sábado, 7 de dezembro de 2013

Expansão urbana X Mobilidade urbana

Desde quando as empresas mineradoras vieram para Mariana há 40 anos, quase todos os prefeitos construíram milhares de casas populares tentando em vão solucionar o problema da falta de moradia para todos. Não conseguiram e jamais conseguirão. É uma bola de neve. Mariana já se transformou numa mini Serra Pelada aonde todos vêm buscar emprego na mineração e casa própria para morar, provocando este precoce e temível inchaço populacional e o caos social.
Os políticos marianenses, prefeitos e vereadores, receosos de perder votos e eleição, ao invés de dificultar estimulam a vinda de muita gente para cá prometendo sempre a construção de novas moradias.
À exceção do imenso latifúndio improdutivo localizado em áreas de risco sujeitas a inundações de rios e a desmoronamentos de encostas, impróprias para a construção de conjuntos habitacionais, Mariana não tem mais espaço físico seguro para construção de novas moradias. Os políticos populistas acham que a solução ideal seria construir novas moradias nos nossos distritos. A esses políticos devemos lembrar que a maioria da população saiu dos distritos para morar em Mariana justamente por causa da falta de condições sociais, econômicas e educacionais para neles viver independentemente da cidade.
Por ser uma cidade histórica, ao contrário de cidades modernas, Mariana, para se adequar à expansão urbana, teria que sofrer transformações radicais no seu tecido urbano como o alargamento de ruas e avenidas, construção de edifícios, viadutos e metrôs subterrâneos. Hoje temos em torno de 60 mil habitantes, milhares de veículos circulando por nossas estreitas vias. Não há solução mágica capaz de conciliar expansão urbana com mobilidade humana e veicular, numa cidade histórica e tombada pelo IPHAN.
Dirigir hoje em Mariana é um suplício, principalmente para a grande maioria da população que mora longe do centro histórico da cidade onde não há estacionamento para todos e onde estão localizadas as principais repartições públicas e privadas, bancos e o comércio em geral. Conclusão: quanto maior for a expansão urbana, pior ficará a mobilidade urbana, constituída de veículos e pedestres.
Já escrevi neste blog e repito: os políticos de Mariana precisam deixar de lado essa demagogia eleitoreira de que resolve o problema social da cidade apenas construindo mais casas para todo mundo. Nesse ritmo, Mariana terá em breve mais de 100 mil habitantes. A cidade não tem espaço físico suficiente para caber tanta gente e tantos veículos trafegando ao mesmo tempo por nossas vias estreitas.
Nossos políticos precisam ser patriotas, estadistas e conscientizar que, ao invés de construir novas moradias, é obrigação deles não só melhorar a qualidade de vida dos que já moram aqui e pagam impostos há muitos anos, mas também fazer o fundamental em favor da saúde pública, pois é uma vergonha que a cidade mais antiga de Minas ainda não tenha o indispensável tratamento cientifico da água, dos esgotos, dos rios, nem a existência de um abatedouro municipal decente, ou seja, providências urgentes para melhorar a qualidade da saúde, da educação e da segurança pública de nossa comunidade.

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