sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Abatedouro municipal

Até o final da década de 70, Mariana tinha um acanhado matadouro municipal, sem nenhum equipamento, nem sequer câmaras frigoríficas. Era apenas um espaço coberto e com piso cimentado e constantemente fedorento, pois não havia nenhuma preocupação com a assepsia local. O gado era abatido com requintes de crueldade, na base da marreta. Como não havia, naquela época, vigilância sanitária, órgão criado em Mariana apenas no ano 2000, graças a pressão do Ministério Publico, o gado destinado ao abate não era examinado, não se sabendo, portanto, se estava saudável ou doente. Embora o local não tivesse a mínima condição higiênica, pelo menos os marianenses ficavam sabendo onde o gado de corte era abatido.
Com o advento de dois prefeitos pecuaristas, que governaram o município por 21 anos, devido à falta do matadouro oficial que caiu e desapareceu, o gado continuou a ser abatido em fundos de quintal e, como sempre, sem nenhuma preocupação com a saúde pública. Os prefeitos pecuaristas nunca tiveram interesse em construir um abatedouro municipal, pois ao construírem abatedouros particulares, só para eles, na verdade o que eles queriam é evitar a concorrência com os demais açougueiros na cidade, ou seja, queriam o monopólio do comércio de carne no município.
Depois que passou o longo período de 21 anos de comando dos prefeitos pecuaristas, a expectativa era a de que os futuros prefeitos iriam construir um abatedouro municipal moderno, dotado de câmaras frigoríficas, com abate mecanizado e com fiscalização rigorosa dos órgãos de vigilância sanitária.
É incrível porém que o município de Mariana, o mais antigo de Minas Gerais, em pleno século XXI, com quase 318 anos de existência, entra e sai prefeito, uma questão de vital importância para a saúde pública marianense até hoje não tenha ainda um local decente para abater o nosso gado de corte.
Há uma mega propaganda na televisão estrelada pelo ator global Tony Ramos que diz o seguinte: “Peça Friboi. Carne confiável tem nome”. A nossa carne, além de não ter nome, sequer tem endereço. Lamentável!

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