Governo de Minas Gerais e a Prefeitura de Mariana optaram por não realizar a cerimônia.
Em respeito às vítimas da tragédia que se abateu sobre a região de Mariana há oito meses, o governo de Minas Gerais e a Prefeitura de Mariana optaram por não realizar, em 2016, a cerimônia de entrega de medalhas e homenagens pelo Dia de Minas Gerais em 16 de julho, data que também marca o aniversário da cidade.
O Governo de Minas e a Prefeitura entendem que todos os esforços públicos devem continuar a ser direcionados para a recuperação dos danos socioambientais causados na região, como foi feito até agora, e conta com a compreensão de todos pela não comemoração da data.
Governo do Estado de Minas Gerais
Governo do Estado de Minas Gerais
EM DEFESA DA CELEBRAÇÃO DO DIA DE MINAS GERAIS
Recebemos, com surpresa e muita tristeza, a decisão lamentável do governador Fernando Pimentel de cancelar a solenidade oficial do Dia de Minas, instituída por lei desde 1979 e consagrada no Artigo 256 da Constituição Mineira de 1989.
Laconicamente, a irrefletida decisão se baseia em razão de luto pela tragédia ocorrida, em Bento Rodrigues, em cinco de novembro de 2015. É exatamente o contrario que o Governador Estadual deveria fazer.
É hora de promover e investir em Mariana para compensar mais de trezentos anos sugados de suas entranhas para Minas e para o Brasil. É hora de o Estado fomentar sua economia a começar pela atividade turística e serviço em geral, natural vocação de Mariana.
Declarar, oito meses depois, luto não contribui em nada.
Ademais, causa estranheza uma decisão que descumpre a Lei Estadual 7.561/79 e o Artigo 256 da Constituição Mineira de 1989, diplomas legais que determinam ao Governador do Estado a celebração dos 16 de JULHO como o DIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, em Mariana, e com a transferência simbólica da Capital para esta que foi a primeira capital e cidade mineira.
Ao tomar posse como Governador do Estado, o mandatário jurou respeitar as Leis e cumprir a Constituição. Não o fazendo, incorre em crime de responsabilidade de graves consequências. Não se acredita que a Assessoria Jurídica do Governador tenha orientado o Dr. Fernando Pimentel a tão infeliz decisão, passível de ser questionada pelo Ministério Publico na qualidade de Fiscal do cumprimento das Leis e da Constituição. O Governador estaria ciente da infeliz e inoportuna decisão?
Todos nós, marianenses, mineiros e brasileiros, sabemos da dimensão da tragédia que se abateu sobre Mariana por ocasião do rompimento da barragem de rejeitos de Fundão. Por outro lado, também temos a certeza de que não é cancelando a nossa maior celebração anual quando, inclusive, Mariana é novamente alçada à condição de capital de Minas Gerais, que estaremos contribuindo para reparar a dor e o luto pelas vidas e histórias ceifadas naquela tarde de novembro. .
Cientes da preocupação do governador Fernando Pimentel para com a dor dos marianenses, esperamos firmemente que ele reveja sua decisão já que, neste momento, Mariana espera sim a presença do Governo do Estado para contribuir com a recuperação da sua autoestima e da sua importância histórica para com os rumos de Minas Gerais.
Roque Camêllo
Idealizador e proponente, em 1979, do projeto do dia do Estado de Minas Gerais
Presidente da Comissão de Defesa do Patrimônio Histórico da OAB/MG
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e do CEDIF
Presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Ciências e Ares
Diretor-executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (FUNDARQ)
Meu comentário
Os políticos, hoje,
de todos os partidos, tão desmoralizados estão perante a opinião pública que eles
sentem uma tremenda dificuldade de presidir quaisquer solenidades cívicas junto
com o povo. Por causa disso, há décadas, a cerimônia do Dia de Minas é
realizada na Praça Minas Gerais em espaço fechado ao público.
Os governadores, senadores,
deputados estaduais e federais e agraciados que participam dessas solenidades
ficam constrangidos com a merecida e sonora vaia popular. Justificar a não realização
da 37ª e ininterrupta edição do Dia de Minas Gerais por causa da tragédia de
Mariana acontecida há oito meses é um insulto à inteligência do povo marianense.
Aliás, o poder público jamais se
preocupou com a fiscalização da segurança de trabalhadores que atuam na área da
mineração. Se preocupasse não teria havido a tragédia. O medo dos políticos é serem humilhados novamente
com o contumaz e sempre merecido repúdio popular.
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