sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Catadores de votos

Em toda eleição municipal, estadual e federal aparece uma figura folclórica e pitoresca do famoso catador de votos. Na vida privada, por falta de escolaridade e mínima competência profissional para ganhar mais que um salário mínimo, são pessoas que sonham algum dia ser vereadores ou até mesmo prefeito, mas que nunca têm votos suficientes para ser eleitos. Acabam se transformando em cabos eleitorais de candidatos a prefeito e vereador e, posteriormente, recebendo, como recompensa, um cobiçado cargo de comissionado ou de confiança no serviço público.
Os partidos políticos, principalmente os nanicos, estão começando a utilizar os catadores de votos nas eleições proporcionais deste ano para se candidatar ao cargo de deputado estadual. São contratados pelos partidos que lhes cedem a legenda para concorrer. O objetivo é arranjar votos para a legenda ter um coeficiente necessário para eleger os puxadores de votos do partido. Uns 50 votos aqui cem ali aumentam a chance de o partido ter mais representantes na Assembléia Legislativa. Esses catadores de votos, na verdade candidatos de araque, ganham dinheiro dos candidatos eleitos pelo partido na proporção dos votos obtidos por cada candidato para fazer esse trabalho eleitoral dissimulado em candidatura para valer. Pela esdrúxula legislação eleitoral brasileira, nas eleições proporcionais de vereadores, de deputados estaduais e federais, o eleitorado, na maioria das vezes, vota num candidato e elege outro que nunca irá saber quem foi.
Aqui em Mariana temos alguns candidatos a deputado estadual sem nenhuma chance de ser eleitos, mas aproveitam a ocasião, sem gastar nada em propaganda eleitoral de seu bolso porque o partido paga tudo, para apenas conferir se terão alguma chance de ser candidatos a vereador ou a prefeito nas próximas eleições municipais de 2012. Além de ganhar dinheiro dos partidos, se o catador de votos for funcionário público, a lei eleitoral ainda permite que ele fique ganhando sem trabalhar durante três meses. Há gente em Mariana fazendo isso. Nas eleições municipais de 2008, tivemos vários funcionários públicos sem nenhuma chance de ganhar eleições para prefeito e vereador, disputando o pleito e ganhando sem trabalhar. No meu entendimento, esse comportamento de candidatos de araque é uma afronta, uma falta de respeito, um deboche ao eleitorado marianense.
Já pensou se a moda pega? Vamos ficar sem funcionários públicos trabalhando em épocas eleitorais!

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