sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Memória política

O tradicional antagonismo político entre Direita e Esquerda em Mariana durou incólume durante quase todo século XX. Essa longevidade se deveu ao fenômeno do fanatismo político então existente no município e que dava suporte à fidelidade partidária. A infidelidade raramente acontecia, mas, quando acontecia, a pessoa era considerada traidora e, execrada, caía em desgraça e no ostracismo político.
A partir de 1970, o quadro político marianense começou a sofrer modificações partidárias. Naquela ocasião, João Ramos Filho não só rompeu politicamente com o Dr. Celso Arinos Motta, que chefiou a Esquerda por mais de 30 anos, como também tomou o seu lugar assumindo, desde então, a liderança daquela facção.
Simultaneamente, os Irmãos Salim Mansur, que chefiavam a Direita, romperam com ela e passaram a dar apoio a João Ramos em 1972, quando então JR ganhou as eleições municipais para o cargo de prefeito, no período de 1973 a 1976.
Quando o seu sucessor, Jadir Macêdo, que era da Esquerda e governou Mariana por seis anos, no período de 1977 a 1982, João Ramos rompeu politicamente com ele. Então, nas eleições de 1982, Jadir Macedo apoiou Roque Camêllo, candidato da Direita, mas perdeu as eleições para João Ramos que governou a cidade por seis anos, no período de 1983 a 1988.
Nas eleições municipais de 2000, quem seria candidato outra vez era João Ramos. Como foi impedido pela Justiça Eleitoral de disputá-las, o candidato vitorioso da Esquerda foi Celso Cota, que governou o município no período de 2001 a 2004. Mais uma vez, João Ramos rompe politicamente com um companheiro de seu de partido. Disputando a reeleição, Celso Cota acaba vencendo diretamente João Ramos.
Esses sucessivos e contumazes rompimentos políticos provocados por João Ramos com os seus maiores amigos e correligionários e que eram seus melhores cabos eleitorais fizeram com que o quadro partidário marianense mudasse radicalmente de formato partidário. JR só não ficou politicamente isolado porque ele, sozinho, além de líder,era bom de voto.
Com isso, já não havia mais espaço para a permanência do tradicional antagonismo político entre Direita e Esquerda. Esse antagonismo político foi substituído pelo antagonismo de ramistas e antiramistas como aconteceu nas eleições municipais de 2004 e deste ano.
Tanto isso é verdade que, numa histórica e inédita aliança, Celso Cota, da Esquerda dissidente, se lançou candidato a prefeito com o apoio da Direita que indicou Roque Camêllo como seu vice, e que está governando o município desde 2004 até o final deste ano de 2008, após derrotar diretamente o seu contendor e adversário político João Ramos.
A história agora se repetiu: a Direita lançou Roque Camêllo como candidato a prefeito tendo como seu vice Zezinho Salete, também da Esquerda dissidente, aliança que saiu vitoriosa nas eleições municipais deste ano, para o próximo período de 2009 a 2012.
Conclusão da história: na teoria, as facções políticas marianenses Direita e Esquerda ainda existem, mas, na prática, agora são várias, misturadas e comandadas por diversos lideres tanto ramistas como antiramistas.
O atual quadro político poderá continuar como está ou então dará uma reviravolta radical, de conseqüências políticas imprevisíveis. Para continuar como está, a atual lua de mel entre a Direita tradicional liderada por Roque Camêllo e a Esquerda dissidente 1, liderada por Celso Cota, terá que prosseguir. A aliança política entre as duas facções, que começou em 2004, deu certo até hoje. Mas quem garantirá que dará certo nos próximos quatro anos?
Só Deus sabe!

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