Da janela da minha casa consigo avistar o morro do Cruzeiro onde está erguida uma tradicional cruz construída naquele local em 1950, em comemoração ao Ano Santo decretado pelo Papa Pio XII. Com a idade de 9 anos, tive o privilégio de acompanhar a construção daquela cruz. Meu pai, Waldemar de Moura Santos, fazia parte da comissão municipal encarregada de promover as comemorações religiosas presididas pelo então Arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira. A cruz, em cimento armado, foi construída pelos ferroviários da Central do Brasil.
Durante muitos anos, o meu pai ficou encarregado de providenciar junto à comunidade marianense a doação de lâmpadas para a cruz ficar iluminada durante a noite. A energia elétrica era fornecida pela então Companhia Força e Luz Marianense que, durante muitos anos foi responsável pela iluminação pública e particular do município. A Cemig só chegou aqui na década de 60.
Durante muitos anos, o meu pai ficou encarregado de providenciar junto à comunidade marianense a doação de lâmpadas para a cruz ficar iluminada durante a noite. A energia elétrica era fornecida pela então Companhia Força e Luz Marianense que, durante muitos anos foi responsável pela iluminação pública e particular do município. A Cemig só chegou aqui na década de 60.
Naquela época, o meu pai ficava observando aqui embaixo, lá da Rua Direita, onde morava, se havia algumas lâmpadas queimadas. Quando o número de lâmpadas já era grande e desfigurava os traços da cruz durante a noite, o meu pai ia atrás dos amigos do cruzeiro luminoso buscar as lâmpadas doadas. Ele mesmo, junto comigo, subíamos o morro, e tirávamos as lâmpadas queimadas e as trocávamos pelas novas. Para facilitar a subida na cruz, havia atrás dela garras de ferro de segurança onde a gente colocava as mãos e os pés para não cair.
Naquele tempo, Mariana era tão pequena e familiar, que ninguém ousava furtar lâmpadas. Era o berço da civilização mineira. Atualmente, para conservar o cruzeiro luminoso só mantendo ali guardas municipais por 24 horas. Se não for assim, as lâmpadas não ficam ali um dia sequer. Apesar de abandonada há muitos anos, só agora recebeu uma caiação, para mim é uma surpresa agradável a cruz estar ali há 58 anos, a salvo dos contumazes iconoclastas de plantão, incólume, sem depredações. Um verdadeiro milagre!
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