Gustavo Werneck*
UNESCO reconhece Museu da Música, em Mariana. Importância do acervo de manuscritos é legitimada.
Mais de 2 mil partituras originais dos séculos 18 e 19 foram restauradas e salvas da deterioração pelo Museu da Música.
Um dia de festa para Mariana, primeira cidade de Minas, que está em plena comemoração dos 300 anos de elevação a “vila do ouro”. O Museu da Música, instituição vinculada à arquidiocese local, recebe nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro (RJ), o Diploma do Registro Regional para a América Latina e o Caribe, em reconhecimento à importância de seu acervo de manuscritos.
O título é concedido pelo Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). “É um título de grande importância, pois se trata de uma certificação internacional. Dessa forma, esse patrimônio passa a ser não só de Mariana, mas da humanidade”, afirmou, nessa quinta-feira, o consultor do museu, José Eduardo de Castro Liboreiro. Ele lembrou que o Arquivo Público Mineiro, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, também já recebeu o diploma.
De acordo com informações da Arquidiocese de Mariana, o Museu da Música, em funcionamento no antigo Palácio dos Bispos, prédio do século 18, abriga um dos mais importantes acervos latinoamericanos de música sacra manuscrita, com mais de 2 mil partituras originais. Ao longo dos anos, com serviço de restauro das obras respeitando a concepção dos seus autores, o conjunto foi salvo da deterioração, pois se encontrava em estado precário.
E mais: compositores como Lobo de Mesquita, José Maurício Nunes Garcia e João de Deus de Castro Lobo tiveram novas peças reveladas. E outros, a exemplo de Miguel Teodoro Ferreira, Frutuoso de Matos Couto e Manuel Dias de Oliveira, começaram a ter sua memória resgatada, com a identificação de criações importantes, anteriormente desconhecidas.
A cerimônia de entrega do diploma será às 14h, na Ilha Fiscal, no Rio, e estará presente para recebê-lo o direitor-executivo da Fundação Cultural e Educacional de Mariana, da arquidiocese, Roque Camêllo. Satisfeito com o reconhecimento, ele disse que a inscrição para receber o diploma foi feita em 2004. “Temos um acervo único, com o detalhe de serem partituras originais dos séculos 18 e 19”, afirmou.
Documento
A concepção do Programa Memória do Mundo é de que “o patrimônio documental mundial pertence a todos, deveria ser plenamente preservado e protegido e, com o devido respeito aos hábitos e práticas culturais, acessível de maneira permanente e sem obstáculos”. Esse é um trecho de Memória do Mundo: Diretrizes para a Salvaguarda do Patrimônio Documental, de autoria de Ray Edmondson (Paris, 2002).
Em setembro de 2004, o Ministério da Cultura criou o Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco, e, desde a sua instalação oficial, em 2007, foram lançados três editais de nominação ao Registro Memória do Mundo do Brasil, dos quais resultaram 38 acervos documentais certificados.
Memória do mundo
O Instituto Memória do Mundo valoriza o patrimônio documental dos povos e traça a evolução do pensamento, dos descobrimentos e das conquistas da sociedade humana. Conforme os especialistas, a “memória do mundo” se encontra em bibliotecas, arquivos e museus do planeta, embora grande percentual corra perigo atualmente. A razão é que o patrimônio documental tem se dispersado devido ao deslocamento acidental ou deliberado, em função de “estragos das guerras” e outras circunstâncias históricas. O programa reconhece patrimônios documentais de relevância internacional, regional e nacional, mantém o seu registro e lhes confere um certificado, que os identifica. Além disso, facilita a preservação e o acesso de todos, trabalhando para despertar a consciência coletiva do patrimônio documental da humanidade.
*Fonte: jornal "Estado de Minas" - Caderno Gerais - 02.12.2011.
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