Danilo Gomes*
Não me levem a mal, não, mas ainda bem terminou a folia: Rollings Stones, U-2/Bono Vox e Carnaval. Como podem ver, sou careta e antigado. Gosto do cantochão, música sacra antiga e Semana Santa. Já nasci antigo, em Mariana, a cidade mais antiga de Minas e sua primeira capital. Nasci ouvindo sinos de velhas igrejas. Ainda menino de colo, aspirei o bom cheiro do incenso litúrgico das venerandas cerimônias sacras.
Vocês já viram que me amarro numa missa cantada; sempre que posso vou à missa no Mosteiro de São Bento, aqui e no Rio. Meu espírito é ligado à Semana Santa. Desculpem meu saudosismo, meus prezados leitores (tenho, pelo menos, meia dúzia), mas não posso deixar de registrar uma observação. É o seguinte: no meu tempo, a Semana Santa era celebrada com respeito, unção, silêncio e pesar. As bandas de música tocavam marchas fúnebres. As matracas nos lembravam o martírio, a agonia e a morte de Jesus Cristo. Oficio de Trevas, Procissão do Encontro, Descendimento da Cruz, Procissão do Enterro. Depois, a alegria do Sábado da Aleluia e do Domingo da Ressurreição, do Advento do Espírito Santo e Seus dons inefáveis, Sua luz esplendorosa. Festivos, os sinos jubilosos anunciavam o triunfo sobre a paixão e a morte. Tradições que nos vieram da Igreja primitiva, dos apóstolos, das catacumbas, dos martírios em Roma e em todo o Império.
Nós, os antigos, os caretas, tentamos segurar os velhos estandartes, preservar as opas das vetustas confrarias, celebrar as consagradas liturgias. Amamos o olor do incenso percorrendo as naves das igrejas. Sim, senhores, nossa irmandade é muito antiga. Nós, da Velha Guarda, amamos o silêncio e o respeito, em especial na Semana Santa. Bom livro para a temporada: “As Exigências do Silêncio”, de Anselm Grün, tradução de Carlos Almeida Pereira, Editora Vozes, já em 3ª edição.
Para rematar a crônica caretona de hoje, permitam-me anotar um pensamento de Johann Eckhart: “Em todo o universo, nada existe de mais parecido com Deus que o silêncio”.
Dr. Ferrari, acho que estou ficando velho. É grave, doutor?
(Transcrito do jornal “Hoje em Dia”, de 19.03.2006).
Não me levem a mal, não, mas ainda bem terminou a folia: Rollings Stones, U-2/Bono Vox e Carnaval. Como podem ver, sou careta e antigado. Gosto do cantochão, música sacra antiga e Semana Santa. Já nasci antigo, em Mariana, a cidade mais antiga de Minas e sua primeira capital. Nasci ouvindo sinos de velhas igrejas. Ainda menino de colo, aspirei o bom cheiro do incenso litúrgico das venerandas cerimônias sacras.
Vocês já viram que me amarro numa missa cantada; sempre que posso vou à missa no Mosteiro de São Bento, aqui e no Rio. Meu espírito é ligado à Semana Santa. Desculpem meu saudosismo, meus prezados leitores (tenho, pelo menos, meia dúzia), mas não posso deixar de registrar uma observação. É o seguinte: no meu tempo, a Semana Santa era celebrada com respeito, unção, silêncio e pesar. As bandas de música tocavam marchas fúnebres. As matracas nos lembravam o martírio, a agonia e a morte de Jesus Cristo. Oficio de Trevas, Procissão do Encontro, Descendimento da Cruz, Procissão do Enterro. Depois, a alegria do Sábado da Aleluia e do Domingo da Ressurreição, do Advento do Espírito Santo e Seus dons inefáveis, Sua luz esplendorosa. Festivos, os sinos jubilosos anunciavam o triunfo sobre a paixão e a morte. Tradições que nos vieram da Igreja primitiva, dos apóstolos, das catacumbas, dos martírios em Roma e em todo o Império.
Nós, os antigos, os caretas, tentamos segurar os velhos estandartes, preservar as opas das vetustas confrarias, celebrar as consagradas liturgias. Amamos o olor do incenso percorrendo as naves das igrejas. Sim, senhores, nossa irmandade é muito antiga. Nós, da Velha Guarda, amamos o silêncio e o respeito, em especial na Semana Santa. Bom livro para a temporada: “As Exigências do Silêncio”, de Anselm Grün, tradução de Carlos Almeida Pereira, Editora Vozes, já em 3ª edição.
Para rematar a crônica caretona de hoje, permitam-me anotar um pensamento de Johann Eckhart: “Em todo o universo, nada existe de mais parecido com Deus que o silêncio”.
Dr. Ferrari, acho que estou ficando velho. É grave, doutor?
(Transcrito do jornal “Hoje em Dia”, de 19.03.2006).
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