segunda-feira, 19 de maio de 2008

Memória Política

João Ramos Filho iniciou a sua vitoriosa carreira política como vereador eleito pelo distrito de Cachoeira do Brumado, sua terra natal. No final da década de 1960, João Ramos revolucionou os costumes políticos de Mariana. Antigamente, as atividades políticas locais eram apenas exercidas durante o ano eleitoral. Quem ganhava eleições exercia o poder, quem perdia fazia oposição. Eram três anos, sem nenhuma atividade político-eleitoral. João Ramos mudou esse costume. Ele profissionalizou a política em Mariana. Era a política eleitoral antes, durante e depois das eleições. Política eleitoral em tempo integral.
Antes das eleições municipais de 1970, João Ramos se preparou com bastante antecedência para se tornar candidato a prefeito. A sua intenção, porém, foi impedida pelo então chefe político da Esquerda, Dr. Celso Arinos Motta, que tinha preferência por outro candidato. Devido a esse fato, rompeu politicamente com Celso Motta e apoiou o candidato do MDB, Hélio Petrus Viana, que ganhou eleição contra o João Chaves Sampaio, candidato da Direita. Com a vitoria de Hélio Petrus, o João Ramos assumiu a liderança e o comando da Esquerda e se tornou candidato a prefeito nas eleições de 1972. Ganhou as eleições, disputando o cargo com o Dr. Domingos Nunes Horta, exercendo o mandato no período de 1973 a 1976. Fez seu sucessor elegendo o Jadir Macedo, que ficou no poder durante seis anos, de 1977 a 1982. Voltou ao poder, novamente, aos ganhar as eleições municipais de 1982, disputando o cargo com o Professor Roque Camêllo, exercendo o cargo, também por seis anos, entre 1983 a 1988. Nas eleições de 1988, o candidato de João Ramos, Afonso Mol Santos, perdeu para Cássio Brigoline Neme, que ficou no cargo durante quatro anos, no período 1989 a 1992. Nas eleições de 1992, João Ramos ganha novamente, disputando o cargo com quatro candidatos: Francisco de Oliveira Miranda (Nonô Miranda), candidato da Direita, Derly Pedro da Silva, Luiz Torres Breyner e João da Cruz Pimenta (Nonô Pimenta), ficando no cargo durante quatro anos, de 1993 a 1996).
No meu entendimento, foi a vitoria mais consagradora de sua carreira política: conseguiu ter mais de dois mil votos de frente do que a soma dos outros quatro candidatos juntos. Em 1996, o seu candidato, Newton Godoy, perdeu a eleição, por apenas 26 votos, para Cássio Brigoline Neme, que ficou no cargo de 1997 até 1999, quando foi afastado do cargo pela Câmara Municipal de Mariana. Sucedeu-o, o seu vice José Hugo Marton, que ficou no cargo até o ano 2000. Naquele ano, João Ramos disputa e ganha as eleições como vice de Celso Cota Neto, permanecendo no cargo no período de 2001 a 2004. Em 2004, já rompido politicamente com o atual prefeito, João Ramos perde as eleições para Celso Cota que se reelege para o período de 2005 a 2008.
Segundo consta, seria candidato outra vez em 2008.
Alguns dos atuais pré-candidatos a prefeito em Mariana, afoitos e oportunistas de plantão, já estão querendo herdar o prestigio eleitoral de João Ramos. Mas, notícia publicada no jornal “Estado de Minas”, informa que o filho do ex-prefeito, Fábio Ramos (PTB), - que é assessor parlamentar do deputado federal Paulo Abi-Ackel e de seu pai Ibrahim Abi-Ackel, em Belo Horizonte - vai assumir a pré-candidatura de seu pai João Ramos Filho.
Como o João Ramos Filho não deixou herdeiro político popular, capaz de empolgar o eleitorado, a solução natural, doméstica e correta seria mesmo o lançamento da candidatura de seu filho adotivo.
Por outro lado, como não há pessoas líderes e competentes para chefiar o grupo político da Esquerda tradicional, o ex-deputado Ibrahim Abi-Ackel e seu filho deputado federal Paulo Abi-Ackel não perderam tempo: antes que outros candidatos concorrentes a prefeito e deputado tomem conta do cobiçado patrimônio eleitoral de João Ramos, presumo que eles irão gerenciar provisoriamente a Esquerda com vistas a garantir votos a Paulo Abi-Ackel, candidato a reeleição em 2010.

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