sábado, 4 de julho de 2015

"A Mesa de Mariana (1750-1850)"

“A MESA DE MARIANA (1750-1850)” *
226º aniversário de morte de CLÁUDIO MANOEL DA COSTA são temas na Academia Marianense de Letras, hoje,dia 04 de julho, sábado, às 20 horas
 
A Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras realiza, hoje, dia 4 de julho, às 20 horas, em sua sede (Rua Frei Durão, 84, Centro Histórico), dois importantes eventos.
Receberá a historiadora e professora SONIA MARIA DE MAGALHÃES que falará sobre suas pesquisas dos hábitos alimentares de Mariana registrados no livro de sua autoria “A mesa de Mariana: produção e consumo de alimentos em Minas Gerais (1750-1850)”, tema de sua tese de mestrado.
Será prestada também homenagem à memória do Inconfidente CLÁUDIO MANOEL DA COSTA, marianense nascido no distrito da Vargem, em 6 de junho de 1729, e morto, em 4 de julho de 1789, na Casa dos Contos em Ouro Preto. Neste ano, se comemora o 226° aniversário de seu falecimento. Na Academia, ele é o patrono da Cadeira nº 14 ocupada, hoje, pelo Desembargador Caetano Levi Lopes.
 
Considerações sobre o livro a ser lançado, de autoria da palestrante Sônia Magalhães
Na obra “A mesa de Mariana: produção e consumo de alimentos em Minas Gerais (1750-1850)”, a professora Sônia investiga o que os mineiros comiam, atentando para as mudanças e permanências nos seus hábitos alimentares ao longo do tempo. O período proposto, 1750 a 1850, apreende as características econômicas, sociais e culturais de Mariana em época considerada pela historiografia tradicional como de “decadência” e “estagnação” para a economia mineira.
Ela verifica se, nesses cem anos, houve ou não uma mudança nos padrões alimentares da sociedade marianense. Esses hábitos eram somente conhecidos por intermédio da literatura dos viajantes estrangeiros que percorriam o território mineiro no século XIX. Richard Burton, Auguste de Saint-Hilaire, John Mawe e outros fomentaram a criação de um modelo personificado no mineiro: apreço pela mesa farta, doces, gosto pela carne de porco, a acolhida generosa entre outros elementos notáveis da hospitalidade. Tal literatura não foi descartada, mas, analisada e cruzada de maneira crítica com outros documentos como inventários post-mortem, guardados na Casa Setecentista de Mariana, e os Livros de Contas do Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte de Mariana pertencentes ao Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese. Os livros de açougues da cidade e do Termo de Mariana preservados no Arquivo Histórico da Câmara foram também consultados.
A Mesa de Mariana evidencia que a projeção da imagem do mineiro a partir da sua cozinha e das práticas alimentares, faz parte da “invenção das tradições”. A confraternização e a hospitalidade – esta caracterizada pela abundância de alimentos tantas vezes registrada pelos viajantes – aconteciam regularmente com um determinado segmento e em contextos sociais específicos. Até mesmo no cumprimento das normas religiosas impostas pela Igreja, a realidade econômica e as variações sazonais mostraram-se contundentes. Em épocas de abundância, o calendário litúrgico – jejuns e abstinência de carne – poderia ser seguido. Em períodos de escassez, a norma religiosa não era cumprida. No meio rural com as grandes fazendas produtivas, tornavam-se viáveis as acolhidas generosas. Nessas ocasiões, a função simbólica e social dos alimentos era considerada superior à nutritiva. Construía a imagem de prestígio, externando riqueza que, verdadeira ou falsa, muitas vezes, se exibia no aparato da chamada “mesa mineira”.
 
Trajetória acadêmica e profissional da professora Sônia
Sônia é graduada pelo ICHS/UFOP, mestre pela UNESP e doutora em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Realizou estágio pós-doutoral como bolsista PRODOC na Universidade Federal de Goiás, de 2006 a 2007. Iniciou pós-doutorado no Programa de História das Ciências e da Saúde da Casa Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro em 2014. É autora dos livros Males do sertão: alimentação, saúde e doenças em Goiás no século XIX (2014); A Mesa de Mariana: produção e consumo de alimentos em Minas Gerais (1750-1850) (2004). Participou da organização dos livros Casa de Vereança de Mariana: 300 anos de História da Câmara Municipal; Histórias de Goiás: memória e poder; Cristianismos em Goiás; O ensino de história: aprendizagens, políticas públicas e materiais didáticos (2012); Coordenou o projeto PIBID Interculturalidades e Ensino de História da Faculdade de História da UFG. Coordena o Laboratório de Ensino (LEIHS) e o GT História da Saúde e das Doenças ANPUH - seção regional Goiás e participa da Rede Internacional Saúde e Doenças. É docente Adjunto na Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás.
 
Cláudio Manoel da Costa
A homenagem ao poeta marianense, Inconfidente Cláudio Manuel da Costa, será realizada pelos jovens do Departamento de Teatro Infantojuvenil da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras declamando poemas de sua autoria. Será também apresentado um texto sobre sua vida antes e depois de seu retorno da Universidade de Coimbra.
Para o presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, prof. Roque Camêllo, que vem pesquisando a vida deste ícone da literatura brasileira, “o Inconfidente Cláudio Manoel da Costa foi o primeiro advogado assassinado em Minas.”
*Este evento tem o apoio cultural do Movimento Renovador de Mariana
*Texto de Merania Oliveira

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