sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cremação de corpos

O jornalista Ricardo Westin fez uma curiosa e interessante reportagem sobre cremação de corpos na revista Veja – Edição nº 2.217, de 18.05.2011. Abaixo, os principais trechos da matéria.
Novo Jeito de partir
Multiplicam-se os crematórios no país e muitos deles transformam os rituais fúnebres em verdadeiros espetáculos.
(...) A cremação é feita em fornos a gás sob temperatura que excedem os 1000 graus. O corpo e o caixão são queimados juntos. Passadas duas horas, o que resta do corpo é uma pilha de ossos calcinados. As roupas e o caixão viram um pó muito fino. Esse material é descartado. Os ossos, por sua vez, são colocados num triturador e convertidos nas cinzas que serão entregues à família – 1,5 quilo de material, em média. O destino das cinzas varia conforme o desejo de cada um. Muitas pessoas as lançam no mar ou as depositam num jardim. Podem ser guardadas em urnas ou embutidas em anéis e medalhas.
(...) O crescimento do número de cremações é um sinal de mudança ocorrida nos rituais fúnebres no Brasil nas últimas décadas. Os velórios deixaram de ser realizados em casa, transferidos para hospitais ou para o cemitério. Não raro, são simplesmente evitados. As sepulturas ficaram mais discretas, sem capelas nem estátuas sacras. O costume do luto fechado e do meio luto caiu em desuso.
(...) Para ter o corpo cremado, é preciso deixar uma declaração de vontade registrada em cartório. Sem esse documento, só os parentes de primeiro grau podem autorizar o procedimento. Há também razões de ordem prática na escolha do destino final. O custo é a principal delas. Uma cremação, incluindo a cerimônia de despedida, sai em média por 2500 reais.
(...) No início dos anos 60, o Concílio Vaticano II esclareceu que o catolicismo não condena a cremação. Até então, os católicos levavam ao pé da letra a oração que diz “creio na ressurreição da carne”. Das grandes religiões, o judaísmo e o islamismo proíbem a cremação. O espiritismo recomenda de 48 a 72 horas de espera entre a morte e a cremação, para que haja tempo de o espírito desencarnar. É uma precaução – de acordo com os seguidores dessa religião, alguns espíritos demoram mais que os outros para deixar o corpo. O hinduísmo e o budismo, por sua vez, consideram a cremação essencial para que a alma do falecido ascenda a um estagio superior. As evidências arqueológicas mais antigas de cremação datam de 20000 anos atrás, na Austrália. O ritual de queimar os corpos era possivelmente motivado pelo medo de os espíritos dos mortos voltarem para atormentar os vivos. Os romanos e os gregos praticavam tanto o sepultamento quanto a cremação. Com a ascensão do Cristianismo na Europa, a queima dos corpos entrou em desuso, por estar relacionada a rituais pagãos e ao medo de que impedisse a ressurreição. A cremação só voltou a ser utilizada no Ocidente no fim do século XIX, com os primeiros crematórios instalados na Europa e nos Estados Unidos. Agora, ela se agrega aos costumes brasileiros”.
Meu comentário: ainda adolescente e jovem adulto, entre as décadas de 1940 a 1960, fui testemunha ocular e protagonista de medieval costume de algumas tradicionais famílias católicas de Mariana, quando perdiam seus parentes, de usar luto fechado durante um ano. Os homens e mulheres viúvos usavam roupas pretas o dia inteiro e véu negro na igreja, enquanto os demais familiares usavam uma braçadeira negra durante certo tempo no braço esquerdo. Quando os meus avôs morreram usei uma braçadeira. O velório acontecia sempre dentro da própria casa do falecido. Quem tinha comércio fechava as portas durante sete dias.
Naquela época, como ainda hoje, havia o tradicional toque fúnebre de finado dado pelos sinos das igrejas. Um toque significava a morte de uma criança; dois toques, a de mulher; três toques, a de homem. Nas cerimônias litúrgicas, como a missa de corpo presente e a encomendação das almas, o sacerdote usava paramentos negros. No dia de finados ou na morte de um papa ou de um arcebispo da Arquidiocese, havia o toque de finados o dia inteiro, de hora em hora. Depois do Concilio Vaticano II, a Igreja melhorou muito essa imagem horrível da morte transformando inclusive a triste missa de defuntos em Missa da Ressurreição.
A morte sempre foi um acontecimento inevitável e muito triste na vida de todos nós, mas na minha infância e juventude a morte era tratada com requintes de terror psicológico.


Sugestão: depois que as igrejas, as associações esportivas, recreativas e culturais proibiram o velório em suas dependências, as familia enlutadas em Mariana agora só têm uma opção: o velório municipal localizado no Cemitério de Santana.
Por estar localizado em local ermo e um pouco distante do centro de Mariana, últimamente, a Câmara Municipal de Mariana tem cedido suas dependências para a realização de velórios. Aliás, à quisa de sugestão, a Ordem Terceira de São Francisco e o Guarany F.C. têm áreas estratégicas no centro histórico de Mariana, excelentes locais para uma instalação e exploração comercial de velórios. Fica aí a minha sugestão!

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