*Roque Camêllo
A Colina de São Pedro domina a cidade de Mariana. Foi lá que jovens abriram a solenidade do 80º aniversário de nascimento de Dom Luciano, na tarde de 5 de outubro, declamando: “Os céus de Mariana testemunharam: /um anjo do Senhor pisou na terra, /sobre flores azuis /aqueceu o sol para todos, / velejou a lua, / redistribuiu estrelas luz, / ampliou caminhos, / estimulou avanços, / plantou e cultivou / Fraternidade”. O poema de autoria dos componentes da Academia Infanto Juvenil de Letras é intitulado “Sob o signo da Paz”. A coordenação do grupo foi da vice-presidente da Academia Marianense de Letras, professoa Hebe Rola.
“O busto de D. Luciano de modo extraordinariamente feliz foi posto pelos marianenses num descampado alto. Assim, D. Luciano continua abençoando todos, e nós, para vê-lo, basta que olhemos para o alto. D. Luciano é uma síntese dos Santos: um Tomaz de Aquino, Doutor da Igreja; um Francisco de Assis, devotado aos pobres; um Santo Cura Dars, verdadeiro Pastor”, palavras do advogado José Anchieta da Silva, dando início aos pronunciamentos.
Foi uma tarde diferente na Colina de São Pedro onde se destaca a Igreja de São Pedro dos Clérigos, única em estilo romano das cidades coloniais mineiras. Imponente, é a guardiã da cidade. No seu lado direito, se encontra o busto de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida. Em bronze, com sorriso discreto, retratando o seu estilo e a alegria de estar sempre pronto a servir o outro, é uma cópia bem fiel daquele carinhosamente chamado o “senhor dos humildes”. Para homenageá-lo lá estávamos muitos dos seus amigos e seus irmãos, o prof. Cândido Mendes de Almeida e Luiz Fernando, o Secretário de Estado da Cultura, jornalista Washington Mello, representando o Governador Anastasia, o presidente do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, José Anchieta da Silva, religiosos, desembargador Reinaldo Ximenes, a presidente da Associação dos Amigos do Serro, Laene Freire, conselheiros da Fundação Cultural da Arquidiocese-FUNDARQ, representantes do Movimento Renovador e pessoas da sociedade marianense.
Foi um poético entardecer predominando saudade e alegria por celebrarmos a vida de quem não poupou esforços para ajudar o próximo. Representada por vários membros, a Associação dos ex-alunos dos Seminários de Mariana teve a feliz idéia de colocar flores em seu busto em agradecimento àquele incentivador da existência da entidade e inspirador do nome AEXAM. Segundo seu presidente Helvécio Trindade, “D. Luciano participava dos encontros, anuais e nessas oportunidades, sempre manifestava seu contentamento com a crescente consolidação da Associação. Os Seminários completam 260 anos de existência, sendo a única organização desse gênero em funcionamento ininterrupto no país. Neles, se instalaram os primeiros cursos superiores de Minas Gerais, em 1750. D. Luciano percebeu a importância de ter mais próximos aqueles que passaram por seus bancos escolares. Abriu suas portas para que os ex-alunos fossem sempre acolhidos e, assim, se tornassem braços de apoio à tradicional Casa que ofereceu ao Brasil milhares de religiosos, profissionais de diversas áreas e grandes homens públicos.”
D. Luciano foi o 4º Arcebispo de Mariana. Veio para servir “In nomine Iesu”, como se lê em Lucas: “Os reis das nações imperam sobre elas, e os que exercem a autoridade são chamados benfeitores; porém, não assim entre vós senão que o maior entre vós será como o menor, e quem manda como o que serve”. Os excluídos e a paz eram preocupações constantes em sua vida. Por isto, o poeta Gabriel Bicalho se expressou através da jovem atriz Ingrid Lara com “Ave! /Dom Luciano: /nenhum ruído / nenhum grito de excluído / a soar profano / perturbando o sagrado / desse vosso sono!”
Em momento de enlevo espiritual, os adolescentes do TOM MAIOR, regidos por Adeuzi Batista, cantaram louvando a vida daquele que se entregou a favor da paz e do amor ao próximo. Jamais se esqueceu de reconhecer a grandeza da cidade que o acolheu como citou o representante da juventude marianense Cristiano Vilas Boas ao ler um texto do próprio homenageado: “Se o mundo fosse uma Igreja, Mariana seria seu sacrário”.
Seu irmão, professor Cândido Mendes, testemunhou o amor que Dom Luciano tinha por seu rebanho, afirmando aquilo que já sabíamos, “sua recusa a uma transferência para a Arquidiocese de Brasília com a oportunidade do cardinalato. Teria sido uma espécie de coroamento pelo trabalho desenvolvido na Igreja. Preferiu continuar em Mariana.” O Secretário de Cultura afirmou que “conheci-o na plena ditadura militar, na Capital Federal. D. Luciano não se calava diante das atrocidades cometidas em nome da falsa segurança nacional. É um exemplo de bondade e de cidadão patriota a ser seguido”.
O antigo Palácio dos Bispos, construção do século 18, cuja restauração foi iniciada por D. Luciano e concluída pelo atual Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha, preservará todos os documentos de sua autoria e daqueles em que foi parte. Receberá também a lembrança de sua trajetória de vida no Brasil e no Exterior. Suas comendas e títulos ali estarão expostos bem como todos os livros e artigos de sua autoria e os muitos sobre ele escritos. O solar onde outrora foram tomadas decisões importantes e onde se hospedaram o imperador do Brasil D. Pedro II e sua esposa, em 1881, guardará a imagem de quem se entregou sem reservas à pratica do bem. Sua frase “em que posso servir” estará ecoando por aqueles quase tricentenários corredores como um cântico de amor.
*Presidente da Academia Marianense de Letras e Diretor Executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana-FUNDARQ.
A Colina de São Pedro domina a cidade de Mariana. Foi lá que jovens abriram a solenidade do 80º aniversário de nascimento de Dom Luciano, na tarde de 5 de outubro, declamando: “Os céus de Mariana testemunharam: /um anjo do Senhor pisou na terra, /sobre flores azuis /aqueceu o sol para todos, / velejou a lua, / redistribuiu estrelas luz, / ampliou caminhos, / estimulou avanços, / plantou e cultivou / Fraternidade”. O poema de autoria dos componentes da Academia Infanto Juvenil de Letras é intitulado “Sob o signo da Paz”. A coordenação do grupo foi da vice-presidente da Academia Marianense de Letras, professoa Hebe Rola.
“O busto de D. Luciano de modo extraordinariamente feliz foi posto pelos marianenses num descampado alto. Assim, D. Luciano continua abençoando todos, e nós, para vê-lo, basta que olhemos para o alto. D. Luciano é uma síntese dos Santos: um Tomaz de Aquino, Doutor da Igreja; um Francisco de Assis, devotado aos pobres; um Santo Cura Dars, verdadeiro Pastor”, palavras do advogado José Anchieta da Silva, dando início aos pronunciamentos.
Foi uma tarde diferente na Colina de São Pedro onde se destaca a Igreja de São Pedro dos Clérigos, única em estilo romano das cidades coloniais mineiras. Imponente, é a guardiã da cidade. No seu lado direito, se encontra o busto de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida. Em bronze, com sorriso discreto, retratando o seu estilo e a alegria de estar sempre pronto a servir o outro, é uma cópia bem fiel daquele carinhosamente chamado o “senhor dos humildes”. Para homenageá-lo lá estávamos muitos dos seus amigos e seus irmãos, o prof. Cândido Mendes de Almeida e Luiz Fernando, o Secretário de Estado da Cultura, jornalista Washington Mello, representando o Governador Anastasia, o presidente do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, José Anchieta da Silva, religiosos, desembargador Reinaldo Ximenes, a presidente da Associação dos Amigos do Serro, Laene Freire, conselheiros da Fundação Cultural da Arquidiocese-FUNDARQ, representantes do Movimento Renovador e pessoas da sociedade marianense.
Foi um poético entardecer predominando saudade e alegria por celebrarmos a vida de quem não poupou esforços para ajudar o próximo. Representada por vários membros, a Associação dos ex-alunos dos Seminários de Mariana teve a feliz idéia de colocar flores em seu busto em agradecimento àquele incentivador da existência da entidade e inspirador do nome AEXAM. Segundo seu presidente Helvécio Trindade, “D. Luciano participava dos encontros, anuais e nessas oportunidades, sempre manifestava seu contentamento com a crescente consolidação da Associação. Os Seminários completam 260 anos de existência, sendo a única organização desse gênero em funcionamento ininterrupto no país. Neles, se instalaram os primeiros cursos superiores de Minas Gerais, em 1750. D. Luciano percebeu a importância de ter mais próximos aqueles que passaram por seus bancos escolares. Abriu suas portas para que os ex-alunos fossem sempre acolhidos e, assim, se tornassem braços de apoio à tradicional Casa que ofereceu ao Brasil milhares de religiosos, profissionais de diversas áreas e grandes homens públicos.”
D. Luciano foi o 4º Arcebispo de Mariana. Veio para servir “In nomine Iesu”, como se lê em Lucas: “Os reis das nações imperam sobre elas, e os que exercem a autoridade são chamados benfeitores; porém, não assim entre vós senão que o maior entre vós será como o menor, e quem manda como o que serve”. Os excluídos e a paz eram preocupações constantes em sua vida. Por isto, o poeta Gabriel Bicalho se expressou através da jovem atriz Ingrid Lara com “Ave! /Dom Luciano: /nenhum ruído / nenhum grito de excluído / a soar profano / perturbando o sagrado / desse vosso sono!”
Em momento de enlevo espiritual, os adolescentes do TOM MAIOR, regidos por Adeuzi Batista, cantaram louvando a vida daquele que se entregou a favor da paz e do amor ao próximo. Jamais se esqueceu de reconhecer a grandeza da cidade que o acolheu como citou o representante da juventude marianense Cristiano Vilas Boas ao ler um texto do próprio homenageado: “Se o mundo fosse uma Igreja, Mariana seria seu sacrário”.
Seu irmão, professor Cândido Mendes, testemunhou o amor que Dom Luciano tinha por seu rebanho, afirmando aquilo que já sabíamos, “sua recusa a uma transferência para a Arquidiocese de Brasília com a oportunidade do cardinalato. Teria sido uma espécie de coroamento pelo trabalho desenvolvido na Igreja. Preferiu continuar em Mariana.” O Secretário de Cultura afirmou que “conheci-o na plena ditadura militar, na Capital Federal. D. Luciano não se calava diante das atrocidades cometidas em nome da falsa segurança nacional. É um exemplo de bondade e de cidadão patriota a ser seguido”.
O antigo Palácio dos Bispos, construção do século 18, cuja restauração foi iniciada por D. Luciano e concluída pelo atual Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha, preservará todos os documentos de sua autoria e daqueles em que foi parte. Receberá também a lembrança de sua trajetória de vida no Brasil e no Exterior. Suas comendas e títulos ali estarão expostos bem como todos os livros e artigos de sua autoria e os muitos sobre ele escritos. O solar onde outrora foram tomadas decisões importantes e onde se hospedaram o imperador do Brasil D. Pedro II e sua esposa, em 1881, guardará a imagem de quem se entregou sem reservas à pratica do bem. Sua frase “em que posso servir” estará ecoando por aqueles quase tricentenários corredores como um cântico de amor.
*Presidente da Academia Marianense de Letras e Diretor Executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana-FUNDARQ.
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