quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Carreatas e pesquisas eleitorais

As carreatas políticas surgiram em Mariana no final do século passado, quando a cidade já apresentava os primeiros sintomas de aumento célere de automóveis circulando em nossas ruas e avenidas. Carreatas não ganham eleições, mas impressionam e demonstram prestigio político-eleitoral do candidato ao cargo de prefeito ou vereador, principalmente agora que a propriedade de veiculo não é mais só privilegio da elite, mas também da classe média assalariada.
Com raras e honrosas exceções, a maioria das pessoas que participam de carreatas é constituída por cabos eleitorais, amigos e correligionários que precisam mostrar serviço durante a campanha eleitoral para garantir o seu futuro emprego na prefeitura ou na Câmara.
Curiosamente, os organizadores de carreatas eleitorais, ao invés de fazer uma contagem correta de veículos, costumam aumentar, para impressionar os adversários políticos, o número de veículos que participaram delas. Na verdade, todos os dois principais candidatos ao cargo de prefeito teriam teoricamente condições de mobilizar milhares de veículos para participar de suas carreatas.
Acontece que a maioria do eleitorado marianense é medrosa e oportunista, não gosta de expor publicamente suas preferências políticas com receio real de sofrer perseguições políticas e pessoais praticados pelos atuais coronéis latifundiários e endinheirados que adoram praticar baixarias contra os seus adversários políticos.
Pesquisas eleitorais
Fazer pesquisas eleitorais em Mariana é muito complicado. A maioria do eleitorado evita dar sua opinião, também com medo de  sofrer represálias políticas . Eu, por exemplo, fui entrevistado na rua por dois pesquisadores diferentes. Como nunca tive medo dos coronéis de plantão, dei minha opinião. A primeira pergunta óbvia e comum que eles fazem a todos é saber se a pessoa vota em Mariana. A segunda pergunta é saber o que o eleitor acha da atual administração municipal. Essa pergunta, que não tem nada a ver com pesquisa eleitoral, capciosa, já insinua sub-repticiamente quem mandou fazer a pesquisa. Depois, o pesquisador apresenta o nome dos sete candidatos ao cargo de prefeito e pergunta qual é o seu candidato.  E, finalmente, o entrevistador pergunta então em quem ele não votaria de maneira alguma.
No meu entendimento, a exemplo das carreatas cujo verdadeiro número de veículos participantes é sempre mentiroso, as pesquisas eleitorais em Mariana também não tem credibilidade nenhuma. Podem até acertar quais os dois candidatos que estarão em primeiro e segundo lugares. Isso é tão óbvio que nem precisa de fazer pesquisas eleitorais para provar. Mas, em compensação, erram feio nos percentuais. Tradicionalmente nunca acertaram o verdadeiro resultado percentual final das eleições municipais anteriores em Mariana. Com raras e honrosas exceções, os institutos de pesquisas, salvo melhor juízo, estão mais interessados em agradar quem os contrata do que fazer uma pesquisa séria.     
   

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