sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carnaval de ontem e de hoje

Muitas famílias tradicionais de Mariana, num bairrismo sadio, reclamam, com razão, que a imprensa escrita, falada e televisionada nacional e regional é preconceituosa, pois divulga muito mais o carnaval de outras cidades históricas de Minas Gerais, mas quase sempre esquece propositadamente de Mariana. Quantas vezes belas imagens de Mariana são divulgadas nos jornais e revistas do país como se fossem imagens de outras cidades históricas. O engano dos editores da matéria jornalística só acontece contra a nossa cidade, caracterizando uma contumaz má fé.
Ao contrário do que muita gente pensa, a badalação carnavalesca promovida pela imprensa traz mais problemas que benefícios para as cidades históricas. Essa promoção midiática só atrai turistas farofeiros, sem dinheiro, que ficam hospedados nos campings, pousadas de quinta categoria, em repúblicas de estudantes e até nas ruas onde fazem suas necessidades fisiológicas, causando aquele indesejado mal cheiro nas vias públicas, obrigando a prefeitura a usar, nos quatro dias de carnaval, os carros-pipa para lavar os passeios para tirar a sujeira e a fedentina causadas pelos turistas farofeiros, apesar da existência de dezenas de sanitários químicos colocados à disposição deles.
Até o começo da década de 1970, antes do seu precoce inchaço populacional e de seu crescimento desordenado causados pela expansão das atividades minerárias no município, Mariana tinha um carnaval familiar, artístico e muito criativo. Os blocos carnavalescos do Marianense e Guarany eram belíssimos, fantasias chiques, belos adereços, plumas e paetês e o mágico perfume dos lança-perfumes, confete e serpentina. As marchinhas carnavalescas eram românticas, até hoje, inesquecíveis. Nada de som estridente de trio elétrico tocando funk, axé e baianadas. A nossa verdadeira banda dos farrapos, criada pelo saudoso marianense Niquinho Walter, precisa voltar. Os atuais músicos das corporações musicais de Mariana não podem deixar que o nome da tradicional banda de farrapos se transforme agora em um instrumento para divulgação de música de péssima qualidade com letras chulas e pornográficas e que agridem a sensibilidade artística dos músicos, a moral e bons costumes do povo marianense.
Como não havia badalação da imprensa, só freqüentavam o nosso carnaval os parentes de marianenses residentes em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Todos os marianenses que moravam fora traziam amigos e amigas que ficavam hospedados nas casas de seus parentes. Os bares e restaurantes da cidade ficavam todos abertos para receber os foliões que podiam sentar e beber à vontade nas mesas dentro do estabelecimento com todo o conforto, fazendo aquele gostoso aquecimento preliminar para assistir ao desfile dos blocos carnavalescos nas ruas e depois desfrutar pela madrugada afora o carnaval nos clubes da cidade.
Antigamente, os blocos carnavalescos exibiam um visual belo e requintado um verdadeiro colírio para os olhos e o samba-enredo um deleite musical para ouvidos apurados. Não é essa barulheira infernal de trios elétricos capaz de agredir e desrespeitar as pessoas de bom gosto e sensibilidade musical.
No meu entendimento, salvo melhor juízo, atualmente, carnaval com arte e criatividade no Brasil só existe no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Olinda. O resto, inclusive nas cidades históricas, é só propaganda enganosa da imprensa. Hoje, basta o folião vestir um abadá, ter um trio elétrico barulhento tocando música funk e axé, muito bebida alcoólica e pronto: está formado um bando de alcoólatras, injustamente chamado de bloco carnavalesco. Haja paciência para suportar tamanha mediocridade!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

TRE torna inelegíveis prefeito, vice e ex-prefeito*

Alessandra Mello

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) declarou inelegível até 2011 o ex-prefeito de Mariana Celso Cota (PMDB) por abuso de poder econômico. A decisão da corte do TRE reformou a sentença da Justiça Eleitoral de Mariana, que julgou improcedente o pedido de condenação do ex-prefeito impetrado nas eleições do ano passado pela coligação “Honestidade em primeiro lugar”. Também foram condenados o atual prefeito, Roque Camêllo (PSDB), e seu vice, José Antunes Vieira (PR), que se elegeram com o apoio de Cota, presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM).
A decisão pegou de surpresa os acusados, já que recentemente o próprio tribunal modificou uma sentença da Justiça local que cassava o registro de candidatura de Camêllo por compra de votos. Um recurso contra essa sentença tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apesar de não ter efeito prático sobre o atual prefeito e seu vice, a decisão do TRE é um sinal da posição da corte, que poderá julgar nos próximos meses uma ação de cassação do mandato de Camêllo que ainda tramita na Justiça de Mariana. O motivo desse processo é o mesmo que gerou a decretação da inelegibilidade na quarta-feira dos três, mas ele ainda não teve sentença definitiva na primeira instância. Independentemente da decisão, haverá recurso por uma das partes.
O motivo da inelegibilidade, aprovada por quatro votos a um, foi a distribuição gratuita em agosto de 2008, em plena campanha eleitoral, de 3 mil exemplares de um jornal “com o claro intuito de influenciar o eleitor”. Segundo o juiz Antônio Romanelli, relator do processo, “a veiculação de informações por meio de um jornal conhecido na cidade tem mais credibilidade e mais potencial de influenciar o eleitor do que mero panfleto distribuído pela coligação dos então candidatos”. Em seu voto, o relator ressaltou que a distribuição do jornal teve o “claro objetivo de fazer com que os eleitores acreditassem que não havia qualquer impedimento legal, qualquer discussão na Justiça Eleitoral que envolvesse os referidos candidatos”.
Assim que foram cassados pela Justiça de Mariana por compra de votos, cabos eleitorais dos acusados passaram a distribuir pela cidade jornais alegando que não havia qualquer impedimento à candidatura deles e desmentindo a condenação pela primeira instância pela compra de votos. A prática levou a Justiça Eleitoral de Mariana a fazer um pronunciamento oficial nas emissoras de rádio da cidade para confirmar a decisão de cassação da candidatura de Camêllo por compra de voto. No pronunciamento, a Justiça esclareceu que eles tinham mesmo o registro cassado, mas que, valendo-se de um direito constitucional que lhe é assegurado, eles apresentaram recurso para ser encaminhado ao TRE em Belo Horizonte, pedindo que a decisão seja reformada.
“A propósito, foi publicado em jornal de circulação local que a medida, entende-se, a sentença, será cancelada pelo TRE-MG. No entanto, quando publicaram essa afirmação, o recurso sequer havia chegado ao TRE-MG. Portanto, é uma afirmação desprovida de qualquer fundamento e quiçá até irresponsável. A verdade é que a sentença tanto pode ser reformada, quanto confirmada pelo TRE”, diz o trecho do pronunciamento da Justiça Eleitoral de Mariana transcrito no processo analisado quarta-feira pela corte do tribunal.
Inconformismo
Em nota, o prefeito de Mariana afirmou que ainda cabem recursos ao próprio TRE e ao TSE e até mesmo ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que não há execução imediata da decisão, que tem de aguardar todos os recursos cabíveis. Diz ainda que o prefeito e seu vice “recebem a decisão com inconformismo”, mas confiantes de que ela será revertida. “A defesa esclarece que tem convicção de que a atuação de Roque Camêllo como candidato a prefeito foi correta, não somente pela postura de seus atos, mas pela convicção de que não houve abuso dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral” , diz a nota. Celso Cota não foi localizado para comentar a condenação.

Assassinato
Com cerca de 39 mil eleitores, a disputa pela prefeitura de Mariana, cidade da Região Central do estado, começou bem antes da data oficial e foi marcada por uma disputa acirrada, que incluiu até mesmo homicídio. Em maio, o pré-candidato pelo PTB à sucessão de Celso Cota, João Ramos Filho, de 77 anos, foi morto a tiros na MG-262, a quatro quilômetros da cidade histórica. O motivo do crime, segundo a Polícia Civil, foi eleitoreiro. Menos de três meses depois do assassinato, a polícia concluiu o inquérito e indiciou Francisco de Assis Ferreira Carneiro, conhecido como Chico da Farmácia, como o mandante do crime, e também os dois motoqueiros que teriam executado o assassinato. Chico da Farmácia teria encomendado a morte de João Ramos porque o considerava um forte concorrente para a eleição. Após governar o município por três vezes (entre 1973 e 1977, de 1982 a 1987 e de 1993 a 1996), o ex-prefeito havia iniciado articulações para tentar voltar ao comando da cidade.
Fonte: “Estado de Minas” de 21.02.2009.

Nota à Imprensa
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Mariana divulgou a seguinte nota à imprensa sobre a decisão do TRE-MG.
“Em relação à decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), que nesta quinta-feira, dia 19 de fevereiro, por quatro votos a um, declarou a inelegibilidade do prefeito de Mariana, Roque Camêllo (PSDB) e do vice-prefeito, José Antunes Vieira (PR), e o ex-prefeito Celso Cota (PMDB), esclarecemos que, desta decisão, ainda cabem recursos no próprio TRE-MG e posteriormente para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta assessoria informa ainda que tanto o prefeito Roque Camêllo quanto o vice-prefeito José Antunes Vieira recebem a decisão com inconformismo, porém com tranqüilidade e respeito às autoridades constituídas de Minas Gerais. Confiante de que a sentença será revertida, a defesa assegura que os recursos cabíveis serão impetrados tão logo seja publicado o acórdão pela corte.
A defesa esclarece que tem convicção de que a atuação de Roque Camêllo como candidato a prefeito foi correta, não somente pela postura de seus atos, mas pela convicção de que não houve abuso dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral, conforme reconhecido pela Procuradoria da República e pelo voto do juiz federal Renato Martins Prates e pela Justiça Eleitoral da Comarca de Mariana.
A defesa esclarece, mais uma vez, que não há execução imediata da decisão, que deve aguardar todos os recursos cabíveis”, concluiu a nota

Meu comentário: Toda vez que perdem as eleições municipais, tanto políticos da Direita como da Esquerda marianenses sempre pedem socorro aos tribunais eleitorais para reverter o resultado da vontade popular. Já faz parte da tradição política e cultural marianense. Quando não ganham nas urnas, apelam para o tapetão eleitoral. Para consolar a frustração de seus correligionários, a facção que perde as eleições faz uma série de promessas: se o candidato for eleito não será proclamado, se for proclamado não será diplomado, se for diplomado não será empossado, se for empossado poderá ser cassado durante o seu mandato. Eu acompanho a política de Mariana desde 1950, vejo e ouço a mesma história. Nos últimos 35 anos já tentaram cassar os mandatos de João Ramos por três vezes, o de Cássio Brigolini por duas vezes e o de Celso Cota também por duas vezes. A esperança e a ilusão duram quatro anos. Será que história agora será diferente? Vamos aguardar!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Arcebispo de Mariana cardeal no Rio de Janeiro?

O colunista Mário Fontana deu, hoje, dia 12 de fevereiro, no jornal Estado de Minas, a seguinte notícia.
CARDEAL
“Inicialmente, falou-se no nome do atual arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, para ser o novo cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro. No entanto, tudo indica que o nomeado pelo papa Bento XVI para o honroso posto será dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para a qual foi eleito em maio de 2007.
Depois ele será nomeado para chefiar a Igreja Católica no Rio de Janeiro.”

Meu comentário: O Vaticano demorou muito tempo para contemplar Minas Gerais, um dos mais importantes Estados do país e muito católico, com a nomeação de um cardeal. Antes de Minas, vários estados brasileiros foram contemplados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará e Brasília, Distrito Federal. A nomeação do primeiro cardeal mineiro ocorreu recentemente com a indicação do então arcebispo de Belo Horizonte Dom Serafim Fernandes. Quando Minas Gerais ainda não tinha um cardeal, especulava-se muito que a honraria seria concedida à Diocese e Arquidiocese de Mariana primaz de Minas Gerais. Alguns “vaticanólogos” especularam que Mariana só não foi escolhida porque o titular dela na ocasião era o arcebispo Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, um progressista não afinado com João Paulo II, papa tradicionalista e muito conservador e que o transferiu de São Paulo para Mariana como um castigo obsequioso.
Uma curiosidade: os três últimos arcebispos de Mariana tiveram o número oito como referência: Dom Helvécio Gomes de Oliveira foi arcebispo de Mariana por 38 anos; Dom Oscar de Oliveira, 28 anos; Dom Luciano, 18 anos. Caso permanecesse a mesma coincidência, o próximo ficaria apenas oito anos no cargo. Mas se a notícia da nomeação de Dom Geraldo Lyrio Rocha para cardeal no Rio de Janeiro for realmente confirmada, ele deverá ficar pouco mais de dois anos no cargo. Outra curiosidade: Dom Silvério Gomes Pimenta foi o último bispo e primeiro arcebispo de Mariana. Foi bispo de 1890 a 1906 durante 16 anos e arcebispo de 1906 a 1922 também por 16 anos, perfazendo um total de 32 anos de episcopado.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Telefone celular

Quando surgiu no Brasil, o telefone celular custava cerca de cinco mil reais. O preço era muito alto e só pessoas com bom poder aquisitivo poderiam adquiri-lo. Aliás, até mesmo o preço do telefone fixo era alto, na faixa de dois mil reais e a gente era obrigado a declarar a posse dele na Receita Federal, como bem patrimonial na declaração do imposto de renda.
Naquela época, as pessoas de renda alta não perderam tempo: durante muito tempo tiveram os seus quinze minutos de fama desfilando e exibindo o telefone celular pelas ruas da cidade. À medida que o valor do telefone celular foi diminuindo, as pessoas de renda média começaram a possuir também o aparelho, antes uma exclusividade apenas dos ricos.
As pessoas de classe média, a exemplo da rica, também não perderam tempo: passaram a exibir orgulhosas o seu celular, desfrutando também por muito tempo os seus quinze minutos de fama. Quando o telefone celular se tornou muito popular e barato, foi a vez das pessoas de renda baixa a ter seus quinze minutos de fama, momentos que desfrutam até hoje.
Agora, são as pessoas de baixa renda que mais utilizam o telefone celular em público. Esse uso popular do celular em público mudou o comportamento das pessoas de renda alta e média, causando nelas certo constrangimento.
Antigamente, quando o preço do celular era muito alto, falar em público no telefone celular era uma exibição muito chique. Hoje, para essas pessoas mais abonadas e enciumadas, virou uma exibição brega, coisa de pobre.
Na verdade,porém, as pessoas de renda alta, média e baixa sempre usaram o telefone celular em público não por necessidade pessoal inadiável ou de emergência, mas sim, para exibir, demonstrar que são prestigiadas, importantes, conquistadoras, amadas, pessoas de negócio.
O telefone celular sempre foi um amuleto para pessoas vaidosas e exibicionistas, que precisam demonstrar personalidade e esconder sua timidez.
Então, para demonstrar prestigio para o sexo oposto, jovens adolescentes adoram ficar ligando para todo mundo, inclusive para ninguém, quando fingem estar recebendo uma ligação fantasma. Por falta de personalidade querem mostrar o que não são.
Mas não são somente os jovens que têm esse comportamento imbecil. Alguns marmanjos, já passados dos 40 anos, gostam também de exibir. Alguns funcionários da Prefeitura Municipal de Mariana, por exemplo, usando veículos oficiais, são useiros e vezeiros em desrespeitar as leis de trânsito dirigindo e atendendo celular ao mesmo tempo. Até vereadores dão péssimo exemplo dirigindo e telefonando ao mesmo tempo. Querem mostrar que têm muito serviço e não podem perder tempo e parar o veículo. Proprietários de veículos particulares fazem a mesma coisa. A vontade de aparecer é irresistível, uma doença incurável. Esses motoristas deslumbrados e idiotas infratores jamais serão punidos, pois falta fiscalização no trânsito de Mariana. Que moral o Demutran terá para multar outras pessoas que praticam essas infrações de trânsito graves, se toda hora essas infrações são praticadas por seus superiores hierárquicos em veículos da Prefeitura e Câmara dando publicamente mal exemplo?
Mas, convenhamos, pior do que a exibição silenciosa dos celulares é a barulheira infernal provocada por bandos de jovens tímidos e mal amados que, dentro de seus carros, querem chamar a atenção das jovens através de potentes caixas de som. Apesar de proibida por lei municipal, a poluição sonora continua a infernizar os moradores do centro histórico de Mariana.
O que adianta proibir se não há fiscalização? Perguntar não ofende!