Os adversários do bom Português*
Doutrinar crianças com a tese absurda de que não existe certo ou errado no uso da língua é afastá-las do que elas mais precisam para ascender na vida.
Renata Betti e Roberta de Abreu Lima
Em um mundo em que o sucesso na vida profissional depende cada vez mais do rigor intelectual e do conhecimento, causa perplexidade a bandeira que vem sendo empunhada em escolas públicas e particulares brasileiras por uma corrente de professores de linguística. Eles defendem a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, mas que a norma culta, ancorada na gramática, é só mais uma entre várias maneiras de expressar-se. Para esse grupo, chamar a atenção do aluno que infringe tais regras – papel fundamental de um bom professor – é preconceito linguístico.
Adotado nas aulas de português de meio milhão de estudantes do ensino fundamental, o livro Por uma Vida Melhor é uma amostra do que propaga esse circulo de falsos intelectuais. Escreve Heloisa Ramos, uma das autoras: “Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar os livro? Claro que pode”. O erro crasso de concordância seria apenas uma “variação popular”, segundo a autora. Certamente um desserviço aos jovens de uma nação de iletrados sedenta de conhecimentos. Mas as autoridades já estão cientes desse desastre e cuidam de reverter seus efeitos, certo? Errado. A ignorância prospera sob a chancela oficial. O Ministério da Educação (MEC), que pagou pelos livros e os distribuiu, decidiu não retirá-los das escolas. Diz a educadora Maria Inez Fini: “A escola que não enfatiza a norma culta da língua está excluindo seus alunos da cultura dominante, que todos devem almejar e à qual devem ter acesso”.
O motor ideológico dos obscurantistas se move em torno da visão de que a língua culta é um instrumento de dominação das elites. Essa tolice é disseminada nas faculdades brasileiras de pedagogia. Resume o historiador Marco Antonio Villa: “O discurso dominante nessas instituições valoriza a ignorância”. Essa visão mesquinha deturpa a sociolinguistica, ramo de estudo focado nas variações do uso de um idioma – o que é bem diferente de menosprezar a norma culta e ensinar às crianças que elas podem falar nós vai ou nós pegou o peixe e que, se alguém as admoestar, é por preconceito linguístico. Esses desvarios são o retrato da situação política brasileira, comandada por uma ortodoxia cada vez mais ousada em sua destruição impune de todo bem cultural que não se encaixa na sua estreita visão de mundo. “A ideia de que a língua culta é um instrumento de dominação da elite é um absurdo que não se vê em nenhuma outra nação desenvolvida”, diz o linguista Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de dezenas de livros. Um dos expoentes dos talibãs da linguística no Brasil é um certo Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília (UnB), hoje o grande madraçal da ortodoxia dessa estupidez. Bagno criou o termo preconceito linguístico em um livro de mesmo nome lançado na década de 1990.
Já é um escândalo planetário que o suado dinheirinho dos brasileiros honestos e trabalhadores esteja sendo usado para sustentar desvarios dos talibãs acadêmicos. A preguiça mental desses doutores do atraso é sustentada por brasileiros de quem o Fisco arranca a maior carga de impostos do mundo entre os países emergentes, por pais e mães que gastam metade dos ganham para pagar uma boa escola privada aos filhos, suprindo com seu suor o que deveria ser obrigação do estado. Para a procuradora da República Janice Ascari, está-se diante de um crime “contra nossos jovens... um desserviço à educação já deficientíssima no país”.
É espantoso que as crianças brasileiras estejam sendo expostas a esse tipo de lixo acadêmico travestido de vanguarda cultural, quando deveriam estar aprendendo as disciplinas obrigatórias e acumulando o conhecimento e as habilidades que as tornarão capazes de enfrentar com sucesso os desafios do mundo real. O crime apontado pela procuradora Janice Ascari ocorre em um país em que, ao final do ciclo escolar, 62% dos estudantes são incapazes de interpretar textos, onde 1 milhão de vagas abertas pelas empresas brasileiras não podem ser preenchidas por falta de gente qualificada. Enquanto isso, nas salas de aula das escolas públicas, as crianças brasileiras carentes de aprender a pescar, no sentido do provérbio, são ensinadas que é certo falar nós pega o peixe.
*Fonte: revista Veja – Edição 2218, de 25.05.2011.
Doutrinar crianças com a tese absurda de que não existe certo ou errado no uso da língua é afastá-las do que elas mais precisam para ascender na vida.
Renata Betti e Roberta de Abreu Lima
Em um mundo em que o sucesso na vida profissional depende cada vez mais do rigor intelectual e do conhecimento, causa perplexidade a bandeira que vem sendo empunhada em escolas públicas e particulares brasileiras por uma corrente de professores de linguística. Eles defendem a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, mas que a norma culta, ancorada na gramática, é só mais uma entre várias maneiras de expressar-se. Para esse grupo, chamar a atenção do aluno que infringe tais regras – papel fundamental de um bom professor – é preconceito linguístico.
Adotado nas aulas de português de meio milhão de estudantes do ensino fundamental, o livro Por uma Vida Melhor é uma amostra do que propaga esse circulo de falsos intelectuais. Escreve Heloisa Ramos, uma das autoras: “Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar os livro? Claro que pode”. O erro crasso de concordância seria apenas uma “variação popular”, segundo a autora. Certamente um desserviço aos jovens de uma nação de iletrados sedenta de conhecimentos. Mas as autoridades já estão cientes desse desastre e cuidam de reverter seus efeitos, certo? Errado. A ignorância prospera sob a chancela oficial. O Ministério da Educação (MEC), que pagou pelos livros e os distribuiu, decidiu não retirá-los das escolas. Diz a educadora Maria Inez Fini: “A escola que não enfatiza a norma culta da língua está excluindo seus alunos da cultura dominante, que todos devem almejar e à qual devem ter acesso”.
O motor ideológico dos obscurantistas se move em torno da visão de que a língua culta é um instrumento de dominação das elites. Essa tolice é disseminada nas faculdades brasileiras de pedagogia. Resume o historiador Marco Antonio Villa: “O discurso dominante nessas instituições valoriza a ignorância”. Essa visão mesquinha deturpa a sociolinguistica, ramo de estudo focado nas variações do uso de um idioma – o que é bem diferente de menosprezar a norma culta e ensinar às crianças que elas podem falar nós vai ou nós pegou o peixe e que, se alguém as admoestar, é por preconceito linguístico. Esses desvarios são o retrato da situação política brasileira, comandada por uma ortodoxia cada vez mais ousada em sua destruição impune de todo bem cultural que não se encaixa na sua estreita visão de mundo. “A ideia de que a língua culta é um instrumento de dominação da elite é um absurdo que não se vê em nenhuma outra nação desenvolvida”, diz o linguista Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de dezenas de livros. Um dos expoentes dos talibãs da linguística no Brasil é um certo Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília (UnB), hoje o grande madraçal da ortodoxia dessa estupidez. Bagno criou o termo preconceito linguístico em um livro de mesmo nome lançado na década de 1990.
Já é um escândalo planetário que o suado dinheirinho dos brasileiros honestos e trabalhadores esteja sendo usado para sustentar desvarios dos talibãs acadêmicos. A preguiça mental desses doutores do atraso é sustentada por brasileiros de quem o Fisco arranca a maior carga de impostos do mundo entre os países emergentes, por pais e mães que gastam metade dos ganham para pagar uma boa escola privada aos filhos, suprindo com seu suor o que deveria ser obrigação do estado. Para a procuradora da República Janice Ascari, está-se diante de um crime “contra nossos jovens... um desserviço à educação já deficientíssima no país”.
É espantoso que as crianças brasileiras estejam sendo expostas a esse tipo de lixo acadêmico travestido de vanguarda cultural, quando deveriam estar aprendendo as disciplinas obrigatórias e acumulando o conhecimento e as habilidades que as tornarão capazes de enfrentar com sucesso os desafios do mundo real. O crime apontado pela procuradora Janice Ascari ocorre em um país em que, ao final do ciclo escolar, 62% dos estudantes são incapazes de interpretar textos, onde 1 milhão de vagas abertas pelas empresas brasileiras não podem ser preenchidas por falta de gente qualificada. Enquanto isso, nas salas de aula das escolas públicas, as crianças brasileiras carentes de aprender a pescar, no sentido do provérbio, são ensinadas que é certo falar nós pega o peixe.
*Fonte: revista Veja – Edição 2218, de 25.05.2011.
Meu comentário: a pedagogia petista instalada no Brasil desde 2003 é uma epidemia que se alastra pelas academias, faculdades e universidades do país inteiro matando o atual e já péssimo ensino brasileiro, um dos piores do mundo. Todo o ensino tradicional que está dando certo a séculos até hoje e que gerou grandes gênios na literatura, na ciência, na música, nas artes e em todo o conhecimento humano está sendo contestado por intelectuais modernos. Assanhados e vigaristas, pois usam dinheiro público para ficar rico e bancar suas ideias malucas, os intelectuais - como escritores, poetas, jornalistas, pintores, escultores e falsos mecenas - estão querendo reinventar a roda literária, escrevendo textos e poemas sem pé nem cabeça, alguns até de cabeça para baixo, que ninguém entende, só eles. O pior é que essa mania estúpida de nossos megalomaníacos intelectuais já chegou a Mariana em alto estilo. São até muito premiados por instituições de araque pseudo culturais nacionais e estrangeiras, que ninguém conhece, em homenagem às suas maluquices intelectuais que fazem contra o ensino e a literatura tradicionais que sempre deram certo, profissionalmente para todos, inclusive para eles mesmos.
3 comentários:
Caro Ozanan,
Sou professor de Português, formado pela Universidade Federal da Bahia e mestrando em Linguística pela mesma faculdade. Ensino Língua Portuguesa em todos os níveis de ensino, do fundamental ao superior, sou revisor de textos e orientador acadêmico.
É com pesar que vejo a maneira como a sociedade trata da questão. Primeiramente, as autoras da reportagem, ambas as jornalistas, não têm formação acadêmica nenhuma para criticar ou esboçar opinião sobre sociolinguística, pelo que um bom conhecedor da matéria percebe, elas pesquisaram na internet para fazer sua reportagem.
Chamar de “um certo Marcos Bagno” o atual maior expoente da sociolinguística brasileira e utilizar de vários adjetivos pejorativos para a classe daqueles que se debruçam dia após dia para estudar a mudança linguística e os usos da fala contemporânea é um achaque, uma injustiça, um impropério!
Os linguistas fazemos ciência, damos muito duro em anos de ensino e dedicação, e quando queremos que o fruto de nosso trabalho seja divulgado para quem mais interessa, nas escolas, somos chamados de “petistas”, marxistas ou coisas assim. Amigo, a reportagem é preconceituosa, desinformada, leiga em sua totalidade e não reflete o que realmente nós estudamos, acreditamos e divulgamos.
eu acho um absurdo colocar ''nos vai " no propio portugues
sempre vai estar mdadndo a cada hora
isso e um absurdo.
Postar um comentário