terça-feira, 8 de novembro de 2016

A revoada dos anjos de Minas


Lançamento do livro “A Revoada dos Anjos de Minas” (Ou A diáspora de Mariana) do jornalista membro efetivo da Academia Marianense de Letras JD Vital, faz Mariana voltar à cena. O evento será hoje 8 de novembro, terça-feira, às 19h30, na Livraria Leitura do Shopping Pátio Savassi.
 
     A REVOADA DOS ANJOS DE MINAS retrata, após cinquenta anos, o fechamento temporário do Seminário Maior de Mariana-MG, em 1966, quando os ventos renovadores do Concílio Vaticano II sopravam a poeira dos casarões religiosos mineiros e brasileiros.
     O autor tem grande ligação com Mariana, além de pertencer a Arquidiocese, nascido em Barão de Cocais. JD Vital ocupa a cadeira nº 04 da Academia Marianense de Letras cujo Patrono é DOM ANTÔNIO FERREIRA VIÇOSO. O convite para ocupar esta cadeira foi-lhe feito por mim, em razão de seu conhecimento e estudos sobre Bispos e Arcebispos do Brasil. Para ocupar a Cadeira de Dom Viçoso, precisava ser alguém que conhecesse a história do “Santo Particular”, assim chamado pelo poeta Carlos Drumond de Andrade, e Vital era a pessoa certa para dar a Dom Viçoso seu merecido destaque.
      O jornalista é autor de vários livros-reportagem, entre eles, “Quem Calçará as Sandálias do Pescador?”, “A CBMM e a Cidadania” e “Como se Faz um Bispo - segundo o Alto e o Baixo Clero". Com este, Vital traz a público dados importantes e desconhecidos sobre a sagração de uma autoridade episcopal.
     Para a também Acadêmica Profa. Regina Almeida, “JD Vital é um autor sempre muito bem recebido pelo público leitor, em face do estilo fluente e da qualidade de seus escritos, além de seu preparo vaticanista e como grande conhecedor da História da Igreja do Brasil ”.
      O novo livro de JD Vital, vindo a lume por solicitação da Associação dos Ex-alunos dos Seminários de Mariana (AEXAM), registra os fatos inusitados causadores do fechamento temporário das portas da tradicional Instituição fundada por Dom Frei Manoel da Cruz, em 1750. Na época em que se deu a interrupção das atividades, o titular do Arcebispado de Mariana era Dom Oscar de Oliveira. Embora inativo por pouco tempo, o fato abalou a Imprensa Nacional porque representava uma gama de questionamentos que os atores, seminaristas então chamados de Anjos de Minas, levantavam a partir das discussões e decisões do Concílio Vaticano II. Uma das consequências foi o rompimento administrativo com a benemérita Congregação da Missão, Padres Lazaristas que dirigiam os Seminários, há mais de um século, a convite de Dom Viçoso, 7º Bispo de Mariana. A tradicional Casa de formação eclesiástica com seus Cursos de Humanidades, Filosofia e Teologia, meses depois foi reaberta sob a responsabilidade de padres do clero arquidiocesano.
     Pelo Seminário Marianense passaram grandes nomes da vida eclesiástica brasileira, muitos estudantes que se tornaram próceres da política nacional, cientistas, historiadores e professores. Este Seminário foi o precursor da formação universitária mineira com seus Cursos de Filosofia e Teologia, pois, Minas somente veio a conhecer outros (Farmácia e Engenharia) 100 anos depois.
     JD Vital pesquisou meses a fio para produzir “A REVOADA DOS ANJOS”, lendo jornais da tumultuada época da diáspora (1966) e fazendo entrevistas com pessoas que viveram aquele momento, alunos, padres e leigos. De tudo se conclui como foi e continua importante para o Brasil esta Casa de formação religiosa, cultural e cívica que caminha para seus 270 anos. Ao mesmo tempo, com seu estilo leve, agradável e convidativo, transporta o leitor a um tempo de notáveis transformações não só para a Igreja, mas também para a sociedade brasileira.
     Embora o assunto nada tem a ver com o outro, o livro de JD Vital chega num momento em que Mariana, a primeira capital de Minas, se vê mergulhada na maior tragédia ambiental do Brasil com o rompimento da Barragem de Fundão no distrito de Bento Rodrigues, a 24 km do sítio histórico urbano. O noticiário nacional e internacional, colocando sempre o lado negativo do acontecimento, lamentavelmente inegável, traz consequências funestas a esta importante Cidade Histórica tombada pelo IPHAN. Não fazendo a mídia os necessários e úteis esclarecimentos, deixa a cidade e seus magníficos monumentos e equipamentos culturais como se estivessem sob a lama da Barragem do Fundão, amedrontando os turistas.
     Os prejuízos se avolumam porque a receita municipal, oriunda da atividade minerária, se interrompeu e o turismo praticamente desapareceu. Assim, chegar ao público, nesta hora, mais um livro tratando de outro tema pelo qual se evidencia a importância do Seminário de Mariana, é consolador e pode contribuir para mudar o eixo da força negativa para a esperança de um novo tempo. Vital merece todos os nossos encômios, fazendo Mariana voltar à cena, ao palco de sua verdadeira vocação.
Roque Camêllo, Presidente da Academia Marianense de Letras.

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