quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Memória política

Na década de 1980, o então prefeito de Mariana, João Ramos Filho, resolveu desapropriar a mata do Seminário, próxima do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), área de propriedade da Arquidiocese de Mariana, para nela construir o bairro Cabanas.
Inconformada com a decisão unilateral do prefeito, a Arquidiocese de Mariana, representada pelo saudoso arcebispo Dom Oscar de Oliveira, recorreu ao então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, pedindo-lhe que a referida propriedade não fosse desapropriada. O pedido foi encaminhado ao governo de Minas por intermédio do falecido empresário Januário Carneiro, dono da Radio Itatiaia, amigo íntimo de Tancredo Neves. O governador, que também era muito amigo do arcebispo, para evitar a desapropriação municipal, decretou também a desapropriação da mata do Seminário declarando aquela área de preservação ambiental.
Irado com a decisão do governador, João Ramos resolveu perseguir o Januário Carneiro. Desapropriou a sua residência em Passagem de Mariana. O governador, para proteger o amigo da perseguição política do prefeito, resolveu desapropriar o imóvel, declarando sua residência área de preservação cultural. Com esses dois decretos estaduais, o governador evitou que os imóveis da Arquidiocese e de Januário Carneiro fossem desapropriados.
Na ocasião, os vereadores da Direita tentaram conceder o título de cidadão honorário de Mariana a Januário Carneiro, mas a bancada majoritária da Esquerda que dava sustentação política a João Ramos não deixou. No dia 21 de abril de 1985, quando Tancredo Neves morreu, a Esquerda enfumaçou Mariana com um intenso foguetório regozijando a sua morte.
Anos mais tarde, João Ramos resolveu homenagear o falecido governador dando nome de Tancredo Neves à antiga Praça Bandeirantes. No dia da solenidade de mudança de nome da praça, a família de Tancredo Neves não compareceu: mandou representante.

Nenhum comentário: