Depois das sete posses de cinco políticos diferentes no cargo de prefeito, decorrentes da crise política que assola Mariana nestes últimos quatro anos, os costumes políticos marianenses mudaram muito. No passado, a fidelidade partidária era um dogma. Nenhum político ousava praticar a infidelidade. Quem o fizesse, era sumariamente condenado a não se eleger nunca mais, não só pelo eleitorado traído, como também pelo eleitorado que recebesse a adesão do infiel. Tivemos vários exemplos de políticos já mortos e alguns ainda vivos que sofreram essa sentença de morte política ao praticar a infidelidade partidária.
Mas, em compensação, paradoxalmente, o eleitorado marianense, tão severo com a infidelidade partidária, era e ainda é muito condescendente com políticos supostamente corruptos. O nosso quadro político é muito pobre. Não há renovação. São sempre os mesmos. As renovações de araque prometidas para este ano eleitoral são as piores possíveis. Tanto isso é verdade, que o eleitorado, por falta de melhor opção, não se importa em elegê-los e também reelegê-los. Todo mundo fala mal deles, mas eles não saem do poder. Ficam anos se alternando no poder.
Nessa longa crise política ficou patente uma radical mudança nos costumes de nossos políticos: hoje, ao contrario de ontem, a infidelidade partidária virou regra, não exceção. Hoje estão todos juntos e misturados. Todos ambicionam o poder municipal para obter os mais de 300 cargos de confiança e de comissionados com os melhores salários vigentes na cidade, cargos que são distribuídos para cabos eleitorais e correligionários que não têm nenhuma competência profissional, alguns semi-analfabetos funcionais, comissões que deveriam, por questão de justiça, ser destinados a funcionários concursados que, pelo menos teoricamente, são mais bem preparados para exercê-los.
Metade ou mais do orçamento do município é consumida para pagamento de pessoal. Ainda não temos água e nem esgoto tratados, os nossos rios estão poluídos, o patrimônio público municipal está mal conservado. Obras mal feitas e refeitas são superfaturadas. O dinheiro público se esvai impune pelo ralo da corrupção e da improbidade administrativa. Um caos!
A prefeitura, a viúva rica, e a Câmara, a prima rica, são as duas vítimas preferenciais da ambição inescrupulosa de políticos, empreiteiras de obras públicas, prestadores e fornecedores de serviço. Felizmente não todos, pois ainda existem os honestos!
Neste ano eleitoral, o atual prefeito, caso queira, terá direito à reeleição. É um político que não tem tradição de liderança e militância na política marianense. Conseguiu ser prefeito graças a diversos acasos: perdeu as eleições nas urnas, ganhou no tapetão da Justiça Eleitoral e no tapetão legislativo municipal, graças ao cometimento de improbidade administrativa praticada pela sua companheira de chapa, que cometeu o delito justamente quando ambos ainda estavam em plena lua de mel política. A briga entre os dois aconteceu depois.
Ele terá dez meses para mostrar serviço e convencer os políticos oportunistas de plantão que ele terá chance de ganhar as eleições, pois eles não jogam para perder. Nesta eleição, como nas anteriores, não haverá fidelidade partidária, nem ideologia, mas, como sempre, muita fisiologia e oportunismo políticos. É um vale tudo. Salve-se quem puder!
Um comentário:
E você, Ozanan, ainda vota? Em quem? Salve-se se puder. Parabéns pelos textos. Abraços!
Postar um comentário