quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Caciquismo e coronelismo

Memória política
De 1930 a 2008, por 78 anos, em pleno século XX, Mariana foi dominada por dois tipos distintos de comando político autoritário: o caciquismo que perdurou 40 anos, de 1930 até 1970, comandado por um déspota esclarecido, e o coronelismo que permaneceu no comando político do município de 1970 a 2008 por 38 anos e protagonizado por um déspota não esclarecido.
O auge do caciquismo em Mariana ocorreu quando Getúlio Vargas tomou o poder de 1937 a 1945. Nesse período de exceção, instalado o estado novo, as eleições municipais foram suprimidas e o déspota esclarecido conseguiu com o então governador interventor Benedito Valadares nomear três prefeitos de sua confiança para governar Mariana: Josafá Macêdo, Salvador Ferrari e Pio Porto de Meneses até 1947. Foi nesse período da ditadura que um dos prefeitos nomeados, Josafá Macedo, doou terras do município para os antigos e atuais latifundiários empresários da mineração.  
Na época, iniciando sua carreira política com o apoio do então ditador Getúlio Vargas, o déspota esclarecido era um poderoso chefe político, advogado e foi deputado estadual em duas legislaturas e comandava o antigo e poderoso PSD de Juscelino Kubitscheck que foi governador e posteriormente presidente da República.
No tempo que chefiou com mão de ferro a política marianense, o déspota esclarecido, além de indicar prefeitos de Mariana nomeados pela ditadura, posteriormente, com o advento da democracia, conseguiu também eleger prefeitos em eleições diretas. Nomeava funcionários públicos municipais, estaduais e federais sem concurso público, indicava delegados de policia, promotores de justiça e juízes de Direito para a comarca de Mariana e exercia sobre eles grande influência político-partidária... Quando não gostava da atuação jurisdicional deles, pressionava o tribunal de Justiça para mandá-los embora para uma comarca de entrância superior como prêmio ou castigo...
Como todo déspota, era um perseguidor implacável contra os seus adversários políticos. Todo mundo o temia, menos dois jornalistas que não tinham medo dele: o meu pai, Waldemar de Moura Santos, e o seu companheiro no jornal “Folha de Mariana” Hélio de Souza Mafra. Ambos tinham a coragem de desafiá-lo e denunciar as suas tramoias e perseguições pessoais e políticas. 
A partir de 1970 até 2008, surgiu o coronelismo comandado por um déspota não esclarecido, que comandou também com mão de ferro a política marianense. Era um déspota não querido, mas muito temido, pois também era um feroz perseguidor de seus adversários políticos. Na época, apesar de semi-analfabeto dominava tudo e a todos: autoridades civis, eclesiásticas, profissionais liberais como médicos, advogados, engenheiros, magistrados, ministério público, intelectuais. Como o déspota esclarecido, também nomeava e transferia para outros lugares delegados de policia, promotores de justiça e juízes de Direito quando essas autoridades o desagravam. Mandava e desmandava nessas autoridades públicas estaduais.  Ninguém tinha coragem ou ousava contestá-lo. Foi eleito prefeito de Mariana por três vezes. De 1964 a 1985, ambos os déspotas, durante 21 anos, deram apoio incondicional ao golpe de 1964 quando os dois se filiaram à ARENA, partido dos militares.
Nesta cidade de medrosos, oportunistas, bajuladores puxa-sacos, a exemplo do que aconteceu ao tempo do déspota esclarecido,  duas pessoas ousavam também enfrentar o coronel: eu e o falecido João Bosco Ferreira Carneiro o enfrentamos através da publicação de denúncias  nos nossos jornais como o “Folha de Mariana’, “Jornal de Mariana” e o “Tribuna de Mariana”, todos mantidos por nós sem a utilização de verbas públicas como hoje acontece. Por causa da nossa coragem, ousadia,  independência política, econômica e financeira, pois nunca precisamos de favores políticos, tanto eu como o meu pai e minha família fomos vítimas preferenciais dessa nefasta era do caciquismo e coronelismo. Ao invés de contestar as nossas criticas e denúncias, eles, covardes, fugiam do assunto que os incriminavam e partiam para o caminho fácil de caluniar, difamar, injuriar, falando mentiras contra mim e membros de minha família.
Quantas interpelações judiciais foram feitas pela nossa família contra eles pedindo-os a provar as mentiras que disseram contra nós e nunca foram respondidas? Eles já morreram e omito os seus nomes neste artigo justamente em respeito à memória deles, mas as interpelações judiciais contra eles continuam aqui guardadas comigo e jamais foram contestadas.
Quando a gente pensava que o caciquismo e o coronelismo tinham acabado de vez em Mariana, eis que surgem em pleno século XXI os terroristas políticos constituídos por trapalhões, pessoas irresponsáveis que não têm nenhum prestigio eleitoral e que usaram e abusaram de baixarias nas eleições municipais deste ano para macular a imagem de pessoas vivas, inclusive mortas que não tinham como se defender. São os novos malucos aloprados de ideias medievais da política marianense que ora requentam mentiras de um passado remoto. 
Ao invés de perder tempo e dinheiro com tanta vela para maus defuntos impetrando-lhes também uma interpelação judicial, faço-lhes um desafio mais direto e concreto: comprovem o que disseram. Que os aloprados trapalhões sejam homens e contestem apenas o que escrevo. Não sejam covardes e mentirosos fugindo do assunto ao atacar sem provas a mim e à minha família. Estão perdendo tempo, pois esse terrorismo político jamais me amedronta. Quem não deve não teme! Não adianta falar mal de nossa família. Ninguém acredita, pois, graças a Deus, desfrutamos de respeito e credibilidade junto à comunidade marianense e o que é mais essencial: não temos rabo preso com ninguém!
Conclusão da história: aqui em Mariana, quem escreve em jornais ou na internet muitas vezes desfruta do privilégio de, ao contar uma história de políticos corruptos, não precisar sequer dar nomes aos bois. Esses bois são tão manjados e considerados autênticos picaretas pela opinião pública marianense que eles dispensam apresentações.  Por causa disso, eles ficam tão incomodados que não conseguem conter-se e ficam furiosos com a gente. Desmascarados pelos outros ou identificados por si próprios, acabam enterrando a carapuça até o pescoço e, reconhecendo sem condições morais para desmentir o que foi escrito, perdem a esportiva e, desesperados, partem para a agressão pessoal gratuita!
 

Um comentário:

Karla Karoline disse...

Sr. Ozanan, quem seria o "déspota esclarecido". Faço uma pesquisa que envolve o cenário político marianense mas, como não sou de Mariana, não tenho familiaridade com os "figurões". Se for conveniente para o Sr, repasso meu email para possível resposta: karlakarolinep@yahoo.com.br. Seria uma contribuição de grande valia. Muito obrigada. Karla