domingo, 7 de novembro de 2010

A polêmica do aborto

Com raras exceções, a maioria das igrejas cristãs, como a católica, ortodoxa e evangélica, em respeito à sua doutrina, é contra a descriminação e regulamentação do aborto, da eutanásia e do casamento homosexual. A Igreja Universal do Reino de Deus do bispo Edir Macêdo, por exemplo, é a favor do aborto. Nas democracias, a liberdade religiosa é uma garantia constitucional. Não há religião oficial. Ninguém é obrigado a ter uma opção religiosa. Cada um livremente tem o direito de escolher a sua religião. Inclusive o direito de não professar nenhuma religião: ser ateu ou agnóstico. Ao filiar-se a uma determinada religião, pressume-se que a pessoa aceita, por livre e espontânea vontade seguir a doutrina e princípios daquela seita. Se não estiver de acordo, o correto será sair dela.
Como o nosso país é laico e não religioso, pois todos os cidadãos brasileiros gozam de liberdade religiosa, a descriminação e regulamentação do aborto, apesar das implicações religiosas, é um problema de saúde pública que deve ser enfrentado pelo Estado. Quantas mulheres morrem por causa do aborto realizado às escondidas, por ser um crime, em clínicas de fundo quintal sem nenhum conforto e segurança. Clandestinamente, farmacêuticos inescrupulosos ficaram ricos vendendo o abortivo Cytotec que provoca risco de morte a muitas pacientes. Portanto, o Estado tem a obrigação constitucional de zelar pela saúde das mulheres.
Por outro lado, quem for religiosa convicta e fiel à sua igreja e à sua doutrina jamais fará um aborto. Acho muito importante e didático que as igrejas sejam contra o aborto. É uma forma de impedir a banalização do aborto. Devido à posição conservadora das igrejas cristas, milhares de mulheres religiosas, antes de decidir abortar, irão fazer sempre um exame de consciência se deve ou não fazê-lo.
No meu entendimento, salvo melhor juízo, a exemplo do que aconteceu com o divórcio, quando muita gente pensava que ele acabaria com a instituição da família, o que felizmente não ocorreu, a descriminação e a regulamentação do aborto, por ser uma questão de saúde pública e não caso de polícia, devem ser discutidas amplamente pela sociedade e o Congresso Nacional e, inclusive, por ser um assunto muito polêmico, que se faça então um plebiscito para saber se o povo brasileiro é a favor ou contra o aborto.

Um comentário:

Unknown disse...

Sr. Ozanan. Muito pertinente a sua opinião a respeito da liberdade religiosa e do aborto. Sobre o medicamento abortivo que você citou, creio que não seja necessariamente os farmacêuticos, formados e inscritos no CRF, os responsáveis por sua suposta disseminação clandestina. É importante fazer esta distinção.

Weber Antunes Leite
Farmacêutico Bioquímico
Saúde Mais Farmácia
Mariana/MG

weberleite@hotmail.com