sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Seminário Maior e Fábrica de Tecidos São José - 80 Anos!

Memória econômico-educacional

Há oitenta anos, coincidentemente na mesma data, 15 de agosto de 1934, surgiram duas importantes instituições que fizeram história em Mariana no campo educacional e econômico: o “Seminário Maior São José” e a “Fiação e Tecelagem São José Ltda.”.
O professor e historiador Rafael Arcanjo Santos transcreve neste blog parte do noticiário do jornal “O Cruzeiro”, desta cidade, do dia 19.09.1934, dirigido pela “União de Moços Catholicos”, de Mariana, a respeito das duas solenidades alusivas à inauguração do novo seminário e instalação da nova fábrica de tecidos.

Seminário Maior São José
“A grande solenidade da inauguração do Seminário São José, em Mariana”. Este foi o título da manchete estampada na 2ª página do jornal “O Cruzeiro”, desta cidade, no dia 19 de setembro de 1934, noticiando o grande evento para a comunidade católica marianense, realizada no dia 15 de agosto.
Resumidamente, assim registrava o jornal “União dos Moços Catholicos” de Mariana o grande evento de 1934.
“A tradicional cidade de Mariana virou com a inauguração do novo Seminário Maior São José, aqui levantado pelo esforço do grande e notável arcebispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira. A inauguração do novo Seminário se deu na data alvissareira de 15 de agosto, comemorativa da sagração episcopal d Dom Helvécio. O jornal noticia a presença do Núncio Apostólico, Dom Benedicto Aloisi Massela, de Benedicto Valadares Ribeiro, Interventor Federal, de bispos e sacerdotes, de quatro bandas, além da presença de três mil pessoas na cidade.
A chegada do Núncio Apostólico se deu na véspera, quando ele foi recebido na estação ferroviária da Central por autoridades civis e eclesiásticas, irmandades e pela corporação musical de São Caetano. Após os primeiros cumprimentos, o Núncio Apostólico seguiu de carro até a Catedral, quando a Banda São José executou o Hino Pontifício. Logo após, entrou na igreja acompanhado pelo Cabido Metropolitano. Às 20 horas, no Cine Teatro Municipal, realizou-se uma grande manifestação popular em homenagem ao Núncio Apostólico. O discurso de saudação ao Núncio em nome da municipalidade de Mariana foi proferido pelo prefeito Josaphat Macedo. Após a execução do hino nacional, o escritor Dr. Augusto de Lima Júnior recitou poesia, de autoria de seu pai, Augusto de Lima, Minha Terra. O Núncio agradeceu e, em nome do Papa, deu a bênção apostólica a todos os presentes.
Abrilhantou a festividade do Cine teatro Municipal, promovida pelo Cura da Catedral, Cônego Rafael Arcanjo Coelho, as bandas de música São José, São Sebastião e São Caetano. Às 24 horas, na colina de São Pedro, a banda São José tocou assinalando a passagem do dia 15 de agosto, data de aniversário de sagração episcopal de Dom Helvécio. Lá esteve também a banda do 10º Batalhão de Comunicação de Ouro Preto.
No dia 15 de agosto, houve estrondosa alvorada, repicando-se festivamente todos os sinos das igrejas. Às 8,30 horas, chegava a Mariana o Interventor Federal e sua comitiva, destacando-se figuras ilustres de Carlos Luz e Juscelino Kubitscheck. Às 10 horas, na Catedral, realizou-se a soleníssima Missa Pontifical. A missa foi cantada pelo coro do Seminário Menor, sob a regência do padre José Lázaro das Neves. A homilia coube ao Monsenhor João Castilho Barbosa, vigário de Ouro Preto. Terminada a cerimônia religiosa, o Cabido Metropolitano reuniu-se para prestar homenagem ao Núncio. Monsenhor Alípio Odier de Oliveira, Vigário Geral, saudou o embaixador da Santa Sé. Da Catedral em cortejo foram em direção ao novo seminário. Lá, iniciou-se solene bênção do educandário. Às 12 horas, realizou-se o almoço íntimo oferecido ao Núncio e demais autoridades civis e eclesiásticas. Após o almoço, a comitiva se dirigiu ao salão nobre do novo seminário quando foram prestadas homenagens ao Núncio e ao Interventor Federal. Discursara na ocasião, o cônego Francisco Vieira Braga e cônego Antonio Carlos Rodrigues. Depois autoridades civis foram recebidas na Prefeitura Municipal, onde os aguardavam os Drs. Josaphat Macedo e Celso Arinos Motta, respectivamente, Prefeito Municipal e Chefe do Partido Progressista de Mariana. Ambos fizeram uma saudação ao Interventor Benedito Valadares”.

Fabrica de Tecidos São José
“Às 16 horas, na praça fronteira à estação da Central, onde se ergueu o grande edifício da Fábrica de Tecidos São José, teve lugar à cerimônia da bênção e inauguração de mais esse melhoramento para a cidade de Mariana. As autoridades presentes foram recebidas pelos ilustres industriais marianenses. Terminada a cerimônia da bênção, que foi feita pelo Núncio Apostólico e auxiliado por Dom Helvécio e demais bispos presentes, discursou o Dr. Augusto Freire de Andrade, saudando os presentes, o Interventor Federal, o Núncio Apostólico, os arcebispos e bispos e a todos os secretários e sacerdotes. Ao brinde de champanhe, falou o Dr. Oscar Magalhães Pereira, gerente proprietário da Fábrica de tecidos São José que agradeceu a honra da presença do Núncio Apostólico, do Interventor Federal e das demais autoridades presentes naquela útil realização que acabara de ser entregue à comunidade de Mariana, demonstrando o quanto de progresso e vida adviria para a cidade desse centro de atividade que acabava de ser inaugurado com as bênçãos de Deus e da Igreja”, ponderou o Dr. Oscar. A Fábrica de Tecidos São José encerrou suas atividades na década de 1960, sendo transferida para a cidade Barbacena. Hoje, em seu lugar, foi construido o Centro de Convenções poeta Alphonsus de Guimaraens Filho.  

Lembretes: este ano a Estação Ferroviária de Mariana estará comemorando o centenário de sua fundação ocorrida em 1914. Será que os responsáveis pelo Trem da Vale irão lembrar e comemorar esta data tão importante? Será que o atual clero marianense vai lembrar e comemorar os 80 anos de fundação do Seminário Maior São José? Os 50 anos de fundação do importante Museu Arquidiocesano, obra prima criada pelo benemérito arcebispo Dom Oscar de Oliveira foram solenemente esquecidos pelo clero. Ninguém comemorou a data em setembro de 2012!
Antes e após a existência do trem de ferro em Mariana, a mobilidade urbana, rural e de cargas era feita através do uso de animais. O transporte pessoal e individual era feito de montarias em cavalos e éguas. O transporte de cargas, como lenhas para fogão e gêneros alimentícios, era feito por burros e mulas. Havia as carroças de burro e boi, ambas feitas com rodas de madeira. Até a década de 1970, a coleta de lixo da prefeitura em Mariana era ainda feito por intermédio das carroças de lixo com tração animal. Nós, que  estudamos em Ouro Preto, éramos obrigados a usar o trem de ferro que saia daqui às 5 horas da manhã e só voltávamos ao meio dia. Durante o dia inteiro, só circulava em Mariana dois ônibus: um que ia para Belo Horizonte de manhã e outro que voltava à noite para Mariana. Com os trens de ferro acontecia a mesma coisa: um trem que saia daqui e outro que voltava ou de Belo Horizonte ou de Ponte Nova. Não era fácil sair ou voltar para Mariana naqueles velhos tempos!

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