sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Prefeito morto pede votos em Mariana

Prefeito morto em 2008 "pede" votos para sucessor em Mariana (MG)* 
Em evento de campanha a voz do ex-prefeito foi anunciada por uma locutora
Ney Rubens, Direto de Belo Horizonte
O ex-prefeito da cidade de Mariana, a 110 km de Belo Horizonte, João Ramos Filho (PTB), é um dos cabos eleitorais do atual prefeito, Roberto Rodrigues, do mesmo partido e que tenta a reeleição. Não seria nada demais se Ramos não estivesse morto. Em 2008, ele foi assassinado com quatro tiros em um crime, segundo a polícia, motivado por disputa política.
Na campanha deste ano, a voz de Ramos foi utilizada pelo menos uma vez em um evento em que ele pediu votos para o sucessor e também para os candidatos à vereador pelo PTB. A voz do ex-prefeito foi anunciada por uma locutora:
"Prezados eleitores de Mariana, mais uma vez peço: vote no 14, os candidatos da nossa coligação, para o bem de Mariana. Muito obrigado a todos, vote no 14", disse Ramos na gravação.
Procurado pelo Portal Terra para esclarecer o conteúdo da propaganda, o prefeito Roberto Rodrigues disse que a gravação faz parte de "uma homenagem ao João Ramos, que completaria mais um ano de vida se estivesse vivo, e a homenagem a ele tinha também fotos, filmes dele exercendo o cargo de prefeito".
Para Rodrigues a utilização da voz do prefeito morto não tem qualquer importância. Para ele, a repercussão pela divulgação do áudio foi motivada pela disputa eleitoral: "era uma notícia sensacionalista e que não passava de informações plantadas para tentar atrapalhar minha campanha, já que o áudio que foi divulgado foi editado".
"Ele (João Ramos) foi assassinado com quatro tiros, foi um crime eleitoral. Já se passaram mais de 4 anos e não fazem nada. Não fizemos nada de errado, somente prestamos homenagem ao amigo. (...) A viúva de João Ramos também estava na homenagem junto com os filhos, e inclusive um deles também é candidato a vereador", disse o prefeito.
A reportagem tentou contato com a viúva de João Ramos, a também ex-prefeita Terezinha Ramos, mas ela não quis dar declarações. A assessoria do Tribunal Eleitoral Regional (TRE) informou que a lei não proíbe esse tipo de uso de propaganda com o uso de áudio, fotos ou vídeo de pessoas que já morreram.
Júri Popular
O suspeito de ter encomendado a morte de João Ramos, em 2008, também disputa a Prefeitura de Mariana este ano. O empresário Francisco Assis Ferreira Carneiro, o Chico da Farmácia (PMN), foi preso dois meses após o crime e segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, aguarda o júri popular em liberdade. A motivação do crime, segundo investigações da polícia, seria por desavenças políticas entre a vítima e suspeito
*Fonte: www.terra.com.br (04.10.2010)

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