quarta-feira, 16 de abril de 2014

Quase caindo*

Com bambus segurando lona contra chuva, paredes rachadas, a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte resiste, mas por quanto tempo? Ela foi construída junto ao Seminário de Mariana no ano de 1750, hoje funciona no local o Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto. Esta Capela está correndo risco de desabar há muito tempo sem a devida e enérgica ação dos nossos órgãos que deveriam zelar pelo nosso patrimônio histórico. Se continuar assim, vamos continuar a assistir a Capela cair. Espera-se do IPHAN nessa questão uma postura mais ativa, como é feito nas fiscalizações das residências tombadas em Mariana e Ouro Preto.

IPHAN assiste Capela cair
A Capela de Nossa Senhora da Boa Morte foi construída junto ao Seminário de Mariana no ano de 1750, hoje funciona no local o Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto. Esta Capela está correndo risco de desabar há muito tempo. Pode ser que se demore um mês ou um ano ou dois, mas é fato, reconhecido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que essa Capela corre grande risco de desabamento.
Está com teto coberto com lona e bambu, suas paredes já cedem. Ainda existem infiltrações e vazamentos no telhado, que já sofre as consequências do tempo e da chuva. E aos poucos, com o passar dos anos a situação vai se piorando cada vez mais. E não é de agora, já passa de uma década de descaso com essa capela, fruto da UFOP não assumir devidamente esse patrimônio que ocupa.
A UFOP não zela devidamente desta Capela e seu entorno, inclusive há cinco anos chegou até começar a cimentar o calçamento pé de moleque do local, fato impedido devido a denúncia publicada no jornal O ESPETO, que motivou o IPHAN naquela época a embargar obra e obrigar a UFOP retirar o cimento.
A Arquidiocese e a UFOP não se entendem sobre a posse do ICHS, mas ambas receberam do IPHAN informações sobre o estado da capela. Nenhuma ação judicial foi aplicada contra a UFOP nem contra a Arquidiocese obrigando-as a sentar-se como gente grande e a resolver o problema dentro de um prazo.
A Capela de Nossa Senhora da Boa Morte recebeu recentemente até verba do PAC das Cidades Históricas do Governo Federal, mas ainda nem existe um projeto de restauro pronto.
O que existe é uma armação de bambu feita provisoriamente, mas que já dura um ano, para escorar uma lona azul que cobre o telhado para chover menos dentro da Capela. Aliás, o bambu já está caindo pela lona e deve acertar a cabeça de alguém quaisquer dias desses. O IPHAN assiste a capela ruir sem recorrer a medidas duras para obrigar a UFOP ou a Arquidiocese de Mariana tomarem providências. Não foi aplicada nem uma multa, nem processo, nem nada com prazo para obras de reparo, se continuar assim, vamos a assistir a Capela cair.
Espera-se do IPHAN nessa questão uma postura mais ativa, como é feito nas fiscalizações das residências tombadas em Mariana e Ouro Preto.
Estamos assistindo a cada dia a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte cair um pouquinho e não podemos ficar impassíveis mais tempo, pois logo será tarde demais.
A Capela não é da Arquidiocese, nem da UFOP, é patrimônio cultural e religioso do povo de Mariana.
*Fonte: texto extraído do jornal “O ESPETO”, edição nº 247 – 2ª Semana de Abril de 2014.

Meu comentário: quando o saudoso e benemérito arcebispo de Mariana, Dom Oscar de Oliveira, cedeu em comodato por 40 anos as dependências do tradicional Seminário Menor à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ele o fez estabelecendo em contrapartida o cumprimento de algumas cláusulas a serem cumpridas pela UFOP, entre elas, a restauração da Capela e do Palácio Velho dos Bispos. Não fez uma coisa nem outra. O Palácio velho só foi restaurado devido ao pedido feito por Dom Luciano ao ex-presidente Lula que conseguiu o patrocínio da Petrobras. Por causa do descumprimento dessas cláusulas, a Arquidiocese de Mariana recorreu à Justiça Federal e ganhou a causa conseguindo derrubar a vigência do comodato tornando-se novamente proprietária do imóvel.
Aliás, a UFOP é useira e vezeira em dar calotes às autoridades civis e eclesiásticas de Mariana. Quem não se lembra do caso da Escola de Direito quando o reitor da UFOP, o notório Dirceu do Nascimento deu um golpe, uma rasteira no município ao obrigá-lo a construir um prédio para a faculdade e depois se recusou a instalar a escola nele quando teve o cinismo, a cara de pau de declarar que o imóvel construído não tinha condições de sediar a faculdade, mas, debochado, dizia que o mesmo prédio servia para outros cursos da UFOP. Na época, a Câmara Municipal de Mariana, por unanimidade, decretou que o reitor era persona non grata de Mariana.

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