Cidade fará pedido para obter status concedido a Ouro Preto, Diamantina e ao Santuário de Bom Jesus de Matosinhos
Gustavo Werneck
Até o fim deste ano, Mariana, primeira cidade de Minas, vai fazer o pedido oficial à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) para se tornar patrimônio da humanidade, título já concedido, no estado, a Ouro Preto, Diamantina e ao Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. A intenção será anunciada hoje, no município da Região Central, a 115 quilômetros de Belo Horizonte, pela comissão encarregada de fazer a inscrição e coordenar os trabalhos.
Integrante da comissão, a engenheira Fátima Guido, do Programa Monumenta/Ministério da Cultura, diz que Mariana vem se preparando há sete anos para ganhar o reconhecimento, com execução de uma série de obras públicas no Centro Histórico, restauro de monumentos, revitalização de ruas e praças e outros serviços. O primeiro grande passo para obtenção do título foi dado em 2001, com a elaboração do plano diretor, que ordenou a requalificação urbanística e arquitetônica da área histórica e atraiu também recursos federais.
A partir do projeto, a prefeitura local investiu cerca de R$ 50 milhões, destacando-se a recuperação de vários casarões dos séculos 18 e 19, antes em ruínas; construção de um centro olímpico (em andamento); desmonte do antigo e polêmico ginásio poliesportivo, cuja área vai dar lugar a um centro de convenções, com instalação da cobertura prevista para setembro; implantação do novo terminal rodoviário; cabeamento (luz e telefone) subterrâneo da Rua Dom Silvério, conhecida como Rua dos Artistas; instalação de uma rede de hidrantes e câmeras de vídeo; outras intervenções que serão apresentadas pela prefeitura, dentro do Projeto Mariana Patrimônio Cultural da Humanidade.
Há outras obras previstas, como a recuperação das praças Barão do Camargo e Dom Silvério e construção de um auditório com capacidade para 300 pessoas, no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS).
O investimento do Monumenta em Mariana, iniciado em 2005, é de R$ 12,5 milhões, sendo que deste total 30% são recursos da prefeitura. Com esse valor, o programa revitalizou todas as praças do Centro Histórico (Minas Gerais, Sé, Tancredo Neves e São Pedro), restaurou três casarões – um na Rua Direita, sede do Centro de Atenção ao Turismo, um na Travessa João Pinheiro, que é Casa do Conde de Assumar, e outro na Praça da Sé, o sobrado dos Morais – e fez a sinalização interpretativa. O programa também aprovou um aditivo de R$ 5 milhões para a conservação dos elementos artísticos da Catedral da Sé.
SONHO E MOBILIZAÇÃO - Obras, no entanto, não são suficientes para trazer o tão sonhado título internacional para Mariana. “Ele não vem só do interesse da comunidade ou de projetos de restauração. Tem que haver mobilização em todas as esferas, federal, estadual e municipal. São necessárias ainda cartas de apoio, pois é preciso haver muita visibilidade para conquistarmos esse objetivo”, acredita Fátima.
Segunda cidade histórica que mais recebe visitantes no estado – em primeiro está Ouro Preto –, Mariana, de 51 mil habitantes, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) há 70 anos e ostenta, no currículo, fatos marcantes, como ter sido primeira vila (1711), capital e diocese de Minas. “Com a construção do centro de convenções, que tem projeto do arquiteto Gustavo Penna, autor também da requalificação do Centro Histórico, haverá crescimento no turismo de eventos e de negócios”, prevê Fátima.
Ao lado da coordenadora do Monumenta em Mariana, Fátima Guido, integram a comissão o vice-prefeito Roque Camêllo, os secretários municipais de Cultura e Turismo, Marcílio Queiroz, e de Desenvolvimento Social e Cidadania, Cristina Maura Motta Cota, o procurador municipal, Israel Quirino, e o coordenador de Políticas Públicas e Juventude, Winter Júnio Gonçalves
Fonte: jornal Estado de Minas, de 30.07.2008.
Meu comentário: Ao contrário do que diz a reportagem do jornal Estado de Minas, a Casa do Conde de Assumar, na Travessa João Pinheiro, está em péssimas condições de conservação e ainda não foi restaurada. A restauração do sobrado dos Morais, na Praça da Sé, está paralizada há muito tempo e não foi ainda concluída.
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