sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O desabafo de Mundinho Horta

“Raimundo Horta relata sofrimento e afirma que tomará medidas para sanear administração da cidade.*
O prefeito relatou que foram feitos boicotes na garagem da prefeitura. Água, sal e açúcar foram colocados em motores de veículos e equipamentos.
O prefeito de Mariana, Raimundo Horta (PMDB), durante reunião pública com os secretários e vereadores, analisou os problemas enfrentados na administração da cidade. Em uma mistura de desabafo e pedido de auxilio, ele relatou as dificuldades que vem enfrentando, notoriamente no relacionamento político com a Câmara e os problemas administrativos, incluindo o inchaço da máquina, boicote em alguns setores e queda acentuada de receita, além das exigências do Ministério Público para sanar aberrações na contratação de pessoal.
Ao lado do procurador do município, Israel Quirino, do secretário da Fazenda, Glauco Freitas, do secretário de Administração, César Augusto, do controlador do município, Rodrigo Gomes, e na presença dos demais secretários, auxiliares e dos vereadores Aída Anacleto (PT), Geraldo Sales, o Bambu (PDT) e Fernando de Castro (PRTB), o prefeito ouviu os relatos sobre a situação econômica e administrativa do município e, em seguida, desabafou, ao afirmar que tomaria todas as medidas necessárias para equilibrar a Prefeitura, avisando que não aceitará mais pagar horas extras injustificadas, solicitando aos secretários que não transferissem para ele a solução de problemas. “Não mandem ao Gabinete os funcionários que querem aumento salarial ou gratificações. A responsabilidade é dos secretários. Não tenho condições de atender. Vou colocar o sal na ferida. Quero levar a administração até dezembro com transparência, cumprindo o que foi determinado”, declarou o prefeito.
Ele questionou o apoio que tem recebido de auxiliares e vereadores, ao afirmar que a sua intenção era manter o grupo unido, pois faz parte dele há muitos anos. “Não estou aqui para fazer um (novo) grupo político e jamais fugir da responsabilidade de preservar o grupo”, enfatizou.
Ele reclamou de boicotes que ocorreram principalmente na garagem da prefeitura, quando revelou que água, sal e açúcar foram colocados em motores de veículos e equipamentos.
Afirmando que ninguém é insubstituível, Horta cobrou mais colaboração e disse que se os vereadores quiserem encaminhar um oficio dizendo que querem que ele saia do cargo, sairia na hora. “Estou saturado de mentiras, bobagens, Estou no limite”, desabafou o prefeito. Ele afirmou que não está recebendo o carinho dos vereadores, o que o deixa magoado. Ele pediu diálogo e entendimento.
Perguntado se a base política na Câmara era que sonhara, Raimundo Horta declarou que esperava mais apoio e contribuição. “Recebi somente apoio de 60% dos vereadores da base”, disse. Ele afirmou que se os vereadores quiserem, “amanhã iria ao Juiz e entregaria a Prefeitura”, pois as atitudes necessárias serão tomadas, porque não deseja ser processado. “Meu desejo é sair sem problemas, de cabeça erguida. Não quero processo e não tenho dinheiro para pagar advogados”, finalizou”.
Fonte: jornal “O Tempo dos Inconfidentes”, edição 17, de 10 a 17.08.2010.
Comentário: desde 1950 até hoje, portanto há 60 anos, venho acompanhando os costumes políticos de Mariana. Confesso que estou escandalizado com o comportamento nada ético e republicano da nossa classe política nestes primeiros dez anos do século XXI. O prefeito interino, Mundinho Horta está de parabéns, pois num desabafo inédito nos anais políticos de Mariana, colocou o dedo na ferida, teve a coragem cívica de denunciar a ganância de nossos políticos pelo dinheiro público. Com amigos assim de seu próprio grupo político, ele não precisa de inimigos.
Hoje o que vemos são políticos com empresas prestando serviços e obras superfaturada para prefeitura em nome de laranjas. Políticos ganhando propinas com empresas investigadas pela Policia Federal por superfaturamento de obras e serviços prestados ao município. Políticos usufruindo mordomias de horas extras, transporte, diárias, locação de imóveis pelo município para uso próprio ou de terceiros. Políticos nomeando, sem concurso, centenas de pessoas em cargos de confiança e comissionados para seus cabos eleitorais provocando o famigerado inchaço da máquina pública. A prefeitura de Mariana está tão inchada de gente que o município se vê na obrigação de alugar prédios de terceiros na cidade. Quais são os felizardos proprietários que alugam os seus imóveis para o município? Os políticos!
Os nossos políticos hoje ganham como se fossem excelentes profissionais e executivos de grandes empresas privadas. A maioria dos nossos políticos não tem gabarito profissional sequer para ganhar mais do que um salário mínimo na iniciativa privada. Quando perdem eleições, coitados, matam cachorro a grito!
O legislativo municipal é um poder inútil, pois não fiscaliza nada e, o que é pior, custa muito caro aos cofres públicos. Suprindo a omissão do poder legislativo, que é conivente por ação ou omissão com essas bandalheiras administrativas, quem é obrigado a moralizar a administração municipal é o Ministério Público que exige dos políticos que a admissão no serviço público só deva ser feito através de concurso público.

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