Mauro Werkema
Mariana tem tudo para obter o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco. E seria muito importante para Minas Gerais e para a Região dos Inconfidentes, ampliando e consolidando sua vocação turística. É o que pretende o prefeito Celso Cota, ao anunciar a criação de grupo de trabalho destinado a elaborar a proposta à Unesco. E também para enquadrar-se melhor às exigências e normas exigidas pela Unesco, ampliadas nos últimos anos por novos e ampliados critérios. Nos últimos anos, a Unesco tornou-se mais rigorosa na avaliação dos sítios beneficiados, garantindo-se de que serão observadas as recomendações de proteção e preservação, infelizmente não aplicadas adequada e corretamente em várias partes do mundo, inclusive em Minas.
Mariana vem sendo preparada para esta solicitação. Já em 2002, elaborou Plano Diretor, trabalho coordenado pela arquiteta Janice Nascimento, prematuramente falecida, documento reconhecidamente competente, modelo para outras cidades. A Prefeitura vem realizando várias intervenções nas ruas e praças de Mariana, corrigindo distorções, remodelando calçamentos, reimplantando equipamentos públicos que existiram no passado, tirando postes e fiações e realizando canalizações subterrâneas, restaurando igrejas e monumentos públicos e até casas particulares que são exemplares significativos da arquitetura luso-brasileira.
A Prefeitura dá um raro e importante exemplo de ousadia e determinação ao derrubar o antigo ginásio esportivo, um monstrengo a projetar-se sobre qualquer visão global da cidade tricentenária, e a famigerada rodoviária, uma gaiola de ferro e aço, sem estilo e personalidade, ambos com inadequação de uso para os fins para os quais foram construídos. Ocorre que é difícil, no Brasil, e o IPHAN tem dezenas de exemplos por todo o País, demolir aberrações como estas, mesmo quando são absolutamente ofensivas à fisionomia histórica e urbanística das cidades tombadas. O Direito brasileiro é essencialmente paternalista quanto à propriedade particular, mesmo quando está em jogo o seu valor social e cultural, preservando edificações e entornos das especulações e intervenções de mau gosto ou desfigurativas.
Os espaços do ginásio e da rodoviária, com o aproveitamento possível de alicerces e estruturas, conforme projetos do arquiteto Gustavo Pena, darão lugar a um centro de convenções e a um centro de recepção turística e a uma nova rodoviária, adequados na sua volumetria e às novas demandas de uma Mariana que pretende ser um novo e forte destino turístico de Minas e do Brasil. Mas as obras não param aí: o prédio da Prefeitura será um centro de cultura e arte de Mariana. E está sendo implantado um centro poliesportivo e já está em funcionamento um Centro de Atenção ao Turismo, com funções inovadoras no estudo, planejamento e captação de visitantes e eventos. Por falta de tempo, ficam para a próxima gestão a implantação do Museu das Cidades, no prédio da Câmara e Cadeia, o Museu do Imaginário, no Palácio do Conde de Assumar e um centro/escola de culinária do Século XVIII, para os quais já existem anteprojetos.
Cidade Matriz de Minas, primeira capital (1709 a 1772), primeira vila (1711), primeira Câmara Municipal (1711), primeira cidade (1745), primeiro bispado (1747), primeiro traçado geométrico (1745), primeiro ensino religioso, com o seminário aberto em 1750, primeiro ensino normal, em 1849, primeiro arcebispado em 1908, Mariana ostenta vários títulos de primazia. É Patrimônio Cultural Brasileiro, título concedido por Getúlio Vargas em 1945. Tombada pelo IPHAN desde 1938. Em Mariana nasceram Cláudio Manoel da Costa e Manoel da Costa Athayde, José Pereira Arouca e muitos outros artistas, poetas, entalhadores, pintores etc. No Século XVIII tem atuação destacada no Fico, na Independência e na República. E possui um raro e preservado conjunto arquitetônico, exemplar da arquitetura colonial luso-brasileira. E uma já bastante disseminada consciência de seu papel histórico, de sua importância cultural e a necessidade da preservação. E que o turismo pode gerar emprego e renda, substituindo o minério de ferro, riqueza temporária e que pouco deixa para as cidades mineradoras.
É preciso, neste esforço, duas contribuições: que o Arcebispado, sob a direção de Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB, deixe a centenária letargia que sempre dominou a presença da Igreja quanto a ações mais solidárias com os crônicos problemas de Mariana. E que o ICHS, braço da UFOP, com seu curso de História e, agora, de Arquitetura, se integrem decididamente ao esforço da cidade por tornar-se um destino de turismo cultural, compatível com sua história e seu patrimônio.
Mariana vem sendo preparada para esta solicitação. Já em 2002, elaborou Plano Diretor, trabalho coordenado pela arquiteta Janice Nascimento, prematuramente falecida, documento reconhecidamente competente, modelo para outras cidades. A Prefeitura vem realizando várias intervenções nas ruas e praças de Mariana, corrigindo distorções, remodelando calçamentos, reimplantando equipamentos públicos que existiram no passado, tirando postes e fiações e realizando canalizações subterrâneas, restaurando igrejas e monumentos públicos e até casas particulares que são exemplares significativos da arquitetura luso-brasileira.
A Prefeitura dá um raro e importante exemplo de ousadia e determinação ao derrubar o antigo ginásio esportivo, um monstrengo a projetar-se sobre qualquer visão global da cidade tricentenária, e a famigerada rodoviária, uma gaiola de ferro e aço, sem estilo e personalidade, ambos com inadequação de uso para os fins para os quais foram construídos. Ocorre que é difícil, no Brasil, e o IPHAN tem dezenas de exemplos por todo o País, demolir aberrações como estas, mesmo quando são absolutamente ofensivas à fisionomia histórica e urbanística das cidades tombadas. O Direito brasileiro é essencialmente paternalista quanto à propriedade particular, mesmo quando está em jogo o seu valor social e cultural, preservando edificações e entornos das especulações e intervenções de mau gosto ou desfigurativas.
Os espaços do ginásio e da rodoviária, com o aproveitamento possível de alicerces e estruturas, conforme projetos do arquiteto Gustavo Pena, darão lugar a um centro de convenções e a um centro de recepção turística e a uma nova rodoviária, adequados na sua volumetria e às novas demandas de uma Mariana que pretende ser um novo e forte destino turístico de Minas e do Brasil. Mas as obras não param aí: o prédio da Prefeitura será um centro de cultura e arte de Mariana. E está sendo implantado um centro poliesportivo e já está em funcionamento um Centro de Atenção ao Turismo, com funções inovadoras no estudo, planejamento e captação de visitantes e eventos. Por falta de tempo, ficam para a próxima gestão a implantação do Museu das Cidades, no prédio da Câmara e Cadeia, o Museu do Imaginário, no Palácio do Conde de Assumar e um centro/escola de culinária do Século XVIII, para os quais já existem anteprojetos.
Cidade Matriz de Minas, primeira capital (1709 a 1772), primeira vila (1711), primeira Câmara Municipal (1711), primeira cidade (1745), primeiro bispado (1747), primeiro traçado geométrico (1745), primeiro ensino religioso, com o seminário aberto em 1750, primeiro ensino normal, em 1849, primeiro arcebispado em 1908, Mariana ostenta vários títulos de primazia. É Patrimônio Cultural Brasileiro, título concedido por Getúlio Vargas em 1945. Tombada pelo IPHAN desde 1938. Em Mariana nasceram Cláudio Manoel da Costa e Manoel da Costa Athayde, José Pereira Arouca e muitos outros artistas, poetas, entalhadores, pintores etc. No Século XVIII tem atuação destacada no Fico, na Independência e na República. E possui um raro e preservado conjunto arquitetônico, exemplar da arquitetura colonial luso-brasileira. E uma já bastante disseminada consciência de seu papel histórico, de sua importância cultural e a necessidade da preservação. E que o turismo pode gerar emprego e renda, substituindo o minério de ferro, riqueza temporária e que pouco deixa para as cidades mineradoras.
É preciso, neste esforço, duas contribuições: que o Arcebispado, sob a direção de Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB, deixe a centenária letargia que sempre dominou a presença da Igreja quanto a ações mais solidárias com os crônicos problemas de Mariana. E que o ICHS, braço da UFOP, com seu curso de História e, agora, de Arquitetura, se integrem decididamente ao esforço da cidade por tornar-se um destino de turismo cultural, compatível com sua história e seu patrimônio.
*Fonte: “O Liberal” nº 811, de 18 a 24.08.2008.
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