terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Briga de foice pelo poder

Enquanto o bipartidarismo entre a Direita e Esquerda prevaleceu durante todo o século passado até o começo deste século XXI e a Prefeitura ainda era uma viúva paupérrima, nunca houve uma disputa tão feroz pelo poder municipal como agora. Naquela época, apesar da rivalidade, a facção que ganhasse eleição e tivesse maioria parlamentar na Câmara entrava em acordo com a oposição e a composição da mesa era eclética, quando os quatro cargos da mesa diretora, presidência, vice, 1ª e 2ª secretarias, eram divididos proporcionalmente ao tamanho de cada bancada.
A partir do primeiro mandato de Celso Cota (2001 a 2004) e de sua reeleição (2005 a 2008) quando disputou e venceu a eleição com João Ramos Filho, causando definitivo rompimento político entre os dois, o bipartidarismo entre Direita e Esquerda acabou dando lugar ao pluripartidarismo. Surgiram para disputar as eleições municipais de 2008 cinco grupos políticos distintos: a Esquerda tradicional, liderada por Terezinha Ramos, a Esquerda dissidente I, liderado por Celso Cota, a Esquerda dissidente II, liderado por Duarte Júnior, a Direita tradicional liderado por Roque Camêllo e Direita dissidente I, liderado por Cássio Brigolini Neme, além de três partidos nanicos. Nas eleições gerais deste ano, todos esses cinco grupos voltaram a atuar politicamente trabalhando para a eleição de seus respectivos candidatos a deputado estadual, federal, senador, governador do Estado e presidente da República.
A coligação que ganhou as eleições municipais de 2008 elegeu sete vereadores, enquanto a oposição fez apenas três vereadores. Caso os dois vereadores não tivessem passado para a oposição, a eleição para Mesa diretora dos trabalhos para o biênio 2011 a 2012 seria muito tranquila, sem essa disputa feroz pelo cargo de presidente da Câmara e futuro prefeito interino de Mariana, ainda que por tempo indeterminado.
Farra da transição
Caso a oposição ganhe a eleição na Câmara, o atual prefeito terá que demitir não só o seu secretariado, como centenas de correligionários que ocupam cargos comissionados e não concursados no segundo e terceiros escalões da administração pública municipal. Em contrapartida, o próximo prefeito interino irá nomear também sem concurso para ocupar cargos de secretários e centenas de correligionários nos cargos de confiança e comissionados. Essa briga política e feroz por cargos e poder na prefeitura municipal, agora a viúva mais rica e cobiçada do município, virou rotina em Mariana: quem está dentro não quer sair, quem está fora está doido para entrar. Os dois lados só pensam em preservar seus interesses particulares e políticos. Mariana que se dane!
Comportamento político
O eleitorado marianense tem um procedimento muito curioso em relação ao comportamento ético de seus políticos. Ele é capaz de eleger e reeleger prefeitos corruptos, mas não suporta e derrota nas urnas políticos que praticam infidelidade partidária, quando são eleitos por um partido e, quando no exercício do cargo, mudam de partido ou traem os companheiros apoiando os adversários. Conheço diversos ex-vereadores que tentam um cargo eletivo e não conseguem por causa da infidelidade partidária praticada no passado. Há vários ex-vereadores infiéis ainda vivos que não me deixam mentir. No meu entendimento o eleitorado marianense deveria banir da vida pública tanto os políticos corruptos quanto aqueles que são oportunistas e traem a confiança do seu eleitorado.

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