segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Overdose de arte e cultura

Ultimamente Mariana tem produzido muita arte e cultura. Quase todo o dia há muitas e diversas atividades realizadas dentro e fora de nossas instituições artístico-culturais. Diversas entidades do ramo promovem grandes eventos que precisam de muito dinheiro para realizá-las e como não temos aqui mecenas, patrocinadores generosos, protetores das letras, ciências e artes ou dos artistas e sábios, de onde sai então tanto dinheiro para patrocinar esses eventos?  Até parece que Mariana voltou a ser o berço da civilização mineira.    
No passado, quando Mariana era pobre e a sua prefeitura, paupérrima, a própria sociedade marianense bancava as suas atividades sociais, culturais, artísticas e religiosas sem precisar usar dinheiro público. A Semana Santa, o Carnaval, festas cívicas, religiosas e sociais eram bancadas pelas irmandades religiosas, clubes sociais, cuja mão de obra era oferecida de graça, sem nenhuma remuneração. Era puro idealismo.
Agora não, com as raras e honrosas exceções de sempre, tudo que se faz na área cultural e artística tem um objetivo exclusivo: ganhar dinheiro público.
Atualmente, existem no ramo os notórios especialistas em fazer projetos culturais e artísticos. A finalidade é sempre aparentemente nobre. Visa divulgar, incentivar e democratizar a arte e a cultura na comunidade. Mas, debaixo dos panos, o negócio é muito bom e lucrativo para os promotores de eventos. O mapa da mina é obter recursos públicos municipais, estaduais e federais através dos manjados incentivos fiscais. 
Empresas nacionais e multinacionais que são obrigadas a pagar imposto de renda são beneficiadas pela Receita Federal, caso aplique esse dinheiro público em atividades artístico-culturais. Elas enganosamente passam a boa, mas falsa impressão, de que são mecenas da arte e da cultura. Pura enganação. É uma verdadeira lavagem intelectual de dinheiro público praticada por políticos, empresários, intelectuais e artistas plásticos.
Por outro lado, os espertalhões autores de projetos e promotores dos tais eventos ficam com a metade ou até mesmo a maior parte do dinheiro que deveria ser aplicado na democratização da arte e cultura no meio da comunidade.
É por causa disso que Mariana hoje tem uma verdadeira farra de arte e cultura. Os mecenas às avessas não perdem tempo: estão ficando bem de vida com o negócio. Para a alegria deles, haja overdose de arte e cultura!

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