quarta-feira, 22 de março de 2017

Roque Camêllo deixa o bom exemplo como legado


     Roque Camêllo faleceu dia 18 de março, um dia antes de imprimirmos essa edição. Mariana e região estão mais tristes, a presença simpática, calorosa, porém firme de nosso amigo já é lembrança.
Quem conviveu um pouco com Roque pode ser testemunha dos seus valores éticos e morais. Defensor de Mariana acima de tudo, em julho do ano passado indignou-se através de um texto com a ausência do nosso governador no Dia de Minas e com sua divisão com o Dia das Gerais, comemorado em Matias Cardoso.

     Também recentemente publicou um excelente livro sobre a história de Mariana e sua gente. Advogado, professor, sobretudo amante de nossa história e povo. Depois de uma vida de trabalho e bem sucedido homem de negócios em Belo Horizonte, voltou para a política marianense, onde foi vereador na juventude. Mesmo sem exercer cargo público foi o maestro para a criação do Dia de Minas, comemorado no aniversário de Mariana.

     Voltou para atuar em prol da cidade que amava e cantava efusivamente. Exerceu o cargo de vice-prefeito por quatro anos e foi prefeito numa época conturbada, ficou por apenas um ano e quatro meses, sendo cassado por perda de prazo para impetrar recurso. Jamais se provou nenhuma irregularidade contra sua administração. Presidiu e foi importante baluarte de diversas instituições marianenses, como a Fundação da Arquidiocese de Mariana, Academia de Letras, entre outras.

     Foi Roque que participou das negociações assinando o acordo para a volta das peças da antiga igreja de Santana para Mariana e foi decisiva sua atuação para a assinatura do decreto para criação do parque do Gogô. Defendia que a Praça Minas Gerais fosse erigido um busto a Claudio Manoel, marianense que foi juiz, advogado e teve importante papel na Inconfidência Mineira.
Roque foi um cavaleiro, honrando, acima de tudo, a educação herdada de berço, nascido no distrito de Camargos, desde cedo aprendeu a valorizar o trabalho. Apesar de vários cargos públicos não há ninguém que possa queixar-se de uma injustiça ou palavra rancorosa de Roque. Ele era o símbolo da discrição, da polidez, da elegância.

     A Câmara de Mariana homenageou os ex-vereadores ano retrasado, na última gestão, sendo então presidente o vereador Tenente Freitas e Roque Camêllo fez o discurso em nome dos homenageados, com altivez, alegria e determinação falou por vinte minutos em improviso sobre a importância de Mariana para a história de Minas, do seu passado e presente, valorizando a educação como chave que abre as portas do futuro.
Disse ainda que na UFOP faltava uma letra, pois foi com muita luta e determinação que um grupo de marianenses, (entre eles Roque), auxiliados pelo clero que conseguiu-se a criação dessa universidade, somando esforços com Ouro Preto.

     Os homens se vão, mas fica o seu exemplo, portanto Roque deixa um dos maiores legados: o bom exemplo. Que este sirva para inspirar a atual e as futuras gerações de marianenses, a continuar sua luta pela valorização de nossa cidade e sua cultura.
Fonte: jornal “O Espeto” n° 382 – 2ª semana de março de 2017.

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