terça-feira, 23 de outubro de 2018

Tsunami à Direita *


A vassourada sem precedentes nos políticos tradicionais, nos caciques e nos investigados da Lava-Jato cristalizou a tendência conservadora que já se revelava em 2016.
 
Segundo o jornalista Daniel Pereira, foi o mais duro golpe na política tradicional desde a redemocratização. Ao surfarem a onda bolsonarista no domingo 7 de outubro, os eleitores puniram as maiores legendas do país, reduzindo suas bancadas, e acabaram com a polarização entre PT e PSDB, que dominava o cenário nacional havia décadas. Também mandaram para casa caciques regionais, próceres da República e até clãs inteiros, como o do ex-presidente José Sarney. Na Câmara, a renovação foi de mais de 50%, a maior desde 1998. No Senado, dos 32 parlamentares que tentaram a reeleição só oito saíram vitoriosos. O rearranjo de cadeiras resultou no fortalecimento da direita radical e do conservadorismo.
O principal beneficiário da renovação da Câmara foi o PSL, o nono partido na carreira de Jair Bolsonaro, ao qual se filiou em março deste ano. O PSL, que elegeu um deputado em 2014, passará a ter 52 em 2019. Será a segunda maior bancada da Casa, atrás apenas da do PT, que, apesar de tudo, elegeu 56 representantes. Petistas, tucanos e emedebistas perderam cadeiras, abrindo espaço para outras siglas no Congresso. Entre perdas e ganhos nas urnas, as bancadas conservadoras – a evangélica, a da bala e a dos ruralistas – saíram no lucro. Consultorias estimam que a direita, embalada pela onda bolsonarista, terá cerca de 320 dos 513 deputados e 65 dos 81 senadores. Um senhor plantel, já que a aprovação de mudanças na Constituição requer os votos favoráveis de 308 deputados e 54 senadores.
Em tese, o trunfo da direita e do conservadorismo nas eleições legislativas pode facilitar a vida de Bolsonaro caso ele vença o segundo turno. A afinidade entre o chefe do Executivo e sua base parlamentar pavimentaria o caminho para a aprovação de pautas comuns – econômicas e comportamentais. Na prática, no entanto, até o chamado Centrão, notório por seu governismo atávico, tem dúvidas sobre o desempenho de Bolsonaro no campo da governabilidade. Não é .à toa.
Com ascensão meteórica impulsionada por um discurso contra os partidos e especialmente ao PT, Bolsonaro não é versado na arte da negociação. No inicio da campanha, não conseguiu agregar legendas de médio porte à sua coligação. Fracassada essa tentativa, um de seus filhos chegou a zombar dos integrantes do Centrão, dizendo que era melhor marchar sozinho do que correr o risco de ir parar na cadeia. Somadas, as legendas de esquerda e centro-esquerda elegeram menos de 150 deputados. Ou seja, se eleito, Haddad terá de recorrer à oposição – inclusive àquele pedaço que não tem nada de ideológico e tem tudo de fisiológico. Foi para atraí-lo que nasceram o mensalão e o petrolão, os piores exemplos do presidencialismo de coalizão tropical.
O PT continua vivo na eleição presidencial e conquistou a maior bancada da Câmara graças ao Nordeste, a única região em que Bolsonaro não venceu no primeiro turno. Os petistas, que já haviam sido derrotados nas eleições municipais de 2016, perderam cadeiras nas duas Casas do Congresso. Seus candidatos de destaque fracassaram nas urnas. A ex-presidente Dilma Rousseff amargou um quarto lugar na eleição para o Senado em Minas, em mais um atestado público de que ela prega a convertidos quando diz ter sido vítima de um golpe. Eduardo Suplicy também perdeu a corrida para o Senado em São Paulo, depois de largar como franco favorito. Rivais do PT nas últimas décadas, os tucanos não tiveram melhor sorte: registraram o pior desempenho em sucessões presidenciais e viram minguar suas bancadas. O Fla-Flu entre as duas legendas, que parecia insuperável, foi pulverizado. A diferença é que o PT continua líder no campo da esquerda, enquanto o PSDB perdeu protagonismo na direita, agora nas mãos de radicais. O MDB de Michel Temer, que já elegeu mais de 100 deputados nos tempos áureos, também foi castigado nas urnas. Da lista de derrotados fazem parte os senadores Eunício de Oliveira, o atual presidente do Congresso, Edison Lobão, Valdir Raupp e até mesmo Romero Jucá, o “líder de todos os governos”, baluarte do grande acordo nacional “com o Supremo com tudo”, destinado a deter a Lava-Jato. A mais notória operação de combate à corrupção da história do país teve influência inegável na eleição. Além de contribuir para a derrota de parlamentares influentes, forçou políticos poderosos a disputar cargos menos relevantes a fim de manter o direito ao foro privilegiado. Foi o que fizeram, com sucesso, os atuais senadores Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Aécio Neves, ex-presidente do PSDB. Investigados no Supremo, eles darão expediente na Câmara a partir de 2019. Aécio, que obteve 51 milhões de votos na campanha presidencial de 2014, conquistou a vaga de deputado com pouco mais de 106000 votos. Um dos sobreviventes do MDB, Renan Calheiros, devidamente reeleito, quer comandar a Casa a partir do próximo ano. Resta saber se a direita permitirá.
Quando o avanço da Lava-Jato já parecia irrefreável, o ex-presidente Lula disse que o objetivo da operação era criminalizar a atividade político-partidária e exortou caciques do PT e do então PMDB a detê-la, sob pena de serem atropelados pela investigação. Foram muitas as tentativas de reação, inclusive com o apoio do PSDB e do Centrão. Em ofensivas suprapartidárias, eles tentaram aprovar uma anistia ao caixa dois, um projeto para manietar a ação de procuradores e juízes, e restrições a delações premiadas. Essas medidas encerravam o temor dos políticos de serem atingidos em cheio pela Justiça. Mal sabiam eles que, de forma silenciosa, os eleitores também lhes preparavam um tsunami de punições nas urnas.
Fonte: revista VEJA - Edição 2604, de 17.10.2018.                      

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Semana de Ataíde


Semana de Ataíde – 18 a 26 de outubro de 2018

A Academia Marianense de Letras e o Movimento Renovador de Mariana, apoiados pela Secretaria de Cultura, Turismo e Patrimônio de Mariana, convidam a comunidade para as atividades que marcarão a “Semana de Ataíde – 2018”, numa homenagem ao marianense, “Maior Pintor Mineiro do século XIX”, com a seguinte programação:

18 de outubro
Homenagem ao Mestre Ataíde
18,30 – Missa na igreja do Carmo
Coroa de Flores à entrada da igreja de São Francisco, onde o pintor foi sepultado.

19 de outubro
20 horas – Solenidade de Abertura – Exposição de bordados com temática Ataidiana - Exposição de pintura em homenagem ao artista plástico Aloísio Morais, mestre da Escola de Pintura Wilson Chaves – Lançamento do Prêmio Ataíde
Local: Casa de Cultura de Mariana

21 de outubro
11 horas – Bandas de Lá – “Bandas de Piranga homenageando Ataíde – Corporação Musical Santa Cecília – Corporação Musical Nossa Senhora da Conceição de Pinheiros Altos – Corporação Musical Bom Jesus de Santo Antonio do Pirapetinga.
Local: Praça Gomes Freire

23, 24 e 25 de outubro
Conhecendo Ataíde: visitas guiadas dos alunos das escolas municipais à igreja Nossa Senhora do Rosário de Mariana

22, 24 e 26 de outubro
Oficina para as crianças
Local; Casa de Cultura de Mariana