domingo, 3 de fevereiro de 2013

Invasões consentidas, uma farra milionária

Entre as décadas de 40 a 60 do século passado, Mariana tinha aproximadamente entre 10 a 15 mil habitantes. Inclusive foi meu pai, como então funcionário do IBGE, que fez o recenseamento de 1940. Naquele tempo, quase todos tinham casa própria e emprego. A maioria da população era empregada da Fiação e Tecelagem São José, onde hoje está localizado o Centro de Convenções, da Companhia Mina da Passagem ao tempo de Júlio Mourão Guimarães, da Mina Del-Rey, da Rede Ferroviária da Central do Brasil, além de funcionários públicos municipais, estaduais e federais.
Com o declínio ou o desaparecimento das empresas empregadoras acima, muitas famílias inteiras, centenas de pessoas, inclusive eu, tiveram que sair de Mariana para conseguir um emprego. A decadência econômica provocou um grande êxodo da nossa população para as cidades de Belo Horizonte e São Paulo.
Com o advento das empresas mineradoras na década de 1970, Samitri, Samarco e Vale do Rio Doce, hoje Vale, Mariana começou a atrair milhares de pessoas em busca de emprego, provocando um inesperado e indesejado inchaço populacional. A cidade cresceu de maneira quantitativa e não qualitativa, pois havia empregos, mas não havia casas para todos morar. No principio, para minorar a falta de moradias, a Samitri construiu um bairro no Alto do Rosário, a Vale construiu os bairros Jardim dos Inconfidentes e Maquiné.
 Mas a desordenada expansão urbana - provocada pelas próprias empresas mineradoras, que atraem muitas pessoas de fora até hoje para a cidade, mas não faz nada para alojá-las, deixando a bomba demográfica explodir no orçamento do município - continuou provocando invasões de terras incentivadas,  sobretudo pelos próprios latifundiários proprietários de terras que não valem nada, pois localizadas em áreas de risco sujeitas a desmoronamentos de encostas e a inundações.
Para minorar a situação e não causar um caos social, o município teve que, não só urbanizar essas áreas invadidas, como também teve que fazer milionárias desapropriações por terras que não valiam nada. Os latifundiários ficaram mais ricos ainda com essa criminosa indústria de invasões consentidas. Vários bairros surgiram assim em Mariana.
Para acabar com essa farra milionária de invasões consentidas feitas pelos latifundiários para ganhar dinheiro fácil do município, a atual administração municipal agiu rápido: deu inicio a uma ação de regularização urbana em todo o município, cadastrando as famílias que residem no local invadido e notificar a todos que interrompam o processo de ocupação  e  as construções irregulares em andamento, evitando assim o caos social e futuro prejuízo do município com desapropriações desnecessárias de terrenos localizados em áreas de risco, completamente impróprias para a construção de casas.           

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