segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Exibicionismo veicular

Quando foi lançado pela primeira vez no país, o telefone celular era vendido no mercado na faixa de cinco mil reais. Era um aparelho muito caro que só a classe média de renda alta podia adquirir. Os novos ”ricos” emergentes começaram a exibi-lo nas ruas da cidade. Desfrutaram, por muito tempo, os seus gloriosos 15 minutos de fama. À medida que o celular foi popularizando, foi a vez da classe média de renda média e baixa desfrutar de seus momentos de glória.
Para diferenciar então das pessoas de renda baixa, que ainda desfrutam de seus 15 minutos de fama, atualmente as pessoas de renda média e alta, envergonhadas, raramente usam o celular nas ruas, usando-o apenas quando estão em serviço. Como todo mundo hoje possui telefone celular, o exibicionismo não tem mais graça, perdeu o seu glamour.
A exemplo do que aconteceu no passado com o telefone celular, para os que nunca tiveram automóvel na vida, o chique, agora na moda, é exibir o seu carro novo, zero KM pelo centro histórico de Mariana. Todo fim de semana, aos sábados e domingos, o centro da cidade fica lotado de automóveis. Por volta das 19 horas, o desfile exibicionista começa ali na Rua Frei Durão, passando pela Praça Gomes Freire, a passarela mais concorrida, seguindo pela Rua Dom Viçoso até a Praça Dom Benevides quando retorna de novo. Esse desfile vai até 11 horas da noite.
O trânsito nesse trecho fica caótico, congestionado, pois esses logradouros públicos têm mão e contramão e estacionamento permitido em ambos os lados. Alguns, mais exibicionistas, botam um som bem alto para chamar mais atenção, sempre sob os olhares omissos e complacentes do Demutran que não toma nenhuma providência para coibir o abuso sonoro.
Escrevo essas memórias sociais marianenses não com o propósito de censura ou deboche, mas para que a gente possa comparar os costumes vigentes com os futuros. Por exemplo, sou ainda do tempo em que Mariana, nas décadas de 1950/60, tinha apenas dois taxistas e de dois carros particulares. Ninguém acredita, mas é verdade. Todos acharão graça de que um dia no passado recente muita gente ficou deslumbrada em possuir telefone celular e automóvel, dois objetos de desejo que hoje quase todo mundo tem!

Um comentário:

Pense Direito disse...

Por isso que nos fins-de-semana, meu carro, usado principalmente para fins laborais, fica na garagem, a não ser por alguma necessidade de locomoção que não possa ser feita à pé. E no Carnaval, já há vários anos, guardo-o na sexta e só o retiro na quarta, quando muito. O jornalista Gustavo Nolasco escreveu, há alguns anos, um texto intitulado aproximadamente "os playboys dos porta-malas elétricos", que reflete bem o conteúdo dessa postagem.