais. Como por exemplo, os meus Sãos Franciscos trazem pássaros e não a
caveira, algo comum, aliás bem usual, nas mãos do São Francisco das nossas
igrejas setecentistas. Nas talhas, também as virgens e as madonas são
geralmente jovens alegres. Por isto, meu trabalho é denominado neobarroco”.
Para a doutora em história
Roselli Santaella, “o trabalho de Petrus é classificado como neobarroco, que
apresenta um estilo genuíno com densa diversidade. Cada anjo tem o rosto
próprio cujo entalhe traz uma encarnação sempre diferente”.
Hoje, Petrus tem um rico
acervo de obras barrocas e o ateliê, no Centro de Mariana, onde trabalham com
ele jovens artistas. Ao longo destes anos, procurou identificar talentos
partilhando com estes sua arte, orientando-os no aprimoramento do estilo
barroco na talha e na escultura em madeira. Seus seguidores fazem questão de
chamá-lo de mestre. Em sua simplicidade afirma: “Foi uma gratificação muito
grande esta inspiração que eu tive em associar a meu trabalho talentos jovens”.
Sendo a obra na madeira demorada porque exige paciência e precisão no corte do
entalhe, Petrus associou jovens habilidosos ao seu trabalho. Assim, conseguiu
três coisas: primeiro o aprimoramento, depois uma produção suficiente para
fazer exposições e uma terceira dar oportunidade e incentivar os aprendizes.
Segundo o artista “não basta ter apenas habilidade, é necessário muita
aplicação”.
O curador de arte e atual
presidente do Instituto Brasileiro de Museus IBRAM, Ângelo Oswaldo, disse que
“Hélio Petrus descende dos esplêndidos autores que tornaram a ornamentação dos
retábulos e das naves do século do ouro a viagem delirante a um universo de
formas encantadas. Sabe como acumular a riqueza dos detalhes e alcançar as
nuanças que o cedro sugere. Madonas, anjos e arcanjos circunvolam em cirandas
de nuvens. À frente de uma legião seráfica, Francisco de Assis conversa com os
pássaros e se eleva, em êxtase, para o voo sublime”.
O turista que vai a Mariana
se extasia diante de igrejas e monumentos do século XVIII, mas sua visita será mais
completa se conhecer Hélio Petrus e seu ateliê ali na rua Dom Silvério, que o
povo continua chamando rua Nova porque foi a última a ser construída quando Dom
João V mandou planejar a cidade, em 1745. No meio desse ambiente de História e
vizinho de nomes comuns da antiga Vila do Ribeirão do Carmo como Atayde,
Aleijadinho, Servas e outros, é que vive Hélio Petrus, um nome do presente que
o futuro incluirá entre aqueles. Já consagrado, não perde a simplicidade, o bom
humor e a fidalguia em receber, com um sorriso constante e um coração generoso
todos que o procuram.
Marlene Maia, presidente do Movimento Renovador de
Mariana afirma: “O artista não tem pátria porque a arte é universal, mas Hélio
Petrus não tem como negar sua obra revela a alma e o sentimento de Mariana”.
A acadêmica e especialista
em História da Arte e especialmente em arte barroca professora. Regina Almeida
afirma que: “A arte de Hélio Petrus transporta o céu para a terra e nos conduz,
da terra, ao céu. É arte que enleva e eleva!
O evento integra as
comemorações do cinquentenário da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras
fundada em 1962 por intelectuais mineiros como Waldemar de Moura Santos, Pedro
Aleixo, Alphonsus de Guimaraens Filho, Salomão de Vasconcelos, José Mesquita de
Carvalho, Cristóvão Breyner, Wilson Chaves, Dom Oscar de Oliveira, Marly
Moysés, Maria Teixeira e outros.
A exposição ficará aberta ao público de 13 a 31 de julho,
diariamente, das 9h às 18h.
* Merania Oliveira: Curadora da exposição “Neobarroco de
Hélio Petrus”.
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