domingo, 5 de agosto de 2012

Dinheiro público patrocinando negócios privados

É preciso reagir*
Estamos a poucos dias de assistir, de braços cruzados, a mais um belo exemplo de como fazer festa com dinheiro público em Mariana. Em pleno ano eleitoral, a prefeitura vai investir R$ 780 mil na Expomariana 2012, uma grande festa privada, para poucos. Isso porque você, cidadão comum, que trabalha debaixo do sol para sustentar essa pesada máquina pública, além de ver seu imposto desviado para essa festança, se quiser participar terá que pagar.
O que chama atenção é o aporte destinado à festa este ano: mais do que o dobro dos R$ 350 mil gastos no ano passado com o mesmo evento. O mais incrível é que a gastança prevista para a Expomariana será bem maior que os R$ 120 mil destinados ao Encontro de Palhaços, os R$ 75 mil pagos pelo show de Margareth Menezes, em maio, os R$ 230 mil repassados ao Festival de Inverno e os R$ 370 mil pagos por aquele show internacional no mês passado.
Diga-se de passagem, todos esses eventos foram gratuitos e atraiu grande público. Agora, dar de bandeja R$ 780 mil para um evento privado é sambar na cara do povo. Alguém precisa agir.
Esperamos que seja o Ministério Público, porque esperar uma reação do legislativo subserviente ao Executivo é demais.
*Editorial do jornal “A Semana” nº 435, de 01 a 07.08.2012.
Meu comentário: em 07.04.2008, sob o título “Paternalismo municipal”, escrevi neste Blog um artigo abordando o uso indiscriminado de dinheiro público para patrocinar eventos lucrativos de empresas privadas.
Naquele artigo eu já advertia que quase tudo o que se faz no município de Mariana depende de verbas públicas municipais. Com raras e honrosas exceções, não há organizações ou associações civis, religiosas, recreativas, esportivas, artísticas e culturais, emissoras de rádio ou jornais da iniciativa privada, inclusive, pasmem, de entidades empresariais que não dependam do generoso guarda-chuva governamental. Até intelectuais e acadêmicos têm a cara de pau de pedir recursos públicos para patrocinar projetos pessoais e também viagens pelo Brasil e até para a Europa, apenas para receber, doar e trocar títulos honoríficos entre si como comendas, diplomas, medalhas, num intercâmbio entre pessoas megalomaníacas, a tal famosa indústria da vaidade sempre bancada com dinheiro do contribuinte marianense. Empresas quando patrocinam alguma coisa é através de incentivos fiscais que consistem em doar dinheiro que seria para pagar imposto de renda, ou seja, dinheiro público. Por tradição que vem de muitos anos atrás, a nossa sociedade empresarial é incapaz, por esperteza, de bancar sozinha ou em parceria, os seus eventos lucrativos, ficando a despesa sempre por conta dos cofres públicos municipais. Uma vergonha!        

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