domingo, 24 de agosto de 2014

Getúlio Vargas, 60 anos de sua morte!

Memória política

No dia 24 de agosto de 1954, eu estava com 13 anos de idade e já acompanhava pelo rádio, com muito interesse, a política nacional, pois a televisão ainda não tinha chegado a Minas Gerais, só existia no Rio e São Paulo. Naquele dia fatídico, como fazia todos os dias, estava ouvindo pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o Repórter Esso, o noticiário mais famoso na época, na sua primeira edição de 8 às 8,30 da manhã.
O assunto era a crise dos militares que queriam depor Getulio Dorneles Vargas do poder. Quando o noticiário acabou, veio logo em seguida uma edição extraordinária informando que Getúlio havia acabado de suicidar no Palácio do Catete, então sede do poder executivo federal.
Quando Getúlio Vargas esteve em Ouro Preto, a convite do então governador de Minas, Juscelino Kubitscheck, para participar das solenidades do dia da Inconfidência Mineira, tive a oportunidade, ao lado de meu pai, de conhecê-lo bem de perto, sempre acompanhado de seu famoso guarda-costa, Gregório Fortunato. O que muito me impressionou na época, além do seu suicídio que chocou todo o país, foi a dramática carta testamento que ele escreveu para a posteridade.

“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadearam sobre mim (...) Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. (...) Mas esse povo de quem fui escravo não será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. (...) Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”.

Seu estilo de governo, de caráter populista, carismático, procurando o apoio dos trabalhadores, deixou profundas marcas na política brasileira. A força do getulismo se manifestaria um ano depois, na eleição do Presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira (1902-1976), que venceu as forças de oposição a Vargas. João Goulart, que foi eleito vice-presidente por duas vezes, assumiu a presidência em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros sendo afastado em 1964.

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